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2 RELEVÂNCIA DA ATIVIDADE NO SETOR PRIMÁRIO DE

2.4 COMERCIALIZAÇÃO NO ESTADO

Com a retração dos preços praticados pelo mercado externo, combinado com a queda da cotação do dólar nos últimos anos, os produtores de camarão pernambucanos voltaram suas atenções para o mercado interno, consumidor de seus produtos. Alguns fatores operacionais são, profundamente, alterados nesta mudança de mercado. Destaca-se, entre outros, uma carga de tributos cobrados pelas esferas Estadual e Federal, as diferenças de padrão de classificação dos produtos voltados para o mercado externo e interno, etc.

GRÁFICO 2: Valor das Exportações de Camarão – 2004 a 2007. FONTE: ABCC, 2007e.

A comercialização da produção pernambucana foi profundamente prejudicada através do processo aberto pela Sociedade Sulista de Pescadores de Camarões (SSA) e a Associação de Pescadores do Estado da Louisiana, dos Estados Unidos,

que acusaram de dumping os produtores de camarão do Brasil, China, Tailândia,

Índia, Vietnã e Equador, com base na legislação antidumping norte-americana.

A Europa tornou-se a principal via de comercialização do camarão cultivado de Pernambuco, assim como em todo o país e, desta forma, as vendas para o mercado americano despencaram, fato observado nos Gráficos 3 e 4.

GRÁFICO 3: Volume das Exportações de Camarão – 2005 e 2006. FONTE: ABCC, 2007i.

Atualmente, os preços baixos e a cotação do dólar em queda culminaram com o declínio das exportações pernambucanas de camarão cultivado. Conforme a ABCC (2007), as expectativas do fechamento das exportações brasileiras para 2007 foram restritas a uma estimativa de 30% do camarão comercializado. A opção para os produtores foi o desenvolvimento do mercado interno brasileiro que mantém uma demanda crescente, porém com preços inferiores aos praticados pelos mercados internacionais. Sendo assim, os produtores em Pernambuco aguardam com expectativa o desfecho do processo Antidumping impetrado pelo EUA.

GRÁFICO 4: Preço Médio das Exportações – 2005 e 2006. FONTE: SECEX (apud ABCC, 2007b).

Alternativa viável para o retorno do volume de exportações está na adaptação das indústrias de processamento do camarão para adicionar valor ao produto, visto que existe uma demanda pelo camarão com valor agregado nos grandes centros consumidores. Os produtores estão desenvolvendo novos produtos à base de camarão para conquistar os principais mercados consumidores, sendo as feiras nacionais e internacionais os principais mecanismos de divulgação. Durante os eventos, a ABCC apresenta, através de postos de degustação, alguns produtos para incrementação de vendas, tais como: produtos clássicos (secos, defumados, em salmoura e semipreservados), frescos (camarão inteiro ou em pedaços, pré-cozidos, empanados e sem casca), neoclássicos (produtos reconstituídos (imitações e destrinchados).

O produto brasileiro vem consolidando seu valor comercial no mercado Europeu e Americano, como livre de anomalia viral, bem como de qualidade nutritiva. Desta forma, com o desenvolvimento de novos produtos com valor agregado ao camarão, os produtores pernambucanos poderão explorar novos mercados para sua produção. A agregação de valor ao produto nacional é vista hoje como fator

primordial para conferir maior competitividade às indústrias nacionais e, também, atingir novos nichos específicos no exigente mercado internacional.

GRÁFICO 5: Volume das Exportações de Camarão – 2007. FONTE: ABCC, 2007h.

Outros projetos de fortalecimento das ações de vendas do camarão consistem em programações de workshops, elaboração de material didático-pedagógico para distribuição nestes workshops; ação de certificação da cadeia produtiva do camarão e selo de qualidade, entre outros, todos desenvolvidos sob a coordenação da ABCC. O objetivo de tal ação é contribuir para ampliar o conhecimento das características do camarão cultivado brasileiro nos grandes centros internacionais de consumo e, assim, lograr maior penetração do produto no mercado.

GRÁFICO 6: Exportação do Brasil por Destino. FONTE: ABCC, 2007g.

Medidas voltadas para o desenvolvimento do mercado interno também têm evoluído em relação aos contratos comerciais. Desta maneira uma pesquisa recente ressaltou a importância do desenvolvimento de estratégias de marketing, voltadas

para o consumidor brasileiro, em especial ao consumidor do sudeste do país, desenvolvendo novos mercados internos, apresentando novas embalagens para o produto e criando novos canais de distribuição (BARBIERI JUNIOR, 2002).

A ABCC resolveu antecipar-se na busca de novos caminhos para o mercado interno, para ajudar os produtores de camarão na obtenção de alternativas de demanda para produtos diferenciados (semi-elaborados e ou congelados) que poderão ser inseridos nos supermercados, bares, restaurantes, bem como no setor industrial. Os projetos de desenvolvimento têm contexto nacional e sua execução (acompanhamento e avaliação) envolve vários setores da cadeia produtiva, como as empresas exportadoras, localizadas nos estados produtores de camarão marinho cultivado; a ABCC, Comitê Gestor do Projeto; unidades de beneficiamento de produto, etc.

Dentre as ações, desenvolveu-se uma pesquisa nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, com o objetivo principal de analisar a penetração do produto nestes Estados. Como principais pontos levantados desta pesquisa, observou-se uma demanda não atendida de camarão congelado, pré-cozido apresentado sob diferentes formas, além de uma resistência ao termo camarão de cativeiro (associado ao camarão gigante da Malásia, comercializado no passado) (BARBIERI JUNIOR, 2002).

Analisando o resumo da pesquisa, observa-se que a grande maioria dos restaurantes e bares consultados serve camarão no seu cardápio e a preferência se dá por camarão médio – entre 11 e 18 gramas – 60%, 20% camarão grande e 10% camarão pequeno (sete barbas, oriundo de pesca); a maioria dos clientes não consome mais camarão em função do preço alto (50%), pela falta de hábito (40%) e pela preferência de paladar 10%. O consumo médio semanal por estabelecimento é de: 200 quilos, sendo que 80% preferem camarão congelado e 20%, seco e salgado, com exceção para as cidades de Minas Gerais (BARBIERI JUNIOR, 2002).

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 O AMBIENTE INSTITUCIONAL E A ECONOMIA DOS CUSTOS DE

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