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2.5. Estudos selecionados:

2.5.1. Estudos sobre Rede de Atenção à Saúde dos pacientes com HAS e DM

No que diz respeito à Rede de Atenção à Saúde aos pacientes com Hipertensão Arterial e/ou Diabetes Mellitus, no Brasil, selecionamos sete artigos.

Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, pesquisadores realizaram – de maio de 1998 a janeiro de 1999 –, um estudo transversal e coletaram informações sobre o atendimento dos pacientes diabéticos, em todos os 32 postos da rede de atenção primária à saúde da zona urbana, da Secretaria Municipal de Saúde e Bem Estar. Nesse estudo, os autores concluíram que

[...] a rede pública de saúde está deficiente, mas existe potencial de melhoria dos três aspectos (estrutura, processo e resultado) através de treinamento em serviço e seguimento de normas-padrão (ASSUNÇÃO e col. 2001, p. 88).

Em Minas Gerais, um grupo de técnicos da área de saúde estudou a implantação de um centro de atenção secundária aos portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes. Os autores relataram que o delineamento deste centro de atenção se relaciona:

[...] à busca de implantação de uma rede de atenção integral em saúde, que garanta um fluxo de atendimento adequado, com a agilidade requerida pela situação apresentada pelos indivíduos e grupos específicos da população que residem em espaços territoriais distintos (FONSECA et al. 2008, p.26).

Dentre as principais dificuldades para a implantação desse centro, destacamos: a dificuldade de acesso da atenção primária às tecnologias necessárias para acompanhamento dos agravos; a necessidade de capacitação permanente de profissionais da rede básica; a

13 htpp://bvsms.saude.gov.br: com o uso do descritor Acesso, último acesso em 08/05/2012. 14

htpp://bvsms.saude.gov.br: com o uso do descritor Referência e Contra-referência, último acesso em 16/02/2013.

dificuldade de acesso a serviços diagnósticos e terapêuticos não oferecidos no Centro Secundário e a demora no atendimento de questões consideradas de urgência; as inadequações da política de assistência farmacêutica, as interrupções no fornecimento de medicamentos e insumos; o funcionamento inadequado da atenção primária que agrava os gargalos entre os níveis primário, secundário e terciário; a assistência inadequada ou insuficiente nos níveis secundários e terciários, que compromete o trabalho na atenção primária (grifos nossos).

Os autores concluíram:

O centro de referência poderá ser um observador privilegiado sobre a necessidade de ajustes na atenção prestada e deverão ser criados mecanismos para que essas intervenções ocorram (FONSECA e col. 2008, p.29).

No Paraná, nos anos de 2004 e 2005, pesquisadores valeram-se de dados do Datasus e da Secretaria de Estado de Saúde do Paraná, para avaliar a Atenção Básica ao paciente diabético nos três municípios paranaenses de maior população.

A pesquisa teve como base o cadastro de pacientes no Hiperdia, número de dias de internação em hospital – devidos à doença –, capacidade instalada da atenção primária e prescrição mensal de hipoglicemiantes orais e insulina. E os autores concluíram que

[...] a capacidade instalada da Atenção Primária nos municípios de Londrina, Maringá e Curitiba não é suficiente para atender a demanda atual de pacientes diabéticos, onde se observa um déficit de 25% (PEREIRA e col. 2008, p.13).

No Rio de Janeiro, em 2008, foi realizada uma pesquisa para avaliar os serviços hospitalares de emergência do Estado do Rio de Janeiro, por meio da aplicação de questionário para os chefes de serviços, em uma amostra de 30 hospitais. Os autores observaram uma falta de integralidade das ações de saúde, devida tanto à prática da assistência como à insuficiência de estrutura dos serviços (grifos nossos).

Quanto à superlotação – presente em 80% das emergências – todos os entrevistados destacaram como principal causa o atendimento a pacientes com problemas que poderiam ser resolvidos nos ambulatórios. E em 60% dos relatos houve referência, de forma espontânea, à falência da rede básica como determinante da superlotação. Cabe destacar que o déficit de recursos humanos encontrado nesse estudo foi maior que o tecnológico (O’DWYER et al. 2008, p.1641).

Em São Paulo, em 2006, foi feito um estudo sobre a Integralidade da atenção às Doenças Cardiovasculares e Diabetes Mellitus, onde os autores relacionaram o termo “linha de cuidado”, presente na Política de Atenção à HAS e ao DM, ao caminho a ser percorrido por um usuário pelos diferentes serviços, com o intuito de obter os cuidados necessários à resolução de seu problema de saúde (grifos nossos).

Essa pesquisa demonstrou haver fragmentação dos serviços em diferentes graus, nas cinco regionais de saúde estudadas, fragmentação contrária a de um sistema capaz de assegurar a continuidade e a integralidade dos serviços.

Os autores concluíram que

[...] a integralidade da atenção nesta linha de cuidado parece depender de um desenho tecnicamente adequado para a efetividade do referenciamento dos serviços e de práticas adequadas de gestão e de cuidado (ROSA et al. 2009, p.158).

Um outro estudo realizado em São Paulo, e publicado em 2010 teve como objetivo a análise do acesso do paciente portador de HAS e/ou DM à rede de assistência à saúde, e a medicamentos, nos municípios da Baixada Santista (grifos nossos), objetivo semelhante à nossa pesquisa.

Nesse estudo, foi realizado um inquérito domiciliar em cinco municípios da Baixada Santista com mais de 100 mil habitantes, com diferentes coberturas de Estratégia Saúde da Família. Os autores entrevistaram 6815 pessoas e pesquisaram a prevalência da mensuração da pressão arterial e do teste de glicemia nos últimos seis meses, com o intuito de analisar a qualidade da atenção à saúde prestada a esses pacientes. Os autores enfatizaram a necessidade de ser a Atenção Básica o enfoque central do cuidado aos portadores de HAS e/ou DM. (BERSUSA, 2010, p.513).

Um estudo da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais comparou os trabalhos desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde de Lagoa da Prata – MG e pelo Centro Hiperdia Minas de Santo Antônio do Monte – MG.

Esse estudo baseou-se no Modelo de Atenção às Condições Crônicas para o SUS elaborado por Mendes (2011) e adotado pela SES/MG. Nesse modelo, o cuidado seguiu a linha da atenção diferenciada por risco e compartilhada entre a APS e a atenção especializada, por meio de interconsultas programadas.

[...] os hipertensos de baixo e moderado grau de risco cardiovascular (segundo estratificação de risco de Framinghan modificada), os diabéticos com bom e regular controle metabólico (conforme critérios técnicos estabelecidos pela SES/MG) e os usuários com DRC até o estágio 3ª foram manejados integralmente sob os cuidados da APS de Lagoa da Prata (ALVES JÚNIOR. 2011, p. 12).

Segundo o desenho proposto pela Rede Hiperdia Minas:

[...] os hipertensos de alto grau de risco cardiovascular, os diabéticos tipo 1 e os tipo 2 com controle metabólico ruim foram encaminhados ao centro de referência secundária em HAS e DM de sua microrregião de saúde, localizado em Santo Antônio do Monte - MG, para o compartilhamento do seu cuidado entre a APS e a atenção especializada, por meio de interconsultas programadas (ALVES JÚNIOR. 2011, p. 12).

O atendimento diferenciado por riscos descrito acima é semelhante à classificação de risco que realizamos no HMCT, Niterói, com encaminhamento dos casos menos graves para a Atenção Primária em Saúde.

Alves Júnior (2011) descreveu a configuração da Rede de assistência aos portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus em Minas Gerais, tendo como centro a Unidade de Atenção Primária à Saúde, integrada às Unidades Especializadas, Postos de Atendimento de Urgência e Hospitais.

Esse estudo evidencia a importância da implementação de redes de atenção aos pacientes com condições crônicas para se enfrentar a alta das prevalências dessas doenças, alta relacionada ao aumento da expectativa de vida e aos hábitos da vida moderna.