• Nenhum resultado encontrado

Compartimentação geomorfológica da bacia do Rio Verde

No documento robertomarquesneto (páginas 121-151)

O estudo regional das superfícies geomorfológicas é de grande valia para o entendimento da evolução do relevo e dos processos climáticos e tectônicos responsáveis pela atual configuração geomorfológica da bacia do Rio Verde, cujos sistemas de relevo sobrepõem a ação desses dois agentes fundamentais. O mapeamento e interpretação dos sistemas de relevo existentes, portanto, constitui procedimento de grande valia na articulação da evolução pós-cretácea e enfaticamente quaternária da área, à medida que demonstra o arranjo espacial desses conjuntos de formas distintos cronologicamente.

Tomando partido da conduta metodológica exposta anteriormente na presente pesquisa, ocupar-se-á nessa seção da apresentação e discussão em termos morfológicos, morfométricos, morfodinâmicos e cronológicos dos sistemas de relevo encontrados, representados em mapa morfológico construído de forma multiescalar e representado na escala de 1/250.000.

(I) Serra da Mantiqueira

Morfologias denudacionais/ estruturais (D)

Maciço montanhoso alcalino (Dma)

O batólito proeminente balizado principalmente em nefelina-sienitos representa o compartimento mais elevadiço da área de estudo e também de toda a fachada atlântica, ocupando na bacia do Rio Verde uma área de 172,17 km2 definida segundo os parâmetros que constam no quadro 4.3. Os maciços alcalinos de Itatiaia e Passa Quatro foram divididos no presente mapeamento em dois subcompartimentos:

Patamares de cimeira: topos e altas vertentes

Correspondem às cimeiras convexas e aplainadas e altas encostas, feições em grande medida preservadas da dissecação fluvial, representando o setor de maior alçamento da superfície do Japi. Os topos são, predominantemente, aguçados a convexos no maciço de Passa Quatro e aguçados a aplainados no Itatiaia, onde se formam, inclusive, brejos de altitude em zonas de cimeira.

Vertentes dissecadas com depósito de tálus

Pelo extenso domínio das vertentes dissecadas dos maciços alcalinos encontram-se espessos mantos coluviais em depósitos de tálus capeando encostas longas e declivosas. Descem até a faixa de 1200 metros de altitude apontando para o vale do Rio Capivari. A dissecação é profunda e costuma exceder a 300 metros e opera em declives médios superiores a 40%, padrão este que perfaz consideráveis extensões. A frequência de cursos d’água foi contada em 1,53 cursos/ km2.

O aspecto dômico do maciço dá margem ao predomínio de formas de vertentes convexas, principalmente aquelas voltadas para oeste e sudoeste. Segmentos retilíneos apresentam maior constância nas vertentes orientadas para NW.

Quadro 4.3. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dma.

ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes >40% Dissecação vertical média (m) >300 Comprimento de rampa médio 2356,25

(m) Frequência de canais (n° canais/km2) 1,53 Amplitude altimétrica (m) 1200 – 2890 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Aguçados a aplainados Formas predominantes das

vertentes

Retilíneas a convexas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Coluvionamento; escorregamentos rotacionais e translacionais. LITOLOGIAS PREDOMINANTES Nefelina-sienitos (intrusões cretáceo-paleógenas) ASPECTOS CRONOLÓGICOS Paleógeno (topos) ao Quaternário (vertentes dissecadas).

Cristas alongadas elevadas (Dcae)

Corresponde a importantes zonas de cisalhamento regionais, enfaticamente a zona de cisalhamento Paraíba do Sul; a partir da área de ocorrência das rochas intrusivas alcalinas, este compartimento se projeta para NE até Aiuruoca. Juntamente com o maciço alcalino configuram o degrau mais elevado da Serra da Mantiqueira, sobressaindo-se com freqüência acima de 2000 metros nas principais linhas de falha; compõem assim as cristas principais da Mantiqueira, que na bacia do Rio Verde apresenta área de 476,77 km2. Admitem também a subdivisão proposta para a unidade anterior

Patamares de cimeira: topos e altas encostas

Envolvem essencialmente as faixas interfluviais limitadoras das bacias dos rios Grande, Sapucaí e Paraíba do Sul. Os topos apresentam-se sensivelmente aplainados na Serra do Papagaio, com proeminências agudas e formação de vales altimontanos, e mais estreitos a oeste do maciço. Em ambos os casos limitam-se em forte ruptura de declive com as vertentes íngremes que em grandes extensões se projetam acima das surgências hídricas; em outros casos, cachoeiras em queda livre cortinam esses espelhos de falha.

As elevações principais excedem 2300 metros na extremidade norte, diminuindo em direção para aquém de 1900 metros até o contato com o maciço alcalino. Nas imediações de Virgínia as altitudes ficam em torno de 1600-1700 metros.

Encostas dissecadas em bloco falhado

Abarcam todos os compartimentos de vertente da linha de falha principal da Serra da Mantiqueira, bastante atacada pela erosão regressiva em contraste com os topos e altas encostas preservadas da erosão remontante. Predominam os declives superiores a 40%, assumindo valores extremos em alguns segmentos. Os canais são essencialmente encaixados e retilíneos, e tem como marca a dissecação profunda que exercem em resposta ao controle tectônico, significativamente responsável pela dissecação horizontal que ultrapassa a faixa de 300 metros de forma muito recorrente. O controle tectônico ativo pode ser verificado também pelas facetas trapezoidais dos blocos falhados e pelas grandes extensões retilíneas das encostas, sinalizando um apreciável pulso ascencional.

Os processos episódicos de evolução das encostas (escorregamentos, corridas, quedas de bloco) entram na composição da morfodinâmica verificada para a unidade de mapeamento em questão. Em situação similar ao que ocorre na região da Mantiqueira Meridional, a fragilidade potencial é considerável e as grandes mobilizações de materiais fazem parte da dinâmica da paisagem.

O quadro 4.4 sintetiza conjugadamente os aspectos geomorfológicos principais do compartimento em questão.

Quadro 4.4. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dcae.

ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes >40% Dissecação vertical média

(m) >300 Comprimento de rampa médio (m) 1639,47 Frequência de canais (n° canais/km2) 2,3 Amplitude altimétrica (m) 1200 – 2300 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Aguçados a aplainados Formas predominantes das

vertentes Retilíneas a convexas ASPECTOS MORFODINÂMICOS Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Coluvionamento; escorregamentos rotacionais e translacionais; queda de blocos.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Biotita xistos e biotita gnaisses ASPECTOS CRONOLÓGICOS Paleógeno (topos) ao Quaternário (vertentes dissecadas).

Cristas assimétricas paralelas (Dcap)

Ainda no domínio das Serra da Mantiqueira em suas principais zonas de cisalhamento, diferenciam-se cristas que se dispõem em paralelismo bem definido sob orientação geral NE- SW, orientação esta segundo a qual estão instalados vales paralelos retilíneos. Fazem parte das zonas de cisalhamento de São Bento do Sapucaí e Maria da Fé, que imbricam definindo um compartimento que na área de estudo ocupa 230,36 km2, e cujos traços definidores são sintetizados no quadro 4.5.

Patamares de cimeira: topos e altas encostas

Os níveis de cimeira nesse compartimento situam-se entre as faixas de 1600-1800 metros, com algum sobressalto acima de 1900 metros. Topos mais aplainados são verificados na Serra da Boa Vista e de Cristina; as serras da Pedra Grande e Barra Grande, por outro lado, conformam topos estreitos e aguçados limitados por vertentes de declividade relativamente uniforme, predominando inclinações superiores a 40% e amplitudes maiores que 300 metros.

Encostas dissecadas em bloco falhado

Configura também o equivalente do compartimento anterior. Caracteriza-se por declividades também pronunciadas (> 40% e 20-40%, predominantemente) em vertentes que podem ultrapassar 3000 metros de comprimento nas serras mais elevadas, enfaticamente a da Pedra Branca.

Quadro 4.5. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dcae.

ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40%; >40% Dissecação vertical média (m) >300

Comprimento de rampa médio (m) 1771,42 Frequência de canais (n° canais/km2) 1,56 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1850 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Aguçados a aplainados Formas predominantes das

vertentes

Retilíneas a convexas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Coluvionamento; escorregamentos rotacionais e translacionais.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Gnaisses, granitos e granulitos

ASPECTOS CRONOLÓGICOS

Paleógeno (topos) ao Quaternário (vertentes dissecadas).

Vertentes serranas dissecadas (Dvs)

Esse modelado se afigura entre o maciço alcalino e a região das cristas paralelas a partir de Cristina em 167,97 km2. Nesse meio a crista principal da Mantiqueira se dispõe em alinhamento definido marcado por desvio abrupto na orientação geral do divisor. O desvio em questão coincide com o ponto a partir do qual a bacia do Rio Verde deixa de separar suas águas da bacia do Rio Paraíba do Sul e passa a manter divisão interfluvial com a rede hidrográfica que drena para o interior (bacia do Rio Sapucaí), sob controle de alinhamento tectônico onde se alojam os rios Passa Vinte (bacia do Rio Paraíba do Sul, SP) e Passa Quatro (bacia do Rio Verde, MG).

Morfologicamente este compartimento compõe um conjunto de vertentes convexas a retilíneas dissecadas por drenagem paralela a subparalela e limitadas por topos estreitos convexos a aguçados que se projetam além de 1900 metros. Predominam os declives entre 20 e 40%, mas a marca superior é frequentemente alcançada nas altas vertentes.

Pela leitura do quadro 4.6. é possível uma leitura dos principais aspectos geomorfológicos em causa no compartimento Dvs.

Quadro 4.6. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dvs. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40%; >40% Dissecação vertical média (m) >300

Comprimento de rampa médio (m) 1826,31 Frequência de canais (n° canais/km2) 1,48 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1950 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Aguçados a convexos Formas predominantes das

vertentes

Retilíneas a convexas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Coluvionamento; escorregamentos rotacionais e translacionais.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Gnaisses, granitos e migmatitos.

ASPECTOS CRONOLÓGICOS Paleógeno (topos) ao Quaternário (vertentes dissecadas). Baixas cristas (Dbc)

As baixas cristas são alinhamentos serranos que não correspondem às falhas principais, se referindo a controle mais localizado, apresentando-se mais modestos em extensão e altitude, e que somadas conformam área de 132,4 km2.

As cristas mais baixas correspondem a espigões que são importantes divisores de água, como aquele existente entre os rios Verde e Passa Quatro e entre este e o Rio Itanhandu, com altitudes um pouco acima de 1150 metros no primeiro e 1200 metros no segundo. Paralelamente, outra feição desta estirpe compõe a faixa divisória com a bacia do Ribeirão Caetés, aqui alcançando altitudes superiores a 1400 metros. Definem-se, dessa forma, três alinhamentos paralelos de orientação NE (110-120°). Em Baependi essa categoria é representada pela estreita faixa divisória das águas dos rios São Pedro e Santo Agostinho, com topos entre 1300 e 1400 metros.

Embora em patamares altimétricos mais rebaixados em comparação aos alinhamentos principais, extensões significativas das cristas mais baixas apresentam aspecto de relevo montanhoso, com declives entre 20-40% e superiores a 40% em vertentes acentuadamente retilíneas e rios bastante encaixados em dissecação profunda, a exemplo do Rio Piracicaba, adaptado à linha cisalhante de caráter mais local.

Os principais aspectos geomorfológicos destas que são cristas mais baixas representativas dos degraus interiores da Mantiqueira seguem no quadro 4.7.

Quadro 4.7. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dbc. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40%; >40% Dissecação vertical média (m) > 300

Comprimento de rampa médio (m) 896,42 Frequência de canais (n° canais/km2) 3,4 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1450 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Convexos a aplainados Formas predominantes das

vertentes

Retilíneas a convexas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Principais processos vigentes Coluvionamento; escorregamentos rotacionais e translacionais.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Gnaisses, granitos e migmatitos ASPECTOS

CRONOLÓGICOS

Paleógeno (topos) ao Quaternário (vertentes dissecadas).

Morros elevados profundamente dissecados (Dme)

Configuram o patamar adjacente à Mantiqueira em sua porção voltada para o interior, perfazendo uma considerável expressão espacial em 523,8 km2. Apresenta altitudes médias significativas acomodadas nos intervalos de 1100-1300 metros, sobressaindo-se ocasionalmente acima de 1500 metros. Os declives, embora predominantes entre os intervalos de 20-40%, não raro ultrapassam a marca superior.

Padronizam-se morros predominantemente convexizados e profundamente dissecados (média de 209,31 metros de dissecação vertical), resguardando importantes zonas dispersoras nos topos e altas encostas. Disso decorre uma morfodinâmica ressonante, que embora tenha como processo predominante a erosão laminar, registra de forma recorrente as ravinas e escorregamentos.

É repetitiva a ocorrência de ARGISSOLO VERMELHO AMARELO nas baixas encostas, seção a partir da qual são previsivelmente sucedidos por CAMBISSOLOS e NEOSSOLOS. Em rupturas com vertentes declivosas ou setores de vertentes curtas o contato lateral dos sedimentos de fundo de vale pode se dar diretamente com solos imaturos. Sob as coberturas supracitadas encontram-se litologias da Megassequência Andrelândia (quartzitos, xistos, biotita gnaisses), além de rochas metagranitóides.

Para facilitação de leitura conjunta, seguem novamente agrupadas as principais informações do compartimento (quadro 4.8).

Quadro 4.8. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dme. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40% Dissecação vertical média (m) 209,31 Comprimento de rampa médio (m) 763,63 Frequência de canais (n° canais/km2) 1,34 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1350

ASPECTOS

MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos Convexos

Formas predominantes das vertentes Convexas a retilíneas

MORFODINÂMICOS

Principais processos vigentes Degradação das vertentes; coluvionamento.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Metagranitoides e supracrustais (quartzitos, xistos, biotita gnaisses)

ASPECTOS CRONOLÓGICOS

Quaternário

Morros, morrotes e morros com encostas suavizadas (Dmmrms)

A passagem do Ribeirão Pouso Alto separa dois sistemas de relevo: os altos morros precedentemente caracterizados e este outro, mais rebaixado em função da maior ocorrência de rochas granitoides, tipicidade materializada em 55,09 km2.

A amplitude altimétrica média é de 120,6 m, substancialmente abaixo em comparação ao compartimento anterior, com o qual estabelece limite pelo norte. Os declives também são menores, predominando veementemente o intervalo de classe compreendido entre 15-20%. Tais parâmetros morfométricos qualificam um agrupamento de morros strictu sensu, além de formas com vertentes mais suaves e os designados morrotes, expressões morfológicas mais baixas e dissecadas em menor profundidade. Estes últimos se desenvolvem em algumas geoformas rebaixadas que se afiguram nas margens direita dos rios Capivari e Verde adjacentes às suas várzeas, onde as amplitudes altimétricas se rebaixam aquém de 100 metros (o valor médio acima de 100 é dado pelo predomínio de morros). As três tipologias podem ser dissociadas na escala de 1/50000, mas acaba exigindo a generalização proposta na escala de representação cartográfica em fulgor.

Os aspectos morfográficos do presente conjunto de formas são marcados por topos e vertentes tipicamente convexos. Diferencia-se nesse ponto da unidade anterior pelas vertentes mais longas e topos mais extensos e aplainados por erosão. Ficam os parâmetros agrupados no quadro 4.9.

Quadro 4.9. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dmmsmr. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 15 – 20 % Dissecação vertical média (m) 120,6 Comprimento de rampa médio (m) 807,89 Frequência de canais (n° canais/km2) 2,06 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1050 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Formas predominantes das vertentes

Convexas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Degradação das vertentes; coluvionamento.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Biotita gnaisses, muscovita xistos e quartzitos

ASPECTOS CRONOLÓGICOS

Quaternário

Morros e morrotes alongados (Dmmra)

Por área de 139,94 km2 personifica-se um agrupamento de morros e morrotes sensivelmente alongados em seu aspecto, nivelados em torno de 1000-1100 metros, com individualidades topográficas que se sobressaem acima de 1200 metros nas partes mais recuadas do conjunto nas proximidades do maciço alcalino de Passa Quatro; a partir desse contato litológico, o padrão em questão se estende até a passagem do Rio Passa Quatro.

Os topos são estreitos, e as encostas mais curtas e declivosas. Predominam os declives entre 20-40%, frequentemente ocorrendo extensões acima de 40%. A dissecação vertical média é ligeiramente menor que no compartimento anterior, mas a frequência de rios assume um vulto mais expressivo. Informações destas e outras ordens se encontram no quadro 4.10.

Quadro 4.10. Aspectos geomorfológicos do compartimento Dmmra. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40% Dissecação vertical média (m) 183,8 Comprimento de rampa médio (m) 661,84 Frequência de canais (n° canais/km2) 1,83 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1270 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos Convexos a aplainados Formas predominantes das

vertentes

Convexas a retilíneas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar com ocorrência conspícua de ravinas

Principais processos vigentes Degradação das vertentes; coluvionamento.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Biotita gnaisses, biotita xistos e metagranitóides

ASPECTOS CRONOLÓGICOS

Morrotes (DMr)

Esta unidade de mapeamento engloba polígonos que se referem à ocorrência exclusiva de morrotes, ocupando uma área de apenas 33,2 km2. Sobre tais morfologias, aproveita-se aqui para reiterar o que já fora explicado de que as mesmas possuem expressão areolar mais modesta e dissecação vertical mais branda, ainda que possam apresentar fortes declives.

Os morrotes ocorrem perto da confluência do Rio Capivari em profusão passível de mapeamento da escala trabalhada. Agrupam-se ali formas menores bem niveladas pouco acima de 990 metros, configurando um degrau inferior em relação aos morros a leste, em contato com o maciço alcalino de Passa Quatro. Representam formas arredondadas em litologias gnáissico-graníticas.

Morrotes e morros (Dmrm)

Corresponde a estreita faixa de 17,9 km2 na qual se agrupam morrotes e morros com predomínio dos primeiros. Aparecem nas proximidades de Virgínia na passagem para o Planalto do Alto Rio Grande, em reduzida unidade de mapeamento. Tal unidade se afigura como pequena faixa de formas mamelonares alinhadas cujas altitudes ficam ligeiramente acima de 1000 metros. As coberturas de alteração predominantes são CAMBISSOLOS e ARGISSOLOS.

Morrotes e pequenas colinas (Dmrc)

Afigura-se em pequena unidade de mapeamento na margem esquerda do Rio Verde próximo ao município de São Sebastião do Rio Verde, já em contato com o Planalto do Alto Rio Grande. É o único trecho de expressão colinosa encontrado na região da Mantiqueira à luz do plantel metodológico trabalhado.

Os atributos fundamentais dos conjuntos de forma onde predominam os morrotes são agrupados no quadro 4.11.

Quadro 4.11. Aspectos geomorfológicos dos compartimentos Dmr, Dmrm e Dmrc. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 20 – 40% Dissecação vertical média

(m) 82,3 Comprimento de rampa médio (m) 432 Frequência de canais (n° canais/km2) 1,71 Amplitude altimétrica (m) 900 – 990 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Convexos a aplainados Formas predominantes das

vertentes Convexas ASPECTOS MORFODINÂMICOS Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Degradação das vertentes; coluvionamento.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Biotita gnaisses e migmatitos ASPECTOS

CRONOLÓGICOS

Quaternário

II. Planalto do Alto Rio Grande

Morros rebaixados alongados e morrotes (Dmamr)

O sistema de relevo em questão estabelece contato tectônico com a Serra da Mantiqueira, onde as faixas altimétricas se rebaixam entre 1100 metros (nível dos topos) e 900 metros (nível de base), perfazendo-se um padrão de dissecação vertical abaixo do padrão geral verificado para os compartimentos da Serra da Mantiqueira (137,54 m). Embora os declives se padronizem entre 15-20° e 20-40°, circunstancialmente se rebaixam aquém de 15% ou se elevam acima de 40%, revelando variações significativas e constantes na geometria das encostas.

Os morros pertencentes a este agrupamento se emolduram essencialmente em gnaisses e migmatitos, possuem forma distintamente alongada e se encontram consideravelmente nivelados. O alongamento dessas geoformas faz com que o comprimento das vertentes seja bastante variável conforme a orientação da mesma: em geral, as vertentes mais extensas são aquelas longitudinais ao plano de alongamento, ao passo que as mais curtas são as dispostas transversalmente. Ao aspecto alongado associa-se um frequente alinhamento dos morros no sentido NE-SW, sinalizando para a relação de seu vínculo com falhas cujos lineamentos

topográficos apresentam-se mais suavizados pela dissecação fluvial e/ou pelo intemperismo químico.

Ocorre tal tipicidade na região de Virgínia e Dom Viçoso, nas proximidades das cristas da Mantiqueira, até a região de São Lourenço, ocupando uma área de 195,74 km2. Seus aspectos essenciais constam no quadro 4.12.

Quadro 4.12. Aspectos geomorfológicos dos compartimentos Dmamr. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 15 – 20% e 20 – 40% Dissecação vertical média

(m) 137,64 Comprimento de rampa médio (m) 662,9 Frequência de canais (n° canais/km2) 2,2 Amplitude altimétrica (m) 900 – 1100 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos

Convexos a aplainados Formas predominantes das

vertentes Convexas a retilíneas ASPECTOS MORFODINÂMICOS Tipos de erosão predominantes Laminar

Principais processos vigentes Degradação das vertentes; coluvionamento.

LITOLOGIAS PREDOMINANTES

Biotita gnaisses e migmatitos ASPECTOS

CRONOLÓGICOS

Quaternário

Morros alongados e cristas rebaixadas (Dmac)

Conjunto de formas mais acidentado em comparação ao sistema anteriormente descrito, com o qual estabelece contato em sua porção sudoeste. A dissecação vertical e o comprimento das rampas são parâmetros que assumem valores consideráveis. No que tange à declividade, são recorrentes os trechos acima de 40%, ainda que predominem os intervalos entre 15-20 e 20-40% (quadro 4.13).

As faixas altimétricas que abarcam esta unidade ficam entre 1000-1200 metros. Circunstancialmente as amplitudes ficam próximas a 300 metros, condição de serras rebaixadas e festonadas pela passagem do Rio Verde, encontrando-se densamente dissecadas em morros e um tanto desconfiguradas de seu aspecto montanhoso.

Em seus aspectos morfodinâmicos, a erosão laminar configura o regime erosivo predominante, ainda que escorregamentos sejam verificados pontualmente.

A partir da porção sul de São Lourenço, onde o Rio Verde segue dissecando o compartimento em tela, a unidade de mapeamento segue se estendendo até norte de Soledade de Minas e reaparece na margem esquerda, transpondo o Rio Lambari e se espraiando até o divisor oeste em área de 405,18 km2.

Quadro 4.13. Aspectos geomorfológicos dos compartimentos Dmac. ASPECTOS

MORFOMÉTRICOS

Declives predominantes 15 – 20% e 20 – 40% Dissecação vertical média (m) 177,88

Comprimento de rampa médio (m) 742,58 Frequência de canais (n° canais/km2) 2,01 Amplitude altimétrica (m) 880 – 1200 ASPECTOS MORFOGRÁFICOS

Formas predominantes dos topos Convexos, aplainados e aguçados Formas predominantes das

vertentes

Convexas a retilíneas

ASPECTOS

MORFODINÂMICOS

Tipos de erosão predominantes Laminar

No documento robertomarquesneto (páginas 121-151)