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A SAÚDE E SUAS RELAÇÕES COM A BIODIVERSIDADE, A PESCA E A PAISAGEM EM DUAS COMUNIDADES DE

4 MATERIAL E MÉTODOS .1 Local de Estudo

4.3 Coleta de Dados Referentes à Paisagem

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A paisagem foi caracterizada a partir de variáveis que permitissem avaliar os reflexos das práticas relacionadas à pesca e uso de outros recursos biológicos, ou que pudessem ter relações com qualidade de vida ou saúde dos moradores em cada comunidade estudada. Os dados referentes às características da paisagem foram coletados utilizando-se principalmente da observação direta e participante, bem como de entrevistas semiestruturadas com informantes especialistas. Os dados foram obtidos com seis informantes na comunidade do Ararapira e oito na comunidade do Superagui, no período entre dezembro de 2008 e novembro de 2009. Adicionalmente, foram obtidos registros fotográficos de características variadas da paisagem, os quais serviram como apoio na obtenção dos dados de campo e na caracterização geral de cada comunidade.

4.3.1 Moradias, Urbanização e Vias de Acesso

Os dados referentes ao grupo de variáveis denominado ―Moradias, Urbanização e Vias de Acesso‖, foram obtidos prioritariamente por meio de observação direta, a partir de deslocamentos pelas trilhas presentes na área da comunidade, observando aspectos qualitativos e quantitativos relativos às variáveis específicas como: ―Características gerais das moradias‖; ―Densidade e distribuição das moradias‖; ―Características da vegetação‖; ―Outras características físico-geográficas‖; e ―Meios Locais de transporte disponíveis‖. Adicionalmente, informações complementares sobre estas variáveis foram também obtidas com auxílio de informantes especialistas. Os dados relativos à variável ―Características gerais das moradias‖ foram computados levando-se também em consideração os cuidados com área externa, estruturas adjacentes e manutenção das moradias, obedecendo a uma escala variando entre:

 Baixo: Presença de acúmulos de restos de materiais diversos, construção, redes de pesca, plásticos, metais, vidros e outros recicláveis que não estejam destinados a aproveitamento aparente. Pintura e estrutura física da moradia bastante desgastada. Jardins sem manutenção e/ou paisagismo.

 Médio: Presença eventual e em baixa quantidade de restos de materiais diversos que não estejam destinados a aproveitamento aparente. Pintura e estrutura física da moradia mediamente desgastada. Jardins com eventuais sinais de manutenção e/ou paisagismo.

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 Alto: Ausência de acúmulos de materiais diversos que não estejam destinados a aproveitamento aparente. Pintura e estrutura física da moradia em bom estado. Jardins delimitados com manutenção e/ou paisagismo

Conforme a proporção de residências classificadas dentro de cada uma das categorias da escala acima, cada comunidade recebeu uma classificação geral com base na mesma escala.

Os dados referentes à variável ―Tamanho das comunidades‖ foram obtidos a partir de coordenadas geográficas, utilizando-se de um aparelho de posicionamento global, modelo Colorado 300, Garmin Ltda., e software de apoio Mapsource v.6.13.7. Garmin Ltda. O tempo médio e distâncias estimadas para acesso a partir de centros urbanos de referência foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e utilizando-se imagens de satélite e ferramentas de medição do software Google Earth 5 1.3533.1731, Google Inc.

As variáveis ―Sistemas de comunicação‖ e ―Serviços disponíveis na comunidade‖ foram avaliadas por meio de observação participativa e entrevistas semiestruturadas. Dados referentes à variável ―Fluxo de Visitantes / Turistas‖ foram obtidos por meio de dados secundários (MISAEL, 2005) e informantes especialistas.

4.3.2 Resíduos e Saneamento

Dentro do grupo de variáveis denominado ―Resíduos e Saneamento‖ os dados referentes ao ―Destino de resíduos provenientes de atividades de pesca‖; ―Estrutura de saneamento e destino de efluentes residenciais e outros‖; ―Evidências do impacto de efluentes no ecossistema‖; e ―Origem e qualidade da água‖, foram obtidos empregando-se os métodos de entrevistas, obempregando-servação participativa e obempregando-servação direta. Neste último o pesquisador percorria as trilhas da comunidade observando aspectos qualitativos e quantitativos relativos às variáveis específicas.

A variável denominada ―Destino de resíduos sólidos‖ foi avaliada também por meio de observação participativa e observação direta, contudo para avaliar o perfil destes resíduos dispersos nas duas comunidades em estudo realizou-se uma amostragem com 20 pontos de coleta em cada comunidade, 10 deles foram realizadas em uma das trilhas principais da comunidade e outros 10 na faixa de entremarés. A amostragem foi distribuída ao longo de 1.000 metros de deslocamento linear, com intervalos de 100 metros entre cada ponto amostral. Cada ponto de amostra foi compreendido por uma

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circunferência com cinco metros de raio, na faixa de entremarés, e dois metros quadrados nas trilhas. Em cada ponto amostral todos os itens observados foram identificados qualitativa e quantitativamente, permitindo o cálculo da prevalência dentro dos grupos de resíduos observados e a distribuição quantitativa de itens específicos observados nas duas comunidades.

Os resíduos sólidos observados foram agrupados em: 1) Plásticos/Isopor –

contendo materiais como – Copo descartável; Fragmento de espuma; Fragmento de

isopor; Fragmento de nylon; Fragmento de plástico; Papel de bala (matéria plástica); Sacos e sacolas de plástico; e Vasilha plástica; 2) Vidro – contendo materiais como – Fragmento de vidro e Vasilha de vidro; 3) Papel/Madeira – contendo materiais como – Fragmento de madeira; Fragmento de papel; e Filtro de cigarro; 4) Metal – contendo materiais como – Vasilha de metal e Fragmento de metal; e 5) Outros – contendo

materiais como – Fragmento de tecido; Fragmento de alvenaria; e Embalagem tipo

Tetrapak.

4.3.3 Uso de Recursos Naturais

Os dados referentes ao grupo de variáveis denominado ―Uso de Recursos Naturais‖, foram obtidos prioritariamente por meio de observação direta de aspectos qualitativos e quantitativos dos indícios de atividades extrativistas, nas trilhas e áreas de floresta, adjacentes às comunidades em estudo. Considerando-se que não havia o objetivo de identificar a abrangência da área de influência das comunidades utilizou-se como limite para as avaliações um raio de 300 metros, a partir do limite de distribuição das edificações, metragem suficiente para abordar os dados necessários ao modelo. Foi percorrido um trajeto de 3,5 km no Superagui, em quatro oportunidades distintas, perfazendo um total de 14 km de deslocamentos para essa atividade. Na comunidade do Ararapira a avaliação do uso de recursos naturais ocorreu em três ocasiões e compreendeu um trajeto de 3,0 km, perfazendo um total de 9,0 km de deslocamentos.

As variáveis ―Presença de evidências da captura de animais‖ e ―Uso de recursos madeireiros e coleta de plantas‖ foram quantificadas por meio de observação de indícios como armadilhas para mamíferos e aves, corte de árvores, retirada de plantas e outras alterações antrópicas relacionadas às atividades de caça e extrativismo vegetal. Como foi realizada mais de uma avaliação por local de estudo, a quantificação considerou apenas os indícios recentes, descartando aqueles registrados na avaliação anterior. Em cada

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amostragem procedeu-se a classificação da área em relação à utilização de recursos

animais e vegetais obedecendo à seguinte escala: 1) Nula – Indícios de uso de recursos

extrativistas inexistentes; 2) Baixo – Até cinco indícios de uso dos recursos por campanha amostral; 3) Médio – Entre seis e dez indícios de uso dos recursos por campanha amostral; 4) Alto – Mais do que dez indícios de uso dos recursos por campanha amostral. Prevalecendo para cada comunidade a pontuação mais alta ao final da série de avaliações.

A variável ―Presença e uso de trilhas nas áreas de floresta‖ foi caracterizada observando-se duas dimensões, uma que distingue as características físicas das trilhas e outra que define a quantidade dessas alterações antrópicas no ambiente. A caracterização dos tipos de trilhas para deslocamento na floresta seguiu a seguinte escala: 1) Trilha tipo A = menos de um metro de largura, sem exposição do solo, com pouca definição de trajeto; 2) Trilha tipo B = mais de um metro de largura, com exposição parcial e pontual do solo, e trajeto bem definido; 3) Trilha tipo C = mais de um metro de largura, com exposição do solo, e trajeto bem definido.

A presença e a quantidade de trilhas utilizadas para deslocamento na floresta observadas nas áreas adjacentes a cada comunidade foi caracterizada obedecendo à seguinte escala: 1) Nula: Trilhas inexistentes; 2) Baixa: Até cinco trilhas tipo C e/ou B no raio de 300 metros da comunidade; 3) Média: Entre seis e dez trilhas do tipo C e/ou B no raio de 300 metros da comunidade; 4) Alta: Mais do que dez trilhas do tipo C e/ou B no raio de 300 metros da comunidade.

4.3.4 Frota pesqueira

Os dados referentes ao perfil da frota pesqueira, observada nas duas comunidades, foram obtidos por meio de observação participativa e entrevistas semi-estruturadas, com informantes considerados especialistas. Em adição, utilizaram-se dados bibliográficos, com base principalmente no trabalho de Malheiros (2008).