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Inclui: ECA, LEP, CDC, Remédios Constitucionais e as principais Leis Penais.

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Academic year: 2021

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Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos, bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que, cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva, o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para vencer essa difi culdade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob-jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú-do estudaconteú-do. Tuconteú-do isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização conteú-do estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra-dável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto

Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador do Legis

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Plano Beta para o Ministério Público Estadual

Os planos Beta do Legis são um programa para o aprendizado intensivo do segundo ciclo de leis essenciais para concursos públicos para cada uma das principais carreiras jurídicas.

Este Plano Beta para o Ministério Público foi pensado para você, com base no modelo Legis de estudo da legislação, em 52 dias, utilizando apenas 2 ou 3 horas por dia, concluir uma primeira leitura das seguintes leis:

1) Estatuto da Criança e do Adolescente; 2) Principais Leis Penais;

3) Lei de Execução Penal; 4) Remédios Constitucionais;

5) Código de Defesa do Consumidor;

Após a conclusão desses 53 dias, você terá estudado o segundo ciclo de leis indispensáveis para concursos de Ministério Público Estadual, alcançando um nível de preparação elevado, que te deixará muito próximo da aprovação.

A leitura deste plano pode ser efetuada de forma autônoma em relação ao Plano Alfa, mas re-comendamos o conhecimento da legislação constante em tal material, pois ela é a coluna vertebral dos concursos público. O Plano Alfa de MP contempla: CF, CC, CPC, CP, CPP, principais Leis Administrativas e a Lei Orgânica do Ministério Público.

Estude com esse método. Não se preocupe com o volume do material. Apenas siga o Plano que preparamos para você. Você verá que não consumirá muitas horas do seu dia e, com um ritmo tranqui-lo, você dominará o segundo ciclo de leis essenciais para concursos públicos de Ministério Público Estadual.

Com os planos de carreiras do Legis, a LEI agora é: Segue o Plano e Sossegue! Bons Estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto

Defensor Público Federal Mestre e Doutor em Direito Coordenador Acadêmico do Ouse Saber

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Conheça quem fez o seu material acontecer

-Procurador do Estado do Rio Grande do Norte. Já foi Defensor Público Federal (2015-2016) e Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (2015). Também é Aprovado na DPE-SP e em diversos outros concursos.

Filippe Augusto

Álvaro Veras

Graduado em Direito pela UFC. Mestre em Direito pela UFRN. Doutor em Direito pela UFC. Defensor Público Federal. Professor de várias Pós-Graduações em Direito. Fundador e Professor do Curso Ouse Saber. Autor da Obra Direitos Fundamentais e sua Dimensão Objetiva.

Responsável pelo Legis de Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Responsável pelo Legis de Habeas Data e Lei da ADI e ADC.

Igor Vialli

Graduado em Direito pelo Centro Universitário Curitiba. Delegado de Polícia Civil do Distrito Federal e Especialista em Direito Penal e Processual Penal.

Responsável pelo Legis de Leis Penais.

Aprovado na Defensoria Pública de Rondônia e do Distrito Federal. Especialista em Processo Penal. Graduado pela UFGD. Advogado.

Rafael Figueiredo

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Rafaela Banchik

Graduada em Direito pela UERJ e Aprovada na Defensoria Pública do Distrito Federal e de Minas Gerais

Responsável pelo Legis de Estatuto do desarmamento, Estatuto da pessoa com defi ciência, Lei anticorrupção e Lei de lavagem de dinheiro.

Moacir Neto

Responsável pelo Legis do Código Civil e Código de Processo Penal.

Graduado em Direito pela UniFanor | Wyden. Defensor Publico de Mato Grosso. Especialista em Ciências Penais.

Graduado em Direito pelo Centro Universitário Farias Brito. Aprovado no concurso de Juiz do TJ.CE. Assessor Jurídico com atuação em vara criminal

Victor Pinho

Responsável pelo Legis de Lei do Código de defesa do consumidor.

Defensor Público do estado do Ceará, Ex-Ofi cial de Justiça do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), graduado em Direito pela Unifor. Especialista em Direito Processual Civil pela Unifor. Foi aprovado também na DPE-RS, DPE-PB, MPU-Analista, MPE-CE-Analista, TJ-CE-Analista. Agraciado com a bolsa Yolanda Queiroz por ter sido o 1º lugar da turma de Direito da Unifor de 2012.2.

Muniz Freire

Responsável pelo Legis de Lei de Estatuto da Criança e do Adolescente.

Aprovada no concurso para Juiz Substituto do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (2019), graduada (diploma magna cum laude) em Direito pela Universidade Federal do Ceará (2015), pós graduada em Direito Processual Civil pela UCAM-RJ. Foi aprovada também no TJ-PI - analista e ofi cial de justiça, TRF-5 - analista judiciário, analista judiciário da Prefeitura de Fortaleza e concurso de cartório do TJ-CE.

Tatiana Mesquita

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Sumário

Plano de Leitura da Lei:

mês 1

-PARTE I

Dia 01 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 1º ao 17.

Dia 02 - Lei Maria da Penha... Dos Arts. 1º ao 9º.

Dia 03 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 1º ao 17.

Dia 04 - Remédios Constitucionais... Dos Arts. 1º ao 29.

Dia 05 - Código de Defesa do Consumidor... Dos Arts. 1º ao 4º.

Dia 06 - Estatuto do desarmamento... Dos Arts. 1º ao 37.

Dia 07 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 18 ao 35.

Dia 08 - Lei Maria da Penha... Dos Arts. 13 ao 46.

Dia 09 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 38 ao 60.

Dia 10 - Remédios Constitucionais... Dos Arts. 1º ao 15.

Dia 11 - Código de Defesa do Consumidor... Dos Arts. 12 ao 27.

Dia 12 - Lei de Identifi cação Criminal... Dos Arts. 1º ao 9º.

Dia 13 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 36 ao 52-D.

Dia 14 - Lei de Tortura... Dos Arts. 1º ao 4º.

Dia 15 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 61 ao 81.

Dia 16 - Remédios Constitucionais... Dos Arts. 1º ao 6º.

Dia 17 - Código de Defesa do Consumidor... Dos Arts. 28 ao 45.

Dia 18 - Lei Anticorrupção... Dos Arts. 1º ao 31.

Dia 19 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 53 ao 85.

Dia 20 - Lei de Prisão Temporária... Dos Arts. 1º ao 7º.

Dia 21 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 81 - A ao 95.

Dia 22 - Remédios Constitucionais... Dos Arts. 7º ao 22.

Dia 23 - Código de Defesa do Consumidor... Dos Arts. 46 ao 80.

Dia 24 - Lei do Abuso de Autoridade...;... Dos Arts. 1º ao 45.

Dia 25 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 86 ao 102.

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Dia 26 - Lei de Interceptação Telefônica... Dos Arts. 1º ao 12.

Dia 27 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 96 ao 146.

Dia 28 - Remédios Constitucionais... Dos Arts. 1º ao 5º.

Dia 29 - Código de Defesa do Consumidor... Dos Arts. 81 ao 119.

Dia 30 - Lei de Racismo... Dos Arts. 1º ao 20.

mês 2

-PARTE II

Dia 31 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 103 ao 125.

Dia 32 - Lei dos Crimes Hediondos... Dos Arts. 1º ao 13.

Dia 33 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 147 ao 170.

Dia 34 - Lei de Ação Civil Pública... Dos Arts. 6º ao 21.

Dia 35 - Lei de Lavagem de Dinheiro... Dos Arts. 1º ao 18.

Dia 36 - Lei de Organização Criminosa... Dos Arts. 1º ao 9º.

Dia 37 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 126 ao 140.

Dia 38 - Lei de Drogas... Dos Arts. 1º ao 26 - A.

Dia 39 - Lei de Execução Penal... Dos Arts. 171 ao 204.

Dia 40 - Lei do Habeas Data... Dos Arts. 1º ao Art. 12-H.

Dia 41 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 141 ao 163.

Dia 42 - Lei de Organização Criminosa... Dos Arts. 10 ao 27.

Dia 43 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 164 a 190.

Dia 44 - Lei de Drogas... Dos Arts. 27 ao 47.

Dia 45 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 206 a 227-A.

Dia 46 - Lei do Habeas Data... Dos Arts. 9º ao Art. 23.

Dia 47 - Lei da ADI e ADC... Dos Arts. 1º ao Art. 12-H

Dia 48 - Lei da ADI e ADC... Dos Arts. 13 ao Art. 31

Dia 49 - Estatuto da Criança e do Adolescente...,... Dos Arts. 190-A a 205.

Dia 50 - Lei de Drogas... Dos Arts. 228 a 244-B.

Dia 51 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 228 a 244-B.

Dia 52 - Estatuto da Criança e do Adolescente... Dos Arts. 245 a 258-C.

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DIA 1

Disciplina: Estatuto da Criança e do Adolescente.

Responsável: Prof. Tatiana Mesquita.

Dia 01: Do Art. 1º ao art. 17.

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3

Título I

Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção in-tegral à criança e ao adolescente.

Comentários: a doutrina da proteção integral relaciona-se ao art. 227, da CF/88, que estabe-lece ser dever da família, da sociedade e do Es-tado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, seus direitos fundamentais, como o direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, que consagram a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, in-cluindo alguns assegurados especialmente pela sua condição de pessoa em desenvolvimento, como a convivência familiar e comunitária e a proteção contra toda forma de negligência, dis-criminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Jurisprudência: "A proteção integral abrange o

princípio do melhor interesse da criança e do

adolescente, pelo qual, no caso concreto, den-tre as opções possíveis, deve ser adotada a so-lução que mais proteja os direitos e interesses da criança e do adolescente. O STJ aplica esse

princípio em diversos julgados: “O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -, ao preconizar a doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/1990), torna imperativa a observância do melhor interesse da criança."” [AgInt no REsp 1667105/RJ, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/10/2019, DJe 17/10/2019]

Jurisprudência: "1. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA -, ao preconizar a doutrina da proteção integral (art. 1º da Lei nº 8.069/1990),

torna imperativa a observância do melhor inte-resse da criança. 2. Ressalvado o risco evidente

à integridade física e psíquica, que não é a hipó-tese dos autos, o acolhimento institucional não representa o melhor interesse da criança. 3. A observância do cadastro de adotantes não é absoluta porque deve ser sopesada com o princípio do melhor interesse da criança, fun-damento de todo o sistema de proteção ao menor. 4. Ordem concedida". [STJ, HC 564.961/ SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/05/2020, DJe 27/05/2020]

Jurisprudência: “Consoante entendimento ju-risprudencial desta Corte, salvo risco evidente à integridade física e psíquica da criança, não é do seu melhor interesse o acolhimento institucio-nal, cuja legalidade pode ser examinada na via estreita do habeas corpus” [(STJ, HC 520.226/SP, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, jul-gado em 17/12/2019, DJe 19/12/2019)]. O rito do habeas corpus não comporta dilação probatória, sem embargo do exame de questões de fato de-monstradas em prova pré-constituída. Preceden-tes. O julgamento de ações e recursos envolven-do interesses de menores pressupõe seja eleita solução da qual resulte maior conformação aos princípios norteadores do Direito da Infância e da Adolescência, notadamente a proteção integral e o melhor interesse dos infantes, de-rivados da prioridade absoluta apregoada pelo art. 227, caput, da Constituição Federal.

4. Ordem concedida".

[STJ, HC 548.918/RS, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 03/03/2020, DJe 09/03/2020]

Art. 2º Considera-se criança, para os efei-tos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade

incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

Criança Adolescente

0 a 12 anos incompletos incompletos12 a 18 anos Atenção: A pessoa com 11 anos e 11 meses

é uma criança. A pessoa com 12 anos

comple-tos já é adolescente! Da mesma forma, a pessoa

com 17 anos e 11 meses é adolescente, mas ao

completar 18 anos, a pessoa alcança a maiori-dade civil e penal (adulto). Essas distinções têm

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importantes refl exos jurídicos, já que o menor de 18 anos é penalmente inimputável (art. 228, da CF/88) e, no âmbito cível, pode ser conside-rado absolutamente (menor de 16 anos - art. 3º, CC/02) ou relativamente incapaz (art. 4º, I, CC/02 - acima de 16 e abaixo de 18 anos).

Parágrafo único. Nos casos expressos em

lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto

às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.

Comentários: De acordo com a doutrina majori-tária, esse parágrafo único não foi revogado pelo

Código Civil de 2002 (que estabeleceu a maiori-dade para 18 anos - art. 5º, CC/02). O ECA apli-ca-se na adoção de maior de 18 anos quando o adotando já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes (art. 40, do ECA). Uma outra hipótese de aplicação do ECA ao maior de 18 anos consiste na imposição de medidas socioeducativas após a apuração de ato infracional, já que se consi-dera a idade do menor à época do fato e somente quando completa 21 anos é que será obrigatoria-mente liberado.

Súmula 605 do STJ: A superveniência da maio-ridade penal não interfere na apuração de ato infracional nem na aplicabilidade de medida socioeducativa em curso, inclusive na liberdade assistida, enquanto não atingida a idade de 21 anos. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 14/03/2018, DJe 19/03/2018.

Para fi xação:

Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ--AC Prova: VUNESP - 2019 - TJTJ--AC - Juiz de Di-reito Substituto

O Estatuto da Criança e do Adolescente é orienta-do pelo princípio da proteção integral da criança e do adolescente, que tem como marco legal o artigo 227 da Constituição Federal. Sob tal ótica, quanto à técnica empregada pelo diploma me-norista para defi nir criança e adolescente, bem como para considerá-los sujeitos de direitos e obrigações frente à família, à sociedade e ao Es-tado, é correto afi rmar que

A) a condição psíquica pode ser considerada de forma complementar à biológica porque a ida-de, isoladamente considerada, pode não levar à

segura qualifi cação do menor como criança ou adolescente, adotando-se critério cronológico mitigado.

B) ao se permitir que o maior de 18 (dezoito) anos permaneça no pólo passivo de ação de execução de medida socioeducativa, o Estatuto da Criança e do Adolescente não restou adstrito ao critério cronológico absoluto.

C) é de diferenciação e tem por objetivo impedir a tipifi cação de condutas perpetradas por pessoa menor de 12 (doze) anos como infração penal, nos termos da legislação aplicável.

D) de acordo com o artigo 2° , caput, criança é pessoa com até 12 (doze) anos incompletos, e adolescente aquela que tiver entre 12 (doze) e 18 (dezoito) anos, adotando-se critério cronológico absoluto.

Anotações:

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Art. 3º A criança e o adolescente gozam de

todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção inte-gral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunida-des e facilidaoportunida-des, a fi m de lhes facultar o desen-volvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de digni-dade.

Comentários: A dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88) é assegurada às crianças e adolescentes em todos os aspectos.

- Superada a doutrina da situação irregular - Código de Menores -> Atualmente - ECA - criança e adolescente com direitos específi cos por serem pessoas em desenvolvimento, não mais como objetos.

Jurisprudência: "O princípio do melhor inte-resse da criança prescrito no art. 227 da

Cons-tituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) e na Convenção so-bre os Direitos da Criança, incorporada ao or-denamento pátrio pelo Decreto nº 99.710/90, consagra que, a partir do caso concreto, os apli-cadores do direito devem buscar a solução que proporcione o maior benefício possível para a criança, vulnerável por natureza". [HC 522.557/ MT, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe 12/03/2020]

Jurisprudência: "O Ministério Público é parte le-gítima para, em ação civil pública, defender os in-teresses individuais, difusos ou coletivos em re-lação à infância e à adolescência. Por não serem absolutos, a lei restringe o direito à informação e a vedação da censura para proteger a imagem e a dignidade das crianças e dos adolescentes. No caso, constatou-se afronta à dignida-de das crianças com a veiculação dignida-de ima-gens contendo cenas de espancamento e tortura praticada por adulto contra infante". [(STJ, REsp 509.968/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2012, DJe 17/12/2012)]

Parágrafo único. Os direitos enunciados

nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e

ado-lescentes, sem discriminação de nascimento,

situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou

cor, religião ou crença, defi ciência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferen-cie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público asse-gurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profi ssionali-zação, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liber-dade e à convivência familiar e comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade

compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

Comentários:ATENÇÃO! Geralmente são utiliza-dos termos genéricos, como “em qualquer caso, em todas as situações” para tornar a alternativa errada em provas objetivas, por isso DECORE quando a própria lei utilizar expressões assim (quaisquer circunstâncias), caso em que a al-ternativa estará correta!

b) precedência de atendimento nos servi-ços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execu-ção das políticas sociais públicas;

d) destinação privilegiada de recursos pú-blicos nas áreas relacionadas com a prote-ção à infância e à juventude.

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Para Fixação:

01 - Ano: 2020/ Banca: CESPE/ Órgão: MP – CE De acordo com as disposições do Estatuto da Criança e do Adolescente, a garantia da priorida-de absoluta compreenpriorida-de

A) a corresponsabilidade da família, do Estado e da sociedade em assegurar a efetivação dos di-reitos fundamentais a crianças e adolescentes. B) a primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias.

C) a efetivação de direitos especiais em razão da condição peculiar de pessoa em desenvolvimen-to.

D) o alcance dos direitos a todas as crianças e adolescentes, sem qualquer distinção.

E) a implementação de políticas públicas de for-ma descentralizada.

Anotações:

GABARITO: B.

Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente

será objeto de qualquer forma de negligência,

discriminação, exploração, violência, cruelda-de e opressão, punido na forma da lei qualquer

atentado, por ação ou omissão, aos seus

direi-tos fundamentais.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se--ão em conta os fi ns sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e de-veres individuais e coletivos, e a condição pe-culiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.

01 - Ano: 2016 Banca: IDECAN Órgão: Prefeitu-ra de Natal - RN Provas: IDECAN - 2016 - Prefei-tura de Natal - RN - Advogado

Sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, analise as afi rmativas a seguir.

I. Considera-se criança, para os efeitos do Estatu-to da Criança e do Adolescente, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.

II. É dever da família, da comunidade, da socie-dade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos re-ferentes à vida, à saúde, à alimentação, à educa-ção, ao esporte, ao lazer, à profi ssionalizaeduca-ção, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

III. Na interpretação desta Lei levar-se-ão em con-ta os fi ns sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. IV. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a perma-nência em tempo integral de um dos pais ou res-ponsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.

Estão corretas as afi rmativas A) I, II, III e IV.

B) I e II, apenas. C) I e III, apenas. D) II e III, apenas.

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02 - Ano: 2011 Banca: RO Órgão:

TJ--RO Prova: TJTJ--RO - 2011 - TJTJ--RO - Juiz Substi-tuto

Sobre os direitos da criança previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, avalie as afi rmati-vas que seguem:

I) Na interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente serão levados em conta os fi ns so-ciais a que ele se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e cole-tivos e a condição peculiar da criança e do ado-lescente como pessoas em desenvolvimento. II) É assegurado atendimento integral à saú-de da criança e do adolescente, por intermé-dio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações e servi-ços para promoção, proteção e recuperação da saúde.A criança e o adolescente portadores de defi ciência receberão atendimento espe-cializado. Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente àqueles que necessitarem os medicamentos, próteses e outros recursos rela-tivos ao tratamento, habilitação ou reabilitação. III) A criança e o adolescente têm direito à pro-teção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e har-monioso, em condições dignas de existência. IV) Os estabelecimentos de atendimento à saú-de saú-deverão proporcionar condições para a per-manência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de crian-ça ou adolescente; e, nos casos de suspeita ou confi rmação de maus-tratos contra criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunica-dos ao Conselho Tutelar da respectiva localida-de, sem prejuízo de outras providências legais. V) O poder público, as instituições e os emprega-dores propiciarão condições adequadas ao alei-tamento materno, inclusive aos fi lhos de mães submetidas à medida privativa de liberdade. Está(ão) CORRETA(S):

A) Apenas as afi rmativas I e II. B) Apenas as afi rmativas I e III. C) Apenas as afi rmativas III e V.

D) Apenas a afi rmativa IV. E) Todas as afi rmativas.

03 - Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: DPE--ES Prova: FCC - 2016 - DPEDPE--ES - Defensor Pú-blico

São aspectos que, entre outros, o próprio Estatu-to da Criança e do Adolescente − ECA expressa-mente determina sejam observados na interpre-tação de seus dispositivos:

A) As exigências do bem comum e os princípios gerais e especiais do direito da infância.

B) Os deveres individuais e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em de-senvolvimento.

C) Os direitos sociais e coletivos e o contexto so-cioeconômico e cultural em que se encontrem a criança ou adolescente e seus pais ou responsá-vel.

D) Os fi ns sociais a que se destina a lei e a fl exibili-dade e informaliexibili-dade dos procedimentos.

E) O superior interesse da criança e do adolescen-te e os usos e costumes locais.

Anotações:

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14

Título II

Dos Direitos Fundamentais Capítulo I

Do Direito à Vida e à Saúde

Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetiva-ção de políticas sociais públicas que permitam

o nascimento e o desenvolvimento sadio e har-monioso, em condições dignas de existência.

Art. 8º É assegurado a todas as mulheres

acesso aos programas e às políticas de saúde

da mulher e de planejamento reprodutivo e,

às gestantes, nutrição adequada, atenção hu-manizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal

in-tegral no âmbito do Sistema Único de Saúde.

(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

§1º O atendimento pré-natal será realizado por profi ssionais da atenção primária. (Re-dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) §2º Os profi ssionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabe-lecimento em que será realizado o parto,

garantido o direito de opção da mulher.

(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) §3º Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus fi lhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros ser-viços e a grupos de apoio à amamentação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) §4º Incumbe ao poder público proporcio-nar assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as

con-sequências do estado puerperal.

§5º A assistência referida no §4º deste arti-go deverá ser prestada também a gestantes

e mães que manifestem interesse em

en-tregar seus fi lhos para adoção, bem como a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade. (Reda-ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

§6º A gestante e a parturiente têm direito a

1 (um) acompanhante de sua preferência

durante o período do pré-natal, do traba-lho de parto e do pós-parto imediato. (In-cluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§7º A gestante deverá receber orientação

sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos

afetivos e de estimular o

desenvolvimen-to integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§8º A gestante tem direito a acompanha-mento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso,

estabelecen-do-se a aplicação de cesariana e outras

intervenções cirúrgicas por motivos mé-dicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) §9º A atenção primária à saúde fará a bus-ca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§10º Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com fi lho na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de liberdade,

ambiência que atenda às normas

sanitá-rias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do fi lho, em articulação com o sistema de ensino

com-petente, visando ao desenvolvimento

integral da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016).

Comentários: Essas mudanças legislativas tra-tam dos direitos da gestante, buscando assegu-rar trabalho de parto adequado, valorizar o par-to natural e evitar apar-tos de “violência obstétrica”, que podem ser causa de responsabilidade civil, conforme já reconheceu o STJ.

Jurisprudência:"A conduta médica imputada de culpa, quando resulta a acusação de dado funda-do em laufunda-do de necropsia, funda-documento ofi cial, invoca contraprova do médico. Sem contrapro-va, somada a indícios outros existentes nos au-tos, resultantes de testemunhos contraditórios, é possível inferir a culpa diante do resultado morte, principalmente se não há qualquer ou-tro fato denotado como causador do óbito. [...] Com efeito, as instâncias ordinárias

(15)

concluí-14

15

ram, com amparo em todo o acervo probatório dos autos, que a parte autora, ora recorrente, cometeu erro médico, conforme se verifi ca do seguinte trecho extraído do aresto comba-tido (e-STJ, fl s. 830-833): Efetivamente, em sua contestação, o demandado [...], médico responsável pelo parto da demandante, con-fessou haver tentado a utilização do fórceps, bem como confessou a realização da manobra de Kristeller (f. 75):[...] A manobra de Kristeller é contraindicada pela Organização Mundial de Saúde, sendo procedimento proibido pelo Mi-nistério da Saúde, pelos Conselhos Regionais de Medicina e por diversos Hospitais,

exata-mente porque é causa de inúmeros traumas

materno - fetais. A referida manobra de Kriste-ller consiste em pressionar a barriga da mulher com força para agilizar o parto e isso confi gura

ato de violência obstétrica. [...] O relatório de necropsia comprovou a existência de lesões e bossa sanguínea na cabeça da criança morta: (...) Em análise detida de toda a prova colhi-da nos autos, conclui-se que a referida lesão foi resultado da violência obstétrica sofrida pela demandante, sendo a causa da morte da criança, pelo que deve ser mantida integral-mente a sentença. A quantifi cação do dano extrapatrimonial deve levar em consideração parâmetros como a capacidade econômica dos ofensores, as condições pessoais das vítimas e o caráter pedagógico e sancionatório da inde-nização, critérios cuja valoração requer o exa-me do conjunto fático-probatório. Indenização arbitrada em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais) para cada vítima, que não se revela despropor-cional". [AgInt no AREsp n. 1.249.098/SP, Re-lator Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/6/2018, DJe 27/6/2018). (AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.374.952 - MG (2018/0256974-8) Brasília, 13 de junho de 2019. MINISTRO MARCO AURÉ-LIO BELLIZZE, Relator 25/06/2019)].

Jurisprudência: "O Marco Legal da Primeira Infância (Lei nº 13.257/2016), ao alterar as hi-póteses autorizativas da concessão de prisão domiciliar, permite que o juiz substitua a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for gestante ou mulher com fi lho até 12 anos de ida-de incompletos (art. 318, IV e V, do CPP)". [STF. 1ª Turma.HC 136408/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (Info 887). STF. 2ª Turma. HC 134069/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/6/2016 (Info 831)].

Para Fixação:

Ano: 2016 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Porto Alegre - RS Prova: FUNDATEC - 2016 - Prefeitura de Porto Alegre - RS - Procurador Municipal - Bloco II e III

De acordo com a Lei nº 8.069/90 – Estatuto da Criança e do adolescente, em relação ao Direito à Vida e à Saúde, analise as assertivas abaixo: I. Incumbe ao poder público garantir à gestante e à mulher com fi lho, na primeira infância, que se en-contrem sob custódia em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sani-tárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do fi lho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao de-senvolvimento integral da criança. II. É assegurado às mulheres que demonstrarem hipossufi -ciência econômica o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré- natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. III. Incumbe ao poder público proporcio-nar assistência psicológica à gestante, somente no período pré-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal. Quais estão corretas?

A) Apenas I. B) Apenas II. C) Apenas III D) Apenas I e III. E) Apenas II e III. Anotações: GABARITO: A.

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16

Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacio-nal de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana que in-cluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de dis-seminar informações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)

Parágrafo único. As ações destinadas a

efetivar o disposto no caput deste artigo fi carão

a cargo do poder público, em conjunto com or-ganizações da sociedade civil, e serão dirigidas

prioritariamente ao público adolescente. (In-cluído pela Lei nº 13.798, de 2019)

Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores propiciarão condições ade-quadas ao aleitamento materno, inclusive aos fi lhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.

Jurisprudência: "É inconstitucional a expressão “quando apresentar atestado de saúde, emitido por médico de confi ança da mulher, que recomende o afastamento”, contida nos incisos II e III do art. 394-A da CLT, inseridos pelo art. 1º da Lei nº 13.467/2017. Essa expressão, in-serida no art. 394-A da CLT, tinha como obje-tivo autorizar que empregadas grávidas ou lactantes pudessem trabalhar em atividades insalubres. Ocorre que o STF entendeu que o trabalho de gestantes e de lactantes em ati-vidades insalubres viola a Constituição Fe-deral. O art. 6º da CF/88 proclama importantes direitos, entre eles a proteção à maternidade, a proteção do mercado de trabalho da mulher e redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. A proteção para que a gestante e a lactante não sejam expostas a atividades insalubres carac-teriza-se como importante direito social ins-trumental que protege não apenas a mulher como também a criança (art. 227 da CF/88). A proteção à maternidade e a integral proteção à criança são direitos irrenunciáveis e não podem ser afastados pelo desconhecimento, impossibi-lidade ou a própria negligência da gestante ou lactante em apresentar um atestado médico, sob pena de prejudicá-la e prejudicar o recém-nascido. Em suma, é proibido o trabalho da gestan-te ou da lactangestan-te em atividades insalubres".

[STF. Plenário.ADI 5938/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 29/5/2019 (Info 942)].

§1º Os profi ssionais das unidades primá-rias de saúde desenvolverão ações siste-máticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção,

prote-ção e apoio ao aleitamento materno e à

alimentação complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§2º Os serviços de unidades de terapia in-tensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Para fi xação:

Ano: 2014 Banca: CESPE / CEBRAS-PE Órgão: MCEBRAS-PE-AC Prova: CESCEBRAS-PE - 2014 - MCEBRAS-PE- MPE--AC - Promotor de Justiça

No que tange aos direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes, conforme previsão do ECA e entendimento dos tribunais superiores, assinale a opção correta.

A) Embora o ECA garanta, de diversas formas, os direitos fundamentais da criança e do adoles-cente mediante a proteção da gestante, não há previsão de garantia do aleitamento materno aos fi lhos de mães submetidas a penas privativas de liberdade.

B) Como forma de impedimento à adoção comer-cial de bebês, o Estado é proibido de proporcio-nar assistência psicológica à gestante ou à mãe que manifestarem desejo de entregar seus fi lhos para adoção.

C) Admite-se a veiculação de imagens com cenas de espancamento e tortura praticados por adul-to contra criança, ainda que constrangedoras, em razão da prevalência do direito à informação prestada pela impressa à sociedade.

D) É obrigação do Estado criar e manter centros específi cos para adolescentes portadores de doença ou defi ciência mental em cumprimento de medida socioeducativa, não sendo sufi cientes a existência de programa psiquiátrico terceirizado

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16

17

e a utilização da rede pública para o atendimento

de casos agudos.

E) A CF e o ECA asseguram o ingresso e a perma-nência de crianças com até seis anos de idade em creches e pré-escolas, desde que comprovada a hipossufi ciência dos pais.

Anotações:

Gabarito: D.

Art. 10. Os hospitais e demais estabeleci-mentos de atenção à saúde de gestantes, públi-cos e particulares, são obrigados a:

I - manter registro das atividades desenvol-vidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;

II - identifi car o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autori-dade administrativa competente;

III - proceder a exames visando ao diagnós-tico e terapêutica de anormalidades no me-tabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;

IV - fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as inter-corrências do parto e do desenvolvimento do neonato;

V - manter alojamento conjunto, possibili-tando ao neonato a permanência junto à mãe.

VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar,

utilizando o corpo técnico já existente. (In-cluído pela Lei nº 13.436, de 2017)

Art. 11. É assegurado acesso integral às li-nhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, prote-ção e recuperaprote-ção da saúde. (Redaprote-ção dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

§1º A criança e o adolescente com defi ciên-cia serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específi cas de habilitação e rea-bilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

§2º Incumbe ao poder público fornecer

gratuitamente, àqueles que necessitarem,

medicamentos, órteses, próteses e ou-tras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas

necessidades específi cas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

§3º Os profi ssionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primei-ra infância receberão formação específi ca e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fi zer necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 12. Os estabelecimentos de atendimen-to à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários,

deverão proporcionar condições para a

perma-nência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de crian-ça ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 13. Os casos de suspeita ou confi rma-ção de castigo físico, de tratamento cruel ou de-gradante e de maus-tratos contra criança ou

ado-lescente serão obrigatoriamente comunicados

ao Conselho Tutelar da respectiva localidade,

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18

§1º As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus fi lhos para adoção serão obrigatoriamente

encami-nhadas, sem constrangimento, à Justiça

da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

Para Fixação:

01 - Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019 - TJ-RJ - Juiz Substituto Quanto ao direito à saúde e à vida da criança e do adolescente, à luz dos artigos 7° e seguintes do Estatuto da Criança e do Adolescente, é correto afi rmar que

A) a assistência odontológica, com o fi to de ga-rantir a saúde bucal de crianças e adolescentes, representa medida de respeito à integridade fí-sica da pessoa em desenvolvimento, e, por isso, não se aplica à gestante, que será inserida em programa específi co voltado à saúde da mulher. B) o descumprimento das obrigações impostas pelo artigo 10 do Estatuto da Criança e do Ado-lescente confi gura ilícito de natureza administra-tiva, nos termos do artigo 228 do mesmo diplo-ma legal.

C) as gestantes ou mães que manifestem interes-se em entregar interes-seus fi lhos à adoção interes-serão obriga-toriamente encaminhadas à Justiça da Infância e da Juventude.

D) a obrigação de manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários indivi-duais, terá seu prazo de dezoito anos reduzido ou dispensado, se as entidades hospitalares for-necerem declaração de nascimento vivo, em que constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.

E) o fornecimento gratuito de medicamentos, próteses e outros recursos necessários ao trata-mento, habilitação ou reabilitação de crianças e adolescentes constitui obrigação do Poder Pú-blico e a reserva do possível afasta interferência judicial no desempenho de políticas públicas na área da saúde, em caso de descumprimento. 02 - Ano: 2020/ Banca: FCC/ Órgão: TJ-MS

O acompanhamento domiciliar é previsto expres-samente no Estatuto da Criança e do Adolescente A) para o atendimento das crianças na faixa etá-ria da primeira infância com suspeita ou confi r-mação de violência de qualquer natureza, se ne-cessário.

B) nas hipóteses de desistência dos genitores da entrega de criança após o nascimento, pelo prazo de 180 dias.

C) para crianças e adolescentes reintegrados à sua família natural ou extensa após a permanên-cia em serviços de acolhimento institucional. D) às gestantes que apresentem gravidez de alto risco à saúde e ao desenvolvimento do nascituro. E) às crianças detectadas com sinais de risco para o desenvolvimento biopsicossocial por meios dos protocolos padronizados de avaliação.

Anotaçõe:

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18

19

§2º Os serviços de saúde em suas diferen-tes portas de entrada, os serviços de assis-tência social em seu componente especiali-zado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão

con-ferir máxima prioridade ao atendimento

das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confi rmação de violência de qualquer natureza, for-mulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessá-rio, acompanhamento domiciliar. (Incluí-do pela Lei nº 13.257, de 2016)

Art. 14. O Sistema Único de Saúde

promo-verá programas de assistência médica e

odon-tológica para a prevenção das enfermidades

que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.

§1º É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autorida-des sanitárias. (Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.257, de 2016)

§2º O Sistema Único de Saúde promoverá a

atenção à saúde bucal das crianças e das

gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cui-dado direcionadas à mulher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§3º A atenção odontológica à criança terá função educativa protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, pos-teriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) §4º A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)

§5º É obrigatória a aplicação a todas as

crianças, nos seus primeiros dezoito

me-ses de vida, de protocolo ou outro instru-mento construído com a fi nalidade de fa-cilitar a detecção, em consulta pediátrica

de acompanhamento da criança, de risco

para o seu desenvolvimento psíquico.

(Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)

Capítulo II

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

Art. 15. A criança e o adolescente têm direi-to à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvi-mento e como sujeitos de direitos civis, huma-nos e sociais garantidos na Constituição e nas leis.

Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:

I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as res-trições legais;

Jurisprudência: "São constitucionais o art. 16, I, o art. 105, o art. 122, II e III, o art. 136, I, o art. 138 e o art. 230 do ECA.

Tais dispositivos estão de acordo com o art. 5, caput e incisos XXXV, LIV, LXI e com o art. 227 da CF/88. Além disso, são compatíveis com a Declaração Universal dos Direitos Huma-nos (DUDH), a Convenção sobre os Direitos da Criança, as Regras de Pequim para a Ad-ministração da Justiça de Menores e a Con-venção Americana de Direitos Humanos". [STF. Plenário.ADI 3446/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 7 e 8/8/2019 (Info 946).] Jurisprudência: "A Juíza da Vara de Infância e Juventude editou Portaria que criaria um “to-que de recolher”, correspondente à determi-nação de recolhimento, nas ruas, de crianças e adolescentes desacompanhados dos pais ou responsáveis: a) após as 23 horas, b) em locais próximos a prostíbulos e pontos de vendas de drogas e c) na companhia de adultos que este-jam consumindo bebidas alcoólicas. A mencio-nada portaria também determina o recolhimen-to dos menores que, mesmo acompanhados de seus pais ou responsáveis, sejam fl agrados consumindo álcool ou estejam na presença de adultos que estejam usando entorpecentes. A portaria em questão ultrapassou os limi-tes dos poderes normativos previstos no art. 149 do ECA. Ela contém normas de ca-ráter geral e abstrato, a vigorar por prazo in-determinado, a respeito de condutas a serem observadas por pais, pelos menores, acom-panhados ou não, e por terceiros, sob

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comi-20

nação de penalidades nela estabelecidas.

A despeito das legítimas preocupações da au-toridade coatora com as contribuições neces-sárias do Poder Judiciário para a garantia de dignidade, de proteção integral e de direitos fundamentais da criança e do adolescente, é preciso delimitar o poder normativo da auto-ridade judiciária estabelecido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, em cotejo com a com-petência do Poder Legislativo sobre a matéria". [STJ. 2ª Turma. HC 207720/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 01/12/2011.]

II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso;

IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitá-ria, sem discriminação;

VI - participar da vida política, na forma da lei;

Comentários: O maior de dezesseis anos e me-nor de dezoito anos tem voto facultativo, nos ter-mos do art. 14, §1ª, c, da CF/88

VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.

Art. 17. O direito ao respeito consiste na in-violabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da au-tonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espa-ços e objetos pessoais.

Para fi xação:

01 - Ano: 2019 Banca: CESPE/CEBRAS-PE Órgão: TJ-PR Prova: CESCESPE/CEBRAS-PE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto

A atual doutrina da proteção integral, que rege o direito da criança e do adolescente, reconhece crianças e adolescentes como

A) objetos de proteção do Estado e de medidas judiciais, mas que devem ser responsabilizados pela própria situação de irregularidade.

B) sujeitos de direito, devendo o Estado, a família e a sociedade lhes assegurar direitos fundamen-tais.

C) objetos de proteção do Estado e de medidas judiciais, sendo o Estado o principal responsável por lhes assegurar direitos.

D) sujeitos de direito que devem ser responsabili-zados pela própria situação de irregularidade. 02 - Ano: 2013 Banca: SC Órgão: MPE--SC Prova: MPEMPE--SC - 2013 - MPEMPE--SC - Promotor de Justiça - Tarde

O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da crian-ça e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetivos pessoais.

( ) Certo ( ) Errado Anotações:

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20

21

DIA 2

Disciplina: Legislação Criminal Extra-vagante - Lei n. 11.340/06

Responsável: Prof. Igor Vialli.

Dia 02: Artigos 1º ao 9º

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3

PREÂMBULO

Cria mecanismos para coibir a violência

doméstica e familiar contra a mulher, nos ter-mos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe

so-bre a criação dos Juizados de Violência

Domés-tica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Exe-cução Penal; e dá outras providências.

Comentários: Art. 226 da Constituição Federal:

“A família, base da sociedade, tem especial pro-teção do Estado”. (…) § 8º “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”.

Aprofundando: Antes mesmo da promulgação

da Constituição Federal de 1988, no ano de 1984 foi realizada a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mu-lher, com sede no México, sob a organização da ONU.

Todavia, mesmo com o advento da Constituição

e a previsão constante no art. 226, §8º, somen-te no ano de 1996 foi adotado o primeiro passo de efetividade do combate aos referidos tipos de crimes, sendo promulgada através do Decreto n. 1973/1996 a Convenção Interamericana para Pre-venir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mu-lher, convenção esta realizada em Belém do Pará, no ano de 1994.

Ainda assim, foi somente no ano de 2002 que o Presidente da República promulgou, por meio

do Decreto n. 4.377/2002, a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher. Finalmente, no ano de 2006, foi editada a Lei n. 11.340/06.

O surgimento da lei somente ocorreu após vários casos graves de violência contra a mulher, dentre eles o mais conhecido: o caso “Maria da Penha”.

A Cearense Maria da Penha foi vítima de diversos episódios de violência doméstica praticados por seu marido, desde descargas elétricas enquanto tomava banho à ferimentos causados por arma de fogo, dos quais fi cou paraplégica.

Ainda que o caso tenha sido levado a conheci-mento das Autoridades no ano de 1984, foi so-mente no ano de 2002 que o autor fi nalso-mente foi preso em razão de sentença condenatória defi ni-tiva, em razão da morosidade do sistema de per-secução penal.

Tal mora foi denunciada à Comissão Interame-ricana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, sendo que, em 2001, a OEA responsabilizou o Estado Brasileiro pela demora, negligência e inefetividade da coibição da violên-cia doméstica e familiar contra a mulher.

TÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coi-bir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência con-tra a Mulher e de outros con-tratados internacionais ratifi cados pela República Federativa do Brasil;

dispõe sobre a criação dos Juizados de

Violên-cia Doméstica e Familiar contra a Mulher; e

es-tabelece medidas de assistência e proteção às

mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunida-des e facilidaoportunida-des para viver sem violência,

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pre-22

servar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa-mento moral, intelectual e social.

Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direitos

à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justi-ça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convi-vência familiar e comunitária.

§ 1º O poder público desenvolverá políti-cas que visem garantir os direitos huma-nos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de res-guardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao po-der público criar as condições necessárias para o efetivo exercício dos direitos enun-ciados no caput.

Comentários: Os artigos introdutórios apenas retratam o fundamento constitucional da igual-dade entre homem e mulher (art. 5º, caput e art. 226, §5º, CF) e, sobretudo, a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF), assim como destaca o dever coletivo (família, sociedade e poder públi-co) na proteção de tal igualdade.

Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados os fi ns sociais a que ela se destina

e, especialmente, as condições peculiares das

mulheres em situação de violência doméstica e familiar.

Comentários:Positivação do norte da interpre-tação teleológica que deve guiar o operador do Direito.

Anotações sobre os artigos anteriores:

TÍTULO II

DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, confi gura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, se-xual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:

(Vide Lei complementar nº 150, de 2015)

Comentários: Para caracterização de violência do-méstica e familiar contra a mulher há necessidade de cumulação de um dos âmbitos de incidência da lei (previstos em seu artigo 5º) com uma das formas de violência (previstas em seu artigo 7º), as quais podem ser praticadas tanto por ação como por omissão.

Aprofundando: Chama atenção a disposição do

caput do artigo, que deixa bem claro que o conceito

de violência é toda ação ou omissão BASEADA NO GÊNERO que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial à mulher.Por isso, não basta que o sujeito passivo da conduta seja mulher, mas a MOTIVAÇÃO da ação ou omissão deve estar necessariamente relacionada à sua situação de vulnerabilirelacionadade ou hipossufi -ciência naquele ambiente da unidade doméstica, da família ou de qualquer relação íntima de afeto.

Alguns entendem, também, por exemplifi car situa-ções de “dominância” entre o sujeito ativo e o sujei-to passivo, demonstrando que o sujeisujei-to ativo deve possuir uma “hierarquia” ou “posição” superior ao sujeito passivo, seja do ponto de vista familiar, eco-nômico, social ou qualquer outra que caracterize essa relação de dependência de um (mulher) para com o outro (agressor ou agressora).

I - no âmbito da unidade doméstica,

com-preendida como o espaço de convívio

per-manente de pessoas, com ou sem víncu-lo familiar, inclusive as esporadicamente

agregadas;

Comentários: Percebam a desnecessidade de vínculo familiar. Basta para sua caracterização que a mulher conviva, de modo permanente (não passageiro, não esporádico) com o agressor,

(23)

22

23

como no caso de amigos (homem e mulher) que

dividem um apartamento, sem relação de afeto entre os dois, ou até na hipótese de empregada doméstica para com seu empregador.

II - no âmbito da família, compreendida

como a comunidade formada por

indiví-duos que são ou se consideram aparenta-dos, unidos por laços naturais, por afi ni-dade ou por vontade expressa;

Comentários:Diferentemente da hipótese ante-rior, aqui a unidade central é a confi guração da entidade familiar, seja ela natural, por afi nidade ou vontade expressa. Veja que o inciso não traz como requisito a coabitação, por exemplo, de modo que não há que se perquirir se agressor e vítima moram ou convivem no mesmo espaço de modo duradouro, bastando a caracterização dos laços familiares. São os casos, por exemplo, en-volvendo irmãos (ainda que não morem juntos), genro e sogra, dentre outros.

Súmula 600, STJ: Para a confi guração da violên-cia doméstica e familiar prevista no artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima

III - em qualquer relação íntima de afeto,

na qual o agressor conviva ou tenha

con-vivido com a ofendida, independente-mente de coabitação.

Comentários: Hipótese que traduz o relaciona-mento envolvendo a mulher independentemen-te da orientação sexual (como ressalta o parágra-fo único), ressaltando que o relacionamento não precisa envolver coabitação. É o caso de relacio-namento entre namorados, por exemplo.

Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orien-tação sexual.

Aprofundando: Existe corrente que defende a não incidência da lei para transexuais, ainda que exista cirurgia de reversão genital e alteração do sexo no registro de nascimento (v.g RENATO BRASILEIRO). Já outra corrente entende pela possibilidade, sendo inclusive desnecessária eventual alteração de sexo no registro de nasci-mento, encontrando suporte na jurisprudência

(v.g Acórdão n.1089057, 20171610076127RSE, Relator: GEORGE LOPES 1ª TURMA CRIMINAL, DJ: 05/04/2018 – TJDFT). Vale destacar existir projeto de lei em tramitação (PLS n. 191/2017) para inclu-são formal do âmbito de proteção da norma de qualquer um que se identifi car como integrante do gênero feminino.

Jurisprudência: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AMEAÇA. LESÃO CORPO-RAL. APLICAÇÃO DA LEI N. 11.340/06. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA DE GÊNERO.

I - A jurisprudência desta Corte Superior de Justi-ça orienta-se no sentido de que, para que a com-petência dos Juizados Especiais de Violência Do-méstica seja fi rmada, não basta que o crime seja praticado contra mulher no âmbito doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acusa-do seja de gênero, ou que a vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição de mulher.

II - No caso dos autos, embora o crime esteja sen-do praticasen-do no âmbito das relações sen-domésticas, familiares e de coabitação, o certo é que, em mo-mento algum, restou demonstrado que teria sido motivado por questões de gênero, ou mesmo que a vítima estaria em situação de vulnerabili-dade por ser do sexo feminino.

Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1842913/GO, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGA-DOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 03/12/2019, DJe 19/12/2019)

Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de

violação dos direitos humanos.

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24

CAPÍTULO II

DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:

Comentários: Lembre-se que o art. 7º comple-menta o art. 5º para a efetiva caracterização da violência doméstica e familiar contra a mulher.

I - a violência física, entendida como qual-quer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal;

II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emo-cional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desen-volvimento ou que vise degradar ou contro-lar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangi-mento, humilhação, manipulação, isola-mento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; (Reda-ção dada pela Lei nº 13.772, de 2018)

III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a pre-senciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimida-ção, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qual-quer modo, a sua sexualidade, que a impe-ça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coa-ção, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que confi gure re-tenção, subtração, destruição parcial ou to-tal de seus objetos, instrumentos de traba-lho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessida-des;

V - a violência moral, entendida como qual-quer conduta que confi gure calúnia, difa-mação ou injúria.

Aprofundando:A palavra da vítima em casos en-volvendo violência doméstica e familiar contra a mulher possui especial relevância no contexto probatório, pois geralmente esse tipo de delito é praticado de modo clandestino, isto é, sem a presença de testemunhas e corriqueiramente até sem rastros materiais.

Jurisprudência: “A palavra da vítima, em har-monia com os demais elementos presentes nos autos, possui relevante valor probatório, espe-cialmente em crimes que envolvem violência do-méstica e familiar contra a mulher” (HC 461.478/ PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, DJe 12/12/2018).

TÍTULO III

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

CAPÍTULO I

DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO

Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher

far-se-á por meio de um conjunto articulado de

ações da União, dos Estados, do Distrito Fede-ral e dos Municípios e de ações não-governa-mentais, tendo por diretrizes:

I - a integração operacional do Poder

Judi-ciário, do Ministério Público e da Defenso-ria Pública com as áreas de segurança pú-blica, assistência social, saúde, educação, trabalho e habitação;

II - a promoção de estudos e pesquisas,

es-tatísticas e outras informações relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqü-ências e à freqüência da violência domés-tica e familiar contra a mulher, para a sis-tematização de dados, a serem unifi cados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas;

III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pes-soa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacer-bem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. 3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ;

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IV - a implementação de atendimento po-licial especializado para as mulheres, em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher;

V - a promoção e a realização de

campa-nhas educativas de prevenção da violência doméstica e familiar contra a mulher, vol-tadas ao público escolar e à sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumen-tos de proteção aos direiinstrumen-tos humanos das mulheres;

VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de promoção de parceria entre órgãos gover-namentais ou entre estes e entidades não--governamentais, tendo por objetivo a im-plementação de programas de erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher;

VII - a capacitação permanente das Polícias

Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Cor-po de Bombeiros e dos profi ssionais per-tencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia;

VIII - a promoção de programas

educa-cionais que disseminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia;

IX - o destaque, nos currículos escolares

de todos os níveis de ensino, para os con-teúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Anotações gerais sobre os artigos anteriores:

CAPÍTULO II

DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR

Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assis-tência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sis-tema Único de Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emer-gencialmente quando for o caso.

§ 1º O juiz determinará, por prazo certo,

a inclusão da mulher em situação de vio-lência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo federal, estadual e municipal.

§ 2º O juiz assegurará à mulher em si-tuação de violência doméstica e fami-liar, para preservar sua integridade física e psicológica:

I - acesso prioritário à remoção quan-do serviquan-dora pública, integrante da administração direta ou indireta;

II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do

lo-cal de trabalho, por até seis meses.

III - encaminhamento à assistência

ju-diciária, quando for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anu-lação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competen-te. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019) § 3º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar com-preenderá o acesso aos benefícios de-correntes do desenvolvimento científico e tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profi-laxia das Doenças Sexualmente Trans-missíveis (DST) e da Síndrome da Imu-nodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de violência sexual. § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou

patrimo-nial a mulher fica obrigado a ressarcir

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