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3 DESCRIÇÃO DO PERCURSO METODOLÓGICO

3.3 COLETA DE DADOS: PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS

3.3.1 Primeira Etapa: Dados Quantitativos

Na primeira etapa da pesquisa foram utilizadas três fontes para a obtenção dos dados associados às variáveis quantitativas: sistema acadêmico, teste diagnóstico e testes semanais de conhecimento. Cada um deles é descrito na sequência deste estudo.

3.3.1.1 Sistema acadêmico e/ou análise documental

Por meio do Sistema Acadêmico institucional foram reunidas as seguintes informações: nota obtida pelos calouros de Engenharia na prova de Matemática do ENEM para ingresso na universidade, período de ingresso no curso e a nota obtida em Cálculo Diferencial e Integral I.

Para verificar os pesos adotados pela UTFPR para a prova de Matemática do ENEM foram consultados os editais dos processos seletivos.

Além disso, para verificar a carga horária que os alunos ingressantes deveriam cumprir no período em questão, foram analisados os Projetos Pedagógicos de Curso (PPC’s) das oito Engenharias dos câmpus Pato Branco e Ponta Grossa que fazem parte deste estudo.

3.3.1.2 Teste diagnóstico

O objetivo foi verificar se a falta de conhecimentos básicos de Matemática interfere no desempenho na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I.

Para tanto elaborou-se um teste diagnóstico composto por 15 itens de caráter dissertativo englobando conteúdos matemáticos de nível fundamental e médio, formulado por um professor da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I, da UTFPR – Câmpus Ponta Grossa, a partir de suas percepções sobre conteúdos prévios, considerados pré-requisitos para o Cálculo I. As questões englobavam operações com números racionais, potenciação e suas propriedades, equações do primeiro e segundo grau, simplificação de expressões algébricas, inequações (do

segundo grau, quociente e modular), funções logarítmica e exponencial, além do cálculo de expressões trigonométricas, que nas percepções do professor, são os conteúdos que o professor de Cálculo I tem como premissa de conhecimento prévio do aluno.

Após a correção dos testes, tabulou-se o número de acertos (de zero a quinze) obtido pelos alunos que realizaram o teste. Cabe mencionar que não foram considerados acertos parciais sendo, portanto, cada item do teste classificado em correto ou incorreto.

3.3.1.3 Testes semanais de conhecimento

Consistiram em avaliações semanais englobando conteúdos de Cálculo I e compondo a nota final da disciplina (20% da nota). Os testes foram elaborados por um dos professores da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral I e aplicados ao longo do semestre em cinco turmas, sendo duas de Engenharia Eletrônica e três de Engenharia de Produção, todas do Câmpus Ponta Grossa.

Cada um dos testes era composto por duas questões discursivas, envolvendo os conteúdos ministrados na semana anterior e aplicados ao final última aula da semana corrente, sendo que a consulta ao material era vedada. O tempo de duração de cada um destes testes era de aproximadamente vinte minutos e aproximadamente 13 testes foram aplicados ao longo de cada semestre.

O objetivo desta proposta de intervenção era verificar se realizando avaliações com intervalos de tempo menores (neste caso semanalmente) existia algum indicativo de melhora nos índices de aprovação na disciplina de Cálculo I.

3.3.2 Segunda Etapa: Dados Qualitativos

3.3.2.1 Entrevista semiestruturada

Nessa etapa, buscou-se verificar quanto o comprometimento acadêmico poderia ser uma variável significativa para o bom desempenho do aluno em Cálculo Diferencial e Integral I.

Com este intuito foram definidos três perfis característicos a partir do desempenho no teste diagnóstico e a nota final na disciplina de Cálculo I. Os perfis acadêmicos característicos identificados foram:

Bom desempenho no teste diagnóstico

(mais de 60% de acerto)

Mau desempenho no teste diagnóstico

(menos de 60% de acerto) Aprovados em Cálculo I Perfil 01 Perfil 02

Reprovados em Cálculo I Perfil 03 Quadro 4 - Caracterização dos perfis acadêmicos

Fonte: Autoria própria (2015).

Ressalta-se que a escolha destes perfis foi realizada exatamente porque a deficiência em relação a Matemática básica (medida neste estudo por meio do desempenho no teste diagnóstico e na prova de Matemática do ENEM) é apontada por muitos autores como uma variável que contribui de forma expressiva para o baixo rendimento dos alunos em Cálculo I.

Convém esclarecer ainda que, na categoria “alunos com bom desempenho no teste diagnóstico e que reprovaram em Cálculo I” foi identificado apenas um acadêmico, no Câmpus Ponta Grossa. Esse aluno foi convidado a dar seu depoimento, mas recusou o convite.

Optou-se pela entrevista semiestruturada para a coleta de dados porque,

essa modalidade é muito utilizada nas pesquisas educacionais, pois o pesquisador, pretendendo aprofundar-se sobre um fenômeno ou questão específica, organiza um roteiro de pontos a serem contemplados durante a entrevista, podendo, de acordo com o desenvolvimento da entrevista, alterar a ordem dos mesmos e, inclusive, formular questões não previstas inicialmente. (FIORENTINI & LORENZATO, 2006, p. 121)

O total de alunos associados a cada perfil e a quantidade de entrevistados em cada uma das classes encontra-se especificado no quadro 5.

Perfis Identificação ao longo do texto Total de alunos Número de alunos entrevistados

1. Alunos com bom desempenho no teste

diagnóstico aprovados em Cálculo I (++) 16 04 2. Alunos com bom desempenho no teste

diagnóstico reprovados em Cálculo I (+-) 01 00 3. Alunos com mau desempenho no teste

4. Alunos com mau desempenho no teste

diagnóstico reprovados em Cálculo I (--) 214 06

Quadro 5 -Perfis de interesse e quantidade de alunos entrevistados Fonte: Autoria Própria (2015)

As entrevistas foram realizadas individualmente, em local e horário estabelecidos previamente, através de contato via e-mail. Inicialmente os participantes foram informados sobre o tema e objetivo geral deste estudo, sobre a relevância do mesmo e a importância da colaboração deles no sentido de entender melhor o problema da pesquisa e buscar maneiras de minimizar as reprovações em Cálculo I. Os acadêmicos também foram informados de que teriam suas identidades preservadas, que as gravações seriam mantidas em sigilo e que as informações retiradas seriam utilizadas apenas para fins acadêmicos.

Estas e outras informações gerais, assim como os contatos da pesquisadora, também estavam disponíveis numa carta de apresentação, encaminhada a cada um dos acadêmicos. Os alunos que se propuseram a colaborar assinaram o termo de consentimento. Os modelos de carta de apresentação e o termo de consentimento encontram-se, respectivamente, nos Apêndices B e C desta pesquisa.

Antes da gravação, algumas perguntas foram realizadas de maneira informal a fim de que os acadêmicos pudessem se sentir mais a vontade. As observações julgadas pertinentes foram anotadas e encontram-se relatadas neste documento.

Salienta-se ainda que foi solicitado aos entrevistados para falarem de forma espontânea e sincera, colocando todos os pontos que julgassem pertinentes, e enfatizou-se novamente o caráter confidencial das informações prestadas.

Assim, o esquema básico da entrevista amparava-se em duas questões principais. Num primeiro momento os alunos foram convidados a declarar os motivos que os levaram a aprovar ou reprovar na disciplina de Cálculo I, quando calouros. Na sequência, deveriam relatar as posturas adotadas frente à disciplina e opinar se estas posturas influenciaram ou não no desempenho obtido em Cálculo I.