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3 ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE FUNDOS DE INVESTIMENTO E

3.2 Detentores de títulos da DPMFi

Os dados dos detentores dos títulos federais em poder do público, analisados a seguir, foram obtidos no site do Banco Central do Brasil, e em seguida deflacionados pelo IGP-M, com base em dezembro de 2004. As informações disponibilizadas estão dividas em contas da seguinte forma:

• Carteira Própria: composta por papéis adquiridos em nome de instituições financeiras;

• FI: refere-se à conta cliente especial FI – fundos de investimento, inclui os fundos de investimento, inclusive fundos exclusivos de fundo de pensão e seguradoras;

• Pessoas Físicas: títulos de diversos clientes pessoas físicas;

• Pessoas Jurídicas: instituições sem conta individualizada no Selic;

• Pessoa Jurídica não financeira: títulos de empresas;

• Outros fundos: fundos de investimento regidos por regulamentação própria, como por exemplo, fundos de investimento em direitos creditórios – FIDC entre outros;

• Títulos Vinculados: depósito compulsório sobre poupança, aumento de capital, recursos externos, empréstimos de liquidez, caução e depósitos judiciais, papéis dados em garantia em clearing. Neste caso poderão conter ativos de outras classificações, como as citadas anteriormente.

Estes dados indicam o resultado mensal dos fluxos de emissões e vencimentos, ou seja, as variações do montante da dívida de cada um dos títulos entre o final de cada um dos meses do período de análise, que se inicia em novembro de 1999 e termina em dezembro de 2004. Dados relativos ao volume de negociação em leilões primários e quais os compradores dos títulos em tais leilões, embora fossem mais apropriados para este estudo, não se encontram disponíveis. A análise será realizada com base no montante total em poder do público e em poder de cada um de seus principais detentores – com especial atenção para os fundos de investimento - para as LFT’s, LTN’s e NTN-C’s, dado que compõe a maior parte da DPMFi (figura 19) e a quase totalidade do volume de papéis de tal dívida em poder dos FI’s (figura 20). É importante destacar que foram tratados em conjunto os títulos atrelados à Selic – LFT, LFT-A e LFT-B, dado que suas características são essencialmente semelhantes.

Figura 19 – Principais títulos da DPMFi em Poder do Público 0% 20% 40% 60% 80% 100%

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LTN NTN-C LFT Outros

Fonte: BACEN

Como ilustrado na figura acima, as LTN’s, LFT’s e NTN-C’s representam, em conjunto, mais de 60% do montante da DPMFi em poder do público durante o período de 1999 a 2002, enquanto a partir de 2003, este valor ultrapassa os 80%. Por esta razão, as análises seguintes concentrar-se-ão nestes títulos, que representam as principais modalidades de remuneração (Selic, prefixada e índices de preço). Mais além, são - como ilustrado na figura 20 - também os principais títulos demandados pelos fundos de investimento, respondendo por mais de 99% do montante de títulos da DPMFi em poder dos FI’s.

Figura 20 – Principais títulos da DPMFi em Poder dos FIs

0% 20% 40% 60% 80% 100%

nov/99 mar/00 jul/00 nov/00 mar/01 jul/01 nov/01 mar/02 jul/02 nov/02 mar/03 jul/03 nov/03 mar/04 jul/04 nov/04

LTN LFT NTN-C Outros

Fonte: BACEN

As séries disponíveis, por outro lado, diferenciam apenas os títulos em termos de forma de remuneração (LFT, LTN, NTN-C, etc) e não apresenta informações quanto ao seu vencimento. Esta abordagem apresenta diversas limitações, entre as quais:

• Apenas o tipo de remuneração dos títulos os diferencia para análise, já que os dados disponíveis não indicam o seu vencimento;

• Dados de aquisição de títulos por período não são utilizados, já que estão indisponíveis para acesso público, o que não permite identificar distintamente os fluxos de vencimentos e emissões, mas apenas a variação deles derivada entre períodos;

• O montante de títulos vinculados não permite a discriminação entre contas específicas.

Desta maneira, os indícios aqui obtidos devem ser considerados como restritos pelas limitações dos dados utilizados acima citadas.

Para fins de estudo dividiu-se os detentores de títulos em três grupos, a saber: FI – Fundos de Investimento, Instituições Financeiras e outros detentores, o que contempla as demais contas citadas anteriormente.

Figura 21 – Detentores de Títulos da DPMFi

0% 20% 40% 60% 80% 100%

nov/99 mar/00 jul/00 nov/00 mar/01 jul/01 nov/01 mar/02 jul/02 nov/02 mar/03 jul/03 nov/03 mar/04 jul/04 nov/04

FI Inst. Fin. Outros

Fonte: BACEN

Percebe-se, na figura 21, uma redução na participação dos fundos de investimento na DPMFi no segundo semestre de 2001 e durante 2002 com crescimento constante a partir de 2003 e durante 2004. Neste sentido, uma das medidas mais

central desta medida foi a isenção da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras – CPMF sobre o giro de aplicações financeiras. Assim, a partir de primeiro de outubro do mesmo ano, o trânsito de recursos entre aplicações financeiras de qualquer natureza ficou isento do pagamento de CPMF. A conta investimento permite ao investidor uma alocação mais eficiente de seus recursos, aumenta a competitividade na indústria de fundos e o giro do mercado secundário (BRASIL, 2004b). A seguir, analisa-se a dinâmica da distribuição de LTNs, LFTs e NTN-Cs entre os diferentes detentores (particularmente FIs e Instituições Financeiras) entre novembro de 1999 e dezembro de 2004.

3.2.1 Títulos prefixados

Em relação aos detentores de LTN, figura 22, pode-se observar a participação expressiva dos fundos de investimento nesta modalidade de ativo, chegando a níveis superiores a 50% do total em poder do público.

Figura 22 – Detentores de LTNs 0% 20% 40% 60% 80% 100%

nov/99 mai/00 nov/00 mai/01 nov/01 mai/02 nov/02 mai/03 nov/03 mai/04 nov/04

FI Inst. Fin. Outros

Fonte: BACEN

Nota-se ainda significativa redução percentual destes títulos no período que vai de novembro de 2002 a abril de 2003, tanto nos FI’s quanto nas Instituições Financeiras. Embora graficamente a participação de outros detentores sofra aumento,

isso é decorrência da conta “Títulos Vinculados” que distorce a amostra, uma vez que, enquanto as demais contas sofrem reduções, esta se mantêm constante.

Os fatores responsáveis pela redução brusca deste ativo prefixado nas carteiras dos FI’s e de outros agentes econômicos foram ocasionadas, basicamente, pela crescente incerteza do mercado em relação aos rumos da política econômica a ser adotada em 2003, considerando que o país acabava de eleger novo presidente de partido oposicionista. E também pelas sucessivas elevações dos juros básicos internos, que passaram de 18% ao ano, em setembro/02, para 25% ao ano, em dezembro/02, o que impacta diretamente a performance dos ativos prefixados.

3.2.2 Títulos atrelados à taxa SELIC

No que tange os títulos LFT’s, a figura 23 demonstra a participação constante nas carteiras dos FI’s neste ativo pós-fixado, situando-se sempre acima de 40% do total em poder do público. Figura 23 – Detentores de LFTs 0% 20% 40% 60% 80% 100%

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FI Inst. Fin. Outros

Fonte: BACEN

Importante ressaltar a redução na participação dos FI’s durante o processo de marcação a mercado, que teve início em maio de 2002, mas que volta a regularizar-se em novembro do mesmo ano.

3.2.3 Títulos atrelados a índices de preços

A figura 24 demonstra a participação dos agentes econômicos no total de NTN- C’s emitidas pelo Tesouro Nacional. Vale ressaltar que este papel começou a ser emitido em dezembro de 1999. Em linhas gerais, observa-se o crescimento praticamente constante dos FI’s como detentores deste ativo indexado ao IGP-M. Este título é demandado, principalmente, pelos fundos de previdência, que buscam investimento de longo prazo para passivos atuariais.

Figura 24 – Detentores de NTN-C’s 0% 20% 40% 60% 80% 100%

dez/99 jun/00 dez/00 jun/01 dez/01 jun/02 dez/02 jun/03 dez/03 jun/04 dez/04

FI Inst. Fin. Outros

Fonte: BACEN

Por outro lado, observa-se pequena redução na participação das Instituições Financeiras na posse deste título ao longo do período, mas apresentando forte demanda no final de 1999 e início de 2000, bem como dezembro de 2000, influenciada pelo comportamento dos índices de preços.

Por fim, a participação significativa de outros detentores a níveis próximos de 40% do total de NTN-C em poder do público é representada pelas pessoas jurídicas não financeiras e títulos vinculados não passíveis de identificação.