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A composição desejada pelos gestores para os seus fundos leva em conta os objetivos de cada segmento de fundos. Neste sentido, faz-se necessário considerar a segmentação da indústria de fundos de investimento. Segundo a classificação da CVM, os fundos de investimento podem ser classificados em sete categorias, conforme

apresentado na seção 2.2, a saber: renda fixa, referenciados, multimercado, fundo de ações, fundo cambial, dívida externa e curto prazo.

Dentro destas classificações de fundos de investimento, verificam-se objetivos de benchmark diferentes para cada segmento apresentado, ou seja, para os fundos de renda fixa e curto prazo busca-se atingir um percentual do CDI – Certificado do Depósito Interbancário. Por outro lado, para os fundos referenciados, o indicador de desempenho poderá ser, dentre outros, o CDI como o câmbio. Já os fundos multimercado buscam retorno através de investimento em diversas classes de ativos (renda fixa, câmbio, etc) exceto renda variável (ações, etc.), desta forma não têm explicitado o mix de ativos com o qual devem ser comparados. Para os fundos de renda variável, o objetivo de investimento é acompanhar ou superar o comportamento do Ibovespa. Já os fundos cambiais e de dívida externa buscam acompanhar, respectivamente, variação de preço de moeda estrangeira e variação dos títulos da dívida externa.

Neste contexto, os gestores de fundos de investimento definem a composição “ideal” para cada carteira de fundo de investimento, sempre levando em consideração qual o desempenho esperado para cada segmento de fundos. Portanto, o que determina quais os ativos que deverão compor as carteiras dos fundos de investimento são os indicadores de desempenho com os quais os fundos estão sendo comparados.

A partir deste pressuposto é possível analisar a composição de carteira necessária para alcançar os objetivos de cada segmento de fundos de investimento. Por exemplo, nos segmentos de fundos de renda fixa, curto prazo e referenciados DI, a função dos gestores consiste em encontrar ativos que repliquem o índice desejado pelo fundo, de forma a atender às expectativas dos cotistas. Para isso, ativos pós-fixados indexados ao CDI ou à taxa Selic são alternativas que poderão contribuir para se

alcançar o Benchmark estabelecido. Ativos prefixados são boas opções para os fundos de renda fixa, visto que estes fundos, tradicionalmente, são mais agressivos que os fundos referenciados DI.

Atualmente, o mercado financeiro dispõe de títulos públicos e privados indexados à taxa Selic, CDI, índices de preços ou prefixados. Como alternativa de investimento os gestores podem escolher entre papéis privados, como por exemplo: Debêntures, Notas Promissórias, CCB – Certificados de Crédito Bancário, entre outros, ou ainda, títulos da DPMFi – Dívida Pública Mobiliária Federal interna - que como opção, oferecem aos gestores de fundos de investimento (vide Anexo A): LFT – Letras Financeiras do Tesouro, indexadas à taxa Selic, LTN – Letras do Tesouro Nacional, NTN-F – Notas do Tesouro Nacional série F, papéis prefixados. Além de ativos indexados a índice de preços como: NTN-C – Notas do Tesouro Nacional série C, indexadas ao IGP-M e as NTN-B – Notas do Tesouro Nacional série B, indexadas ao IPC-A.

A escolha entre títulos públicos federais ou títulos privados parece bastante clara, se considerada a relação risco e retorno. Principalmente porque os papéis do governo são considerados pelo mercado como de risco soberano, enquanto que os títulos emitidos por bancos ou empresas privadas carregam consigo o chamado risco de crédito, inerente a cada atividade desempenhada por seus emissores. Acrescenta-se ainda o papel da liquidez dos títulos públicos federais como fator indutor das preferências dos fundos de investimento. Em sua fronteira eficiente, tal como discutido no item 1.2 deste trabalho, os fundos de investimento têm, com uma maior participação de títulos públicos, a composição de um portfólio mais seguro, adequado à aversão ao risco de seus investidores.

O risco de liquidez caracteriza-se, primordialmente, mas não se limita, à baixa ou mesmo eventual inexistência de demanda pelos títulos e valores mobiliários integrantes da carteira do fundo de investimento. Desta maneira, o gestor da carteira pode encontrar dificuldades para liquidar posições ou negociar tais títulos e valores mobiliários no momento desejado. Durante o período de falta de liquidez, o fundo de investimento permanece exposto aos riscos associados aos títulos e valores mobiliários de sua carteira. Para contornar a situação, o gestor da carteira pode aceitar descontos nos preços para conseguir negociá-los (ROCHA, 2003).

Os títulos públicos, principalmente os da Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) apresentam uma importante vantagem em termos de liquidez quando comparados aos papéis privados, derivada do tamanho da demanda do Estado por recursos, que implica o desenvolvimento de um amplo mercado, alcançando uma forte dinâmica de negociação para seus papéis, o que diminui significativamente a probabilidade de que um investidor não consiga vender seus títulos. Mais além, quanto maior a liquidez dos títulos públicos mais atrativos se tornam aos olhos dos investidores (ANDIMA, 2003).

Já o risco de crédito considera a possibilidade de o emissor de um título não honrar o resgate ocasionando prejuízos aos fundos de investimento. Os títulos públicos federais, considerando-se o seu emissor, são considerados os papéis mais seguros do mercado, de risco soberano. Se o governo não honrar suas obrigações, todas as outras instituições do país estarão em situação ainda mais séria.

Por outro lado, os papéis públicos não são invulneráveis a outros riscos, dentre os quais se destaca o de mercado, que considera a possibilidade de oscilação adversa nos preços do papel entre a data de compra e uma data futura qualquer, em função de

fatores tais como a política monetária, variação na confiança dos mercados ou choques externos (ANDIMA, 2003, p.20).

No Brasil, porém, nos últimos anos, ao lado do risco de crédito inexistente (exceto nas ocasiões em que há razões para esperar-se iniciativas políticas de default), o risco de mercado foi eliminado pela indexação pela taxa de juros de curto prazo (SELIC4) e o risco de liquidez é mantido baixo pela disposição das instituições participantes, especialmente o Banco Central, em servir de comprador de última instância destes títulos (CARVALHO, 2003).

Na prática, geralmente, os gestores que atuam no mercado de títulos procuram concentrar seus recursos na posse de valores líquidos. Para isso, os agentes econômicos realizam operações de compra/venda de títulos públicos por meio de leilões de mercado aberto diretamente com o Tesouro Nacional/Banco Central, ou através do mercado secundário de títulos, isto é, quando as operações são realizadas entre instituições e não há a participação da autoridade monetária ou do Tesouro Nacional na execução das operações de venda definitiva, público em geral, de títulos da DPMFi.

2.5 Evolução da composição das carteiras e atuação dos fundos no mercado de