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Como foi criado, como atua e as perspectivas futuras de um dos maiores sistemas de saúde do Mundo.

No documento LasVegas: SSN (páginas 32-37)

prestação de serviços de assistência à saúde da população;

• Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;

• Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.

Áreas de atuação

Segundo o artigo 200 da Constituição Fe- deral, compete ao SUS:

• Controlar e fiscalizar procedimentos, produ- tos e substâncias de interesse para a saúde e parti- cipar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do traba- lhador;

• Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

• Participar da formulação da política e da e- xecução das ações de saneamento básico;

• Incrementar em sua área de atuação o de- senvolvimento científico e tecnológico;

• Fiscalizar e inspecionar alimentos, com- preendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

• Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de

substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radio- ativos;

• Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

SUS atualmente

No Brasil, a saúde se constitui um direito fundamental, sendo uma garantia constitucional, compondo um dever do Estado, que deve oferecer à população um sistema com condições de realizar serviços com qualidade, disponibilizando o melhor atendimento possível às pessoas.

O modelo vigente no Brasil, como na maioria dos países, é o universal. Todo mundo, não importa a classe social, pode e deve ser atendido em um pronto-socorro, fazer consultas com especialistas, realizar o pré-natal e o parto, além de exames labo- ratoriais, entre outros procedimentos. Podemos citar as grandes campanhas que tornam o Brasil referên- cia mundial: as campanhas de vacinação, o sistema nacional de transplantes e a assistência aos porta- grandes disparidades sociais e regionais do Brasil.

Pelos princípios organizacionais, o SUS e- xiste em três níveis ou esferas – nacional, estadual e municipal, cada um com seu comando único e atribuições específicas – os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade, onde o nível primário deve ser oferecido diretamente à população – enquanto que os outros níveis devem ser utiliza- dos apenas quando necessário – e cada serviço de saúde tem sua área de abrangência, ou seja, é responsável pela saúde de uma determinada parte da população.

Além disso, os princípios do SUS garantem a participação popular por meio das Conferências de Saúde e dos Conselhos de Saúde, e estabelecem que o SUS deve ser eficiente e eficaz, produzindo resultados com qualidade.

Outros princípios estabelecidos pela Lei Orgânica da Saúde:

• Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

• Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

• Divulgação de informações quanto ao po- tencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;

• Utilização da epidemiologia para estabe- lecimento de prioridades, alocação de recursos e orientação programática;

• Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio-ambiente e saneamento básico;

• Conjugação dos recursos financeiros, tec- nológicos, materiais e humanos da União, dos es- tados, do Distrito Federal e dos municípios, na

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dores de HIV como exemplos de um trabalho sério e com resultados sólidos e positivos nos indicadores de saúde. Tudo de graça. Além disso, também com- pete ao SUS outras atribuições como a fiscalização e produção de medicamentos, o combate a doenças epidemiológicas, o apoio à pesquisas científicas e às contribuições relacionadas ao saneamento básico, fiscalização de alimentos, bebidas etc.

Contudo, mesmo com números expressivos, no decurso de sua implementação, houve um dis- tanciamento entre as formulações legais vigentes e a concretização das ações atinentes ao SUS, com- prometendo o atendimento à população, além de não atingir as metas traçadas para a saúde pública no país. Um exemplo da má administração pode ser observado pelo fato ocorrido no período que foi de 2002 até o final de 2005, em que o número de leitos hospitalares diminuiu em 28 mil, sendo que houve um aumento no número médio de internações por leito, passando de 42 para 58 no período destacado. O Brasil ressente de uma saúde pública e um siste- ma hospitalar capaz de dar um atendimento digno à grande parcela da população brasileira.

Dessa forma, a população sai prejudicada por pagar impostos e não conseguir o retorno espe- rado de um atendimento digno a saúde. Restando àqueles que não possuem condições de atendimen- to no setor privado recorrer a um sistema que, com- provadamente, é incapaz de prover um programa de saúde adequado às necessidades existentes, reve- lando claramente a continuidade de desvalorização histórica da saúde e da medicina no país, mesmo havendo uma legislação que procura viabilizar um sistema que realmente atenda às necessidades da população de forma ampla.

Apesar das falhas, o SUS contribuiu, de ma- neira geral, com a melhoria do cenário da saúde pública no país. Sem o qual, provavelmente, a saúde no país estaria em uma situação mais pre- cária, uma vez que a população mais carente não te- ria condições de utilizar um plano de saúde privado e o tratamento digno de saúde seria exclusivo das classes com maior poder aquisitivo. Por outro lado outros fatores ainda precisam ser revistos: o Pro- grama permanece muito centralizado e improvisado, remunera mal os profissionais e dá margem a muita corrupção. Criou-se um Imposto Sobre as Opera- ções Financeiras para torná-lo mais viável, mas in- felizmente esse dinheiro está sendo desviado para outras prioridades do governo. O Brasil não tem, como ocorre em outros países, um imposto voltado

exclusivamente para a saúde, o que poderia custear as despesas da saúde para toda população.

O SUS em números

Dados positivos (estatística de 2004) • 64 mil unidades de saúde;

• 5.900 hospitais;

• 200 mil agentes comunitários; • 20 mil equipes de saúde de família; • 1,5 bilhão de atendimentos ambulatoriais; • 12 milhões de internações;

• 300 milhões de exames laboratoriais; • 1 milhão de tomografias;

• 160 mil ressonâncias;

• 6,5 milhões ultra-sonografias;

• 8 milhões de seções de hemodiálise; • 23.400 transplantes de órgãos e tecidos; • 105 mil cirurgias oncológicas;

• 140 milhões de vacinas aplicadas; Dados negativos (números de 2007)

• 13 milhões de hipertensos e 4,5 milhões de diabéticos não têm acesso ao SUS;

• Estima-se que 25% dos portadores de tu- berculose, malária e hanseníase estejam sem trata- mento;

• 10 milhões de obesos não são atendidos de forma adequada no sistema público;

• A fila para próteses é de aproximadamente 1 milhão de pessoas;

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O futuro do SUS depende das ações que o governo está tomando atualmente. Com uma boa administração e sensata aplicação dos impostos atrevo-me a dizer que é possível sim esperar um bom futuro para o SUS. O Programa ainda tem mui- tos obstáculos para superar e muito para aprender, mas somente assim podemos renovar as

esperanças por um sistema de saúde digno, democrático e de qualidade para todos os brasileiros.

Participação dos usuários

O Sistema Único de Saúde é um sistema novo e em constante aperfeiçoamento. Uma forma direta de estarmos presentes nas decisões dessa construção e opinarmos nela é participando do Con- selho Municipal de Saúde.

Os Conselhos são fóruns colegiados (isto é, membros têm poderes iguais) que têm uma função deliberativa. Deliberação é resolução de questões mediante discussão. Ou seja, a função dos Conse- lhos Municipais é discutir mensalmente os problemas da saúde de cada município. Estes podem envolver a fiscalização das políticas públicas de saúde, confir- mação de sua eficiência, formulação de estratégias da aplicação dos recursos, problemas isolados nas unidades de saúde.

Para participar do Conselho é preciso ape- nas comparecer às reuniões, com direito à voz. Os participantes que possuem direito a voto são elei- tos dentro de uma comissão formada em cada Uni- dade Básica de Saúde. Se na Unidade não houver comissão, a pessoa pode se candidatar diretamente na chapa do Conselho. Dessa forma, é possível que os problemas de cada Unidade bem como reclama- ções e sugestões de cada usuário sejam levados aos gestores do município. Os conselhos são forma- dos da seguinte forma: 50% de usuários; 25% de trabalhadores de Saúde e 25% de gestores públicos, privados conveniados ou sem fins lucrativos.

As reuniões do Conselho Municipal de Ara- raquara datam da última quarta – feira de todo mês, às 16 horas no Paço Municipal.

A notícia mais remota a respeito da existên- cia de Conselho de Saúde no Brasil data de 13 de ja- neiro de 1937 com a Lei n. 378. Para a consolidação da rede regionalizada que constitui o SUS é preciso descentralização das decisões. A Lei nº 8.142 dis- põe sobre a participação da comunidade na gestão • Cerca de 90 mil pessoas aguardam uma

vaga para radioterapia;

• Para fazer um parto, o SUS paga menos da metade do que na rede privada de saúde.

O Futuro do SUS

Fazer alguma predição sobre o futuro do SUS se torna complicado devido às falhas que o Programa tem desde sua criação até hoje. Embora sejam grandes os recursos destinados à saúde, em relação a outros setores, é possível afirmar que eles são insuficientes, visto que recursos foram redire- cionados para o Programa de Aceleração do Cresci- mento e para as obras da Copa do Mundo em 2014. Mas diante da tempestade na saúde da economia, o governo prefere comprometer o direito universal à saúde. O Estado brasileiro contenta-se em cobrir apenas 41% do gasto em saúde, quando a maior par- te dos países que optaram por sistemas universais responsabilizam-se por mais de 80% desta despesa. Não há sinais de políticas que incrementem recursos federais nos próximos anos, contemplando investi- mentos para a ampliação da infraestrutura e o cus- teio da rede de serviços. Assim, além de recursos, o SUS necessita de uma melhoria na sua adminis- tração, é preciso empenho dos conselhos regionais e dos políticos atentos às suas diretrizes para fis- calizar os recursos disponíveis a cada diretriz. Sem falar na má remuneração dos profissionais da saúde que deveria ser revista uma vez que, profissionais insatisfeitos levam a uma queda da qualidade do Programa.

Com o envelhecimento da população brasilei- ra, serão necessários novos planejamentos e mais investimentos voltados para este setor da popula- ção. É exatamente nisso que o governo e os admi- nistradores devem pensar a médio e longo prazo.

O Programa tem mostrado bons resultados, como o sucesso das campanhas de prevenção, uma maior eficiência na doação e transplantes de órgãos e o programa saúde da família – que já faz parte da nova proposta de atenção à saúde, voltada para doenças crônicas.

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Esse debate tem se tornado muito comum na sociedade. O Sistema Único de Saúde vem sendo muito criticado pela sociedade que se utiliza e tam- bém pela que não se utiliza dele. Os planos seiam e podem pagar pelo seu atendimento popularmente considerado de maior qualidade, também tem sido alvo de grandes discussões. É importante levantar questionamentos sobre quais são os fatores que favorecem ou desfavorecem a utilização de cada sistema.

Entretanto, um ponto pouco falado é so- bre uma parte do financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) em relação ao ressarcimento de despesas de hospitais públicos com pacientes de planos de saúde, em procedimentos pagos por es- tes.

A lei federal 9.656, de 3 de junho de 1998, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde, estabelece em seu artigo 32 que devem ser ressarcidos pelas operadoras todos os serviços de atendimento à saúde previstos nos respectivos contratos, prestados a seus consumi- dores e respectivos dependentes, realizados em instituições do SUS.

As empresas reduziram, no período entre 2007 – 2009, em 80% o pagamento desse ressarci- mento, alegando a inconstitucionalidade desta lei, já que a “saúde é um direito de todos”.

do Sistema, o que garante a construção de Conse- lhos Municipais em todo o território nacional.

O Conselho Municipal é, portanto, um espa- ço aberto à opinião de todos nós usuários, onde tam- bém é possível se informar mais sobre os andamen- tos da saúde do município onde residimos. O dever de construir um sistema de saúde que dê suporte à demanda populacional e seja realmente igualitário e universal é não só dos gestores mas também das pessoas que o utilizam.

Utilizo-me do SUS sem saber...

Quando pensamos em SUS normalmente relacionamos apenas à utilização das Unidades Básicas de Saúde. Entretanto, como o Sistema de Saúde está vinculado a diversas instituições, as atividades são diversas. Por exemplo, a fiscaliza- ção de propagandas relacionadas à saúde como a de medicamentos, a fiscalização de derivados do tabaco, de cosméticos, de agrotóxicos, da vigilância de produtos pós-comercialização. E estas são só as atividades realizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

A própria Agência Nacional de Saúde Suple- mentar (ANS) que regula os interesses públicos rela- cionados aos planos de saúde é um órgão vinculado ao SUS. Ou seja, mesmo sendo usuário de um plano privado, não se está desligado do SUS.

SUS x Planos de Saúde

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