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2 PERCURSO METODOLÓGICO

PREPARAÇÃO PARA COLETA DE DADOS NO CAMPO TREINAMENTO

2.3 Coleta de dados

2.3.1 Critérios para início da coleta de dados

O primeiro critério para definir em qual posto do PSF (e pelas respectivas comunidades rurais que o compõem) seria iniciada a coleta de dados foi a precariedade de conservação das estradas da área rural. Assim, foi dada prioridade para os locais que se tornariam de mais difícil acesso no período de chuva. Aqueles mais próximos à sede do município ou de deslo- camento mais fácil foram visitados por último.

O processo de seleção das crianças em campo partiu do princípio de divisão da área rural da Secretaria Municipal de Saúde de acordo com a área de atuação do PSF. Em cada município o PSF possuía postos para atender as populações rural e urbana. Em Berilo eram quatro postos, assim denominados: Centro (sede), Saúde em Casa, Viva Berilo e São Norberto; na Chapada do Norte, por sua maior extensão territorial, havia mais postos de saúde na área rural: Chapada do Norte (sede), São João, Batieiro, Santa Rita, Boa Vista e Granjas. Cada posto do PSF era composto por um grupo de comunidades, e essas eram acompanhadas por ACS, que

são responsáveis, individualmente, por certo número de famílias dentro de uma região; em algumas localidades, uma mesma comunidade pode ser atendida por mais de um agente, devido à extensão da área e, ou, ao número de famílias residentes no local. O município de Minas Novas foi excluído, pelas razões abordadas no item 2.3.2.

Após a seleção do PSF e da comunidade de mais difícil acesso, e partindo da relação de crianças que atendessem aos requisitos de seleção (faixa etária e tipo de abastecimento de água), elaborada por cada ACS no dia do treinamento, escolheu-se a comunidade que apresentava o maior número de crianças que se enquadravam no grupo exposto (cisternas) para ser visitada pela equipe da pesquisa. As crianças acompanhadas pelo mesmo ACS que consumiam água de outras fontes (grupo não exposto) também foram incluídas nessa etapa. Em seguida, depois de terem sido finalizadas as visitas a todas as crianças desse ACS, outro do mesmo PSF era acompanhado. Esse procedimento foi feito sucessivamente com todos os PSFs, até toda amostra detectada de crianças do grupo exposto (cisternas) ter sido visitada e inserida na pesquisa. As crianças do grupo não exposto (outras fontes) foram buscadas sempre dentro do mesmo PSF; quando não havia o mesmo número, a amostra era complementada em outro.

Ao final das visitas, verificou-se que praticamente todo o universo populacional de crianças com menos de 60 meses da área rural dos dois municípios e que se adequaram ao grupo expostos foi inserido na pesquisa. Trabalhou-se com o mesmo número de indivíduos entre os grupos, ou seja, o número de crianças inseridas no grupo de não expostos.

2.3.2 Trabalho de campo

O trabalho de campo iniciou-se após os contatos iniciais e o aceite em participar da pesquisa por parte dos gestores de cada município, com convênios entre a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e as prefeituras, estabelecidos os compromissos de cada parte.

Durante a visita domiciliar dos pesquisadores e do ACS do PSF, a família recebeu a explica- ção sobre o que se tratava a pesquisa, a duração desta e os procedimentos adotados. As dúvi- das foram esclarecidas quando solicitadas, e após a confirmação de adesão à pesquisa o(a) entrevistado(a) assinava o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice F) em duas vias, ficando uma cópia com ele e a outra anexada ao questionário. Quando o(a) entrevistado(a) não era capaz de assinar, era obtida a impressão digital.

As visitas foram realizadas em setembro de 2009 no município de Berilo e entre a segunda quinzena de outubro e a primeira quinzena de dezembro de 2009 no município de Chapada do Norte. O trabalho em Chapada do Norte demandou mais tempo do que o programado, por motivos como a maior extensão da área rural em relação a Berilo e a dificuldade de deslocamento em alguns locais. Outro agravante ocorreu na última semana de outubro e em meados de dezembro, quando se deu início ao período chuvoso, ocasionando atrasos na rotina dos trabalhos de campo – as estradas mal conservadas dificultavam o acesso às áreas rurais após precipitação intensa.

Pela época em que a coleta de dados em Chapada do Norte foi finalizada, a realização do trabalho de campo em Minas Novas seria, então, adiada para o fim de janeiro, o que atrasaria todo o cronograma elaborado, acarretando também maiores gastos para a pesquisa. Os pesqui- sadores decidiram, diante da situação, que a coleta de dados seria finalizada em Chapada do Norte. Esta decisão partiu do pressuposto de que a amostra de 664 crianças seria estudada, atingindo, portanto, 94% da amostragem inicialmente estipulada para o delinea-mento epide- miológico, o que seria adequado para o estudo em questão.

As entrevistas foram realizadas, na maior parte, pelos próprios pesquisadores, acompanhados até as residências pelos ACS, que auxiliavam na realização de outros procedimentos, como a identificação dos kits de coleta de material fecal para análise de parasitas intestinais. Os ACS também reforçavam todo o conteúdo que foi explicado pelo pesquisador, para garantir que não houvesse dúvidas. Quando no domicílio não havia quem pudesse responder às questões do protocolo de entrevista e não fosse possível o retorno do pesquisador (geralmente, devido às grandes distâncias, que demandavam deslocamento a pé por muito tempo), o material era deixado com o ACS para que a entrevista fosse realizada por ele em outro momento.

Por ter a zona rural de menor extensão, em Berilo os pesquisadores visitaram juntos as comu- nidades para aplicação de questionários; em algumas ocasiões, quando havia concentração de residências em áreas próximas, era feita a divisão entre os membros, para agilizar o processo de coleta de dados. Já em Chapada do Norte, por ter maior número de crianças e área rural mais extensa, os pesquisadores se dividiram para que duas comunidades fossem visitadas em um mesmo dia, aumentando a quantidade de entrevistas realizadas diariamente, visando à agilização da coleta de dados para o não comprometimento do cronograma estabelecido.

2.3.3 Análise parasitológica das fezes das crianças e recebimento dos calendários de monitoramento de episódios de diarreia

As análises do material fecal foram feitas no laboratório da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), em Teófilo Otoni, MG, que contava com a infraestrutura necessária para a realização da técnica do TF Test.

Foi solicitado ao responsável pelo laboratório que os resultados fossem encaminhados aos pesquisadores, via correio eletrônico ou via correios, logo que obtidos. Ao serem recebidos, os dados foram sistematizados – classificados de acordo com o posto de PSF e por ACS, e repassados para os secretários municipais de saúde e para os enfermeiros de cada PSF, para que as crianças com resultado positivo no exame de fezes fossem atendidas adequadamente pela equipe.

O monitoramento da ocorrência de doença diarreica foi feito por meio de calendários mensais entregues ao responsável pela criança pelos ACS, nos quais deveriam ser anotados os dias que a criança apresentasse episódio de diarreia. O acompanhamento foi feito entre os meses de janeiro a março de 2010 e repassado aos pesquisadores.

Na Figura 2.3 apresenta-se o fluxograma que aborda a sequência da definição das etapas da coleta de dados em capo.