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COMPOSTOS POR AGLUTINAÇÃO A PARTIR DA ULS CASA CASA^CRUZ ó igreja (Faria-Nascimento_vídeo0120)

No documento Estudos da Língua Brasileira de Sinais I (páginas 96-99)

A organização dos morfemas livres e presos em LSB: reflexões preliminares

COMPOSTOS POR AGLUTINAÇÃO A PARTIR DA ULS CASA CASA^CRUZ ó igreja (Faria-Nascimento_vídeo0120)

CASA^ESTUDAR ó escola (Faria-Nascimento_vídeo0121) CASA^FICAR ó morar (Faria-Nascimento_vídeo0122)

Quadro 11

Em casos como esses em que há subtração de traço(s) do radical empre- gado na composição de nova ULS, não podemos falar apenas em justaposi- ção, mas em composição por aglutinação. Em “igreja”, a subtração da repe- tição ocorre apenas na ULS CASA. Em “escola”, ocorre a subração tanto da repetição da ULS CASA quanto da repetição do morfema livre ESTUDAR (Faria-Nascimento_vídeo0123). No caso de “morar”, além da subtração da repetição da ULS CASA, há subtração na ULS FICAR (Faria-Nascimento_ vídeo0124); permanecem a direção e o tipo de movimento.

Os morfemas zero ou nulos representam a ausência de um morfema para indicar flexão ou derivação. Em LSB, o morfema zero está presente nos pares de alguns verbos e substantivos que apresentam a mesma forma. Esses pares têm uma representação lexical idêntica e, por isso, entende-se que o morfema zero marca o processo derivacional da conversão. Servem de exem- plo, em LSB, o par LUZ (Faria-Nascimento_vídeo0125) e ACENDER (Faria-Nascimento_vídeo0125).

Em princípio, analisamos os pares “estudar”/”estudo” e “viver”/”vida” como ULS constituídas por morfema zero. Contudo, ao fazer o registro dos dados com o grupo de pesquisa, identificamos diferença entre as ULS desses pares. Assim, identificamos ESTUDAR (Faria-Nascimento_vídeo0123)

e ESTUDO (Faria-Nascimento_vídeo0126); VIVER (Faria-Nasci-

mento_vídeo0127) e VIDA (Faria-Nascimento_vídeo0128). Entretanto, PRESENTE/PRESENÇA (Faria-Nascimento_vídeo0127) foi identicado como sendo constituído de morfema zero, fazendo par com VIVER.

Os morfemas-base (FARIA-NASCIMENTO, 2009) são constituintes de ULS com estatuto morfológico de radical sobre os quais é possível cons- truir uma infinidade de termos de mesmo campo semântico. Em outras pala- vras, morfemas-base são ULS ou parte de ULS, que desdobram a sua função e constituem base para a construção de novas ULS. ULS já constituídas em uma LS podem transformar-se em base para a produção de novas ULS dada a recursividade de aplicação das regras morfológicas.

Reconhecer esses tipos de morfema auxiliou-nos nas análises dos pro- cessos de construção que seguem apresentados, discutidos e sistematizados nos tópicos seguintes.

Processos de construção e expansão das ULS: a composição, a flexão e a derivação

Os processos de construção ocorrem internamente na LSB, a partir da combinação dos elementos morfológicos presentes no seu fundo lexical.

Tanto no estudo das LOs como no estudo das LS, é possível encontrar- mos processos composicionais, flexionais e derivacionais. A composição é o processo morfológico de construção de uma ULS a partir da associação de dois ou mais radicais, para originar uma nova ULS. Entre flexão e derivação há uma tênue fronteira que clama por estudos que permitam distinguir mais claramente os dois tipos de processos. A derivação normalmente muda a clas- se ou o significado da ULS, enquanto a flexão não muda nem a classe, nem o significado da ULS.

Esse estudo não tem como objetivo explicar cada um desses processos. Por isso, de forma diluída, tais processos são mencionados à medida que sur- gem em nossas reflexões e análises, sem uma sistematização de todos eles. A derivação, como processo altamente produtivo em LS, tem mais destaque por ser a mais evidente nos dados analisados.

A expansão semântica de ULS e UTS resultante da derivação baseia-se em construções primitivas de ULS. A unidade estável, primitiva, construída e constituída continua existindo como tal, com as suas características iniciais. No entanto, ‘duplica’ a sua função, pois além de permanecer como forma livre, assume o estatuto de base para a construção de outros termos. Nessa nova função morfológica assumida pelo termo, a informação semântica que tinha antes permanece, mas somam-se outros componentes morfológicos que irão especializar o significado do termo constituído.

Isso significa dizer que, no momento em que são criadas, as ULS são motivadas, não são arbitrárias; elas possuem uma motivação conceptual iden- tificada em elementos do fundo lexical. ULS derivadas constroem-se a partir de outras ULS da língua, mediante o acréscimo de um afixo ao seu radical. Em nosso estudo, grande parte dos dados gerados continha construções deri- vacionais que partem de morfemas-base cujo significado é conceitual e gene- ralizável na concepção de novas ULS. A partir de morfemas-base, uma série de ULS ou de UTS de mesmo campo semântico tornam-se possíveis.

Uma característica a ser destacada nos morfemas-base analisados é o fato de, esses, imputarem à CM da mão-passiva um status relevante, e de primeiro plano, na construção de uma ULS, uma vez que geralmente à mão- -passiva costuma ser imputada uma função secundária e periférica. O morfe- ma-base articulado com a mão-passiva representa mais que o pano de fundo do significado a ser agregado pelo(s) novo(s) morfema(s) que a ela será(ao) adicionado(s).

Entre as ULS e as UTS analisadas foi identificado um grupo semânti- co produtivo na expansão terminológica de termos da área da computação, iconicamente representados pelo referente concreto prototípico dessa tecno- logia, o monitor de computador. Essa expansão terminológica tornou-se ne- cessária com o advento dos cursos a distância11. Os exemplos que sustentam

e solidificam essa análise encontram-se no Quadro 12, que se segue: DERIVAÇÕES SUFIXAIS

ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-MONITOR_TV_PC_QUADRO

(Faria-Nascimento_vídeo0129)

AVEA12 da plataforma moodle (Faria-Nascimento_vídeo0130)

AMBIENTE VIRTUAL (Faria-Nascimento_vídeo0131)

VIDEOCONFERÊNCIA via AVEA (Faria-Nascimento_vídeo0132) HIPERTEXTO via AVEA (Faria-Nascimento_vídeo0133)

ENVIO-DE-EMAIL via AVEA (Faria-Nascimento_vídeo0134) FÓRUM via AVEA (Faria-Nascimento_vídeo0135)

FREQUÊNCIA via AVEA (Faria-Nascimento_vídeo0136)

INSTALAÇÃO de programa em computador (Faria-Nascimento_ví- deo0137)

LEGENDA em TV (Faria-Nascimento_vídeo0138) Quadro 12

No MORFEMA-BASE-PRESO-MONITOR_TV_PC_QUADRO o Mov. está ausente; é acrescentado à ULS ao ser adicionado o morfema da mão-ativa no processo de derivação.

Esse morfema-base preso, com a CM em “L”, originário da metonímia que prototípica e iconicamente designa a quina inferior da tela do monitor 11 Destacam-se os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Letras-Libras, oferecido pioneiramente pela Univer-

sidade Federal de Santa Catarina.

de computador, permite a ampliação de todo campo semântico derivado do espaço de utilização do computador e transforma-se em constituinte de ULS.

Foi localizado entre os dados da pesquisa outro morfema-base idêntico, com estatuto de base, mas empregado na construção de ULS de campos se- mânticos bem distinto, o que caracteriza, a priori, a presença de homonímia

morfêmica entre esses dois morfemas-base presos. Esse é o caso do MOR- FEMA-BASE-PRESO-LETRA (Faria-Nascimento_vídeo0139), para re- ferir-se à letra propriamente dita, bem como aos cursos de Letras. Podemos considerar as duas bases homônimas.

No Quadro 13, ilustram-se derivações que partem do campo semântico “letra”:

No documento Estudos da Língua Brasileira de Sinais I (páginas 96-99)