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2.3. GESTÃO DE RESÍDUOS

2.3.3. Pós-Uso de um Compressor

Este item da revisão bibliográfica pretende abordar os tratamentos e disposições finais possíveis de serem aplicadas ao compressor de ar descartado (de acordo com a composição do mesmo e as disposições da PNRS de 2010).

O gerenciamento de resíduos sólidos de um modo mais amplo, compreende o conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final

ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos (BRASIL, 2010a). Antigamente, como explica Ciambrone (1997), a destinação natural para um produto era o aterramento, caso fosse sólido, ou estação de tratamento de efluentes (ETE) para líquidos. Mais recentemente, a destinação final ambientalmente adequada foi definida envolvendo mais elementos processuais. Segundo o PNRS (BRASIL, 2010a), envolve a destinação de resíduos incluindo a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do SISNAMA do SNVS e do SUASA, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos.

Leite (2006) aponta dois grandes canais adotados para a revalorização de produtos: o “desmanche”e a “reciclagem”. O autor conclui que na impossibilidade dessas revalorizações, os bens de pós- consumo encontram então a disposição final em aterros sanitários ou a incineração controlada.

Existem diferentes definições para a remanufatura, mas a maioria são variações da mesma idéia básica de reconstrução produto (SUNDIN, 2004). De acordo com Kumar e Putnam (2008, p. 312) é um processo de "restauração de um produto a como nova condição, reutilizando, recondicionamento e substituição de peças". Hoje em dia há cada vez mais empresas que estão implementando estratégias de remanufatura, a fim de manter o valor acumulado de produtos ou componentes (KUMAR; PUTNAM, 2008). Além dos benefícios econômicos, Guide Jr. et al. (2000) concluem que a fabricação recuperável é uma forma concreta de alcançar muitos dos objetivos de desenvolvimento sustentável.

Emblemsvag (2003) aponta que as partes passíveis de serem reaproveitadas passam por processo de desmontagem, limpeza e remodelagem, entrando na linha de produção conjuntamente com peças novas para resultar em uma nova unidade com performance suficiente para retornar ao mercado. Recuperando o produto outrora sem valor para o usuário, e permitindo que ele supra novamente as necessidades do consumidor (WANG; GUPTA, 2011; LINDAHL et al., 2006).

A remanufatura pode reduzir significativamente a intensidade dos recursos e aumentar a eco-eficiência de sistemas de produto pela reutilização das partes (BISWAS; ROSANO, 2011). Alguns autores complementam apontando que a remanufatura minimiza o impacto

ambiental da indústria, pela reutilização de materiais e, conseqüentemente, pela redução do consumo de matéria-prima, demandando menos energia, e reduzindo a necessidade de produtos encaminhados à aterros industriais (BISWAS; ROSANO, 2011; KERR; RYAN, 2001; GUIDE JR. et al., 2000; AMEZQUITA et al., 1995), o que também é economicamente benéfico.

A reciclagem, é descrita pelo PNRS como o processo de transformação dos resíduos sólidos que envolvem a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos (BRASIL, 2010a). Lindahl et al. (2006) a definem como processo no qual materiais que seriam destinados ao descarte são coletados, processados, e remanufaturados em novos produtos. Enquanto que, Leite (2006) exemplifica este processo, utilizando a reciclagem de metais, na qual geralmente são: extraídos de diferentes tipos de produtos descartados ou de resíduos industriais para se constituírem em matérias-primas secundárias a serem reintegradas no ciclo produtivo.

Curran (1996) ressalta que a reciclagem de produtos ou resíduos pós-consumo é diferente da reciclagem de resíduos industriais ou oriundos de processos de manufatura. No âmbito da reciclagem pós- consumo, Guineé, De Haes e Huppes (1993), destacam dois métodos mais comuns, a reciclagem de ciclo aberto (open-loop) e a reciclagem de ciclo fechado (closed-loop). Estes são identificados, segundo Curran (1996) pela natureza do processo de reciclagem, e dos materiais envolvidos. Emblemsvag (2003) afirma que esta destinação é a estratégia mais comumente utilizada para se fechar o ciclo de materiais. A reciclagem de ciclo fechado é aquela em que o material retorna para o mesmo processo produtivo (CURRAN, 1996). Enquanto que a reciclagem de ciclo aberto resulta em novos produtos ou materiais que são empregados em outros ciclos produtivos ou apenas disponibilizados no mercado.

No entanto, um sistema que "fecha o ciclo" por meio de reciclagem pode ser apenas ligeiramente mais ecológico e economicamente eficiente do que aquele que descarta o produto como resíduo em um aterro, por exemplo (KERR; RYAN, 2001).

O aterro sanitário é a opção para a disposição final dos rejeitos que são a parcela dos resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada

(BRASIL, 2010a). Para Emblemsvag (2003) trata-se do último recurso para a disposição final de produtos porque como concluíram Wang e Gupta (2011), o aterramento e a incineração são escolhas pobres para o meio ambiente, mas que, no entanto, é a opção para resíduos e produtos que não apresentam viabilidade de reciclagem seja técnica ou economicamente.

Leite (2006), explica que tradicionalmente são consideradas “disposições finais seguras”, sob o ponto de vista ambiental, os aterros sanitários tecnicamente controlados, em que os rejeitos são “estocados”entre camadas de terra para que ocorra a absorção natural ou são incinerados. Por definição o aterro sanitário é uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais (IPT, 1995). Segundo esta mesma fonte, o aterramento busca confinar os rejeitos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão da jornada de trabalho ou a intervalos menores, se necessário.

Independente do pós-uso ou cenário final, o produto obsoleto necessita ter seu retorno aplicado. Leite (2006) demonstra pelo fluxograma (Figura 6), o foco de atuação da logística reversa, envolvendo os processos de descarte, reciclagem e remanufatura.

Figura 6. Foco de atuação da logística reversa, com ênfase no pós-consumo. Adaptado de Leite (2006).