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Combinação perfeita entre ciberespaço e cibercultura

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Admirável mundo novo

2.1.2. Combinação perfeita entre ciberespaço e cibercultura

A palavra cyberspace foi cunhada pelo escritor de ficção científica Willian Gibson, em seu romance denominado Neuromancer, escrito em 1984 (BERGMANN, 2007). Na concepção de Lévy (1999) ciberespaço representa um novo meio de comunicação que emerge, graças à interconexão mundial de computadores. Esse termo não se refere apenas à infra-estrutura da comunicação digital, mas também ao universo de informações e seres humanos que navegam e alimentam este serviço.

Para Velloso (2008) o ciberespaço se constitui em um território da esfera social, que permite dar visibilidade aos fatos da vida privada e tratar fenômenos do âmbito público. Por outro lado, Giddens (2005) considera o ciberespaço como um local de interação formado pela rede global de computadores que compõem a internet.

Vale ressaltar que a Internet e o ciberespaço não são sinônimos. A primeira faz parte das tecnologias de informação digitais, ou melhor, atua como infra-estrutura de comunicação que fornece suporte ao ciberespaço, sob os quais desenvolvem diversos espaços como web, fóruns, chats e correio eletrônico. Já o ciberespaço promove a interação, a manifestação e o relacionamento apoiada pela rede ou mais precisamente a Internet (RODRIGUES, 2003). Logo, o ciberespaço permite que grupos de pessoas mantenham coordenação, cooperação, inclusão e consulta de informações específicas em tempo real, independentemente da distância geográfica.

Seguindo essa perspectiva, o ciberespaço representa um novo dispositivo de comunicação interativo e coletivo, proveniente das relações sociais contemporâneas com as tecnologias da informação. Assim, a web exprime idéias, desejos, saberes, ofertas de transações de pessoas. Ao contrário do que se imagina, não há frieza no ciberespaço, mas sim uma comunicação direta em meio às múltiplas relações entre grupos humanos. Logo, o ciberespaço tende a torna-se a principal infra-estrutura de produção, transação e gerenciamento econômico. Configurará como o principal equipamento coletivo da memória, do pensamento e da comunicação (LÉVY, 1999).

Esse espaço combina de maneira sinérgica todos os dispositivos de criação de informação, gravação, comunicação e simulação. Corroborando justamente com o pensamento de Bergmann (2007), na qual considera que o ciberespaço agrega o espaço social produzido, sendo essa estrutura, reflexo da evolução tecnológica e social assimilada pelos próprios indivíduos. Desta forma, o ciberespaço caminha para se tornar o principal canal de comunicação.

Por tudo isso, Lévy (1999) conclui que o ciberespaço se amplia de forma dinâmica e imprevisível, proliferando mudanças na economia, política e cultura. Logo, aproxima cada vez mais as diferentes culturas nacionais, a tal ponto que está surgindo uma nova cultura de natureza global e cibernética, conhecida como cibercultura.

De maneira aprofundada Lemos (2004) defini cibercultura como sendo uma forma sociocultural que surgiu a partir da relação simbiótica entre a sociedade, a cultura e as novas tecnologias, resultantes da convergência das telecomunicações com a informática na década de 70. Segundo Lévy (1999), a cibercultura é um conjunto de técnicas tanto manuais como intelectuais, envolvendo práticas, atitudes, modos de pensamento e valores que foram se desenvolvendo juntamente com a rede.

Na concepção de Castells (2003) a cultura da Internet está sustentada por quatro pilares. A primeira, cultura tecnomeritocrática, cuja essência encontra-se na crença de que o

desenvolvimento científico e tecnológico são elementos essenciais para o progresso da humanidade, foram os responsáveis em criar a base da Internet. A segunda, cultura hacker, desempenha um papel importante, pois atualiza a rede com inovações tecnológicas, através da cooperação e da comunicação livre. A terceira, cultura comunitária virtual, esta gera uma dimensão social ao compartilhamento tecnológico, caracterizando a Internet como um meio de interação social. A Quarta, cultura empresarial, ajuda na disseminação de práticas da Internet em todos os domínios da sociedade, visando gerar recursos financeiros.

Três princípios orientam o crescimento da cibercultura: (I) a geração de interconexão, provoca mudanças na física da comunicação, pois possibilita um canal interativo conectado a informações e pessoas; (II) a criação de comunidades virtuais, se apóia em conjuntos de afinidades de interesses e conhecimentos em relação a determinado projeto, por meio de cooperação; (III) o desenvolvimento da inteligência coletiva, representa um campo aberto de problemas e pesquisa prática, onde os usuários podem atuar, simultaneamente, como geradores de matéria-prima, transformador, interprete e autor do conhecimento compartilhado (LÉVY, 1999).

Vale salientar, que a comunicação via redes não substitui o contato pessoal, na verdade é um complemento que mantém até certo ponto as emoções, opinião, julgamentos e responsabilidades. Esse novo território propiciado pela cibercultura, segundo Velloso (2008), possibilita certo nível de anonimato como, por exemplo, em salas de bate-papo em que o usuário pode optar em ficar oculto ou não. Mas por outro lado, concebe ambientes de cooperação como, por exemplo, em fóruns de discussão, cujo usuário pode se inserir em assuntos do seu interesse, com a devida identificação, procura colaborar e interagir.

A partir da natureza democrática da informação e sentido de libertação que caracteriza o ciberespaço, Lemos (2004) afirma que o mesmo se constitui em uma estrutura comunicativa, cujas mensagens têm livre circulação. Com isso, o homem contemporâneo recebe mensagens de forma caótica, multidirecional, coletiva e personalizada. Aonde, os usuários possuem o poder de julgar qual informação é relevante, de acordo com seus interesses pessoais. É impossível não perceber a cibercultura como um instrumento acolhedor de novas formas de sociabilidade, interação comunitária e comunicação.

Com isso, tanto o ciberespaço como a cibercultura configuram-se como espaços nas quais as empresas disputam ferozmente por projetos, informação, conhecimento, atenção do público-alvo, redução de custos, construção de relacionamentos, flexibilidade, inovação, vantagem competitiva, entre outros.

Desta forma, em um extremo, estão os defensores de um espaço livre de comunicação interativa e comunitária, no outro, os que compreendem o ciberespaço como um campo fértil, ainda em desenvolvimento, de negócios. Apesar de essas vertentes entrarem em conflito, o ciberespaço, diante da sua abrangência, tem condições de envolver de maneira sinérgica esses interesses de caráter bivalente, orientadas pela cibercultura. Logo, possui potencial para se tornar um mercado planetário transparente de bens e serviços, e mais importante um meio de comunicação espontâneo que se usado de maneira honesta pode atingir o novo consumidor.