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2 PEGADAS PARA A COMPREENSÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL AFRCANO-BRASILEIRO EM BOM JUÁ E PLATAFORMA

2.3 Como compreender o caminho das pedras para análise dos dados

Os parágrafos seguintes, explanarei as bases teóricas com que analisarei os dados tangíveis ao contexto em que se forma a concepção do patrimônio cultural brasileiro. Assim como ele se ajusta ao afro-brasileiro na formação das subjetividades de Bom Juá e Plataforma, sobretudo no que tange à infância, o patrimônio cultural e o território educador. Por que os territórios são tecidos e se constroem com singularidade de acordo com as suas subjetividades e histórias. Neste sentido a cultura de base banto44 é outro dado que será observado e comparado, visto que está subjacente ao cotidiano de Bom Juá, o que constitui o alicerce cultural advindo das migrações de descendentes de africanos do recôncavo baiano. (a situação em Salvador está complicada e a análise deve ser cuidados neste sentido, nem eu mesma estou entendendo).

A afrodescendência que é a descendência africana, atrelada à forma particular da população negra residente em bairro de maioria negra e em especial Salvador. Pois os territórios investigados, vivenciaram em seu cotidiano a produção da cultura, construindo o seu espaço a partir da comunalidade. Esta para os bantos é uma forma de vida onde se busca sempre o equilíbrio, mesmo existindo os conflitos e as tensões. O mesmo ocorre por via da participação individual dos moradores no cotidiano nas associações de moradores e grupos formados por jovens e adolescentes. (discussão dos dados sobre o centro cultural e grupos de igrejas evangélicas de Bom Juá) Participação e equilíbrio em Bom Juá têm base na solidariedade estrutural explicitada na sobrevivência independente da necessidade, os bonjuaense se conhecem e tem como prática a reunião entre moradores.

Baba do dia dos pais, a reunião nos bares e a cotação para reunião de amigos para comerem e beberem juntos. Mesmo com a violência ainda é possível(na análise dos dados observar que infelizmente a violência policial está acabando com esta comunidade e o trico de drogas, hoje as pessoas temem viver nas ruas e reunidas) A comunalidade é exercida independente do desgaste cotidiano e se materializa-se nas festas, amizade, solidariedade, organização/movimento social, religiosidade tendo subjacente à sua forma de produção organizacional cultural e social. Apostar no que é do afrodescendente, sem delongar nos assuntos ir direto no assunto.

O Território de maioria afrodescendente considerando que Salvador-BA, se compõe

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Em Bom Juá, encontramos a solidariedade, o falar com a voz e com o corpo, a hierofania a vida em comunidade e a família alongada ALTUNA (1985, p. 50-11).

de pessoas majoritariamente negras, que enfrentam os mesmos problemas sociais, políticos, econômicos decorrentes da pobreza produzida e perpetrada pelo racismo antinegro e capitalismo racista. Contudo tivemos como foco Plataforma e Bom Juá como territórios educadores que criam, produzem e recriam estratégias de sobrevivência na qual estão implícitos o seu patrimônio cultural material e imaterial. Aqui considerando-o como patrimônio cultural afro-brasileiro o que se produz nos dois campos da pesquisa tendo também com base a comunalidade, amizade e solidariedade e formação de grupos. Ou seja o patrimônio cultural imaterial plataformense e bonjuaense são afro-brasileiros.

A infância deste território a entendemos como aquela que produz seu universo tendo em face o patrimônio cultural dos sues territórios. Esta que algumas vezes na ausência de possibilidades econômicas adequadas felizmente constroem seus brinquedos (citar a criança que constrói patinetes), suas atividades, brincam, têm alegria, aprendem e ensinam, enquanto muitos afirmaram a sua inexistência e atribuindo-a como violenta e sem criatividade com a inocência perdida. Em Bom Juá ela é iniciática no sentido de que as crianças atuam conjuntamente com adultos, adolescentes e idosos em seus bairros, porque estão constantemente envolvidas com e pelos adultos numa relação mutua de aprendizagem. Não sendo diferente em Plataforma, pois as brincadeiras também variam de acordo com as condições materiais dos seus multiterritórios.

A Identidade negra, será aprofundada partindo da compreensão de que ela se constrói na relação entre as pessoas negras em seus territórios. Isto acontecendo a partir das ressignificações da cultura de base africana, histórias, músicas, memórias, festas, saberes e fazeres cotidianos e transmitidos por gerações. Tem uma origem comum na cultura de base africana, num território de maioria negra que resulta num sentimento de pertencimento com base na ancestralidade, esta não percebida pela maioria. Observamos isto no bloco afro evangélico. Esta identidade não se constrói isolada mas num contexto onde as culturas afro- brasileira e luso-brasileira se constituem. As edificações da igreja de São Braz e da Fábrica existem motivos da arte de Boticelle e da arquitetura eclética, onde o modernismo e a art

décor se entrecruzam.

O Patrimônio cultural é tudo que está implícito, se explicita e se constrói no território pelo saber fazer, nas manifestações culturais e formas de expressão que por algum motivo deva ser preservado. É resultado da apreensão dos conhecimentos locais e nesta investigação

proporcione aprendizagem, valorização da história individual e coletiva das pessoas e de seus territórios, adquirido por meio da linguagem oral, musical, das imagens, brincadeiras e formas de organização social tendo nas memórias o seu valor fundamental. Estas formas de expressão também podem ser vistas guardando algumas semelhanças com o patrimônio cultural afro-latino na Venezuela, Cuba e Equador. O que constata a transmissão da a ancestralidade inserida e propagada na diáspora africana.

Pensar essas categorias não no sentido abrangente, mas no que possibilite cada espaço/território construir e nutrir a sua história e patrimônio cultural com propriedade. Desta forma não permitindo que ambos se percam no processo de globalização cultural, mas interaja com ele sem perder sua essência. De outro modo também não se perca com o crescimento frenético das igrejas neopentecostal em Salvador, estas são o verdadeiro perigo para o patrimônio cultural afro-brasileiro. Diante do exposto a educação patrimonial na defesa do patrimonio cultural afro-brasileiro fortalece as identidades culturais promovendo o conhecimento para que sejam respeitadas as formas de expressões afro-brasileiras e combata o racismo ambiental, antinegro e institucional que muitas vezes negam a construção africana e afrodescendente como produções intelectuais, sociais e culturais. Essas tipologias de racismo segrega a população negra brasileira e incluindo a soteropolitana, num território pauperizado, desestruturado e alvo de violência policial, que gera mais violência e ódio.

Em Salvador o racismo tomou proporções alarmantes e principalmente no subúrbio, local onde se localiza Bom Juá e Plataforma. Ele causa tensões que provocaram como consequência a criação da campanha nacional “Reaja à violência racial e policial ou será morto ou morta”, iniciado é uma campanha brasileira surgida em 2005 e lançada em Salvador no dia 12 de maio de 201245. É uma articulação entre movimentos e comunidades negras do Quilombo X, organizado por entidades do movimento negro, grupo de mães de jovens executados, e estudantes negros das universidades federais e estaduais. É um enfrentamento dos estudantes negros em resposta à violência policial crescente nas periferia, que dá sequência ao genocídio iniciado com o tráfico de africanos para o Brasil. Cito o movimento Reaja não para estudá-lo, mas informando, para situar o contexto de violência e tensão nos territórios soteropolitanos e no Brasil, contudo indicar que a violência não tira a capacidade de

45 Fala Negra. Uma campanha pela vida, contra o racismo, contra o sexismo, contra a homofobia e

pronto! Informações mais detalhadas dos motivos e grupos que fazem parte do movimento disponíveis em:

<http://www . Palmares.gov.br/sites/000/2/ download/revista2/ revista2-i 89.pdf>. Acesso em: 13 de jul. 2012.

criação dos bomjuaenses e plataformenses mesmo existindo as tensões.

As tensões existentes nestes territórios, por conta do racismo antinegro soteropolitano, tem como foco o extermínio da população negra de forma descontrolada. Este não está sendo minimizado com a presença dos movimentos da supra citada, assim mesmo em desacordo, o Reaja, é um mecanismo de enfrentamento dos moradores afro-brasileiros em defesa do território e do seu patrimônio cultural em termos gerais, e do racismo crescente na cidade do Salvador. É uma atitude política, uma tomada de posição que não envolve os parlamentares municipais, estaduais e federais. É uma rede que representa as relações de poder em dinamismo e tensão permanente entre população, órgão públicos e empresas privadas. Contudo, uma forma de alívio às tensões no subúrbio ferroviário emergiu por meio da cooptação de lideranças de jovens por parte do Partido dos Trabalhadores (PT). O que, no momento político atual consiste em apoiar um grupo de jovens que atua no Centro Cultural localizado nas proximidades do Parque de São Bartolomeu, para este responder por toda a juventude suburbana apoiando todas as ações do governo.

Este grupo apoia o governo estadual da Bahia em todas as iniciativas, mesmo quando da expulsão dos barraqueiros que há mais de 30 anos trabalhavam e eram davam vida e dinâmica ao parque supracitado. É digno de nota que nenhum pesquisador do subúrbio foi consultado ou solicitado nos debates referentes à “revitalização” do parque. O São Bartolomeu fazia parte do roteiro da festa de Pirajá, Labatut ou de São Bartolomeu. Nesta festa datada de 1853, existia uma caminhada, o percurso da batalha de Pirajá, e ia desde a igreja de Pirajá até o Parque de São Bartolomeu, onde além dos barraqueiros nativos, se encontravam barracas adicionais46, nelas se podia comer, beber de tudo, sambar e confraternizar com amigos. Concluída a obra de revitalização do Parque de São Bartolomeu, a administração está sob a responsabilidade da CONDER. Vale ressaltar que não existe mais curso de formação de guias para jovens, estes acompanhavam os visitantes e informavam sobre a importância do local para a cidade de Salvador e para o subúrbio ferroviário.

Pensamos território diferente do que eles se estabelecem nos documentos municipais ou no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por isso trabalhei com o conceito

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Quando me refiro a barracas adicionais, são aquelas itinerantes armadas em todas as festas populares. Antes da industrialização das festas populares de Salvador, os barraqueiros iniciavam os trabalhos nas festas de largo desde 13 de Dezembro na Festa de Santa Luzia e terminava depois dos micaretas nas cidades do interior da Bahia. Hoje os mesmos barraqueiros são reféns da prefeitura da cidade e das cervejarias Itaipava e Nova Schin.

de território, não de bairro. Por que os bairros do ponto de vista oficial compreendem demarcações das relações sociais da sociedade espelhada nas classes sociais, nos grupos sociais, étnico-raciais e por vezes também relacionados com os grupos de profissionais que pensam a cidade (BARRETO 2012, p. 119). Nesta tese entendemos o território como um conjunto da população que historicamente estabeleceu a sua moradia e se desenvolveu através do patrimônio cultural e das identidades na sua relação com o patrimônio cultural negro.

Constatamos que a política soteropolitana para o território e patrimônio cultural que “pensam” os “bairro” “desde fora”, paradoxalmente não o pensam47. Por que primeiro, em Salvador a lei de bairros data de 1960, e o crescimento desordenado não os delimitou como bairros, logo na inexistência de bairros o IBGE utiliza para melhor compreensão o termo áreas de ponderação. Elas são setores censitários úteis na identificação e diagnóstico de problemas estruturais dos bairros, atrelado ao projeto Caminho das Águas. Este foi determinante para a formalização da lei de bairros de Salvador, o qual está sendo utilizado pela atual prefeitura para fazer a intervenção nas áreas de ponderação de Salvador por meio das Prefeituras Bairro. Estas são compostas por moradores que identifica os problemas que devem ser sanados com respeito as áreas de saúde, educação e infraestrutura com políticas públicas efetivas.

O PDDU 2007, em obediência ao Estatuto das Cidades visa reordenar e reorganizar a cidade. Mas nas suas entrelinhas, na gestão de João Henrique loteou a cidade dando lugar à especulação imobiliária em áreas desconstruídas, ou construídas sem ocupação, e habitadas próximas a locais saturados por habitações. O PDDU48 causou transtorno na cidade e nos territórios quando removeu deles áreas de valor afetivo, ou seja, o seu patrimônio cultural, um dos exemplos citados acima é a modificação da festa de São Bartolomeu, que parte dela era realizada no Parque Metropolitano de São Bartolomeu, que dentro do plano diretor é uma Zona Especial de Interesse Social (ZEIS).

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Na pesquisa de campo constatei o processo permanente de gentrificação, ou seja, desmanche de casarões com relíquias do século XVII, instrumentos de pedra lascada e polida das populações autóctones; louça inglesa, holandesa, chinesa, que fizeram parte dos casarões que desabaram nas imediações do Elevador Lacerda, nas chuvas do mês de Abril de 2015, estes, brevemente serão sepultados em forma de entulho, no subsolo da nova orla da Almeida Brandão que irá desde Plataforma até Itacaranha no subúrbio ferroviário, juntamente com os destroços das ruínas da Fábrica São Braz, empresa têxtil que viabilizou economicamente Plataforma. Nas reuniões do projeto Ouvindo o nosso bairro, os técnicos convenceram os moradores do Rio Vermelho que as pedras inglesas históricas não tem nenhum valor e foram substituídas por calçadas acimentadas.

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O PDDU de 2008 foi suspenso no ano de 2012 e está em discussão na atual gestão municipal juntamente com o Projeto Salvador 500 e Lei de Uso e Ordenamento do Solo (LUOS).

Destaco o Plano Diretor (2008) e o Estatuto das Cidades, por que ambos apontam a importância do lazer e do patrimônio cultural como direito à cidadania. No entanto o ex- prefeito João Henrique desconsiderou tanto o lazer quanto o patrimônio cultural. Como? Preteriu a cidade – o território de maioria negra como lugar de memória e história de vida e a construção de identidades coletiva e individual mantenedoras do patrimônio cultural, desta forma não valorizou o lugar de ressignificações locais quando o sucateou permitindo a especulação imobiliária a exemplo do bairro 2 de julho. De acordo com o parecer do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (CREA-BA), analisando a 2ª minuta de projeto de lei de alteração do PDDU municipal do Salvador, em Maio de 2007, observa que para a elaboração do mesmo não houve uma contextualização histórica social, política, cultural e econômica da cidade.

Primeiro como rege a Lei Art. 74, da Lei Orgânica do Município do Salvador, o PDDU deve ser atualizado, complementado, ajustado e alterado,não refeito inserindo novos artigos. Desconsidera a opinião dos moradores e o parecer do CREA e não apresenta relatórios técnicos. O documento não apresenta simplicidade na interpretação dificultando a sua compreensão para a população e nem as considerações de técnicos urbanistas. Nem fez as análises necessárias referentes às instalações públicas e privadas da cidade®eferentes à sua população. Não foram considerando pontos importantes do Conselho das Cidades do Conselho das cidades (inciso III do Art. 1; inciso I do Art. . 2 e Art. 5. Art. 5. , §4º e do Estatuto da Cidade (inciso IV do Art. 3 e Art. 4. além de não discutir as complexidades do do ano de 2004. No que diz respeito à população desconsidera a identidade da cidade, ou seja,

Salvador é uma cidade que apresenta grandes contrastes sociais, fruto da desigualdade socioeconômica, do baixo poder aquisitivo da população, do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da baixa escolaridade. Sua população é composta por 80% de afrodescendentes, historicamente excluídos, o que se constata na forma de uso e ocupação do solo, habitando as áreas de risco, desprovidas de serviços e infraestrutura, gerando conflitos urbanos, configurando-se em um “apartheid” social e urbanístico. (CREA-BA, 2007)

Neste conglomerado urbano se insere a vida da população negra e as suas formas de expressão e patrimônio cultural. Além das incongruências citadas acima existes as relacionadas com a Estrutura da Minuta do Projeto de Lei (MPL); Necessidade de revisão do Texto, Da Questão Habitacional Do Ordenamento Territorial; Da Proposta de Zoneamento; Dos Instrumentos da Política Urbana; Tratamento da Zona Rural (continental e ilhas) Orla

Marítima. Todas contemplando a especulação imobiliária e provendo a desigualdade social. Depois dos debates, no mês de Agosto de 2007 aprovado o PDDU não foi considerada nenhuma das avaliações feitas no parecer do mês de Maio, as incoerências continuam. Desta forma o CREA-BA faz novo parecer refirmando a condição da população negra e pobre que é a maioria na cidade e a cidade que não se identifica,

A grave situação do uso e da ocupação do solo da cidade não está evidenciada no texto, cujo índice atinge cerca de 70% de edificações, principalmente para fins habitacionais em situação irregular de informalidade, construídas de forma precária, com alto índice de insalubridade, sem possuir serviços de infraestrutura urbana, localizadas, em sua maioria, em áreas de risco sem acompanhamento técnico especializa do nas fases de projeto e execução, tampouco as formas de intervenção para minimizar e interromper este processo desordenado de degradação urbana. Salvador apresenta grandes contrastes, cuja população é composta, em sua maioria, de afrodescendentes, historicamente excluídos, o que se constata na ocupação do solo configurando-se em uma segregação urbanística e social (CREA-BA, 2015).

Sendo assim, a administração pública de Salvador promove o apartheid e desigualdade sociorracial, organizando uma cidade voltada apenas para os interesses financeiros e turísticos. E mesmo quando existem espaços como o Outeiro em Plataforma e o Parque Metropolitano de São Bartolomeu ainda assim segrega, dando um tratamento diferenciado e evitando o acesso das pessoas e causando o processo de gentrificação na cidade, promovido com a execução das obras do projeto Ouvindo o Nosso Bairro da gestão do Prefeito ACM Neto. Em Plataforma artificializará as área do entorno das ruínas da Fábrica São Braz e local onde os jovens e crianças todas as tarde jogam futebol, tomam banho de mar e jogam capoeira. Estas obras desconfigurarão totalmente a dinâmica da Praia do Alvejado.

As informações a cerca da desconfiguração da Praia do Alvejado de Plataforma pode ser vista no conjunto fotográfico abaixo. A (FIGURA 7) a (FIGURA 8) mostra a degradação do meso local. Elas fazem parte da imagens do projeto de revitalização da orla de Plataforma e foram apresentadas à população no dia 06 de Junho de 2015 no Centro Cultural de Plataforma, a partir da 19:30 hs. Elas são são elementos principais de convencimento dos moradores e a sociedade soteropolitana de que a revitalização trará comodidade e bem estar, o que podemos com a informação do morador

Aos 57 anos, o aposentado Ednilson Leandro dos Anjos caminha à beira da linha férrea de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário, esperançoso. “Eu ainda vou viver para aproveitar isso tudo aqui e muito, com fé em Deus!”, diz. Na última segunda-feira,

ele foi à reunião que aprovou o projeto de revitalização da orla de Plataforma e Itacaranha e voltou com tudo na cabeça: os banquinhos, a ciclovia, as áreas de lazer, a fonte interativa e até uma piscina natural, que aparece quando a maré enche. […] “Era um prédio lindo, mas foi acabando. Aqui vai ficar bonito, vai ter uns bancos para ver o pôr-do-sol. E a piscina vai ser algo ótimo, porque o batismo da nossa igreja é aqui. Vai ficar lindo fazer na piscina” (CORREIO DA BAHIA, 2015)

Fonte: Correio da Bahia (2015).

Figura 16 - Projeto de Revitalização da Orla de Plataforma

Fonte: Correio da Bahia (2015).

A (FIGURA 7), mostra um ambiente com pessoas descontraídas, desfrutando da orla revitalizada, aproveitando das benesses do projeto, já na (Figura 4) o prédio tombado, citado pelo entrevistado, que num processo de gentrificação se degradou e desaparecerá com a revitalização. Observemos que as fotografias do projeto são bem sugestivas e de certa forma colabora na decisão dos moradores em favor da prefeitura, de forma que o Sr. Ednilson e os moradores que participaram da oficina não avaliaram a perda para o território com o desaparecimento deste prédio e aceitaram o projeto. A conclusão do mesmo resulta na perda, esquecimento e invisibilidade de parte da história da Plataforma e da arquitetura fabril brasileira.

A fotografia da fábrica inclusa no projeto se fosse tirada na perspectiva da cotidianidade dos plataformenses como mostramos abaixo, nas (Figuras 9, 10, 11) e 8(12)) por certo traria mais debates em favor dos moradores. Na (Figura 9) logo abaixo, uma fotografia destaca as tarde de brincadeiras na praia, e pescaria dos plataformenses, esta vista é desde o Terminal Marítimo de Plataforma (Figura (11)3). Este prédio é tombado e faz parte do conjunto de casario embelezadores do território.

Arquivo pessoal (2015).

Na Figura 10, observando Plataforma do bairro da Ribeira por via marítima, pode- se ver o mesmo prédio degradado (seta vermelha), anteriormente citado, e que a paisagem não será a mesma com o muro branco destacado na (Figura 7), nem com a degradação da

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