• Nenhum resultado encontrado

Embora as teorias de desenvolvimento econômico aqui apresentadas te- nham sido, durante anos, relegadas, sua ênfase no problema de falhas de coordenação e na complementaridade estratégica nas decisões de investi- mento, dada a ocorrência de spillovers, contribui, decisivamente, para que sejam identificadas possibilidades não abordadas em modelos de equilíbrio competitivo.

Desse modo, pode-se dizer que, talvez, os teóricos do desenvolvimento econômico, embora estivessem certos, não tenham sido capazes de conven- cer seus pares, representantes do pensamento econômico dominante, justa- mente, pela ausência de formalização de suas idéias, além dos aspectos de natureza puramente ideológicos.

As idéias da Teoria do Big Push, assim como do crescimento não-balance- ado, são de grande valia para compreensão de fenômenos regionais e, de fato, podem contribuir para as discussões que permeiam a Geografia Econômica. Sob a óptica dessas teorias, pode-se dizer que a experiência de planejamento regional brasileira parece ter se centrado demais no apoio a investimentos sem, contudo, preocupar-se em ensejar encadeamentos entre estes, não apenas en- tre os que se realizavam em regiões menos desenvolvidas, mas também entre esses e aqueles que, implantados em regiões mais desenvolvidas, logravam maior êxito em explorar retornos crescentes de escala, tornando-se mais competitivos. Nesse sentido, se o desenvolvimento é, em si, desigual, não se retira uma região do equilíbrio ruim para o bom equilíbrio sem, necessariamente, integrá- la ao restante do país. Ademais, é preciso estabelecer políticas públicas capa- zes de deslocar as economias regionais para o equilíbrio superior estável, isto é, capaz de sustentar-se quando tais políticas forem suprimidas.

Ref erênci as bi bli ográf i cas

ANAS, Alex. Regional science and urban economics. Book reviews. 31 (2001).

ANDERSON, Simon; GOEREE, Jacob K.; RAMER, Roald (1997). Location, Location, Location. Journal of Economic Theory. 77. p.102- 127.

BECSI, Zsolt; WANG, Ping; WYNNE, Mark A (1999). Costly intermediation, the big push and the big crash. Journal of Development Economics. Vol. 59 (1999). p. 275-293.

BESTER, Helmut et al (1996). A noncooperative analysis of Hotteling’s Location Game. Games and economic behavior. 12. p. 165-186. BJORVATN, Kjetil (1999). Third World regional integration. European Economic Review. 43 (1999). p. 47-64

BJORVATN, Kjetil (2000). Urban infrastructure and industrialization. Journal of Urban Economics. 48 (2000). p. 205-218.

CICCONE, Antonio e MATSUYAMA, Kiminori (1996). Start-up costs and pecuniary externalities as barriers to economic development. Journal of Development Economics. vol. 29. p. 33-59.

CO O PER, Russell & JO HN, Andrew (1988). Coordinating coordination failures in keynesian models. The Quarterly Journal of Economics. Volume 103 (3).

D ’ASPREMO NT, C. et al (1979). On Hotelling’s “Stability in competition”. Econometrica. Vol. 47, nº 5. p.1145-1150.

ESWARAN, Mukesh e KOTWAL, Ashok (2002). The role of the service sector in the process of industrialization. Journal of Development Economics. 68 (2002). p.401-420.

FLEMING, J (1955). External economies and the doctrine of balanced growth. Economic Journal. 65. p.241-256.

FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 24. ed. São Pau- lo: Editora Nacional, 1991.

GALLUP, John Luke et al. Geography and economic development. International regional science review. 22, 2. August 1999.

GANS, Joshua S (1998). Industrialization with a menu of technologies; appropriate technologies and the “big push”. Structural change and

economic dynamics. 9 (1998). p. 333-348.

HENDERSON, J. Vernon et al (2001). Geography and development. Journal of Economic Geography . 1, 2001.

HIRSCHMAN, A (1958). The strategy of economic development. New Haven: Yale University Press, 1958.

HOTELLING, Harold. (1929). Stability in competition. In: DEAN Robert et al. (ed). Spatial Economic Theory. Nova Iorque, Londres: The Free Press; Collier-Macmillian Limited.

IRMEN, Andreas e THISSE, Jacques François (1998). Competition in multi-characteristics spaces: Hotelling was almost right. Journal of Economic Theory. 78. p. 76-102.

KAT Z, Amoz (1995). More on Hotelling’s stability in competition. International Journal of Industrial Organization. 13. p.89-93. KRUGMAN, Paul (1991a). Geography and trade. MIT Press, Cambridge, MA.

KRUGMAN, Paul (1991b). History versus expectations. The Quarterly Journal of Economics. Maio, 1991.

KRUGMAN, Paul (1991c). Increasing returns and economic geography. Journal of Political Economy. Vol.99, nº 3.

KRUGMAN, Paul (1996). Development, geography and economic theory. Cambridge: MIT Press, 1996.

KRUGMAN, Paul, FUJITA, Masahisa e VENABLES, Anthony (1999). The Spatial Economy: Cities, Regions and International Trade. Cambridge: MIT Press, 1999.

LAMBERT INI, Luca (1997). Unicity of the equilibrium in unconstrained Hotelling model. Regional Science and Urban Economics. 27. p. 785-798.

MATSUYAMA, Kiminori (1991). Increasing returns, industrialization, and indeterminacy of equilibrium. The Quarterly Journal of Economics. Maio ,1991.

MATSUYAMA, Kiminori (1996). Why are there rich and poor contries? Symmetry-breaking in the world economy. Journal of the Japanese and International Economies. 10. p. 419-439.

MURATA, Yasusada (2002). Rural-urban interdependece and industrialization. Journal of Development Economics. Volume 68 (2002). p. 1-34.

MURPHY, Kevin M.,SHLEIFER, Andrei e VISHNY, Robert W (1989). Industrialization and the Big Push. The Journal of Political Economy. Volume 97 (5). Outubro, 1989.

MYRDAL, G (1957). Economy theory and under-development regions. Cap. 3/4. Londres, 1957.

NORBÄCK, Pehr-Johan (2001). Cumulative effects of labor market distortions in a developing country. Journal of Development Economics. Vol. 65 (2001). p. 135-152.

NURSKE, Ragnar (1953). Problems of capital formation in underdeveloped countries. Nova Iorque: Oxford University Press, 1967 (1ª Impressão, 1953).

OSBORNE, Martin J. e PITCHIK, Carolyn (1987). Equilibrium in Hotelling’s model of spatial competition. Econometrica. Vol. 55, nº 4. p.911-922.

PRED, Allan R. (1966). The spatial dynamics of U.S. urban-industrial growth, 1800-1914: interpretative and theorical essays. The MIT Press. RAY, Debraj (1998). Development Economics. Princeton Universty Press. Princeton: New Jersey.

RAY, D ebraj (2000). What’s new in development economics? T he American Economist. 44. p.3-16

RODRIK, Dani (1996). Coordination failures and government policy: a model with applications to East Asia and Eastern Europe. Journal of International Economics. 40 (1996). p. 1-22.

ROSENSTEIN-RODAN, P. (1943). Problems of industrialization of Eastern and Southeastern Europe. Economic Journal. 53. p.202-211. In: MEIER, Gerald (ed.). Leading issues in economic development; studies in international poverty. Oxford University Press, 1971.

SACHS, Jeffrey D., WARNER, Andrew M. (1999) The big push, natural resource booms and growth. Journal of Development Economics. Vol. 59 (1999). p. 43-76.

SCHMUT ZLER, Armin (1998). Changing places – the role of heterogeneity and externalities in cumulative process. International Journal of Industrial Organization. 16 (1998). p.445-461.

SCOTT, Allen J (2003). La poussée régionale: vers une géographie de la croissance dans les pays en développement. Géographie, Économie, Société. 5 (2003). p. 31-57.

STIGLITZ, Joseph E. e DIXIT, Avinash K. Monopolistic competition and optimum product diversity. American Economic Review. Jun, 1977. VENABLES, Anthony (1996). Trade policy, cumulative causation, and industrial development. Journal of Development Economics. vol. 49. p.179-197

YAMADA, Masao (1999). Specialization and the big push. Economic Letters. 64 (1999). 249-255.

Resumo

O desenvolvimento desigual, ou seja, o fato de alguns países ou regiões crescerem mais do que outros, permanece sendo a questão central da teoria de desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, desenvolvimento ou subdesenvolvimento é entendido, cada vez mais, como um aspecto estrutural inerente à distribuição espacial da ativi- dade econômica. O intuito do presente trabalho é reaver os princi- pais fundamentos da teoria do desenvolvimento, baseada no argu- mento de falhas de coordenação, especialmente aqueles do big push ou crescimento balanceado e do crescimento não balanceado, como forma de prover fundamentos teóricos para compreensão das desi- gualdades regionais. Sua dinâmica no tempo está fundada em econo- mias externas originadas de retornos crescentes de escala, tanto na forma de transbordamentos setoriais horizontais e regionais via de- manda agregada como de complementaridades setoriais verticais via demandas individuais (fornecedores e usuários). Além disso, preten- de-se, ainda que de forma preliminar, analisar as implicações dessas teorias para formulação de novos desenhos de políticas regionais, destacando a experiência brasileira.

Crescimento pró -po bre no Brasil–