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2 OS TIPOS DA COMMEDIA DELL' ARTE

O final da Idade Média se dá de forma gradativa e irregular, variando a forma e a intensidade em que ocorre, assim como o lugar onde acontece.

Durante o período de transição para a nova era, o teatro e as outras artes, contribuíram recuperando elementos da cultura clássica, aprimorando gêneros usados durante a Idade Média, experimentando novas formas de expressão e representando os costumes e pensamentos modernos.

A comédia italiana do século XVI é um exemplo do que foi a Renascença.

Livre, flexível, sem inibições e experimental. Foram feitas grandes mudanças cenográficas, as peças deixaram de ser apresentadas diretamente ao público e passaram a contar com o cenário como complemento da apresentação, contribuindo para ampliação das sensações cênicas.

FIGURA 11 – APRESENTAÇÃO PÚBLICA À CEU ABERTO

FONTE: <https://bit.ly/3kxpzsU>. Acesso em: 3 set. 2021.

A representação da alegria e da liberdade dos atores e mímicos ambulantes da Idade Média seja na adaptação livre dos clássicos greco-romanos – ou nas apresentações improvisadas que deram origem a Commedia Dell’arte – tinham o objetivo de demostrar as virtuoses dos artistas, que passaram ser reconhecidos por suas habilidades de encantar o público.

A Commedia Dell’arte tem personagens característicos e fixos, sempre retratados da mesma forma, por atores e famílias de atores, que desenvolveram durante anos técnicas de expressividades corporais (posturas, uso de máscaras, virtuoses, improviso de falas; línguas e dialetos próprios, e falas inventadas, próximas a blablação, que eram denominadas grammelot). Os artistas confeccionavam

UNIDADE 2 — DO MEDIEVAL AO SÉCULO XIX

suas próprias máscaras e figurinos, criavam seus roteiros improvisacionais (denominados canovaccios) com os quais o público se identificava. Não havia texto escrito, por isso era comum o uso de lazzis.

Como vimos, o lazzi é uma estrutura de virtuosismos variados, ensaiadas previamente a cena, com objetivo de ligar as cenas, ou entreter o público durante as cenas, possibilitando um intervalo necessário para troca dos artistas, nesses entremeios ocorriam pequenos números de música, malabares, palhaçaria entre outros.

FIGURA 12 – A ARTE DO ATOR.

FONTE: <https://bit.ly/3CHILKN>. Acesso em: 3 set. 2021.

Por essas características a Commedia Dell’arte ficou conhecida como a arte do ator, tamanha destreza corporal que os intérpretes desenvolviam na caracterização dos tipos que representavam. As personagens, por serem arquétipos, muito bem constituídos visualmente, são descritos como tipos, que agem de maneira caricatural, sempre envolvidos por intrigas e confusões que acabavam por dinamizar a movimentação cênica.

Os tipos da Commedia Dell’arte são divididos entre: os criados que geralmente são a causa e a solução dos conflitos cênicos; os patrões que são representantes das classes privilegiadas, injustas e arcaicas da sociedade; e os enamorados, os únicos que não utilizam máscaras em virtude da ingenuidade e pureza do amor que representam. Entre os tipos mais comuns, temos:

TÓPICO 2 — COMMEDIA DELL’ARTE

FIGURA 13 – ALGUNS TIPOS DA COMMEDIA DELL’ARTE

FONTE: <https://bit.ly/3zsbC3y>. Acesso em: 3 set. 2021.

Pantalone: velho, avarento, caduco, pode ser pai ou marido, sempre fácil de se enganar.

Doutore: pedante, egoísta, individualista, vilão, vigarista, cheio de disfarces, com falas de difícil compreensão.

Arlecchino (Arlequino): um dos tipos mais recorrentes na cena Dell'arte, um criado, atrapalhado, uma espécie de bobo da corte, um bufão, geralmente protagoniza os conflitos da trama. O Arlecchino pode se apresentar com sua parceira, uma Colombina, criada como ele, porém graciosa, inteligente, ágil e habilidosa. Também conhecida pelos nomes: Pasquela, Franceschina, Esmeraldina e Diamantina.

Capittano: conhecido como capitão, trata-se de soldado mentiroso, que embora conte vantagens de bravura se demonstra covarde.

Polichinelo ou Pulcinella: personagem caracterizado com uma corcunda, e um caráter cruel, malicioso, belicoso, sinistro.

Os Enamorados: às representações masculinas, se apresentam com nomes próprios: Leandro, ou Orazio, jovem, ingênuo, fútil, atraente e vaidoso, movido pela paixão, geralmente filho do Pantalone, ou de um Dottore. As representações femininas são conhecidas por nomes tais como: Rosalba, ou, Flavínia, Lavínia, ou ainda Isabella, geralmente filha de um nobre, a namorada se demonstra inocente e apaixonada, jovem, vaidosa e com alto poder de sedução.

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FIGURA 14 – OS TIPOS E O USO DE MÁSCARAS NA COMMEDIA DELL’ARTE

FONTE: <https://bit.ly/2W1RPdx>. Acesso em: 3 set. 2021.

Todos os personagens, com exceção aos ingênuos enamorados, usavam máscaras expressivas, que caracterizam seus desvios e negligências de caráter. São representados com linguajar próprio, representando o convívio entre os nobres e os criados de classes econômicas não abastadas, dando uma visão realista da sociedade. Os criados, por sua vez, são os tipos enfatizados nas tramas, tornando a comédia popular e influente.

FIGURA 15 – DETALHES DAS MÁSCARAS DE CADA TIPO DA COMMEDIA DELL’ARTE

TÓPICO 2 — COMMEDIA DELL’ARTE

No Teatro Popular, as peças eram representadas por atores ambulantes, (que davam vida a pessoas simplórias e se expressavam em dialetos comuns entre a plebe), com muita competência, eram talentosos e criativos, apresentavam-se em praças e feiras, sem cenários e com o mínimo de objetos cênicos, retratando o aspecto humano e terreno, garantindo diversão para as massas e aplausos dos nobres, superando o teatro religioso da Idade Média.

Durante a Renascença, a comédia não se limitou ao improviso. Existiu o que se chamava de Commedia erudita, uma imitação dos clássicos Plauto e Terêncio, com cenas de intrigas, raptos e sequestro "comédia de anagnórises", quando acrescida de elementos da renascença deu origem a Comédia Neoclássica, que teve como principais autores:

Ludovico Ariosto (1474-1533), poeta e autor de “Orlando Furioso”, "Casaria, Se Suppositi (Pretendentes)”, "Necromante", “Lena e Scolastica”, foi um crítico ferrenho das instituições burocráticas, da aristocracia e da corrupção da Igreja, dava voz a personagens satíricos e obscenos e criava cenas que mesclavam as influências clássicas com elementos modernos.

Pietro Aretino (1492 – 1556), conhecedor de toda corrupção moral de sua época, não poupava reputações, escreveu “Cortigiana”, “Marescalco”, “Talanta”, peças realistas que representavam todos os vícios em todos os extratos sociais, foi um autor mais dedicado em retratar a personalidades do que em desenvolver uma narrativa.

Nicolau Maquiavel (1469-1527) escritor político, visionário, realista e crítico, conhecia e analisava a sociedade e a aristocracia com muita propriedade. Quando perseguido e exilado, sem poder se dedicar a comédia política, escreveu: "Clizia”,

“La Mandragola" (A Mandrágora), peças ricas em ironias e versos mordazes que tinham por objetivo denunciar a corrupção italiana e um mundo dividido entre simplórios e malandros.

No século XVIII, Carlo Gordoni (Veneza – 1707 a 1793), considerado o maior comediógrafo italiano do período, se inspirará nos roteiros improvisacionais Comédia Dell’Arte, nos personagens clássicos dessa linguagem para compor textos dramatúrgicos cômicos mais realistas do que as tramas originais Comemedia Dell’Arte.

O Filme A Carruagem de Ouro (1952) de Jean Renoir retrata a vida mambembe de uma trupe de atores italianos. Acessando o vídeo disponível em https://youtu.be/FnvYz_

c7mXg, apresentado pelo pesquisador Carlos Eduardo Carneiro, você poderá conferir cenas do filme e saber mais sobre a Commedia Dell’arte.

DICAS

RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Que a Comédia Dell’Arte foi um movimento teatral popular, que se desenvolveu na Europa entre os séculos XVI e XVII.

• Os aspectos físicos da interpretação teatral, os enredos improvisados cheios de movimentos, que romperam com a tradição do teatro literário, além de cenas repletas de elementos visuais e sonoridades são características importantes da comédia Dell’Arte.

• Os roteiros cênicos da Comédia Dell’Arte terão um caráter inovador, uma vez que promovem, para o primeiro plano das tramas, tipos atustos muito populares, caracterizados pelas funções sociais de serviçais que desenvolvem, em detrimento aos tipos representantes da aristocracia, mais tradicionais, quase sempre representados de forma a expor suas falhas morais, abrindo exceção somente para os ingênuos casais de enamorados, quase sempre muito jovens e amigos dos criados.

• Devido a precisão da expressividade cênica e a sofisticada interpretação dos tipos, além de uma série de outras virtuoses como a capacidade improvisacional, as técnicas de malabares, danças, acrobacias, torna a Comédia Dell’Arte conhecida por ser a arte do ator.

• A partir do século XVIII, dramaturgos populares, passam a se inspirar nos tipos da Comédia Dell’Arte para escrever textos dramatúrgicos, entre os quais se destaca o Carlo Gordoni (Veneza – 1707 a 1793).

1 Algumas das características mais marcantes da Commedia Dell’arte merecem destaque. São características da Comédia Dell’Arte:

I- Interpretações de tipos com caráter e fisicalidade bem definidos.

II- Uso de roteiros contendo esboço de cenas a serem improvisadas.

III- Adoção de releituras dos personagens trágicos gregos.

IV- Adoção de máscaras específicas para os tipos representados.

Assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) As opções I, II e III estão corretas.

b) ( ) As opções I e II e IV estão corretas.

c) ( ) As opções I, III e IV estão corretas.

d) ( ) Todas as opções estão corretas.

2 Os canovaccios, ou roteiros improvisacionais da Commedia Dell’arte costumam girar em torno de temas tais como: os relacionamentos afetivos, o dinheiro, o trabalho e a subsistência. Analisando a documentação acerca da Commedia Dell’arte, o pesquisador José Eduardo Vendramini afirmará que: “Examinando tanto os registros verbais quanto os visuais da Commedia Dell’arte, fica sempre evidente o seu caráter extremamente popular, o que coincide diretamente com os temas eleitos pelos roteiristas, todos eles vinculados a elementos do cotidiano: o amor, a obtenção de lucro (ou a sua manutenção, por meio do engodo dos incautos e da avareza), a comida e a vida como imigrante numa outra região do país, com os inevitáveis preconceitos dos citadinos contra o camponês, o rústico ou caipira (fato que dá ampla margem à utilização dos mais variados dialetos, elemento fundamental da Commedia Dell’arte)." A partir desse registro, fica evidenciado que Commédia Dell’Arte constitui uma ruptura não apenas ao teatro literário, mas também a temática dos movimentos anteriores, principalmente, por dar destaque na trama ao papel:

a) ( ) Dos enamorados apaixonados.

b) ( ) Dos soldados valentes.

c) ( ) Dos criados astutos.

d) ( ) Dos doutores sábios.

3 Caracterizada, pela crítica destinada às figuras sociais de classes distintas como as dos servos, dos militares, dos intelectuais etc., manifestados em arquétipos corporais, os tipos da Commedia Dell’arte podem ser subdivididos em criados, patrões e enamorados. Entre os tipos presentes nessa linguagem, nós encontramos:

I- Os Zannis, geralmente caracterizados pela malícia, indolência e esperteza.

II- Pantallone, um tipo que representa velho avarento e muito rico.

AUTOATIVIDADE

III- Reis e rainhas representando a realeza.

IV- Os enamorados casal de jovens ingênuos, perdidamente apaixonados, geralmente filhos de ricos injustos, como o Pantallone e o Dottore.

Assinale a alterativa CORRETA:

a) ( ) As sentenças I, II e III estão corretas.

b) ( ) As sentenças I e II e IV estão corretas.

c) ( ) As sentenças I, III e IV estão corretas.

d) ( ) Todas as sentenças estão incorretas.

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Ao romper com a temática exclusivamente sagrada, vinculada à igreja católica, o teatro do período renascentista ganhou uma amplitude temática que permitiu a exploração de temas variados, de tal forma que é possível afirmar que o teatro renascentista foi a progressão natural da ação burlesca que caracterizou as práticas teatrais populares desenvolvidas na Itália do século XV.

Embora a influência religiosa medieval tenha permanecido forte por muito tempo em vários países europeus, fazendo com que nesses lugares se sobressaísse uma teatralidade sacra de cunho erudito, os temas e as novas convenções cênicas do renascimento foram ganhando espaço na história, deixando um grande legado para a humanidade.

Entre os dramaturgos renascentistas, podemos destacar: O autor italiano Maquiavel, na Espanha, Miguel de Cervantes e Calderón de la Barca e na Inglaterra Ben Jonson e o grande nome da dramaturgia mundial, o inglês William Shakespeare, autor que de forma brilhante retratou os grandes dramas humanos, tornando-se atemporal, por sua capacidade em transformar uma história de amor, em um cenário ilustrativo de aspectos importantes da alma humana e da sociedade do período da renascença.

Entre os anos de 1590 e 1613, Shakespeare produziu peças históricas e cômicas, dramas históricos e grandes tragédias, entre suas produções encontramos:

"A megera Domada", "Sonho de uma Noite de Verão", "Romeu e Julieta", "Muito barulho por nada", "Hamlet", "Otelo", "Rei Lear", "Macbeth", entre outras.

2 O TEATRO DOS HUMANISTAS

A Renascença foi um movimento social e cultural, que encerrou o período que ficou conhecido como sendo o das trevas e a obscuridade da Idade Média.

TÓPICO 3 —

TEATRO E A RENASCENÇA

UNIDADE 2 — DO MEDIEVAL AO SÉCULO XIX

O Teatro retratou todo período de transição para a era Moderna. Recuperou os clássicos greco-romanos (Sófocles, Eurípides e Ésquilo) que foram traduzidos e publicados.

A dramaturgia moderna elimina o obscurantismo e traz conhecimento dos clássicos, por autores que neles se inspiraram para criar ou apenas os traduziram e adaptaram com o incentivo dos mecenas.

Na Itália, em 1515, Trissino escreveu "Sofonisba'', a primeira tragédia clássica em italiano, um drama que descreve a paixão com simplicidade e clareza.

Giovanni Rucellai escreveu “Rosamunda", história estática com elementos clássicos e "Orestes'' baseada em “Ifigênia” em Táuris. Lodovico Dolce em sua "Giocasta'', adapta a tragédia, e produz "Eurípides e Marianna”, uma tragédia do ciúme, sob influência de Sêneca. Em 1530, Martelli escreveu a obra “Tullia” baseado na

"Electra” de Sófocles.

Na França, um integrante do Pleiade (círculo poético e humanístico) Jodelle dá início a sua criação com a de tradução de "Antígona” e compõe em 1552, o primeiro drama clássico original em francês a “Cléopâtre Captive" (Cleópatra Cativa).

Na Alemanha, os humanistas protestantes – como Melanchton e seus alunos – traduzem os clássicos gregos para o latim e os encenam junto com as tragédias de Sêneca. Para eles, os clássicos tinham os maiores valores morais e serviam de contraponto para a deterioração e corrupção vigentes.

Em Estrasburgo, por volta de 1580, o teatro se torna uma instituição pública, peças foram traduzidas e adaptadas para melhor compreensão do novo público. Em 1601, a peça "Prometeu Acorrentado” é apresentada com modificações e adaptações; onde "Prometeu é identificado como o espírito da Renascença e assegura-se ao público que Deus deu à Alemanha assegura-seu próprio Prometeu na figura do inventor da imprensa!" (GASSNER, 1991 p. 178).

Hans Sachs escreveu, em 1555, uma “Alceste Original”. Na Holanda,

O Período Humanista caracterizou-se pelo renascimento do conhecimento clássico, pela substituição do Teocentrismo, sendo pelo humanismo, pela ascensão da classe média (burguesa) e pelos questionamentos sobre o poder da Igreja e sua influência.

IMPORTANTE

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