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5. ESTAÇÃO DE TREM DE CURITIBA

5.2 COLETA DE DADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

A metodologia para o desenvolvimento do projeto, pode ser dividido em três partes. Na teórica, houve o embasamento de técnicas de modelagem 3D já apresentados no documento, animação, realidade aumentada e realidade virtual. Em seguida será desenvolvido sobre a coleta qualitativa e a coleta de dados secundários, como por exemplo participação em eventos, passeio de locomotiva e coleta de imagens e informações com empresas ligadas a rede ferroviária.

A primeira parte da coleta de dados para o desenvolvimento da modelagem em 3D da Estação de Trem de Curitiba, se deu por meio do Sr. Leandro Luiz dos Santos, jornalista da empresa Gazeta do Povo de Curitiba, o qual efetuou uma reportagem especial de 130 anos da estação ferroviária de Curitiba em 2015., que possuía diversos contatos no assunto, indicou os devidos responsáveis que poderiam auxiliar no desenvolvimento do projeto. Dessa forma, a coleta de dados ocorreu por diferentes meios.

Em contato com o arquiteto Ernesto Amorin, responsável pela divisão técnica do IPHAN, foi disponibilizado a planta da estação de trem de Curitiba no formato CAD ou projeto e desenho auxiliados por computador (CADD), arquivo aberto com todas as medidas e proporções reais dos ambientes. Também a Sra. Fernanda Nunes de Souza, Curadora de Arte do Museu Ferroviário de Curitiba, a qual disponibilizou todo o acervo para o desenvolvimento da pesquisa.

Outra fonte de dados se deu com o Sr. Kallil Assad, historiador do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, também foi o responsável da 1ª Semana Paranaense da Memória Ferroviária, ocorrida entre os dias 18 e 22 de setembro de 2017, em Curitiba. Nesta oportunidade estiveram presentes alguns aposentados pela estação de trem palestrando sobre a importância da estação para a cidade e a transformação de interesses políticos na época, além de diversas autoridades de Curitiba e de outras cidades. Durante este evento, pode-se notar a importância da Estação Ferroviária para as pessoas envolvidas com essa parte da história do Estado. Por exemplo, Márcio Assad, Diretor de Turismo da Lapa e apaixonado pelas vias férreas do país, ao ser questionado durante uma palestra sobre a lembrança que mais sente saudades da época em que andava de trem, se emocionou ao responder que era o balançar da locomotiva e o apito que a inesquecível Maria Fumaça fazia.

Figura 28 – 1ª Semana Paranaense da Memória Ferroviária Fonte: O autor, 2017.

Na Figura 28, registrada na 1ª Semana Paranaense da Memória Ferroviária, à esquerda encontra-se Kallil Assad, organizador do evento e Historiador do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (IHGP) e a esquerda, Marcio Assad Diretor de Turismo da Lapa.

Conforme descrito por Chapman (1955), à medida que as estradas de ferro substituíam as antigas locomotivas a vapor pela diesel, o apito do trem recua-se para

o passado. Embora as locomotivas a diesel fossem mais velozes e econômicas, não produzem vapor. Em vez de apito, é a buzina pneumática. O autor ainda revela a paixão pelo som da locomotiva. O som produzido pelas novas locomotivas era comparado ao “grito de uma coruja triste, traída e abandonada”. Referente ao som emitido pelas antigas locomotivas:

“O apito a vapor era grato aos ouvidos, especialmente à noite e à distância. Era um som cheio; e quando vinha de longe, pela noite afora, emprestava asas a imaginação e proporcionava viagens de sonho a cidades e terras desconhecidas. Com ele vinha a sensação de segurança e de justeza das coisas” (CHAPMAN, p. 18, 1995).

Em virtude dessa importância, não apenas histórica e cultural mas embutida de valor emocional pelos envolvidos, que decidiu-se representar no modelo em 3D um trem à vapor, isto é, a Maria fumaça.

Atualmente, o estado de Santa Catarina permanece com alguns passeios com este tipo de locomotiva, no intuito de preservar memórias e criar pontos turísticos para quem não vivenciou a época. Os passeios que conservam os rituais antigos do badalar do sino, o apito do chefe de trem e então o apito da Maria Fumaça, podem ser encontrados nas cidades de Rio Negrinho, Piratuba e Apiúna, Santa Catarina (SC).

Figura 29 – Locomotiva 232 – Maria Fumaça – Apiúna, SC Fonte: O autor, 2017.

Foi indicado a ABPF de Apiúna/SC para uma experiência com a locomotiva a vapor, dessa forma, a coleta de dados contou com a própria experiência de conhecer de perto a Maria Fumaça para tornar a sua representação em realidade virtual mais próxima da realidade.

Na Figura 29, pode-se visualizar uma das poucas Marias Fumaça que ainda transportam passageiros no Brasil. Na cidade de Apiúna, SC., o passeio de trem é acompanhado pelo guia que explica a história da região, e tem duração de aproximadamente 40 minutos. Durante este período, o passageiro tem a oportunidade de sentir a sensação do balançar da locomotiva sobre os trilhos, visualizar as brasas que são arremessadas pela fornalha e ouvir o seu marcante apito. A experiência obtida nesta data foi essencial para o desenvolvimento fiel no projeto 3D.

As imagens de referência utilizadas para a modelagem da estação de trem, foram disponibilizadas principalmente pelos responsáveis do Iphan, ABPF, IHGP, Gazeta do Povo e Museu Ferroviário do Paraná, sendo outras registradas na estação de trem que permanece preservada no shopping Estação e pela visita técnica à Apiúna, SC.

Localizada no endereço Av. Sete de Setembro n. 2.775, a antiga estação de trem de Curitiba hoje permanece parcialmente preservada em um dos maiores shoppings da cidade. O shopping Estação possui um local reservado para o Museu Ferroviário de Curitiba, no qual é possível encontrar uma maquete da estação, uma réplica de maria fumaça, diversos objetos de época que compunham o cenário da estação, bem como uma biblioteca com um vasto registro de época.

Este shopping também encontra-se constante no dia a dia dos alunos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pois localiza-se a 100 metros do campus Centro da universidade, unidade onde este trabalho foi conduzido. No projeto, quando se passa pela bilheteria é possível visualizar a plataforma de embarque, uma locomotiva estacionada e em seguida trilhos e casas de máquina. No cenário atual, ao invés deste referenciado, encontram-se lanchonetes e diversas lojas.

Figura 30 – Coletânea de imagens

Fonte: O autor, 2017; Gazeta do Povo, 2015; IHGP, 2017

Além das visitas ao shopping Estação para a coleta de materiais e referências visuais, muitas fotografias da época em que a estação de trem funcionava plenamente foram utilizadas. A Figura 30, refere-se a coletânea de algumas imagens utilizadas como base, para a modelagem da estação de trem em 3D.

5.3 Modelagem da Estação de Trem de Curitiba

A modelagem da estação de trem (Figura 31) começou pela planta da estação no formato .CAD disponilizada pelo arquiteto Ernesto Amorim. Tendo em vista que o arquivo encontrava-se com as medidas dos ambientes reais, não houveram grandes dificuldades para o desenvolvimento desenvolvimento das proporções e fachada.

Por meio de caixas simples (ferramenta mais básica de qualquer software de modelagem 3D), foi criado a fachada da estação de trem, seguindo as medidas do arquivo .CAD como base de proporção.

Figura 31 – Modelagem da fachada da estação de trem de Curitiba Fonte: O autor, 2017.

Tendo em vista que parte da estrutura do shopping Estação (Curitiba/PR) permanece preservado com ambientes da estação de trem desde a época de seu funcionamento, foi possível in loco visualizar e registrar portas, janelas e maçanetas para inclusão no projeto 3D. A Figura 32 é um exemplo dos detalhes criados após a visitação da Estação Ferroviária preservada no local.

Figura 32 – Modelagem de portas e janelas. Fonte: O autor, 2017.

Cumpre-se destacar que os toldos localizados em frente à estação de trem, foram modelados no software 3D a partir de análises de imagens da época. A Figura 33 é uma comparação de antigamente (realidade) com o modelo criado.

Figura 33 – Toldos frontais Fonte: IHGP, 2017. O autor, 2017.

A modelagem 3D do interior da estação de trem foi a etapa da qual não houve embasamento por imagens, uma vez que não encontrou-se registros da época. Contudo, o Museu Ferroviário que está localizado no interior do shopping Estação, além de preservar alguns objetos, preserva também um espaço de bilheteria. Tal ambiente serviu de base para a construção da modelagem.

Assim como na fachada, a modelagem se iniciou a partir de blocos, porém nesta etapa, a forma geométrica teve que ser modificada. Tendo em vista que no mundo real nada possui cantos 90º, em todas as bordas foi criado um chamfer, modificador este que arredonda as bordas dos objetos, de modo que a curva fique mais suave.

Conforme a Figura 34, a modelagem pode ser criada após a visita ao local (Shopping Estação). As imagens estão dispostas primeiro na forma original e depois na forma recriada em modelagem 3D.

Figura 34 – Bilheteria Fonte: O autor, 2017.

Já o emblema da RVPSC, devido ao seu alto nível de detalhamento, principalmente nas bandeiras localizadas ao lado do rodado de trem, teve sua modelagem e texturização pela técnica de mapeamento de texturas (Figura 35).

Figura 35 – Desenvolvimento do emblema RVPSC Fonte: O autor, 2017.

A partir do software de modelagem, foram extraídas as coordenadas de cada face e distribuídas em um plano 2D. Posteriormente, utilizando o software Photoshop como editor de imagens, foram acrescentadas as texturas nas posições corretas, resultando no objeto final.

A plataforma de embarque que era localizada onde hoje faz parte do ambiente do shopping Estação, foi criada pincipalmente por meio de análise de duas imagens (Figura 36 e Figura 37). Já a disposição das casas de máquinas e as casas de descanso para os funcionários da estação de trem, foram embasadas em uma maquete, a qual encontra-se em exposição no museu ferroviário. Em relação a exposição dos trilhos, estes foram distribuídos conforme imagens da época.

Figura 36 – Visualização superior da estação de trem de Curitiba Fonte: O autor, 2017.

Na Figura 36, observa-se que a quantidade e a disposição das casas e estação de trem foram embasadas na maquete localizada dentro do museu ferroviário no shopping Estação.

Figura 37 – Visualização lateral da estação de trem de Curitiba Fonte: O autor, 2017.

Na Figura 37, é possível visualizar os trilhos e o distanciamento entre a estação de trem e as casas do lado esquerdo da imagem.

Por último, destaca-se o processo de modelagem da locomotiva. Como embasamento, foi utilizado uma imagem de época da locomotiva 11, estacionada na estação de trem de Curitiba, sendo o vagão de passageiros inspirado na locomotiva 232 de Apiúna/SC.

Todo passeio em Santa Catarina (SC) foi guiado, durante uma das explicações foi feito uma demostração para alívio da pressão criada durante a combustão da lenha. Tendo em vista os graus celsius e a pressão que a composição suporta, após certo tempo de funcionamento, válvulas são abertas para liberação de um pouco pressão, trabalhos estes realizados por medidas de segurança.

Figura 38 – Locomotiva Maria Fumaça Fonte: O autor, 2017.

Na Figura 38, apresenta-se a comparação entre a figura real do lado esquerdo, e a sua representação em 3D do lado direito da parte externa e interna da Maria Fumaça.

Portanto, com base na extensa coleta de dados sobre a história, memória e cultura da Estação Ferroviária de Curitiba, pode ser viabilizado a sua modelagem em 3D. O projeto em realidade virtual será uma ferramenta para proporcionar aos moradores da região de Curitiba o resgate histórico e contribuir para a cultura dos

elementos ferroviários do Estado. Além disso, para as gerações atuais que não puderam testemunhar a atuação da estação ferroviária, será uma forma de apresentar uma breve demonstração de como era a Estação de Trem de Curitiba/PR.

As imagens utilizadas como texturas no projeto, foram todas coletadas de um banco de dados da empresa RenderArt. A Figura 39 é uma coletânea das utilizadas no projeto 3D.

Figura 39 – Exemplo de texturas Fonte: O autor, 2017.

O som da maria fumaça foi coletado pelo próprio autor, quando do passeio turístico em Apiúna/SC. A masterização deste áudio foi feito no software Audacity, tendo como trabalho principal a duplicação da buzina.

A Figura 40 resume em um pequeno esquema, os trabalhos executados até a finalização deste projeto.

Figura 40 – Resumo dos trabalhos Fonte: O autor, 2017.

Seguindo o as etapas de um projeto 3D, o arquivo final passou pela modelagem e texturização de todos os objetos, foi trabalhado com a iluminação e pós- produção para um melhoramento na qualidade final do arquivo e, por último, sua exportação para um arquivo executável.

A Unreal Engine 4, assim como os demais motores gráficos precisam que o Lightmap5 de cada objeto estejam bem feitos. Este projeto é composto de

aproximadamente 300 blocos 3D, todos de modelagens exclusivas e lightmap únicos. A maior dificuldade para o funcionamento do projeto no motor gráfico, foi a necessidade de abrir a malha UV (representar coordenadas tridimensionais em imagens bidimensionais) de todos os modelos 3D, conforme exemplificado no emblema da RVPSC (Figura 35). Referente ao tempo de execução da modelagem 3D, sua exportação para o motor gráfico até o arquivo final, durou aproximadamente 75 dias de trabalho. Como fator limitante, embora configurado e pronto para ser usado em um óculos 3D, devido à falta de recursos, o projeto não pode utilizar até o momento esta tecnologia.

5 Lightmap é a representação 2D de cada espaço do modelo 3D. Este procedimento serve para que o

software identifique o posicionamento de cada face, no intuito de distribuir informações claras e escuras

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