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Um estudo comparativo das políticas públicas de monitoramento nos estados do Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro

2 IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O MONITORAMENTO DE PROGRAMAS NO CEARÁ, MINAS GERAIS E

2.5 Um estudo comparativo das políticas públicas de monitoramento nos estados do Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro

A implementação de políticas públicas nos três estados mencionados – Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro – é parte das estratégias utilizadas pelas respectivas Secretarias de Educação com foco na melhoria do resultado nas avaliações em larga escala do governo federal e, consequentemente, no ranking do IDEB.

Com o estudo, foi possível perceber que os estados do Ceará e de Minas Gerais vêm adotando medidas com foco na gestão e no processo ensino- aprendizagem desde a década de 1990. Já no estado do Rio de Janeiro, a adoção de um programa de relevância na gestão escolar foi possível somente após a nomeação do então gestor da Secretaria – Wilson Risolia – que ocorreu no final de 2010. A implementação das ações, que têm como base o programa gerencial da GIDE nas escolas da rede, teve início a partir de janeiro de 2011. Antes, porém, foi instituído o PEGE que teve como objetivo fomentar as ações do programa PDE- Escola e também a elaboração de projetos financiáveis de autonomia das próprias unidades para melhorar o processo ensino-aprendizagem. Nesse período a SEEDUC-RJ formou cento e sessenta Orientadores de Gestão para acompanhar, orientar e monitorar as ações dos programas.

No caso do Ceará, a SEDUC-CE instituiu o SPAECE no ano de 1992 como projeto-piloto para avaliar o rendimento escolar dos alunos de 4ª e 8ª séries em diversas escolas estaduais localizadas na capital do estado. De 2003 a 2006, a Secretaria implementou as ações do programa “Escola Melhor, Vida Melhor” com o acompanhamento permanente de um comitê específico formado por técnicos Do órgão, buscando conhecer e acompanhar as principais causas do baixo nível de aprendizagem na parte de escrita e leitura dos alunos da rede.

A SEE-MG desenvolveu o programa “Pró-Qualidade” com a utilização de recursos financeiros do Banco Mundial. Para isso, estabeleceu critérios para melhorar a gestão que estava se desenvolvendo nas unidades escolares, procedeu

à oferta de cursos de formação continuada para gestores e docentes com ações participativas no cotidiano escolar e mudanças no currículo das disciplinas em todos os segmentos de sua competência. Cabe ressaltar que o Estado criou também o SIMAVE. Esse sistema próprio de avaliação possibilita fazer um levantamento mais preciso das reais necessidades a serem trabalhadas pelos docentes, pois possibilita detectar as dificuldades de aprendizagem dos alunos através das habilidades e competências cobradas nos testes de proficiência.

Uma estratégia inovadora adotada pela SEEDUC-RJ, que a diferencia das outras duas Secretarias, relacionada aos seus sistemas de avaliação, é a avaliação bimestral que a Secretaria Estadual do Rio de Janeiro vem adotando desde 2011 – o SAERJINHO. Os demais estados desta pesquisa realizam suas avaliações em larga escala apenas uma única vez no ano.

A seguir, será apresentado um quadro que representa algumas semelhanças e diferenças nos programas adotados pelas respectivas Secretarias de Educação dos estados do CE, MG e RJ.

Quadro 3 – Síntese de programas educacionais em políticas públicas no CE, MG e RJ

Características Ceará Minas Gerais Rio de Janeiro Programa Educacional

do Estado Escola Melhor, Vida Melhor Pró-Qualidade Planejamento Estratégico

Ano de implementação 2003 1993 2011 Principais dimensões dos programas Frequência de alunos e professores; rendimento e fluxo escolar; desempenho acadêmico nas avaliações externas; ambiente educativo; espaço físico; o processos escolares – lotação, matrícula; planejamento e práticas pedagógicas; metas previstas no Plano de Metas das Escolas (PLAMETAS); instrumentos de gestão – calendário, regimento escolar, PPP. Adoção de planejamento com enfoque gerencial (planejamento estratégico); desenvolvimento de múltiplas modalidades de formação continuada e de trabalhos participativos; favorecimento das ações incentivadoras da autonomia das práticas pedagógicas, estimulando a própria comunidade escolar a solucionar problemas pedagógicos prioritários definidos pelas escolas. Meritocracia na rede para as funções estratégicas; currículo mínimo por disciplinas; valorização da carreira profissional da educação; Gestão Integrada da Escola; Plano de Metas; remuneração variável. Responsáveis pelo monitoramento dos programas Técnicos da Superintendência Escolar Técnicos das Superintendências Regionais de Ensino Agentes de Acompanhamento da Gestão Escolar Fonte: Elaboração própria.

Diante dos fatos abordados, os gestores municipais e estaduais passaram a instituir estratégias e programas para buscar melhores resultados no intuito de marcar positivamente suas administrações. Dessa forma, podemos notar que assim como Ceará, Minas Gerais e Rio de Janeiro, outros estados nacionais vêm desenvolvendo estratégias de avaliação por meio de sistemas próprios, modificações na grade curricular da rede, programas na área de gestão, formação continuada para equipe gestora e professores, grupos de servidores que orientam e acompanham planos de ação com metas definidas.

Pode-se observar neste estudo que uma das principais ações é a elaboração, a orientação, o monitoramento e a avaliação desses programas. Para isso, são utilizados exemplos de países desenvolvidos em que alguns programas mostraram resultados satisfatórios na sua concepção e forma de implementação.

Cabe dizer que a adoção de sistemas de avaliação pelos próprios estados (SPAECE, SIMAVE e SAERJ) serve de pano de fundo para justificar possíveis intervenções no sistema curricular da rede, nos instrumentos avaliativos internos adotados pelos docentes, entre outros.

Entendo, por fim, que os Estados abordados vêm adotando medidas no campo das políticas públicas em educação na tentativa de reverter situações detectadas ainda nos anos iniciais do Ensino Fundamental e que se arrastam há anos ou décadas. Atualmente, com o amadurecimento do processo democrático, maior pressão popular para a garantia dos direitos sociais e avanço nos meios de comunicação, torna-se cada vez mais difícil não apresentar os resultados obtidos em uma rede de ensino. Utilizar métodos administrativos ultrapassados em uma sociedade que busca um modo de vida cada vez mais moderno é uma das principais condições para o fracasso.