Programa de monitoramento em Políticas Públicas na Educação: o caso do Estado de Minas Gerais

O propósito desta parte do texto é conhecer o desempenho do programa Projeto Melhoria da Qualidade na Educação Básica (Pró-Qualidade), criado pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG), na rede de escolas sob sua responsabilidade, observando os resultados no processo ensino- aprendizagem na rede estadual de ensino. O objetivo desse programa surgiu da necessidade de desenvolver novas concepções no modelo de gestão escolar na educação do Estado, definindo um novo planejamento estratégico diante dos desafios nas demandas do contexto escolar.

Além desse programa, o governo do Estado de Minas Gerais, através da SEE-MG, institui, no ano de 2000, o Sistema Mineiro de Avaliação da Educação Pública (SIMAVE). Esse sistema utiliza a aplicação de testes para acompanhar e monitorar o rendimento escolar dos alunos que estivessem na 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e do 3° ano do Ensino Médio em sua rede. Em relação ao SIMAVE, Souza (s. d.) faz as seguintes considerações:

Os testes aplicados avaliam as competências desenvolvidas pelos alunos em Português, Matemática, História, Geografia e Ciências. Além da aplicação de testes outros instrumentos também são utilizados para o processo de avaliação, entre eles questionários destinados aos alunos, professores, especialistas e diretores de instituições escolares, com o objetivo de levantar dados sobre o processo de gestão das unidades escolares, sobre o perfil dos profissionais da educação, sobre os estudantes atendidos pelas escolas, e os recursos e serviços disponíveis nas unidades escolares (SOUZA, s. d., p. 2).

Além de medir o rendimento dos alunos nos testes aplicados nos anos finais de cada segmento, a proposta da SEE-MG era fazer um diagnóstico com os indicadores sociais dos diversos atores da comunidade escolar, servindo de base para a formulação de políticas públicas adotadas pela educação do Estado.

Buscando também desenvolver estratégias para melhorar o desempenho da gestão educacional e os resultados dos alunos nas escolas, a SEE-MG instituiu três programas com objetivos definidos de acordo com as principais necessidades apresentadas na sua rede de ensino. Sobre essa questão, Fonseca e Oliveira (2009) retratam seus objetivos da seguinte forma:

Integravam o Pró-Qualidade três programas complementares: o Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE), que visava à solução de problemas rotineiros e formas ultrapassadas de organização escolar, mediante a adoção de planejamento com enfoque gerencial (planejamento estratégico); o Programa de Apoio às Inovações Educacionais (Paie), que desenvolvia múltiplas modalidades de formação continuada e de trabalhos participativos, voltados para refletir acerca da realidade vivida na prática cotidiana da escola; e, completando essa tríade, o Projeto de Desenvolvimento e Enriquecimento Curricular (Prodec), cuja especificidade era favorecer as ações incentivadoras da autonomia das práticas pedagógicas, estimulando a própria comunidade escolar a solucionar problemas pedagógicos prioritários definidos pelas escolas (BANCO MUNDIAL, 1994; MINAS GERAIS, 1997, apud FONSECA e OLIVEIRA, 2009, p. 236).

Diante dessa constatação, nota-se a preocupação da gestão da SEE-MG em articular projetos educacionais na rede para melhor atender a suas especificidades. As inovações implementadas pelo programa Pró-Qualidade no cotidiano escolar da educação estadual de Minas se volta, principalmente, para o gerenciamento pedagógico, administrativo e financeiro de suas unidades.

Sobre o Plano de Implantação do Programa de Apoio às Inovações Educacionais, obtido a partir de documento oficial do Estado (s. d.), é possível mensurar que seus objetivos tinham como principais propostas:

Elevar o nível de qualidade das aprendizagens;

Favorecer uma atitude de busca de estratégias diferenciadas para promover o enriquecimento do processo ensino/aprendizagem e a efetivação de práticas pedagógicas renovadoras;

Desenvolver uma prática coletiva de reflexão sobre a escola e seus problemas pedagógicos, realizando, com autonomia, projetos para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem;

Possibilitar a adequação do currículo às peculiaridades sócio-culturais da comunidade escolar, promovendo aprendizagens significativas; incrementar a criatividade.

As ações criadas pela SEE-MG possuem propósitos de melhoria no resultado pedagógico, além de buscarem reduzir os índices de evasão e repetência de seus alunos, fomentando projetos educacionais a partir da realidade de cada escola. Nesse caso, uma das principais ações foi a elaboração e a implementação de ações

que reduzissem as dificuldades de aprendizagem detectadas ainda nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

As partes de acompanhamento, orientação e monitoramento do programa eram realizadas por uma equipe de profissionais educadores que atuavam nas SREs distribuídas pelo estado de Minas Gerais. A equipe composta por agentes escolares, que dava suporte às ações dos programas, realizava encontros periódicos com gestores e professores para analisar materiais curriculares, estratégias de ensino-aprendizagem, modelos didáticos e outras formas de organizar e gerir o currículo, a escola e a dinâmica da sala de aula (FONSECA e OLIVEIRA, 2009).

Conforme os apontamentos dos estudos realizados pela equipe de acompanhamento, foi possível perceber que, no programa, embora tenha havido avanços nos resultados apresentados pelo rendimento dos alunos, ainda é necessária uma mudança cultural no trabalho dos docentes, bem como em suas práticas pedagógicas. Além disso, é importante reconhecer que a participação da comunidade escolar na concepção de todas as etapas do programa possibilita maior engajamento e envolvimento dos atores na tomada de decisões e sucesso de suas ações para o alcance dos resultados propostos. Contudo, nota-se ainda que esse modelo é definido a partir das concepções adotadas pelo gestor responsável pela Secretaria e sua equipe que atua no órgão central.

2.4 Programa de monitoramento em Políticas Públicas na Educação do Estado