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DERIVAÇÕES SUFIXAIS

No documento Estudos da Língua Brasileira de Sinais I (páginas 99-105)

A organização dos morfemas livres e presos em LSB: reflexões preliminares

DERIVAÇÕES SUFIXAIS

ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-LETRA

(Faria-Nascimento_vídeo0139) LETRA/LETRAS (Faria-Nascimento_vídeo0140) LICENCIATURA (Faria-Nascimento_vídeo0141)

LICENCIATURA EM LETRA/LETRAS (Faria-Nascimento_vídeo0142) BACHARELADO (TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO-LIBRAS (Faria- -Nascimento_vídeo0143)

Quadro 13

Um morfema-base que se demonstrou bastante produtivo nesse estudo relaciona-se ao campo semântico “texto impresso ou manuscrito”. A lista de ULS a partir desse morfema é extensa. Esse morfema-base apresenta-se em duas variantes: (i) CM representada por dedos estendidos e unidos, com OP em posição contralateral, com a ponta dos dedos para cima ó MORFEMA-BA- SE-PRESO-TEXTO-VERTICAL (Faria-Nascimento_vídeo0144), variante que toma como base a posição canônica de livros numa estante, ou seja, na po- sição vertical; essa variante, normalmente emprega-se para textos cujo registro é impresso; e (ii) CM representada por dedos estendidos e unidos, com OP para cima e ponta dos dedos para frente contralateral, em linha reta, ou na diagonal

ó MORFEMA-BASE-PRESO-TEXTO-HORIZONTAL (Faria-Nasci-

mento_vídeo0145), variante que toma como base a posição de um texto para leitura ou a posição da superfície onde um texto pode ser escrito/manuscrito. Assim, tanto para textos em processo de leitura quanto para textos em processo de escrita, a posição costuma ser a mesma, havendo pouca variação no posicio-

namento do texto em frente ao falante. Embora haja variação, de uma maneira geral, há restrições semânticas no emprego de uma ou outra variante.

Seguem os Quadros 14 e 15 que ilustram construções identificadas a partir dos morfemas descritos:

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ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-TEXTO-VERTICAL

Variante 1 – material impresso, colocado em estante, na posição vertical (Faria-Nascimento_vídeo0144)

TEXTO (Faria-Nascimento_vídeo0146)

TEXTO ARGUMENTATIVO (Faria-Nascimento_vídeo0147) TEXTO DESCRITIVO (Faria-Nascimento_vídeo0148) TEXTO EXPLICATIVO (Faria-Nascimento_vídeo0149) TEXTO NARRATIVO (Faria-Nascimento_vídeo0150) EDITAL (Faria-Nascimento_vídeo0151) LEI (Faria-Nascimento_vídeo0152) DECRETO (Faria-Nascimento_vídeo0153) ESTATUTO (Faria-Nascimento_vídeo0154) DECLARAÇÃO (Faria-Nascimento_vídeo0155) GRAMÁTICA-COMPÊNDIO (Faria-Nascimento_vídeo0156) DICIONÁRIO (Faria-Nascimento_vídeo0157)

GLOSSÁRIO Faria-Nascimento_ vídeo0158) VOCABULÁRIO (Faria-Nascimento_vídeo0159) CONTEÚDO (Faria-Nascimento_vídeo0160) PROGRAMA (Faria-Nascimento_vídeo0161) PROJETO (Faria-Nascimento_vídeo0162) PROPOSTA (Faria-Nascimento_vídeo0163) METODOLOGIA (Faria-Nascimento_vídeo0164) CURRÍCULO (Faria-Nascimento_vídeo0165) REGRAS (variante 1) (Faria-Nascimento_vídeo0166) REGRAS (variante 2) (Faria-Nascimento_vídeo0167) PARÁGRAFO (Faria-Nascimento_vídeo0168) CAPÍTULO (Faria-Nascimento_vídeo0169) VERSÍCULO (Faria-Nascimento_vídeo0170) MODELO (Faria-Nascimento_vídeo0171)

Quadro 14

Vale destacar que a ULS para designar GRAMÁTICA-COMPÊNDIO (Faria-Nascimento_vídeo0156) foi criada com a mesma base de material impresso, pois é esse o referencial conceitual do compêndio. Contudo, para

designar outros tipos de gramática, o referencial é outro, como é o caso de

GRAMÁTICA-DA-LÍNGUA (Faria-Nascimento_vídeo0172) e GRA-

MÁTICA-INTERNALIZADA (Faria-Nascimento_vídeo0173). A cons-

trução desses três tipos de gramática partem de referenciais diferentes, sem prejudicar uma unidade morfológica comum, que é a CM em “G”, em todos os casos para referir-se a gramática.

A base para o termo CONSTITUIÇÃO (Faria-Nascimento_ví- deo0174) não parece ser variante de mesmo campo semântico. Tomando-se como base o fato de a Constituição ser a Lei maior da nação; sua construção parece ocupar o status hiperonímico sobre todos os demais textos.

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ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-TEXTO-HORIZONTAL

variante 2 – material manuscrito ou material em posição de leitura (Faria-Nascimento_vídeo0145)

PAPEL (Faria-Nascimento_vídeo0175) JORNAL (Faria-Nascimento_vídeo0176) ANOTAR (Faria-Nascimento_vídeo0177) LIVRO (Faria-Nascimento_vídeo0178)

REVISTA (variante 1) (Faria-Nascimento_vídeo0179) REVISTA (variante 2) (Faria-Nascimento_vídeo0180) FOLHEAR (Faria-Nascimento_vídeo0181)

CADERNO (Faria-Nascimento_vídeo0182) ESCREVER (Faria-Nascimento_vídeo0183)

ESCRITA-EM-SIGNWRITING (Faria-Nascimento_vídeo0184)

ESCRITA EM LÍNGUA DE SINAIS (Faria-Nascimento_vídeo0185) ATIVIDADE (Faria-Nascimento_vídeo0186)

DESENHO (Faria-Nascimento_vídeo0187) TABELA impressa (Faria-Nascimento_vídeo0188) APAGAR (Faria-Nascimento_vídeo0189) LER/LEITURA (Faria-Nascimento_vídeo090) CARTA (Faria-Nascimento_vídeo0190) TRADUÇÃO (Faria-Nascimento_vídeo0191) ESTUDAR (Faria-Nascimento_vídeo0123) DOCUMENTO (Faria-Nascimento_vídeo0192) ATESTADO MÉDICO (Faria-Nascimento_vídeo0193)

DOCUMENTO-DE-IDENTIDADE – RG (Faria-Nascimento_vídeo0194) CARTÓRIO (Faria-Nascimento_vídeo0195)

SECRETARIA (Faria-Nascimento_vídeo0196) Quadro 15

REDAÇÃO (Faria-Nascimento_vídeo0197) e RELATÓRIO (Faria- -Nascimento_vídeo0198) são ULS cujo morfema-base posiciona-se em uma posição intermediária entre aquela que iconicamente remete à posição dos livros na estante, variante dos textos impressos e aquela que iconicamen- te remete à posição de um textos em posição de leitura ou escrita, variante dos textos manuscritos. Mesmo com o advento e amplo acesso tecnológico, que nos facilita a produção de qualquer tipo de texto digitado num teclado de computador, a motivação semântica de relatório e redação ocorre com o

morfema-base num plano inclinado, cuja orientação da palma posiciona-se verticalmente, posto tratar-se de um texto produzido, normalmente, em folha retangular, no sentido ‘retrato’ e não ‘paisagem’.

Embora ainda seja uma análise superficial, essa variação da OP e da inclinação do morfema-base ilustrada nos Quadros 14 e 15 permite-nos le- vantar uma hipótese de alofonia da OP, pois a base semântica é a mesma, não há mudança de significado da base, o que significa dizer que todas as ULS partilham elementos comuns de um mesmo campo semântico.

Vejamos as ocorrências de ULS a partir do morfema-base semelhante ao morfema-base para “texto”, mas que tem, na verdade, diferenças considerá- veis na articulação, quer pelo afastamento entre os dedos, quer pela OP, quer pelo próprio movimento dos dedos e ULS derivadas:

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ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-LÍNGUA-DE-SINAIS

(Faria-Nascimento_vídeo0199) LÍNGUA DE SINAIS (Faria-Nascimento_vídeo0200) LIBRAS (Faria-Nascimento_vídeo0201) PROFICIÊNCIA-EM-LIBRAS (Faria-Nascimento_vídeo0202) CONFIGURAÇÃO-DE-MÃO (Faria-Nascimento_vídeo0203) PARÂMETROS (Faria-Nascimento_vídeo0204) OPINIÃO-EM-LS (Faria-Nascimento_vídeo0205) FALAR-EM-LS (Faria-Nascimento_vídeo0206) Quadro 16

Também é possível lançar a hipótese de alofonia marcada pela OP nesse

MORFEMA-BASE-PRESO-LÍNGUA-DE-SINAIS (Faria-Nascimento_

vídeo0199). Em cada um desse sinais, o morfema-base é o mesmo, mas a OP muda para cada um. Essa é uma discussão a ser retomada em estudos futuros. Seria, mesmo, um caso de alofonia?

Faria-Nascimento (2009), em seu estudo sobre as cores em LSB, cons- tatou dois mecanismos morfológicos para a construção de ULS desse campo semântico (cores). Um mecanismo é motivado iconicamente por uma cor prototípica presente no universo extralinguístico, como é o caso da variante 01 de BRANCO (Faria-Nascimento_vídeo0207), motivada pela cor da pele e da variante 02 de BRANCO (Faria-Nascimento_vídeo0208), motivada pela cor do leite e, ainda, a variante 03 de BRANCO, motivada pela cor dos dentes (Faria-Nascimento_vídeo0209). O outro mecanismo empregado na nomeação de cores em LSB constrói-se sobre a mão-passiva em posição de morfema-base, apto a construir ULS que designam cores. Assim, quando não há motivação icônica para a construção da ULS, a nomeação da cor dá-se por meio de um processo de derivação sufixal que agrega a esse morfema-base outro que especificará a cor designada. Esse morfema especificador da cor baseia-se, normalmente, no empréstimo da letra inicial do nome da cor em LP, como é possível verificar nos exemplos do Quadro 17:

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ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: variante 01 – MORFEMA-BASE-PRESO-CM-FECHADA (Faria-Nascimento_vídeo0210) BEGE (Faria-Nascimento_vídeo0211) CINZA (Faria-Nascimento_vídeo0212) LILÁS (Faria-Nascimento_vídeo0213) MARROM (Faria-Nascimento_vídeo0214) PRETO (Faria-Nascimento_vídeo0215)

ROXO/ VIOLETA (Faria-Nascimento_vídeo0216) VERDE (Faria-Nascimento_vídeo0217)

Quadro 17

Entre os falantes de LSB é possível encontrar variação no morfema- -base formador de ULS do campo semântico cor entre outros campos se- mânticos. Novo caso de homonímia morfológica. Esse morfema ora se apresenta com a CM fechada, como nos exemplos citados e ora se apresen- ta com CM aberta como na variante 02 do MORFEMA-BASE-PRESO- -CM-ABERTA (Faria-Nascimento_vídeo0218). A diferença é que, apa- rentemente, um mesmo falante não alterna entre uma e outra base; parece que ou o falante emprega uma CM ou emprega a outra. No caso específico

SE-PRESO-CM-ABERTA, a ULS produzida com outra CM pode ser ho-

mônima com CONSTITUIÇÃO (Faria-Nascimento_vídeo0174), com

MORFEMA-BASE-PRESO-CM-ABERTA e Mov._ir-vir, fato que impli- cará o entendimento do contexto ou a percepção do movimento labial para a determinação do significado.

Nos diferentes Estados Brasileiros é possível encontrar uma variação na construção da ULS empregada para designar a “Constituição”, tanto com relação à CM do morfema base preso, quanto com relação ao movimen- to. Assim, além da construção já apresentada, CONSTITUIÇÃO (Faria- -Nascimento_vídeo0174), com MORFEMA-BASE-PRESO-CM-ABER- TA e Mov._ir-vir; também é possível encontrarmos: CONSTITUIÇÃO (Faria-Nascimento_vídeo0220), com MORFEMA-BASE-PRESO-CM- -FECHADA e Mov._circular e CONSTITUIÇÃO (Faria-Nascimento_ví- deo0221), com MORFEMA-BASE-PRESO-CM-FECHADA e Mov._ir-vir. A variação presente nesses dois morfemas também remete a uma possível análise de alofonia em LSB.

Outro exemplo de construção derivacional que emergiu no estudo em questão relaciona-se à ‘circunscrição territorial’, caracterizada por um morfe- ma base preso com uma certa variação, a partir do qual origina-se uma série de termos relacionados:

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ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE: MORFEMA-BASE-PRESO-CIRCUNSCRIÇÃO

Circunscrição, grupo ou espaço físico delimitado (Faria-Nascimento_vídeo0222)

CIDADE (Faria-Nascimento_vídeo0223)

CIDADEZINHA (Faria-Nascimento_vídeo0224)

CIDADE DO INTERIOR (Faria-Nascimento_vídeo0225) MUNICÍPIO (Faria-Nascimento_vídeo0226)

PERIFERIA (Faria-Nascimento_vídeo0227) Quadro 18

As ULS VOLTAR (Faria-Nascimento_vídeo0228), cuja construção agrega o conceito de retorno a um locus específico e CONVÊNIO (Faria- -Nascimento_vídeo0229), que preserva a delimitação de um espaço marca- do na base. Ambos também são exemplos que cabem nessa análise.

O MORFEMA-BASE-PRESO-CIRCUNSCRIÇÃO (Faria-Nasci- mento_vídeo0222) é adaptável ao tamanho do espaço delimitado pelo con- ceito a ser representado pela ULS construída. Esse tamanho está, contudo, restrito aos parâmetros linguísticos, embora alicerçado nos padrões conceitu- ais de tamanho da ULS marcada, uma vez que pode ser ampliado ou reduzi- do, de acordo com a amplitude espacial da ULS empregada para denominar o referente. Essa ampliação resulta, inclusive, uma ULS, ou seja, um morfema livre que atua na construção de outras ULS, como é o caso de BAIRRO (Fa- ria-Nascimento_vídeo0230), LOCALIZAÇÃO (Faria-Nascimento_ví- deo0231), e também POVO^LUGAR ó POVOADO (Faria-Nascimento_ vídeo0232), que partem do LUGAR/MORFEMA-BASE-LIVRE-LUGAR (Faria-Nascimento_vídeo0233), mas nesse último caso, em vez de ampliar o espaço, reduz-se.

A ULS que designa ‘casa’ torna-se morfema base livre na construção de ULS, cujo campo semântico partilha em todos os casos do conceito de abri- go. Vejamos no Quadro 19:

DERIVAÇÕES SUFIXAIS

ULS, PRODUTOS DE MORFEMAS-BASE/SIGNIFICADO DA BASE:

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