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PARTE 1 – REVISÃO DE LITERATURA

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1. Avaliação dos postos de trabalho ocupados por trabalhadores com deficiência

7.1.2. Servente 1

O posto de trabalho do servente avaliado é realizado no canteiro de obras dos Grandes Anéis de Recife, as margens da BR - 232. Atualmente 92 trabalhadores exercem a função de servente ao longo dos canteiros de obras.

O trabalhador servente é aquele que realiza diversas funções no setor da construção civil, como pode ser observado na descrição do trabalho prescrito na tabela 17. No caso real avaliado, o trabalhador exerce suas atividades laborais na área de vivência do canteiro de obras, semelhante a um

trabalhador de almoxarifado, guardando e entregando ferramentas e EPIs, além de realizar limpeza e organização do local.

A partir da análise dos documentos LTCAT e PCMAT da obra, foram obtidas informações referentes às tarefas realizadas (trabalho prescrito) pelo servente, porém não foi possível obter dados referentes aos riscos presentes no ambiente de trabalho, as medidas preventivas e os EPIs utilizados, porque quando os documentos LTCAT e PCMAT foram elaborados, ainda não existia essa frente de obra.

Descrição do trabalho prescrito x trabalho real

A descrição do trabalho prescrito e do trabalho real foi importante para o conhecimento do trabalho do servente e para determinação das exigências físicas e cognitivas necessárias para desempenhar a função. A tarefa foi obtida a partir do documento PCMAT e LTCAT e para determinação das atividades, o trabalhador da função foi entrevistado, onde foi questionado sobre como eram realizadas cada uma das tarefas. A descrição do trabalho prescrito e do real correspondente pode ser verificado na tabela 17.

Tabela 17 – trabalho prescrito x real

Trabalho prescrito Trabalho real

1. Realizar escavações e preparar massa de concreto e outros materiais.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 1. Executar trabalhos de demolição de concreto, de

alvenaria e outras estruturas.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 2. Auxiliar nas atividades de movimentação de cargas

e inçamento.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 3. Exercer atividade de sinalização quando solicitado. Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 4. Auxilia os profissionais: carpinteiro, armador,

pedreiro, pintor, montador, etc, quando solicitado.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 5. Auxiliar na limpeza e organização da área. a. Entrega, guarda e organiza as ferramentas e os

EPIs no container da área de vivência (movimentos diversos dos membros superiores).

b. Limpa e organiza as mesas e cadeiras da área de vivência (movimentos diversos dos membros superiores).

(movimentos diversos dos membros superiores).

Fonte: PCMAT, LTCAT e entrevista.

Análise dos postos de trabalho através do software ErgoDis/IBV

A análise dos documentos PCMAT e LTCAT e a entrevista com o trabalhador da função, além de fornecer informações para determinação do trabalho real e do prescrito, foi possível também preencher o questionário do software ErgoDis/IBV referente ao trabalho e ao ambiente.

Posteriormente, foi avaliado o caso real do servente que apresenta deficiência auditiva parcial. Foram necessárias entrevistas com o trabalhador e com o médico da empresa para obter informações sobre suas capacidades funcionais. Assim, foi possível preencher os campos das capacidades do trabalhador no software ErgoDis/IBV e determinar se o trabalho está adequado ou não ao indivíduo e/ou quais as adaptações necessárias.

Nesse caso real, o indivíduo G.C.A. apresenta deficiência auditiva total no ouvido esquerdo e parcial no direito, sendo classificado como surdez moderada, porém não apresenta limitação da audição, devido ao nível da deficiência, mesmo sem utilizar aparelho auditivo.

Além da avaliação do caso real, foram realizados testes com casos hipotéticos para verificar que tipos de trabalhadores com deficiência poderiam exercer esta função de servente e quais as adaptações necessárias.

A tabela com os resultados das avaliações através do software ErgoDis/IBV do caso real e dos casos hipotéticos estão na tabela 18.

Tabela 18 – Resultado das avaliações através do software ErgoDis/IBV

Servente 1 Resultado Adaptações Casos

Deficiência auditiva parcial Aceitável sem mudanças

Real Deficiência auditiva total Aceitável sem

mudanças

Deficiência visual parcial Inaceitável Hipotético

Deficiência visual total Inaceitável Hipotético

Insuficiência respiratória Inaceitável Hipotético

Amputação polegar Aceitável sem mudanças

Hipotético Amputação de dedos Aceitável sem

mudanças

Hipotético

Amputação de mão Inaceitável Hipotético

Amputação de braço inaceitável Hipotético

Amputação de perna Aceitável com mudanças

Utilizar prótese de perna para facilitar o deslocando ao longo do canteiro de obras, permitindo manuseio de objetos e ferramentas com as duas mãos enquanto em pé ou ao se deslocar.

Hipotético

Amputação de pé Aceitável com

mudanças

Utilizar prótese de pé para facilitar o deslocamento ao longo do canteiro de obras, permitindo manuseio de objetos e ferramentas com as duas mãos enquanto em pé ou ao se deslocar.

Hipotético

Fonte: Autor

Assim, a partir dos resultados encontrados através do software ErgoDis/IBV verifica-se que no caso real, devido ao nível da deficiência auditiva, o indivíduo não apresenta limitação na audição e na comunicação com os outros trabalhadores, por isso o resultado determinado foi aceitável sem mudanças.

Nos casos hipotéticos, um indivíduo com deficiência auditiva total teria dificuldade em se comunicar com os outros trabalhadores, porém isso pode ser superado através da comunicação gestual e por leitura labial, não o impedindo de executar as atividades da função, assim o resultado foi aceitável sem mudanças. Com relação ao sujeito com deficiência visual parcial, ele

de vivência, por isso foi determinado resultado inaceitável. No caso de um trabalhador com deficiência visual total, foi inaceitável o resultado devido à necessidade da visão para limpar, organizar área de vivência e guardar e entregar ferramentas. O trabalhador hipotético com insuficiência respiratória, o resultado foi inaceitável, pois devido ao comprometimento do sistema cardio- respiratório, ele ficará cansado rapidamente e não conseguirá realizar as atividades da função.

Nos casos hipotéticos de trabalhadores com amputação de braço e mão, o resultado foi inaceitável porque as atividades desenvolvidas pelo servente exigem manuseio de ferramentas e objetos com os membros superiores. Contudo, para indivíduos com amputação de dedos e de polegar, o resultado foi aceitável sem mudanças, pois quando precisar pegar ferramentas com as duas mãos, o trabalhador apóia-a com a mão com deficiência no movimento de garra e com a outra segura os objetos e ferramentas para guardar no container ou entregar aos outros funcionários.

Nos casos hipotéticos de trabalhadores com amputações de perna e pé, eles só poderão exercer as atividades na função de servente se utilizarem próteses para a perna ou pé, que facilitará o deslocamento na área de vivência e permitirá o manuseio dos objetos e ferramentas com as mãos ao se deslocar e em pé.