• Nenhum resultado encontrado

52como a doutrina majoritária entende pelo cabi-

mento do MS coletivo para a tutela dos direitos difusos, a coisa julgada deve ser compreendida como erga omnes (atinge a todos, indistintamen- te).

§ 1º O mandado de segurança coletivo

não induz litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa jul- gada não benefi ciarão o impetrante a tí- tulo individual se não requerer a DESIS- TÊNCIA de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciên- cia comprovada da impetração da segu- rança coletiva.

§ 2º No mandado de segurança coletivo, a

liminar só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa jurídica de direito público, que de- verá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.

Comentários: Caso alguém já tenha ajuizado uma ação individual no momento em que é impetrado um MS coletivo para tutela do mes- mo direito, essa pessoa deverá ser notifi cada formalmente (fair notice) acerca da existência da ação coletiva. No prazo de 30 dias, ela pode- rá optar pela DESISTÊNCIA do MS individual ou pelo seu prosseguimento (right to opt in ou right to opt out). Caso desista da sua ação individual, essa pessoa será benefi ciada se o MS coletivo for julgado procedente. Contudo, se resolver prosse- guir com a sua ação, o autor individual não será atingido pelo resultado do MS coletivo, qualquer que seja ele.

Vale destacar que o art. 104 do CDC, ao contrário das leis do Mandado de Segurança e do Mandado de Injunção, determina que a coisa julgada das ações coletivas não benefi ciará os autores das ações individuais se não for requerida sua SUS- PENSÃO no prazo de 30 dias.

Parte da doutrina sustenta que a exigência de desistência da ação individual viola o direito de acesso à justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB), sendo, portanto, inconstitucional.

Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cen- to e vinte) dias, contados da ciência, pelo inte- ressado, do ato impugnado.

Comentários: Nos termos da Súmula no 632 do

STF, é constitucional a lei que fi xa o prazo de decadência para a impetração do mandado de segurança. A justifi cativa é que a perda da possi- bilidade de requerer o MS não extingue o direito subjetivo eventualmente titularizado pela parte impetrante.

Prevalece na doutrina que esse prazo de 120 dias é decadencial, o que afasta, em regra, as hipóte- ses de prorrogação ou suspensão.

Quanto ao termo inicial da contagem do prazo, é importante diferenciar algumas situações. No caso de MS repressivo contra ato comissivo único, o termo inicial é a ciência inequívoca do ato impugnado. Já nas hipóteses de atos comis- sivos de trato sucessivo(aqueles que se repetem constantemente), o prazo decadencial se renova cada vez que se verifi ca uma lesão ao direito do impetrante. Por outro lado, se o ato impugnado for omissivo, deve-se verifi car se existe um prazo previsto em lei para a manifestação do adminis- trador. Caso positivo, o termo inicial é o dia se- guinte ao fi m do prazo legal para o administra- dor. Caso negativo, entende-se que não corre o prazo decadencial para impetração do MS. Por fi m, na hipótese do MS preventivo, em que se busca atacar um ato iminente, não corre a con- tagem do prazo decadencial, tendo em vista que ainda não existe um ato coator.

Art. 24. Aplicam-se ao mandado de segu- rança os arts. 46 a 49 da Lei no 5.869, de 11 de ja-

neiro de 1973 - Código de Processo Civil.

Art. 25. Não cabem, no processo de man- dado de segurança, a interposição de embargos

infringentes e a condenação ao pagamento dos

honorários advocatícios, sem prejuízo da apli- cação de sanções no caso de litigância de má-fé.

Comentários: O CPC de 2015 acabou com o insti- tuto dos embargos infringentes, então parte des- se dispositivo perdeu a razão de ser. Quanto aos honorários sucumbenciais, a Súmula no 512 do

STFtambém determina expressamente que “não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança”.

Art. 26. Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940, o não cumprimento

52

53

das decisões proferidas em mandado de segu- rança, sem prejuízo das sanções administrativas e da aplicação da Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis.

Art. 27. Os regimentos dos tribunais e, no que couber, as leis de organização judiciária de- verão ser adaptados às disposições desta Lei no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, contado da sua publicação.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 29. Revogam-se as Leis nos 1.533, de 31 de dezembro de 1951, 4.166, de 4 de dezembro de 1962, 4.348, de 26 de junho de 1964, 5.021, de 9 de junho de 1966; o art. 3o da Lei no 6.014, de 27 de dezembro de 1973, o art. 1o da Lei no 6.071, de 3 de julho de 1974, o art. 12 da Lei no 6.978, de 19 de janeiro de 1982, e o art. 2o da Lei no 9.259, de 9 de janeiro de 1996.

Anotações sobre os artigos anteriores:

Jurisprudência2: “Não é admissível a impetra-

ção de mandado de segurança contra ato juris- dicional que defere o desbloqueio de bens e va- lores. Isso porque se trata de decisão defi nitiva que, apesar de não julgar o mérito da ação, co- loca fi m ao procedimento incidente. O procedi- mento adequado para a restituição de bens é o incidente legalmente previsto para este fi m. O instrumento processual para impugnar a decisão que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a utilização de mandado de segu- rança como sucedâneo do recurso legalmente previsto.” [STJ. 6ª Turma. REsp 1.787.449-SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 10/03/2020]

“Não é cabível ação rescisória contra decisão do Presidente do STJ proferida em Suspensão de Liminar e de Sentença, mesmo que transi- tada em julgado.” [STJ. Corte Especial. AR 5.857- MA, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 07/08/2019]

“(...) No caso, a parte impetrante formulou pedi- do de desistência do mandamus, que restou ho- mologado por decisão monocrática do STJ, con- forme decidido pelo STF no RE 669.367/RJ (Rel. p/ Acórdão Min. Rosa Weber, DJe 30/10/2014), julgado sob o rito da repercussão geral. No pre- cedente acima mencionado, o Plenário do Su- premo Tribunal Federal fi rmou a tese de que ‘é lícito ao impetrante desistir da ação de man- dado de segurança, independentemente de aquiescência da autoridade apontada como coatora ou da entidade estatal interessada ou, ainda, quando for o caso, dos litisconsor- tes passivos necessários, a qualquer momento antes do término do julgamento, mesmo após eventual sentença concessiva do writ cons- titucional, não se aplicando, em tal hipótese, a norma inscrita no art. 267, § 4º, do CPC/1973’ (Tema 530/STF). (...)” [STJ; AgInt-DESIS-EDcl-A- REsp 85.071; Proc. 2011/0197633-0; RS; Primeira Turma; Rel. Min. Sérgio Kukina; Julg. 09/04/2019; DJE 15/04/2019]

“O mandado de segurança deverá ter seu méri- to apreciado independentemente de superve- niente trânsito em julgado da decisão questio- nada pelo mandamus. É incabível mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, da Lei nº 12.016/2009 e Súmu- la nº 268-STF). No entanto, se a impetração do mandado de segurança for anterior ao trânsi- to em julgado da decisão questionada, mesmo

54