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PARTE 1 – REVISÃO DE LITERATURA

7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.1. Avaliação dos postos de trabalho ocupados por trabalhadores com deficiência

7.1.3. Servente 2

O posto de trabalho deste servente é realizado no local do Reservatório do Jordão do Sistema de Abastecimento de Água, na cidade de Jaboatão dos Guararapes.

O trabalhador servente é aquele que realiza diferentes tarefas no setor da construção civil, como pode ser observado na descrição do trabalho prescrito na tabela 19. No caso real avaliado, o trabalhador exerce suas atividades laborais realizando o transporte de objetos ao longo de canteiro de obras, ajudando o içamento de cargas pelo guindaste e executando também a limpeza e organização do local de trabalho.

tarefas realizadas (trabalho prescrito) pelo servente, informações sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho, sobre as medidas preventivas e os EPIs utilizados.

Os riscos presentes no ambiente de trabalho, as medidas preventivas e os EPIs utilizados podem ser observados na tabela 19.

Tabela 19 – Riscos, medidas preventivas e EPIs utilizados pelos serventes 2.

Riscos Medidas preventivas EPIs

- Risco Físico: Ruído: 78,6 dB(A) - Risco Químico: Poeira: 0,144 mg/m3

- Risco Ergonômico: Posturas inadequadas

- Risco de Acidente: Cortes, quedas, furadas.

- Uso de EPIs,

- Participação em TDGI, - Correção de posturas no ambiente de trabalho,

- Manter organizado o posto de trabalho, - Seguir os procedimentos específicos. - Capacete, - Óculos de segurança, - Luva de raspa, - Luva de vaqueta, - Protetor auricular, - Bota de couro.

Fonte: LTCAT e PCMAT.

Descrição do trabalho prescrito x trabalho real

A descrição do trabalho prescrito e do trabalho real foi importante para o conhecimento do trabalho do servente e para determinação das exigências físicas e cognitivas necessárias para desempenhar a função. A tarefa foi obtida a partir do documento PCMAT e LTCAT e para determinação das atividades, o trabalhador da função e um técnico de segurança foram entrevistados, onde foram questionados sobre como eram realizadas cada uma das tarefas. A descrição do trabalho prescrito e do real correspondente pode ser verificado na tabela 20.

Tabela 20 – trabalho prescrito x real

Trabalho prescrito Trabalho real

1. Realizar escavações e preparar massa de concreto e outros materiais.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 2. Executar trabalhos de demolição de concreto, de

alvenaria e outras estruturas.

3. Auxiliar nas atividades de movimentação de cargas e inçamento.

a. Carrega andaime, forma de madeira e ferragens com as duas mãos para os locais desejados (movimentos diversos dos membros superiores).

b. Junta os andaimes, passa a fita para o

guindaste transportar (movimentos diversos dos membros superiores).

4. Exercer atividade de sinalização quando solicitado. Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 5. Auxilia os profissionais: carpinteiro, armador, pedreiro,

pintor, montador, etc, quando solicitado.

Neste posto de trabalho, não realiza essa tarefa. 6. Auxiliar na limpeza e organização da área. a. Recolhe material da obra que não será mais utilizado, como por exemplo: madeira, copo e põe nos depósitos de coleta seletiva

(movimentos diversos dos membros superiores).

b. Organizam os materiais no canteiro de obra (movimentos diversos dos membros superiores).

Fonte: PCMAT, LTCAT e entrevista.

Análise dos postos de trabalho através do software ErgoDis/IBV

A análise dos documentos PCMAT e LTCAT e a entrevista com o trabalhador da função e com o técnico de segurança do trabalho, além de fornecer informações para determinação do trabalho real e do prescrito, foi possível também preencher o questionário do software ErgoDis/IBV referente ao trabalho e ao ambiente.

Posteriormente, foi avaliado o caso real do servente que apresenta deficiência auditiva parcial. Foram necessárias entrevistas com o trabalhador e com o médico da empresa para obter informações sobre suas capacidades funcionais. Assim, foi possível preencher os campos das capacidades do trabalhador no software ErgoDis/IBV e determinar se o trabalho está adequado ou não ao indivíduo e/ou quais as adaptações necessárias.

Nesse caso real, o indivíduo B.B.S apresenta deficiência auditiva total no ouvido direito e parcial no esquerdo, sendo classificado como surdez moderada, porém não apresenta limitação da audição, devido ao nível da deficiência, mesmo sem utilizar aparelho auditivo.

Além da avaliação do caso real, foram realizados testes com casos hipotéticos para verificar que tipos de trabalhadores com deficiência poderiam exercer esta função de servente e quais as adaptações necessárias.

A tabela com os resultados das avaliações através do software ErgoDis/IBV do caso real e dos casos hipotéticos estão na tabela 21.

Tabela 21 – Resultado das avaliações através do software ErgoDis/IBV

Servente 2 Resultado Adaptações Casos

Deficiência auditiva parcial Aceitável sem mudanças

Real Deficiência auditiva total Aceitável sem

mudanças

Hipotético

Deficiência visual parcial Inaceitável Hipotético

Deficiência visual total Inaceitável Hipotético

Insuficiência respiratória Inaceitável Hipotético

Amputação polegar Inaceitável Hipotético

Amputação de dedos Inaceitável Hipotético

Amputação de mão Inaceitável Hipotético

Amputação de braço inaceitável Hipotético

Amputação de perna Aceitável com mudanças

Utilizar prótese de perna para facilitar o deslocamento ao longo do canteiro de obras, permitindo manuseio de objetos e ferramentas com as duas mãos enquanto em pé ou ao se deslocar.

Hipotético

Amputação de pé Aceitável com

mudanças

Utilizar prótese de pé para facilitar o deslocamento ao longo do canteiro de obras, permitindo manuseio de objetos e ferramentas com as duas mãos enquanto em pé ou ao se deslocar.

Hipotético

Assim, a partir dos resultados encontrados através do software ErgoDis/IBV observa-se que no caso real, devido ao nível da deficiência auditiva, o trabalhador não apresenta limitação na audição e na comunicação com os outros trabalhadores, por isso o resultado determinado foi aceitável sem mudanças.

Nos casos hipotéticos, um indivíduo com deficiência auditiva total teria dificuldade em se comunicar com os outros trabalhadores, porém isso pode ser superado através da comunicação gestual e por leitura labial, não o impedindo de executar as atividades da função, assim o resultado foi aceitável sem mudanças. Com relação ao sujeito com deficiência visual parcial, ele apresentará bastante dificuldade para se deslocar ao longo do campo do canteiro de obras e para organizar os materiais, assim foi determinado resultado inaceitável. No caso de um trabalhador com deficiência visual total, foi inaceitável o resultado, pois o mesmo terá muita dificuldade durante o deslocamento no campo e não conseguirá carregar os materiais necessários.

O trabalhador hipotético com insuficiência respiratória, o resultado foi inaceitável, pois devido ao comprometimento do sistema cardio-respiratório, ele ficará cansado rapidamente e não conseguirá realizar as atividades da função.

Nos casos hipotéticos de trabalhadores com amputação de braço, mão, dedos e polegar, o resultado foi inaceitável porque as atividades desenvolvidas pelo servente exigem movimentos e força em ambos os membros superiores. Trabalhadores com amputações de perna e pé só poderão exercer as atividades na função de servente se utilizarem próteses para a perna ou pé, facilitando o deslocamento no campo e permitindo carregar objetos e ferramentas com as mãos.

7.2. AVALIAÇÃO DOS POSTOS DE TRABALHO ONDE NÃO HÁ