• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I AS RELAÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS NO ÂMBITO

1.1. Surgimento e Regulamentação do Comércio entre os Estados

1.1.4. Comércio e Protecionismo

A crescente busca pelo comércio mundial fez com que a grande

maioria dos países acolhesse as normas ditadas pelos organismos internacionais37.

Estes organismos passaram a regular tal comércio com o intuito de facilitar e agilizar

37 Há diversos organismos internacionais, entre os quais se pode citar o Banco Mundial, o Fundo

Monetário Internacional, a Organização Mundial do Comércio, o Banco para Compensações Internacionais, a Organização Mundial da Propriedade Intelectual, a Organização das Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos, a Organização Internacional do Trabalho, a Organização Mundial de Saúde, o Fundo das Nações Unidas para a infância e os órgãos de integração econômica regional, como a União Européia, o Tratado Americano de Livre-Comércio, o Mercado Comum do Sul, a Associação de Nações do Sudeste Asiático, etc.

a abertura nos diversos mercados e a venda de seus produtos. Esse fato tem demonstrado a necessidade de se adotarem padrões estrangeiros de comportamentos regulatórios no mercado mundial, padrões que disciplinam as empresas que operam neste ambiente.

O mercado comum assegura aos agentes econômicos a possibilidade de agir em um clima de concorrência estável que não pode ser alterado pela vontade unilateral dos partícipes, nem tampouco pelo Poder Público, por meio da edição de medidas arbitrárias.

Após a Grande Depressão de 1929 e a Segunda Guerra Mundial, muitos países recorreram a barreiras comerciais protetoras as quais estabeleciam normas e restrições quantitativas às importações e exportações, bem como o controle do câmbio.

Objetivando articular mecanismos de desenvolvimento para os países que estavam em crise e evitar que a economia se tornasse inviável e desequilibrada, foram fundados alguns organismos internacionais a partir do pós- Segunda Guerra Mundial. A Conferência de Bretton Woods criou o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), com o intuito de regular as instabilidades comerciais no âmbito internacional.

O FMI teve como meta prioritária promover a cooperação financeira no mundo capitalista e coordenar as paridades monetárias por meio do levantamento de fundos, buscando auxiliar os países que se encontravam em

dificuldades em relação aos pagamentos internacionais. O objetivo do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) era financiar os projetos de recuperação econômica dos países atingidos pela guerra, fornecendo empréstimos a longo prazo. Ambos os organismos estão sediados em Washington, (EUA), desde a sua criação.

Esses organismos vieram para regular as relações econômicas internacionais, mas havia ainda a necessidade de impulsionar a liberalização comercial, o que fez com que se iniciassem as negociações tarifárias em 1946.

O conjunto de normas e concessões tarifárias firmado entre os países foi denominado Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). Os Estados Unidos da América foram o país mais atuante na idéia do liberalismo comercial regulamentado em bases multilaterais. As discussões, que se estenderam por cerca de quatro meses (de novembro de 1947 a março de 1948), culminaram com a assinatura da Carta de Havana, na qual constava a criação da Organização Internacional do Comércio (OIC). O projeto consistia em estabelecer disciplinas para o comércio de bens, fixando normas sobre emprego, práticas comerciais restritivas, investimentos estrangeiros e serviços.

Em 1950, os Estados Unidos da América não encaminharam ao Congresso o projeto do GATT para sua ratificação, o que causou o fracasso da organização. No entanto, o GATT regulamentou “de fato”, por mais de quatro décadas, as relações comerciais entre os países.

Em 1986, voltou-se a falar da criação de um organismo internacional na Rodada do Uruguai que instituiu um novo Acordo de Tarifas Aduaneiras. Este contemplou também um acordo sobre Investimentos e direitos de Propriedade Intelectual, além de acordos destinados a regulamentar procedimentos de solução de controvérsias; medidas antidumping, de salvaguarda e compensatórias, valoração aduaneira, licenciamento, procedimentos, entre outros.

O GATT, assinado originalmente por vinte e três países, entre os quais o Brasil, estabeleceu, entre os seus princípios básicos, no art. 1º, o da cláusula da Nação Mais Favorecida (NFM), que nada mais é do que a automaticidade da generalização a todos os parceiros comerciais de uma concessão feita a um deles.

A cláusula da NFM é incompatível com o conceito da reciprocidade nas relações comerciais internacionais, mas teve o mérito de fixar o patamar mínimo sobre o qual se podem assentar os alicerces da construção do grande edifício da juridicidade no comércio mundial.

A OMC representou a mais ampla rodada38 de negociação

comercial, abrangendo quase a totalidade das temáticas atinentes ao comércio de mercadorias e serviços.

38 A Rodada do Uruguai, indubitavelmente, configurou uma importante rodada de negociações no

cenário internacional. Marco instituidor da Organização Mundial do Comércio (OMC). Na Rodada do Uruguai foi elaborado um entendimento sobre a Resolução de Litígios, criando um Órgão de Resolução de Litígios (incluindo uma instância de apelo). Tal medida proporcionou maior segurança ao sistema de resolução dos conflitos, “pela natureza fortemente jurisdicional e vinculativa com que o dotou, e uma maior celeridade, pela redução dos prazos das diversas etapas do processo” (Cf. LAFFER, Celso. A OMC e a regulamentação do comércio internacional: uma visão brasileira. Porto

Com a fundação da OMC, houve a substituição do GATT, no que se refere à gestão e à administração dos acordos multilaterais sobre o comércio internacional, a partir de 1994. O GATT ainda interage nos diversos mercados como um instituto de apoio e consulta para os Países-membros.

A OMC promoveu uma radical inovação ao introduzir, em um único acordo, a criação de um instrumento jurídico multilateral integrado, incluindo resultados do GATT e esforços seqüenciais de liberação comercial obtidos na Rodada do Uruguai.

A busca da liberdade comercial pregada pelos neoliberais, através da globalização, pressupõe regras entre os competidores, exigindo condutas admitidas internacionalmente, a serem estampadas em regras comerciais, hoje concentradas no âmbito da OMC.

A OMC apresenta-se como a opção atual para centralizar discussões a respeito da diminuição da desigualdade econômica entre os países, notadamente em questões comerciais.

A insatisfação de alguns países em desenvolvimento, com relação à condução das negociações praticadas pelo GATT, culminou com a Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento, que foi realizada em 1994 e

recebeu como nome a sigla “UNCTAD” 39.

39 UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development). Entre as suas funções,

atualmente, está a promoção global do comércio eletrônico, facilitando o acesso às tecnologias da informação, particularmente através de seu Global Trade Point Programme.

Criada em 1968, a UNCTAD teve como objetivo prioritário favorecer a expansão do comércio internacional, acelerando o desenvolvimento econômico mediante a coordenação das atividades governamentais, especialmente nos países em crescimento.