• Nenhum resultado encontrado

desenvo lvimento : o que diz a abo rdagem do capital so cial?

5 Considerações Finais

É grande o desafio das políticas regionais. Em um extremo, tem-se a fantasia de uma tecnocracia onisciente, capaz de elaborar e aplicar projetos eficazes sem ouvir a população e com perfeita blindagem contra a ação dos lobbies. A experiência e a escola da Escolha Pública (Public Choice) injetaram ceticismo quanto à eficiência da interven- ção governamental.

No outro extremo, há a concepção irreal de que basta a instituição de mecanismos de participação social para que também emerja uma solu- ção ideal para os problemas regionais. Deve-se ressaltar que essa posi- ção é politicamente atraente, uma vez que isenta o planejador público de responsabilidades. Afinal de contas, tudo teria sido escolha dos agen- tes envolvidos. O problema é que, por detrás da ilusão democrática, estariam agindo interesses que não representam a população.

Não se trata de defender uma posição intermediária da tecnocracia com o planejamento, mas de enfatizar que o tipo de intervenção de- penderá da estrutura social que se encontra na região. Importar pro- cedimentos de participação que funcionam em sociedades integra- das, com muito capital social do tipo bridging, tenderá a redundar em fracasso. Em sociedade desiguais, os grupos de interesse poderão capturar os mecanismos de participação a seu favor, cooptando, pra- ticando populismo, ou qualquer outra forma de ação para preservar ou ampliar seus privilégios. Em sociedades como essas, se houver mecanismos de participação protegidos desses lobbies, é possível que a intervenção tecnocrática, com todos os seus defeitos, tenha resulta- dos melhores do que os supostamente participativos.

o que diz a abo rdagem do capital so cial?

Este texto pretendeu mostrar como a abordagem do capital social pode ser útil para a análise das questões de desenvolvimento regio- nal. Apresentou-se um arcabouço teórico que serve para uma me- lhor reflexão das questões envolvendo o desenho e implementação de políticas regionais. Se por vezes se saiu dos limites estreitos da análise econômica stricto sensu, é porque o objeto exige. Na verda- de, para alcançar políticas efetivas de desenvolvimento regional, parece inevitável violar as fronteiras entre as áreas de conhecimen- to. Neste sentido, a abordagem do capital social parece ser uma eficaz maneira de diálogo com outras linhas de pesquisa e compre- ensão dos desafios envolvidos.

Ref erênci as bi bli ográf i cas

ALESINA, A. e E. L. Ferrara. Participation in heterogeneous communities. Quarterly Journal of Economics, August, p.847-903. 2000.

ALESINA, A. e R. Perroti. Income Distribution, Political Instability, and Investment. European Economic Review, v.40, n.6, p.1203-1228. 1996.

ALST ON, L. A framework for understanding the New Institutional Economics. I Encontro Brasileiro de Nova Economia Institucional. São Paulo, USP: USP. 5 a 8 de Agosto de 1998, 1998. p.

BANFIELD, E. The Moral Basis of a Backward Society. New York: Free Press. 1958

BÉNABOU, R. Workings of a city: location, education and production. Quarterly Journal of Economics, v.108, August, p.619-652. 1993. BESLEY, T., S. Coate, et al. The economics of rotating savings and credit associations. American Economic Review, v.83, n.4, p.792-810. 1993.

COLEMAN, J. S. Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology, v.94, p.S95-S120. 1988.

COOKE, P. e K. Morgan. The associational economy: firms, regions, and innovation. Londres: Oxford University. 1998

DURLAUF, S. N. A theory of persistent income inequality. Journal of Economic Growth, v.1, March, p.75-93. 1996.

EAST ERLY, W. The middle class consensus and economic development. Policy Research Working Paper. Washington, DC. 2000. (Working Paper)

FERREIRA, F. H. G. Inequality and Economic Performance: A Brief Overview to Theories of Growth and Distribution. Washington, DC. 1999

GALOR, O. e J. Zeira. Income distribution and macroeconomics. Review of Economic Studies, v. LX, p.35-52. 1993.

GIT T ELL, R. e A. Vidal. Community Organizing: Building Social Capital as a Development Strategy. London: Sage. 1998

GRANOVET TER, M. The strength of weak ties. American Journal of Sociology, v.78, n.6, p.1360-1380. 1973.

ISHAM, J., M. Woolcock, et al. The Varieties of Rentier Experience: How Natural Resource Endowments Affect the Political Economy of Economic Growth. 2002

KAWACHI, I., B. Kennedy, et al. Social capital, income inequality and mortality. American Journal of Public Health, v.89, n.8, p.1187- 1193. 1997.

KAWACHI, I., B. P. Kennedy, et al. Social Capital and Self-Rated Health: A Contextual Analysis. American Journal of Public Health, n.August. 1999.

______. Crime: social disorganization and relative deprivation. So- cial Science and Medicine, v.48, n.6, p.719-31. 1999.

KNACK, S. e P. Keefer. Does Social Capital Have an Economic Payoff? A Cross-Country Investigation. Quarterly Journal of Economics, v.112, n.4, p.1251-88. 1997.

LEIPZINGER, D., H. Kharas, et al. Primary educational achievement in Brazil: the role of social capital. 1996. (Working Draft)

LOURY, G. A dynamic theory of racial income differences. In: A. Lemund e P. A. Wallace (Ed.). Women, Minorities, and Employment Discrimination. Lexington, MA: Lexington Books, 1977. A dynamic theory of racial income differences

LUNDBERG, S. J. e R. Startz. Inequality and race: models and policy. In: K. Arrow, S. Bowles, et al (Ed.). Meritocracy and economic inequality. Princeton: Princeton University Press, 2000. Inequality and race: models and policy, p.269-295.

o que diz a abo rdagem do capital so cial?

MONASTERIO, L. M. Capital Social e a Região Sul do Rio Grande do Sul. Tese não-publicada. Programa de Doutorado em Desenvolvi- mento Econômico. UFPR. 2002.

______. Capital social e grupos de interesse: uma reflexão no âmbito da economia regional. Anais do XXVII Encontro Nacional de Eco- nomia. Belém: ANPEC, 1999.

NARAYAN, D. Bonds and Bridges: Social Capital and Poverty. Policy Research. Washington. 1999. ( Working Paper)

OLSON, M. The Logic of Collective Action: public goods and the theory of groups. Cambridge: Harvard. 1965

______. The Rise and Decline of the Nations. New Haven and London: Yale University. 1982

PALDAM, M. e G. T. Svendsen. An Essay on Social Capital. Reflections on a Concept Linking Social Sciences. Social Capital Initiative. Wa- shington: May 1999. 1998

PORTES, A. e P. Landolt. The downside of social capital. The American Prospect, v.26, May-June, p.18-21, 94. 1996.

PUT NAM, R. Making democracy work: civic traditions in modern Italy. Princeton: Princeton University. 1993

______. Bowling Alone: the collapse and revival of American community. New York: Simon & Schuster. 2000

PUTNAM, R. e J. Helliwell. Economic growth and social capital in Italy. Eastern Economic Journal, v.21, n.3, p.295-307. 1995. RITZEN, J., W. Easterly, et al. On good politicians and bad policies: social cohesion, institutions, and growth. Policy Research Working Paper. Washington DC. 2000

RUBIO, M. Perverse Social Capital: some evidence from Colombia. Journal of Economic Issues, v.31, n.3, p.805-816. 1997.

SOLOW, R. But verify. The New Republic: 36-39 p. 1995.

WOOLCOCK, M. Managing Risks, Shocks, and Opportunity in Developing Economies: the role of Social Capital. 1999. (Draft) ______. Social Capital in Theory and Practice: Reducing Poverty by Building Partnerships between States, Markets and Civil Society. Special Symposium on Social Capital Formation in Poverty Reduction: Which Role for Civil Society Organizations and the State? Geneva. 28 of June 2000, 2000. p.

______. The place of social capital in understanding social and economic outcomes. Canadian Journal of Policy Research, v.3, p.3-13. 2001. WORLD BANK. World Development Report 2000/01. New York: Oxford University Press. 2000

ZAK, P. J. e S. Knack. Trust and Growth. IRIS. Maryland. 1998. (Working Paper)

A respo nsabilidade so cial empresarial