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2 RELEVÂNCIA DA ATIVIDADE NO SETOR PRIMÁRIO DE

5.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.3.1 Perfil do Produtor

5.3.1.1 Estatística Descritiva: Perfil do Produtor

Supõe-se que a amostra seja representativa, mesmo em se tratando de uma pesquisa exploratória, visto que foram coletados questionários de todos os produtores cadastrados junto ao FAEPE. Segundo dados fornecidos pela Comissão de Carcinicultura da Federação de Agricultura de Pernambuco, a amostra concentra a grande maioria da produção do Estado. A análise da estatística descritiva, neste bloco de variáveis, será estudada individualmente, variável a variável.

TABELA 12: Estatística Descritiva: Perfil do Produtor. N.FUN C.TE MP N.FUNC. PERM

AREA PROD. FCA ANO.

INST. FORNEC % FREQ. EXP ELO. CAD CON.C LIENT CONT.F ORNEC N 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 32 Média 2,28 13,91 41,67 3.735 1,34 2,84 47,03 1,66 1,13 1,44 Mediana 1 4,5 6,5 3738 1,35 2 45 1 1 1 Moda 0 1 6 2000 1,4 1 40 1 2 1 1 Desv.Padr ão 3,15 26,66 107,53 2036 0,15 1,59 12,5 1,1 0,42 0,72 Mínimo 0 0 0,5 625 1 1 15 1 2 1 1 Máximo 15 120 540 7.425 1,6 5 70 4 7 3 3

Empregos Permanentes e Temporários

Os primeiros quesitos do questionário têm caráter de interpretação do perfil operacional do produtor pernambucano. Destaca-se o fato de que o coeficiente de empregos diretos encontrado foi de 0,83 por hectare cultivado, abaixo dos gerados pelo trabalho de Sampaio e Costa (2003), que apresentaram um coeficiente de 1,2 empregos diretos por hectare cultivado. Atribui-se a queda do desempenho na geração de empregos diretos, principalmente, ao ambiente negativo pelo qual passa o setor. A retração da potencialidade de geração de empregos na cadeia produtiva é citada como fator de redução de custos entre os entrevistados.

Tamanho da Unidade Produtiva

Pela análise do tamanho das unidades produtivas, a pesquisa aponta que 53% dos produtores da amostra são classificados como pequenos produtores; 34%, como médios produtores e, apenas, 13% dos produtores são classificados como grandes, conforme pode ser visto no gráfico 7.

PERFIL DO PRODUTOR POR ARÉA

53% 34% 13% PEQUENO MÉDIO GRANDE

GRÁFICO 7: Perfil do Produtor por Área. FONTE: Pesquisa Autor.

Entretanto, a pesquisa também identificou que a grande maioria das áreas de cultivo está nas mãos dos grandes produtores, como pode ser ilustrada no gráfico 8, cuja média calculada foi de 41,67 ha por produtor, com um desvio padrão de 107,53 e um mínimo de 0,5, e máximo de 540 ha. Pelos dados, estima-se que a produção pernambucana seja muito concentrada e que, aos pequenos produtores, principalmente os informais, cabe uma parcela menor da área de cultivo, como pode ser observado, ainda, no gráfico 8.

AREA DE PRODUÇÃO 5% 16% 79% PEQUENO MÉDIO GRANDE

GRÁFICO 8: Área de Produção. FONTE: Pesquisa Autor.

Através da análise dos dados da tabela 13, observa-se uma concentração na instalação das grandes empresas (75%) entre os anos de 1998 e 2000, período de grande demanda mundial pelo camarão brasileiro (PAULA NETO et al., 2005). No mesmo período, também é possível observar que 64,71% dos pequenos produtores iniciaram seus cultivos.

TABELA 13: Tabulação Cruzada: Ano de Instalação x Tamanho da Unidade Produtiva.

INSTALAÇÃO PEQUENO MÉDIA GRANDE TOTAL

Até 1998 8 0 1 9 1999 a 2000 3 3 2 8 2001 a 2003 0 1 0 1 2004 a 2005 3 3 1 7 2006 em diante 3 4 0 7 Total 17 11 4 32

FONTE: Pesquisa Autor

Produtividade

Em entrevista, por ocasião da aplicação do questionário, o presidente da comissão de carcinicultura do FAEPE esclareceu que a produtividade, de maneira geral em todo o Nordeste, tende a cair em virtude da readequação dos custos operacionais das fazendas de engorda. Este fato se justifica, principalmente, porque o FCA obtido nas fazendas depende muito do índice de povoamento dos viveiros. Informou, ainda, o presidente que existe uma relação forte entre o aumento dos custos operacionais das fazendas de engorda e o aumento do índice de FCA.

Através da análise da produtividade, chega-se a uma média de 3.734,69 kg/ha/ano e de um FCA médio de 1,34. Comparando os dados coletados com os apresentados pela ABCC no censo de 2004, foi observada uma retração da produtividade de 8,66%, já que, naquele caso, a produtividade obtida foi de 4.089 kg/ha/ano. Não se obtiveram dados estatísticos do FCA neste mesmo período, logo não foi possível fazer uma análise comparativa dos dados coletados.

Ano de Instalação

Esta variável visa a identificar o tempo de instalação das fazendas em Pernambuco, onde a atividade é bastante recente, visto que as empresas mais antigas foram instituídas entre os anos de 1990 a 1998, sendo as demais empresas distribuídas no tempo, conforme apresentado no gráfico 9.

ANO DE INSTALAÇÃO 9 8 1 7 7 0 2 4 6 8 10 ENTRE 1990 E 1998 ENTRE 1999 E 2001 ENTRE 2002 E 2003 ENTRE 2004 E 2005 2005 EM DIANTE Série1

GRÁFICO 9: Ano de Instalação. FONTE: Pesquisa Autor.

Segundo dados da pesquisa, verifica-se um número mais elevado de empresas instaladas entre os anos de 1990 e 1998, fato que se justifica pelo momento eufórico pelo qual passava a atividade. Após este período, observou-se a implementação de oito projetos novos entre os anos de 1999 e 2001, porém a atividade não atraiu projetos significativos a partir 2002, período de queda dos preços do camarão no mercado internacional.

Concentração

Na análise dos clientes mais freqüentes, os dados coletados demonstraram que os produtores mantêm seu fluxo de vendas de maneira pulverizada, sendo que muitos deles sequer optaram em indicar um percentual de concentração de vendas, uma vez que a atividade passa por um período de adequação de suas vendas às condições do mercado interno. Sendo assim, os produtores pernambucanos ainda estão em processo de conquista de novos mercados. Infere-se, desta forma, uma grande dispersão nas vendas e um grande número de compradores de pequeno porte.

Em relação às compras de insumos, obtivemos dados que apontam para uma média de concentração de 47,03%, com um desvio padrão de 12,5. Uma particularidade da atividade é que a ração de engorda do camarão e as pós larvas representam mais de 60% dos custos de produção de uma fazenda de engorda (COELHO, 2004), razão pela qual, estima-se que, geralmente, o produtor mantém suas relações com os dois principais insumos de forma concentrada.

GRÁFICO 10: Participação dos Clientes e Fornecedores mais Freqüentes. FONTE: Pesquisa Autor.

PARTICIPAÇÃO DE FORNECEDOR MAIS FREQUENTE 0 20 40 60 80 0 10 20 30 40

Freqüência de exportação

Dos 32 entrevistados, 23 responderam que nunca haviam exportado; 6, já haviam efetuado algum tipo de exportação, e 3 produtores responderam ser exportadores freqüentes. É importante salientar que o camarão cultivado no Nordeste brasileiro foi concebido como um produto para exportação (MADRID, 2004) e a grande maioria dos projetos que se implantaram em Pernambuco seguiam os interesses crescentes da demanda mundial pelo camarão cultivado.

72% 19%

9% NUNCAEXPORTOU

ESPORÁDICO FREQUENTE

GRÁFICO 11: Freqüência de Exportação. FONTE: Pesquisa Autor.

Através do cruzamento, entre ano de instalação e freqüência de exportação, percebeu-se que os produtores que responderam serem exportadores freqüentes tiveram suas atividades iniciadas no final da década de 90 e no ano 2000, conforme apresentado na tabela 14.

TABELA 14: Tabulação Cruzada: Ano de Instalação x Freqüência de Exportação.

INSTALAÇÃO NUNCA EXPORTOU

INICIANTE ESPORÁDICO FREQÜENTE TOTAL

Até 1998 8 0 0 1 9 1999 a 2000 4 0 2 2 8 2001 a 2003 0 0 1 0 1 2004 a 2005 4 0 3 0 7 2006 em diante 7 0 0 0 7 Total 23 0 6 3 32

FONTE: Pesquisa Autor.

Como observado, em sua ampla maioria, os respondentes declararam nunca haver exportado. Este fato pode ser entendido em virtude de os pequenos carcinicultores usarem as unidades de beneficiamento como agentes-elo das exportações. Assim, especula-se que, no passado, os grandes produtores que trabalhavam de forma verticalizada exportaram diretamente seu produto, e ainda captaram o produto de pequenos e médios produtores, destinando as vendas para o mercado internacional, fato este, que, nos últimos anos, não é observado com freqüência. Além disso, observa-se uma mudança em relação ao destino da produção pernambucana, que historicamente era voltada para o mercado externo (MADRID, 2004) e, hoje, basicamente sobrevive em virtude das vendas no mercado interno brasileiro, fato que poderá ser melhor evidenciado, através de estudo direcionado em pesquisas futuras.

Elo da Cadeia Produtiva

A pesquisa identificou que 91% dos produtores pernambucanos atuam apenas na fase de engorda, conforme observado no gráfico 12.

INTEGRAÇÃO DOS ELOS DA CADEIA

91% 3% 6% FAZ DE ENGORDA FAZ DE ENGORDA E LARVICULTURA FAZ DE ENGORDA, LARVICULTURA E BENEFICIAMENTO

GRÁFICO 12: Integração dos Elos da Cadeia. FONTE: Pesquisa Autor.

Na análise de correlação desta variável com a variável de Freqüência de Exportação, observou-se um índice de correlação de 0,441, não rejeitado para = 0,05, indicando que existe uma regular correlação entre a coordenação da atividade e a atividade de exportação.

Segundo a economia dos custos de transação, empresas trabalham com integração vertical, a fim de ficar menos sujeitas a ações oportunistas ou mesmo a práticas que mantêm os custos de transação elevados pelo mercado. Desta maneira a integração vertical é vista como uma alternativa para reduzir os custos de transação oriundos da dependência de fontes externas de fornecimento de insumos ou, mesmo, serviços. Como foi possível observar, a atividade em Pernambuco, até mesmo pelo tempo recente de instalação, desenvolve-se de forma pouco articulada, indicando baixos custos de transação, de acordo com a percepção dos entrevistados.

Constatou-se, também, que as empresas que optaram por desenvolver suas atividades operacionais de forma verticalizada se instalaram em Pernambuco no final dos anos 90, conforme apresentado na tabela 15.

TABELA 15: Tabulação Cruzada: Ano de Instalação X Elo da Cadeia.

INSTALAÇÃO FAZ.

ENGORDA BENEFICIAMENTO FAZ. ENGORDA E LARVICULTURA E FAZ. ENGORDA, BENEFICIAMENTO (INTEGRAÇÃO VERTICAL) TOTAL Até 1998 8 0 1 9 1999 a 2000 6 1 1 8 2001 a 2003 1 0 0 1 2004 a 2005 7 0 0 7 2006 em diante 7 0 0 7 Total 29 1 2 32

FONTE: Pesquisa Autor.

Contratos com Clientes e Fornecedores

A pesquisa procurou identificar os modelos de contratos celebrados entre os produtores e os demais agentes institucionais. Como já exposto anteriormente, a regulamentação contratual é um instrumento importante para manter os custos de transação em patamares aceitáveis, na ausência de informação perfeita. Desta forma, procurou-se identificar, primeiramente, se o produtor mantinha algum tipo de contrato celebrado e quais os modelos que usualmente são utilizados, sendo os contratos limitados entre os de simples compra ou pontuais e de fornecimento regular, ao longo de um período. Os contratos de simples compra seriam aqueles contratos realizados entre o produtor e um cliente/fornecedor esporádico ou, mesmo, um cliente/fornecedor irregular; o contrato teria como objetivo proteger o produtor de uma possível ação oportunista. Quanto aos contratos de fornecimento regular, trata- se de um instrumento de regulamentação permanente entre o produtor e um agente de caráter fixo, ou seja, que mantenha vínculo direto sobre suas aquisições de insumos e suas vendas.

Através da análise dos dados coletados, estima-se que 91% dos produtores pernambucanos não celebram, em suas transações de vendas, quaisquer tipos de contrato formal; 6% mantêm contratos simples e, apenas, 3% mantêm suas operações resguardadas através de contratos formais regulares, conforme observado no gráfico 13.

CONTRATOS COM CLIENTES

91% 6% 3% INEXISTÊNCIADE CONTRATOS CONTRATOS SIMPLES CONTRATOS DE REGULARIDADE

GRÁFICO 13: Contratos com Clientes. FONTE: Pesquisa Autor.

Porém, em relação às transações entre produtores e fornecedores, pode-se observar um número representativo de operações celebradas via contratos simples de compra (19%) e contratos de fornecimento regular (13%).

CONTRATOS COM FORNECEDORES 68% 19% 13% INEXISTÊNCIA DE CONTRATOS CONTRATOS SIMPLES CONTRATOS DE REGULARIDADE

GRÁFICO 14: Contratos com Fornecedores. FONTE: Pesquisa Autor.

Zylbersztajn (2005) destaca a relevância dos contratos no estudo da economia dos custos de transação. O autor esclarece que produtores agrícolas tendem a intensificar suas operações via contratos, evitando, por isso, custos associados ao funcionamento dos mercados. As operações regulamentadas protegem as organizações e servem de incentivo para as partes envolvidas no contrato. Todavia, os resultados obtidos pela amostra desta pesquisa mostram pequena utilização de contratos regulares, indicando que os produtores preferem transacionar diretamente no mercado. Isto constitui forte indicação da ocorrência de baixos custos de transação na percepção dos agentes.

5.3.2 Análise da Percepção do Respondente sobre as Operações com o

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