o julgamento do mérito mesmo que a petição ini- cial não tenha sido emendada.
Os requisitos para aplicação da teoria da encam- pação estão na Súmula no 628 do STJ: a) existên-
cia de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; e c) ausência de modifi cação de competência estabelecida na Constituição Federal.
Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordena- rá:
I - que se notifi que o coatordo conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos docu- mentos, a fi m de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações;
II - que se dê ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe cópia da inicial
sem documentos, para que, querendo, in-
gresse no feito;
Comentários: No caso da autoridade coato- ra (inciso I), não há que se falar em revelia pela ausência de fornecimento das informações no prazo legal, já que elas não têm natureza de con- testação, e sim de meros esclarecimentos. Por outro lado, a pessoa jurídica (inciso II), ao ingres- sar no feito como parte ré, tem direito ao contra- ditório e à ampla defesa, podendo apresentar uma impugnação/contestação.
III - que se suspenda o atoque deu moti-
vo ao pedido, quando houver fundamento
relevante e do ato impugnado puder resul- tar a inefi cácia da medida, caso seja fi nal- mente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fi ança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimen- to à pessoa jurídica.
§ 1º Da decisão do juiz de primeiro grau
que conceder ou denegar a liminar cabe- rá agravo de instrumento, observado o disposto na Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
§ 2º Não será concedida medida liminar
que tenha por objeto a compensação de créditos tributários, a entrega de merca- dorias e bens provenientes do exterior, a reclassifi cação ou equiparação de servi- dores públicos e a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamen- to de qualquer natureza.
§ 3º Os efeitos da medida liminar, salvo se revogada ou cassada, persistirão até a pro- lação da sentença.
§ 4º Deferida a medida liminar, o proces- so terá prioridade para julgamento. § 5º As vedações relacionadas com a con- cessão de liminares previstas neste artigo se estendem à tutela antecipada a que se referem os arts. 273 e 461 da Lei no 5.869, de 11 janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Comentários: O inciso III prevê a possibilidade de concessão de uma liminar em mandado de segurança, que nada mais é do que uma tutela de urgência, cabível quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do proces- so (art. 300 do CPC). A lei anterior que regulava o MS não previa recurso da decisão que julgava a liminar. Já a Lei no 12.016/03 prevê expressamen- te o cabimento de agravocontra a decisão que aprecia o pedido de liminar (§1º). Se for deferida a liminar, também cabe pedido de suspensão de segurança, conforme art. 15.
Art. 8º Será decretada a perempção ou ca- ducidade da medida liminar ex off icio ou a re- querimento do Ministério Público quando, con- cedida a medida, o impetrante criar obstáculo ao normal andamento do processo ou deixar de promover, por mais de3 (três) dias úteis, os atos e as diligências que lhe cumprirem.
Art. 9º As autoridades administrativas, no prazo de48 (quarenta e oito) horasda notifi ca- ção da medida liminar, remeterão ao Ministério ou órgão a que se acham subordinadas e ao Ad- vogado-Geral da União ou a quem tiver a repre- sentação judicial da União, do Estado, do Municí- pio ou da entidade apontada como coatora cópia autenticada do mandado notifi catório, assim como indicações e elementos outros necessários
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às providências a serem tomadas para a eventual suspensão da medida e defesa do ato apontado como ilegal ou abusivo de poder.
Art. 10. A inicial será desde logo indeferi- da, por decisão motivada, quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o pra- zo legal para a impetração.
§ 1º Do indeferimento da inicial pelo
juiz de primeiro grau caberá apelaçãoe, quando a competência para o julgamento do mandado de segurança couber origi- nariamente a um dos tribunais, do ato do relator caberá agravo para o órgão compe- tente do tribunal que integre.
§ 2º O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da peti- ção inicial.
Comentários: As hipóteses que autorizam o in- deferimento da petição inicial também estão previstas no art. 330 do CPC, aplicado subsidia- riamente (art. 24). Além disso, é possível que o juiz julgue liminarmente improcedente o pedido, com base no art. 332 do CPC.
Anotações sobre os artigos anteriores:
Art. 11. Feitas as notifi cações, o serventuá- rio em cujo cartório corra o feito juntará aos au- tos cópia autêntica dos ofícios endereçados ao coator e ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, bem como a prova da entrega a estes ou da sua recusa em aceitá- -los ou dar recibo e, no caso do art. 4o desta Lei, a comprovação da remessa.
Art. 12. Findo o prazo a que se refere o inci- so I do caput do art. 7º desta Lei, o juiz ouvirá o re- presentante do Ministério Público, que opinará, dentro do prazo improrrogável de 10 (dez) dias.
Parágrafo único. Com ou sem o parecer do
Ministério Público, os autos serão conclusos ao juiz, para a decisão, a qual deverá ser necessaria- mente proferida em 30 (trinta) dias.
Comentários: Esse dispositivo prevê que é ne- cessária a participação do MP quando ele não for o autor da ação, hipótese em que atuará como órgão interveniente (fi scal da ordem jurídica). No entanto, na jurisprudência prevalece o entendi- mento de que a ausência de manifestação do MP não é causa de nulidade do processo. Além disso, o STF já decidiu que a oitiva do MP é desneces- sária quando o tribunal já tiver fi rmado jurispru- dência acerca daquela controvérsia (ver jurispru- dência ao fi nal).
Art. 13. Concedido o mandado, o juiz trans- mitirá em ofício, por intermédio do ofi cial do juízo, ou pelo correio, mediante correspondên- cia com aviso de recebimento, o inteiro teor da sentença à autoridade coatora e à pessoa jurídica interessada.
Parágrafo único. Em caso de urgência, po-
derá o juiz observar o disposto no art. 4º desta Lei.
Art. 14. Da sentença, denegando ou con-
cedendo o mandado, cabe apelação.
§ 1º Concedida a segurança, a sentença
estará sujeita obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição.
§ 2º Estende-se à autoridade coatora o di- reito de recorrer.
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§ 3º A sentença que conceder o mandado
de segurança pode ser executada provi- soriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar. § 4º O pagamento de vencimentos e vanta- gens pecuniárias assegurados em senten- ça concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e munici- pal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.
Comentários: Quando o julgador concede a se- gurança, isso signifi ca que a Administração Pú- blica fi cou vencida, razão pela qual a sentença mandamental deverá ser submetida à remessa necessária(art. 496 do CPC).
Art. 15. Quando, a requerimento de pes-
soa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Públicoe para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunalao qual cou-
ber o conhecimento do respectivo recurso sus-
pender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá
agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua interposição.
§ 1º Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput
deste artigo, caberá novo pedido de sus-
pensão ao presidente do tribunal compe- tente para conhecer de eventual recurso especial ou extraordinário.
§ 2º É cabível também o pedido de suspensão a que se refere o § 1º deste arti-
go, quando negado provimento a agravo
de instrumento interposto contra a limi- nar a que se refere este artigo.
§ 3º A interposição de agravo de instru- mentocontra liminar concedida nas ações movidas contra o poder público e seus
agentes não prejudica nem condiciona
o julgamento do pedido de suspensão a que se refere este artigo.
§ 4º O presidente do tribunal poderá confe- rir ao pedido efeito suspensivo liminarse constatar, em juízo prévio, a plausibilidade
do direito invocado e a urgência na conces- são da medida.
§ 5º As liminares cujo objeto seja idêntico poderão ser suspensas em uma única deci- são, podendo o presidente do tribunal es- tender os efeitos da suspensão a liminares supervenientes, mediante simples adita- mento do pedido original.
Comentários: Esse dispositivo trata sobre o ins- tituto conhecido como “suspensão de seguran- ça”.
O pedido de suspensão é um incidente proces- sual por meio do qual as pessoas jurídicas de di- reito público ou o Ministério Público requerem ao Presidente do Tribunal competente a suspensão da execução de uma decisão, sob o argumento de que ela pode causar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. Para que a suspensão seja concedida, devem fi - car comprovadas a plausibilidade jurídica do pe- dido (fumus boni juris) e a urgência na concessão da medida (periculum in mora).
O Presidente do Tribunal vai fazer um juízo de cognição sumária e, caso acolha o pedido, vai suspender a execução da liminar ou da sentença/ acórdão. Essa decisão, portanto, se limita à aná- lise da suspensão ou não de efeitos da decisão, não se imiscuindo no mérito da causa.
Dessa decisão caberá agravo interno para o Ple- nário ou Corte Especial do próprio Tribunal. Se, na decisão do agravo, não for concedida ou man- tida a suspensão, poderá ser apresentado um novo pedido de suspensão para o Presidente do STJ ou do STF, a depender da natureza da maté- ria.
Vale ressaltar que a liminar também poderá ser impugnada por meio de agravo de instrumento (art. 1.015, I, do CPC), já que a suspensão de se- gurança não tem natureza de recurso.
Art. 16. Nos casos de competência origi- nária dos tribunais, caberá ao relator a instrução
do processo, sendo assegurada a defesa oral na
sessão do julgamento do mérito ou do pedido liminar.