Coleta de dados

As técnicas utilizadas para este estudo de campo foram: - Observação direta do processo e do ambiente de trabalho;

- Entrevistas semi-estruturadas com os trabalhadores, supervisores e gerência dos postos de trabalho analisados;

- Registro em vídeo e fotográfico da execução das tarefas;

- Aplicação do software ERGODIS/IBV para avaliação dos postos de trabalho. O software ERGODIS/IBV foi escolhido por ter sido desenvolvido pelo IBV que é referência mundial na inclusão sócio-laboral de PD, por suas características e vantagens em relação aos outros métodos descritos na revisão de literatura e por ter sido utilizado somente em dois artigos publicados no país.

As etapas de execução da coleta de dados da pesquisa de campo foram:

ETAPA 1: Levantamento de dados

Objetivo: Determinação dos postos de trabalho a serem analisados na pesquisa de campo.

1. Contextualização e Levantamento de dados da empresa e da obra onde foi realizada a pesquisa através de entrevista com o supervisor da obra;

2. Foram avaliados os postos de trabalho em que há trabalhadores com deficiência (2 serventes e 1 armador) para verificar se estão adequados e/ou se precisam de alguma adaptação. O caso real do auxiliar administrativo foi excluído porque não se caracteriza como uma função típica do setor de campo da construção civil. Também foram avaliadas as funções de encarregado de turma, pedreiro, carpinteiro e pintor letrista com a finalidade de determinar o perfil dos trabalhadores com deficiência que poderiam exercer essas funções e/ou as adaptações necessárias. Os postos de trabalho foram selecionados de acordo com os seguintes critérios: os postos de trabalho devem estar em atividade no período em que será realizada toda a pesquisa de campo e devem ser típicos do setor de campo da construção civil.

Foram pesquisados dados na literatura nacional sobre as principais doenças e características das lesões dos acidentes de trabalho no setor da construção civil, porém não foram encontradas informações sobre as principais sequelas e/ou deficiências causadas pelo setor. Dessa forma, foi utilizada informação verbal de Barkokébas Junior (2010), professor e engenheiro de segurança do trabalho com experiência no setor da construção, segundo o qual as principais deficiências provocadas por acidentes de trabalho na construção são: deficiências auditivas, deficiências visuais, insuficiência respiratória decorrente de pneumoconiose, amputações de dedos, mão, braço, perna e pé. Assim, foram simulados indivíduos com essas deficiências no software Ergodis/IBV nas funções de armador, encarregado de turma, servente, pedreiro, carpinteiro e pintor letrista para determinar se poderiam exercer essas funções e/ou quais as adaptações necessárias.

ETAPA 2: Estudo de campo

Objetivo: levantamento e determinações das exigências físicas e intelectuais das tarefas, do perfil dos trabalhadores com deficiência, avaliação dos postos de trabalho ocupados por trabalhadores com deficiência e definição das recomendações para adequação dos postos de trabalho.

Situação: os trabalhadores na obra desenvolvendo as atividades.

4. Aplicação dos procedimentos e instrumentos a serem desenvolvidos na pesquisa de campo.

4.1. Determinação do trabalho real das atividades avaliadas – a partir da descrição do trabalho prescrito fornecido pelos documentos PCMAT (Programa de Condições e Meio Ambiente Trabalho) e LTCAT (Laudo Técnico das Condições Ambientais de Trabalho), trabalhadores das funções avaliadas, técnico de segurança e engenheiro civil foram entrevistados com a finalidade de descrever o trabalho real das atividades e fornecer informações para determinação das exigências físicas e intelectuais da tarefa.

4.2. Levantamento fotográfico e/ou vídeo dos postos de trabalho – tem a finalidade de auxiliar no levantamento de dados referentes aos movimentos e posturas adotadas na realização das atividades que são necessários para a determinação das exigências físicas e intelectuais da tarefa.

4.3. Determinação das capacidades físicas e intelectuais dos trabalhadores com deficiência – foi realizado através de entrevista com o médico da obra e com os trabalhadores com deficiência.

5. Análise dos postos de trabalho utilizando o software ErgoDis/IBV:

5.1. Determinação das exigências físicas e intelectuais da tarefa dos postos de trabalho do armador, carpinteiro, encarregado de turma, pedreiro, pintor letrista e serventes;

5.2. Determinação das capacidades físicas e intelectuais dos trabalhadores com deficiência;

5.3. Avaliação dos postos de trabalho ocupados por trabalhadores com deficiência (serventes e armador);

5.4. Realização dos testes para as funções de armador, carpinteiro, encarregado de turma, pedreiro, pintor letrista e serventes com as deficiências determinadas com a finalidade de verificar se poderiam ou não exercer essas atividades e quais as adaptações necessárias.

6. Análise dos dados e avaliação da proposta para verificar a eficácia da pesquisa;

6.1. Verificação da eficácia do software ErgoDis/IBV – reflexão sobre os pontos positivos e negativos do uso do software para a realidade brasileira e nas particularidades de uma indústria da construção civil.

7. Relatório com os resultados encontrados na pesquisa para a empresa onde foi realizada a pesquisa.

Em se tratando de uma pesquisa com seres humanos, este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco com registro de número 315/10. Foram observados os aspectos éticos de pesquisas em seres humanos, preconizados na resolução nº 196 do Conselho Nacional de Saúde, onde foram asseguradas aos participantes do estudo, informações sobre os objetivos da pesquisa, o anonimato, a privacidade, o livre consentimento, após ter sido esclarecido, liberdade de desistir da participação em qualquer

o uso de foto. Esses aspectos foram observados através do Termo de Livre Consentimento Esclarecido (anexo 2).