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2 IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE O MONITORAMENTO DE PROGRAMAS NO CEARÁ, MINAS GERAIS E

2.2 Programa de monitoramento em Políticas Públicas na Educação O caso do Estado do Ceará

Desde o início da década de 1990, a Secretaria de Estado de Educação do Ceará (SEDUC-CE) vem criando programas para melhorar a aprendizagem dos alunos que fazem parte de sua rede de ensino. Essa necessidade se deve a mapeamentos feitos pela SEDUC-CE para detectar as principais causas dos baixos níveis de aprendizagem na área de escrita e leitura na sua rede. Para isso, instituiu um comitê dentro da Secretaria voltado para avaliar o desempenho dos alunos nas séries iniciais do Ensino Fundamental I.

A Secretaria de Educação do Ceará possui um total de vinte Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação (CREDEs) distribuídas pela capital e interior do estado. Essas coordenadorias dão suporte pedagógico e administrativo a todas as escolas estaduais presentes nos municípios cearenses.

Diante dos desafios para fornecer uma educação de melhor qualidade em um Estado onde, segundo Vieira (2007), “a demanda por educação é elevada e os recursos reduzidos”, busca-se promover educação em uma região marcada pelos mais baixos índices socioeconômicos do país. Nessa realidade, foi criado, no período de 2003-2006, o programa “Escola Melhor, Vida Melhor”.

Antes mesmo desse programa, a Secretaria de Educação do Estado do Ceará havia criado um sistema de avaliação em larga escala para observar o

desempenho dos alunos das séries finais do Ensino Fundamental I e II. Sobre esse assunto, Vieira (2007) destaca:

O Ceará foi um dos primeiros estados da federação a criar um sistema estadual, em 1992, com uma experiência piloto de avaliação do Rendimento escolar dos alunos de 4ª e 8ª séries (avaliação das quartas e oitavas) numa amostra de 156 escolas da rede estadual e 14.600 alunos de 4ª e 8ª séries do ensino Fundamental da cidade de Fortaleza (VIEIRA, 2007, p. 50). A avaliação que a autora menciona, denominada Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica do Ceará (SPAECE), vem sendo ampliada ao longo dos anos, abrangendo, atualmente, os três níveis de ensino – Ensino Fundamental I e II, além do Ensino Médio. A implementação desse sistema possibilita detectar com mais precisão as dificuldades dos alunos avaliados, levando em consideração as habilidades e competências em cada etapa de ensino.

Diante do diagnóstico apresentado pelos alunos no conjunto de escolas da rede estadual, a SEDUC-CE instituiu a Superintendência Escolar (SE), ligada à Secretaria Executiva, SEFOR e CREDE. De acordo com Valle (2012),

A Superintendência Escolar consiste em um serviço que busca, através de uma ação dinamizadora, desenvolver estratégias de acompanhamento e monitoramento dos diretores de escolas, nas quais cada um se responsabiliza pela qualidade do ensino oferecido, pelo desempenho satisfatório dos estudantes e pelos resultados globais da escola (VALLE, 2012, p. 59-60).

A Secretaria conta com uma equipe de técnicos que atuam nas SEs para analisar os resultados dessas avaliações e, posteriormente, realizar ações de intervenção pedagógica com foco no processo ensino-aprendizagem nas séries com os rendimentos mais baixos. Essas ações pretendem contribuir nos trabalhos realizados por gestores e professores diante das dificuldades apresentadas em um processo que se constrói através da ação-reflexão-ação.

Para conhecer algumas das ações instituídas pela SEDUC-CE desenvolvidas nas escolas da rede estadual, buscando acompanhar os resultados e o desempenho dos alunos no programa “Escola Melhor, Vida Melhor”, Valle apresenta as seguintes considerações a partir das informações da própria Secretaria:

[...] o monitoramento do programa, que não tem um nome específico, fica a cargo da Superintendência Escolar. Este setor acompanha a frequência de alunos e professores, o rendimento e fluxo escolar, o desempenho

acadêmico nas avaliações externas, o ambiente educativo, o espaço físico, os processos escolares – lotação, matrícula, planejamento e práticas pedagógicas, as metas previstas no Plano de Metas das Escolas (PLAMETAS), os instrumentos de gestão – calendário, regimento escolar, PPP (Projeto Político Pedagógico) e PDE (Plano de Desenvolvimento da Escola) (VALLE, 2012, p. 60).

Dessa forma, pode-se afirmar que o programa que a gestão da Secretaria Estadual de Educação do Ceará implantou para conhecer, analisar e definir diretrizes, buscando a melhoria do rendimento escolar dos alunos, possui estreita relação com o programa implantado recentemente no Estado do Rio de Janeiro. As ações referentes à assiduidade dos discentes e docentes, ao desempenho nas avaliações internas e externas, à progressão para a série seguinte, entre outras, são definidas através de Planos de Metas, de acordo com as especificidades das escolas da rede.

Cabe ressaltar que, assim como a SEEDUC-RJ estabeleceu critérios para ocupação das funções estratégicas, desde 1995, o Estado do Ceará instituiu o critério técnico para a ocupação das funções de gestores escolares na sua rede. Nas palavras de Vieira, a adoção desse critério representa uma das maiores conquistas para a educação pública do Estado, pois, além de transparente e democrática, é possível reconhecer que “tal inovação trouxe muitos ganhos do ponto de vista da alternância do poder, representando alternativa positiva ao anterior critério da indicação política para a nomeação de cargos diretivos nas escolas” (VIEIRA, 2007, p. 46).

É necessário esclarecer que o critério técnico para a nomeação de gestores, em qualquer lugar do país, não é garantia de sucesso no desempenho dos alunos. Todavia, é fundamental utilizar critérios nas instituições públicas que possibilitem aos servidores alcançar cargos de confiança levando em consideração sua competência, maior comprometimento com os recursos públicos e responsabilidade com os resultados pedagógicos apresentados em sua escola.

Fazendo uma estreita relação desse estudo com minha prática na educação pública nos últimos anos, percebo que a adoção de critérios técnicos na escolha e nomeação de gestores escolares nas redes em estudo é importante e faz parte de um conjunto de (re) estruturação no setor público educacional brasileiro nas últimas décadas. Como uma das propostas do trabalho é apresentar dados que possam

contribuir para responder algumas das indagações mais específicas de minha experiência com a atuação do grupo que monitora o programa no Estado do Rio de Janeiro, é importante lembrar que a pesquisa não pretende esgotar o assunto proposto.

2.3 Programa de monitoramento em Políticas Públicas na Educação: o caso do