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COMPONENTES APROVEITÁVEIS (CENÁRIO RM)

4.2. AVALIAÇÃO DE IMPACTO DE CICLO DE VIDA

4.2.6. Comparação dos Cenários

O confronto comparativo dos resultados dos Cenários demonstrou que o RM detém melhor desempenho ambiental que os Cenários AS e RC, sendo ainda o Cenário RC preferível ao AS. Como mencionado nos itens anteriores, o grande consumo energético durante a fase de uso e manutenção foi o grande gerador de impacto para todas as categorias analisadas. Os impactos totais gerados por cada compressor, segundo especificações de cada Cenário bem como pressupostos já descritos nesta dissertação estão compilados na Tabela 26.

Para a categoria de Depleção Abiótica, os Cenários RM e RC apresentaram pequenas variações comparados ao AS, com pouco mais de 1,4% e 1,1% de redução de impacto respectivamente. Com relação à categoria de Aquecimento Global, as diferenças ou melhorias são menos visíveis. O Cenário AS apresentou o pior desempenho ambiental, embora muito semelhante aos demais. Entre o Cenário AS e os Cenários RM e RC a diminuição das emissões apresentou-se na faixa de 0,4%. Do consumo energético, as variações foram de 0,35% e 0,24% para a mesma análise comparativa entre o Cenário AS e os Cenários RM e RC. A quarta e última categoria de impacto analisada apresentou o mesmo padrão com o posicionamento do AS como pior cenário, enquanto que o RM demonstrou os menores impactos. Em relação à Ocupação de Terra, ocorreu uma diminuição de 0,32% entre os Cenários AS e RC, e de 11,18% entre o Cenários AS e RM.

Tabela 26. Geração de impacto ambiental para os Cenários.

Categoria de

Impacto Depleção Abiótica Aq. Global Energia D.T.A. Ocupação de Terra

Unidade kg Sb eq kg CO2 eq MJ eq m2·a

Cenário AS 379,35 135022,81 2905909,04 5057,65

Cenário RC 375,17 134547,20 2899051,83 5041,27

Cenário RM 374,05 134445,91 2895699,20 4492,04

Os valores atribuídos a cada cenário sem incluir a fase de uso e manutenção seguem na Tabela 27.

Tabela 27. Geração de impacto ambiental para os Cenários, sem a fase de Uso e Manutenção.

Categoria de Impacto Depleção Abiótica Aq. Global Energia D.T.A. Ocupação de Terra

Unidade kg Sb eq kg CO2 eq MJ eq m2·a

Cenário AS 11,58 1248,03 28088,66 1757,06

Cenário RC 7,40 772,42 21231,45 1740,68

Cenário RM 6,28 671,13 17878,82 1191,45

Para a categoria de impacto de Depleção Abiótica a variação no desempenho ambiental passou a ser de 45,8% entre os Cenários RM e AS e de 36,1% entre RC e AS, sendo o Cenário AS aquele de pior desempenho. Já as reduções para a categoria de Aquecimento Global entre o Cenário AS e os Cenários RC e RM passaram a ser de 38,1% e 46,22%, respectivamente. Com relação ao consumo energético, o Cenário RC consumiu 6857,21 MJ a menos que o Cenário AS, o que significa uma redução percentual de aproximadamente 24,5%. Comparado ao Cenário RM, o AS apresenta um consumo 36% superior. Estes valores estão em conformidade com a afirmação de Björklund e Finnveden (2005), que apontaram que a reciclagem de materiais não renováveis (como os metais) possui desempenho ambiental preferível à incineração e ao aterramento, tanto em relação ao Aquecimento Global quanto à Demanda Acumula de Energia. Os mesmos autores complementam que normalmente os impactos evitados (pelos produtos reciclados) são significativos o suficiente para motivar a reciclagem.

Por último, a ocupação de terra apresentou valores muito semelhantes para os dois primeiros Cenários, permanecendo o posicionamento do RC a frente do AS em melhor desempenho ambiental. O RM é o Cenário que destoa, apresentando cerca de 32% de redução em relação à AS.

O posicionamento dos cenários, conforme desempenho ambiental por categoria de impacto, pode ser melhor visualizados na forma de gráficos apresentados na Figura 33, exceção à fase de uso e manutenção dos compressores.

Figura 33. Geração de impactos ambientais para os três cenários analisados, sem a fase de uso e manutenção.

Este posicionamento atende as exigências do órgão ambiental americano (USEPA, 2000) e da diretriz Europeia para REEE, que impõe a prioridade para a reutilização ou reúso dos equipamentos, subconjunto e consumíveis sempre que possível. Quando não for possível, opta-se pela valorização por meio da reciclagem e da recuperação, dando ao produtor incentivos para o uso de componentes reciclados junto com novos componentes (UNIÃO EUROPÉIA, 2003). Segundo esta diretriz, o reúso e a recuperação dos REEE são opções ambientais melhores. Esta afirmação e o resultado comparativo desta dissertação estão alinhados com afirmações dos autores Lindahl, Sundin e Östlin (2006) que posicionam as opções ambientalmente preferíveis em: 1) redução do uso de materiais; 2) reúso de componentes e a recauchutagem; 3) Remanufatura; 4) reciclagem dos materiais; 5) incineração com recuperação de energia e; 6) aterramento.

0 2 4 6 8 10 12 14

Cenário AS Cenário RC Cenário RM

k g d e S b e q u iv a le n te Depleção Abiótica 0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Cenário AS Cenário RC Cenário RM

K g d e C O 2 e q u iv a le n te Aquecimento Global(GWP100) 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000

Cenário AS Cenário RC Cenário RM

M J e q u iv a le n te

Demanda Acumulada de Energia

0 500 1000 1500 2000

Cenário AS Cenário RC Cenário RM

m

²a

Com relação às variações no desempenho entre os três Cenários, estas ocorrem principalmente em virtude da diferença em consumo das matérias-primas virgens (peças e componentes), e da concepção de impacto evitado quando na reciclagem dos materiais.

O cenário RC passa a ser o preferível à AS a partir do momento em que a concepção de produto evitado é considerado. Anteriormente, no RC apenas acrescenta impactos ambientais ao seu desempenho, pelos processos, consumo e gerações intermediários. O encaminhamento de REEE para aterros sanitários não acrescenta quaisquer impactos positivos, tanto ambientais quanto econômicos, como concluíram Dowdell et al. (2000). Enquanto que o motivo para que o Cenário RM seja ambientalmente preferível à RC e à AS, segundo as categorias analisadas, reside no fato de o mesmo necessitar de menos matéria- prima virgem para preencher a unidade funcional proposta, somados os dois compressores novos e as peças repostas para ambos na remanufatura; na menor necessidade de processos de manufatura; e no montante de frações recicladas consideradas como produto evitado (tanto nas peças não reaproveitáveis quanto na reciclagem do compressor esgotado). De modo que, o acréscimo de impacto ambiental gerado pelos processos de remanufatura e logística reversa foram inferiores aos ganhos positivos deste cenário.

A Remanufatura como Cenário de pós-uso também obteve melhor desempenho ambiental em pesquisas realizadas por Biswas e Rosano (2011), comparando-se com à fabricação de um compressor novo. Apesar das características do compressor analisado e do escopo da ACV destes autores diferirem deste presente estudo em sistema de produto analisado, em fronteiras do sistema (não considera fases de uso e disposição final) e quantidade de peças repostas, os autores

alcançaram diminuições de até 90% para as emissões de CO2

equivalente, entre um compressor novo e um remanufaturado. Smith e Keoleian (2004) comparam motores de ignição (novo e remanufaturado) e, embora também não envolveram o uso e a disposição final dos mesmos no escopo do estudo, concluem que os remanufaturados geram menores impactos. Conforme os pesquisadores Dowdell et al. (2000) a remanufatura é preferível à reciclagem e que o aterramento de 100% de equipamentos eletroeletrônicos (estudo baseado nos sistemas de produto: televisão, máquina de lavar, aspirador, cortador de grama, telefone, computador e geladeira) se destaca como pior cenário em uma análise de custos e ambiental. Kerr e Ryan (2001), Lindahl, Sundin e Östlin (2006) obtiveram conclusões semelhantes.