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Bom Juá e plataforma: territórios que ensinam o patrimônio cultural africanobrasileiro à infância, SalvadorBahia

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Academic year: 2018

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA

ROSIVALDA DOS SANTOS BARRETO

BOM JUÁ E PLATAFORMA: TERRITÓRIOS QUE ENSINAM O PATRIMÔNIO CULTURAL AFRICANO-BRASILEIRO À INFÂNCIA. SALVADOR - BAHIA

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BOM JUÁ E PLATAFORMA: TERRITÓRIOS QUE ENSINAM O PATRIMÔNIO CULTURAL AFRICANO-BRASILEIRO À INFÂNCIA. SALVADOR - BAHIA

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação Educação Brasileira da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Educação Brasileira. Área de Concentração. Educação.

Orientador: José Rogério Santana Coorientador: Antonio Roberto Xavier

FORTALEZA

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Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Educação Brasileira do Departamento de Educação da Universidade Federal do Ceará, como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Educação Brasileira. Área de Concentração. Educação.

Aprovada em: 30/11/2016.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Prof. Dr. Rogério Santana (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________ Prof. Dr. José Gerardo Vasconcelos

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________ Prof. Dr. Francisco Ari de Andrade

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________ Prof. Dr. Antonio Roberto Xavier

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB

____________________________________________ Prof. Dr. Emanoel Luís Roque Soares

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Agradeço a Deus e aos orixás pelo auxílio permanente durante este curso para onde superei todos os obstáculos e as perdas na família como a morte de meu pai e tio depois de acompanhá-los durante o período em que estiveram enfermos.

À agência de fomento de bolsas de estudos CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)/PROPAG (Programa de Articulação entre Graduação e Pós-Graduação). Esta me oportunizou a colaboração financeira e a atuação na docência do Ensino de Graduação, no curso de Pedagogia da FACED (Faculdade de Educação) – UFC (Universidade Federal do Ceará). Nesta instituição desenvolvi projetos junto à graduação onde um deles resultaram numa exposição no BNB (Banco do Nordeste do Brasil).

À Prefeitura Municipal de Salvador, Instituto Brasileiro de Geografia e Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Secretaria Municipal de Educação – Salvador, Coordenação do Cadastro Único – Salvador, Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio Veiga (LEV) pela colaboração no levantamento dos dados que sustentaram esta investigação.

Ao meu esposo Pedro Alexander Cubas Hernández, por todos os conselhos, orientação, colaboração, solidariedade contribuindo arduamente na minha caminhada cotidiana para a concretização desta tese. Inclusive quando observou o cansaço e me proporcionou momentos desestressantes de forma que não prevalecesse o desânimo para redigir este relatório doutoral.

Aos meus filhos por estarem sempre perto, mesmo com as preocupações. Estendendo os agradecimentos a todos os meus familiares em especial a minha prima Walmira Santos Barreto e à minha tia Maria Julieta Santos Barreto, que me apoiaram no momento em que eu mais precisei de um ombro amigo. Além disto, abdicaram do seu laptop para eu terminar de escrever esta tese e entregá-la á banca examinadora. É digno de nota que o meu notebook parou de funcionar depois da segunda qualificação. A minha tia Waldete Barreto dos Santos que me alfabetizou.

Ao Pai Carlos Trindade, pessoa que colaboro comigo desde que ingressei num ônibus para cursar o mestrado e me deu apoio espiritual nos momentos necessários.

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possibilitaram a ampliação bibliográfica que proporcionou o aprofundamento de minha pesquisa com as disciplinas oferecidas na Linha de Pesquisa de História e Memória da Educação. Também pela possibilidade de salientar nas memórias, possibilidades de preservar o patrimônio cultural nos territórios, ampliando assim o entendimento estas categorias de estudos podem decerto ampliar a aplicação da lei 10.639/03.

Ao Prof. Dr. José Rogério Santana por aceitar me orientar colaborando na ampliação do meu conhecimento a cerca do universo da metodologia da pesquisa. Através dele conheci a Engenharia Didática importante na discussão dos dados e suporte para tratar os conceitos utilizados na tese.

Guará pela disposição, ele me acompanhou por todo Plataforma socializando o seu conhecimento com riqueza de detalhes sobre a história do território.

O Prof. Dr. José Eduardo Ferreira Santos, ex-aluno, pesquisador da beleza do subúrbio ferroviário de Salvador. Este me informou a respeito das histórias e pesquisas em Plataforma, assim como sobre as limitações das pesquisas no subúrbio no que tange à presença negra. O que nos orgulha que foi possível determinar e de desvendar nesta investigação.

A Brêga, da AMPLA (Associação de Moradores de Plataforma) com a cessão do espaço deste espaço para qualquer atividade da pesquisa. Guará, D Tutuca e D. Ju; Sr Miranda e Galvão pessoas mais antigas, informantes das memórias plataformenses. Aos também informantes do Claúdio Primo, D. Aidê, Sr. David e Júlio, sempre piadistas; Armando, Guilherme e Lindolfo participantes da discussão do grupo focal oferecendo subsídio para detalharmos o patrimônio cultura material e imaterial de Bom Juá.

Às Direções das Escolas Municipais Úrsula Catarino e São Braz, e de Plataforma, e as Xavier Marques, Comunitária de Bom Juá pela colaboração e permissão de realização da discussão de grupo focal com os estudantes, assim como assistir o ensaio da Banda Afro de Lata (Escola Úrsula Catharino), além de permitir a seleção das crianças e realização da discussão de grupo focal e oficina. Agradecimento especial aos pais que também permitiram que seus filhos participassem como informantes na pesquisa.

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ferro-de Salvador e dos territórios por onferro-de cruzou incluindo Plataforma que é parte ferro-dessa história. Nicolas Frassine, italiano, Coordenador de Projetos da Opera e Fraternità Bahiana (OFB), atua nas obras sociais de Mar Grande no Projeto Nova Terra. É ex-colaborador da Associação Centro Social Fraternidade Bahiana (A CSFB) ele mostrou que a solidariedade não é específica dos povos africanos. Ela em momentos de crise uniu os europeus exemplificando em sugeriu assistir o filme ‘A Árvore dos Tamancos’. No início de meus estudos de mestrado, fui doutrinada a pensar que a solidadriedade era específica dos africanos, que os europeus são desumanos e egoístas. Contudo o que diferia a solidariedade dos povos bantu na África Antiga da dos europeus e que ela se manifestava independente dos momentos de calamidade, ela não permitia o desequilíbrio de suas populações, para que todos vivessem tranquilamente.

Noelma Mota França, a pessoa que como irmã me possibilitou viajar para realizar a minha pesquisa de campo. Como? A mesma me emprestava o seu cartão de créditos para financiar as passagens aéreas para mim a meus filhos. Ela me disse sempre, se precisar de mim seja para questões financeiras ou não pode contar comigo. Esta foi a irmã que eu não tive. E à Profª Kelly Krause pela tradução do resumo em francês,, não foi utilizado por que segundo as normas da ABNT atuais dispensa o uso do mesmo em três idiomas.

Agradecimentos Póstumos

A Giacomo Corna Pellegrini, primeiro pesquisador de Bom Juá, ofereceu-me informações, com documento que ilustrava o seu interesse por Bom Juá, mesmo depois de aposentado

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Esta tese aprofunda conclusões da dissertação que abordou o Patrimônio cultural, infância e identidade no bairro de Bom Juá, Salvador–Bahia. Para nós, o patrimônio cultural, as histórias de vida e formas de expressão dos moradores são invisibilizados e excluídas da escola e do currículo. Agora estudamos comparativamente Bom Juá e Plataforma, enfatizando o território educador e o patrimônio cultural africano-brasileiro como desenvolvedores da identidade africano-brasileira do moradores desde a infância. Para tanto analisamos as possibilidades educativas para a infância nos territórios no campo de pesquisa enfocando o patrimônio cultural africano-brasileiro. Nesta esteira comparamos as narrativas da infância; identificamos e explicamos o patrimônio cultural e suas possibilidades educativas, assim como analisamos as diretrizes pedagógicas da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Lazer de Salvador que conta com o eixo norteador da educação interétnica. A abordagens teóricas contemplaram o território educador, aquele interconectado com a cidade e suas construções que educa tendo o patrimônio cultural africano-brasileiro inserido no ambiente e currículo escolar, como motor do processo educativo. O resultado do estudo apontou a possibilidade educativa para a infância no território permeando o patrimônio africano-brasileiro; a disponibilidade do material didático para desenvolver a aprendizagem visibilizando o patrimônio africano-brasileiro, para a aplicação da Lei 10.639 /03, mas dependendo dos(as) professores(as) militantes; a infância associada ao medo da violência urbana e policial, um retrocesso em ralação aos resultados do mestrado; a expropriação das festas populares de origem africana ora em mão dos políticos partidários e a demonização delas pelas igrejas cristãs; a invisibilização do legado africano e folclorização do(a) negro(a) nos cadernos didáticos da Secretaria, da mesma forma que os(as) professores(as) desconhecem as diretrizes citadas acima embora mencionem os Parâmetros Curriculares Nacional e a Leis de Diretrizes de Base da Educação Brasileira. E a interferência das igrejas e política partidária dificultando a preservação do legado africano, e que a Secretaria Municipal de Educação atua com projetos aquém da realidade, não contemplando a educação patrimonial.

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Esta tesis profundiza las conclusiones de la disertación que abordó el Patrimonio cultural, infancia e identidad en el barrio de Bom Juá, Salvador-Bahia. Para nosotros, el patrimonio cultural, las historias de vida y las formas de expresión de los residentes son invisibilizadas y exlcuidas de la escuela y del currículo. Ahora estudiamos comparativamente Bom Juá y Plataforma, enfatizando el territorio educador y el patrimonio cultural africano-brasileño como desarrolladores de la identidad africano-brasileña de los habitantes desde la infancia. Para ello analizamos las posibilidades educativas para la infancia en los territorios en el campo de investigación enfocando el patrimonio cultural africano-brasileño. En esta estera comparamos las narrativas de la infancia; identificamos y explicamos el patrimonio cultural y sus posibilidades educativas, así como analizamos las directrices pedagógicas de la Secretaría Municipal de Educación, Cultura y Lazer de Salvador que cuenta con el eje la guía de la educación entre grupos étnicos. Las bases teóricas utilizadas fueron el territorio educador, aquel interconectado con la ciudad y sus construcciones que educa teniendo el patrimonio cultural africano-brasileño inserto en el ambiente y currículo escolar, como motor del proceso educativo. El resultado del estudio señaló la posibilidad de que la educación en el territorio; la prestación de la enseñanza material para desarrollar un trabajo que muestra el patrimonio Africanoo-Brasileño, pero según los profesores militantes a la aplicación de la Ley 10. 639 / 03; la infancianiñez que existe asociadao con el temor de los males actuales del territorio sometido a la violencia policial, un paso hacia atrás en relación a los resultados del maestriao. Concluimos entonces que hay una posibilidad de educación patrimonial espontáneamente en el territorio; Todavía se trata en la escuela con superficialidad. Y que la SMED alternadamente trabaja con proyectos se quedan cortos de la realidad no contemplan la educación patrimonial aunque hay en el adoptar orientación pedagógica para la ciudad educadora.

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Figura 1  Primeira geração do Bloco do bacalhau 35 Figura 2  Terceira geração acompanhando o Bloco do Bacalhau 36

Figura 3  Acervo da Laje 38

Figura 4  Outeiro de Plataforma 41

Figura 5  Procissão de São Braz 58

Figura 6  Pierrô Apaixonado 59

Figura 7  Pierrô Tradição 60

Figura 8  Pierrô Tradição de Plataforma 60

Figura 9  Torcedores da ACSFB no campo 70

Figura 10  Diretoria do time da ACSFB, premiação 71

Figura 11  Crianças torcedoras da ACSFB 71

Figura 12  Estação do Metrô de Bom Juá 72

Figura 13  Praça São Braz 1976 73

Figura 14  Praça São Braz 2014 74

Figura 15  Praça de São Braz 2015 75

Figura 16  Bloco de Carnava evangélico 2015 88

Figura 17  Projeto de Revitalização da orla de Plataforma (Ouvindo o nosso bairro)

88

Figura 18  Projeto de Revitalização da orla de Plataforma (Ouvindo o nosso bairro)

89

Figura 19  Crianças brincando na área da antiga FATBRAZ 90

Figura 20  Passagem de Plataforma desde a Ribeira 91

Figura 21  Praia do Alvejado 92

Figura 22  Praia do Alvejado 115

Figura 23  Condomínio Mar Azul 116

Figura 24  Mapa étnico da cidade do Salvador 120

Figura 25  Gamboa 121

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Figura 28 - Obra de infraestrutura para a construção da orla da Enseada do Cabrito

123

Figura 29 - Mapa de Bom Juá 136

Figura 30 - Bom Juá almoço coletivo 139

Figura 31 - Porta tablet 141

Figura 32 - Casa estilo art décor 142

Figura 33 - Casa estilo art décor 142

Figura 34 - Casa com Platibanda, design geométrico e revestimento cerâmico 143

Figura 35 - Festa de N. Srª Santana Bom Juá 144

Figura 36 - Toldo com lanches Frente da Igreja de N. Srª Santana 144 Figura 37 - Interior da Igreja de N. Srª Santana Festa de Santana 145

Figura 38 - Procissão de N. Srª Santana 145

Figura 39 - Santo Antonio D. Judite 146

Figura 40 - Altar de Santo Antonio D. Judite 146

Figura 41 - Mapa de Plataforma 148

Figura 42 - Vista aérea do Parque de São Bartolomeu 150

Figura 43 - Fábrica São Braz 151

Figura 44 - Campo, área externa da fábrica São Braz 152 Figura 45 - Área externa do galpão de tingimento da Fábrica São Braz 152

Figura 46 - Ruínas da Fábrica São Braz 153

Figura 47 - Antiga área do atracadouro da Fábrica São Braz 154

Figura 48 - Ferrovia – frontal à Fábrica São Braz 155

Figura 49 - Casas da vila operária estilo art décor 161

Figura 50 - Brasão da FATBRAZ na fachada 161

Figura 51 - Casa da vila operária na Vila Recreio 161

Figura 52 - Casa da vila operária remodelada na Rua Úrsula Catharino 162 Figura 53 - Casas da vila operária da Rua da Feirinha 162

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Figura 56 - Fachada da Escola Úrsula Martins Catharino 165

Figura 57 - Escola São Braz 168

Figura 58 - Pedestal da igreja de São Braz 166

Figura 59 - Pedestal greco-romano 167

Figura 60 - Ornamento da fachada da Escola de São Braz 167 Figura 61 - Decoração do altar da igreja de São Braz 168

Figura 62 - Lavagem de São Braz 172

Figura 63 - Igreja de São Braz em dias de lavagem 173

Figura 64 - Placa de fundação da igreja de São Braz 174

Figura 65 - Escadaria da igreja de São Braz 175

Figura 66 - Roda de capoeira na festa da lavagem de São Braz 176

Figura 67 - Pierrôs na lavagem de São Braz 177

Figura 68 - Fanfarras na lavagem da São Braz 177

Figura 69 - Nova Praça São Braz 178

Figura 70 - Palco para o carnaval de Plataforma 178

Figura 71 - Senhora com lembranças da festa de São Braz 179

Figura 72 - Término da missa festiva de São Braz 180

Figura 73 - Imagem de São Braz 181

Figura 74 - Início da procissão de São Braz na igreja do Mabaço 182

Figura 75 - Procissão de São Braz 183

Figura 76 - Procissão de São Braz 183

Figura 77 - Interior da igreja de São Braz 184

Figura 78 - Igreja de São Pedro 185

Figura 79 - Componentes das quase quase 185

Figura 80 - Praça São Braz 186

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Figura 84 - Baiana em frente da igreja de São Braz 188 Figura 85 - Baiana em frente da igreja de São Braz 189 Figura 86 - Lavagem da escadaria da igreja de São Braz 2015 189 Figura 87 - Interior da igreja de São Pedro/ igrejinha ou do matadouro 191

Figura 88 - Missa na igreja de São Pedro 191

Figura 89 - Procissão de São Pedro 192

Figura 90 - Pau de Sebo 193

Figura 91 - Quebra pote, festa da Páscoa Rua Nova Brasília 195 Figura 92 - Desenvolvimento do quebra pote Rua Nova Brasília 195

Figura 93 - Judas na Rua Nova Brasília 196

Figura 94 - Queima de judas 196

Figura 95 - Festa da Páscoa 197

Figura 96 - Pierrô Apaixonado 198

Figura 97 - Pierrô Tradição 199

Figura 98 - Pierrô Tradição de Plataforma 200

Figura 99 - Pierrô Tradição 200

Figura100 - Pierrô Tradição de Plataforma 2016 201

Figura 101 - Porto de São João 203

Figura 102 - Comercialização pesqueira no Porto de São João 203 Figura 103 - Comercialização pesqueira no Porto de São João 204 Figura 104 - Porto de São João depois da comercialização 204

Figura 105 - Santa Mazorra 205

Figura 106 - Banner da Platatour 206

Figura 107 - Banner da COOPERSERF 207

Figura 108 - Quarteirões de Paris 216

Figura 109 - Sr. José Pereira, coleta de tamaru 236

(17)

Figura 112 - Pesca com rede de arrasto 237

Figura 113 - Pesca com rede de arrasto 238

Figura 114 - Marisqueiras 239

Figura 115 - Mulheres limpando peixes 239

Figura 116 - Paisagem com as marisqueiras 240

Figura 117 - Vovô, entralhador de rede arraieira 241

Figura 118 - André entralhador de rede de malha normal 242

Figura 119 - Sr. Miranda entralhador de rapa 243

Figura 120 - Sr. Miranda entralhador de cofo 243

Figura 121 - Beto confeccionador de Munzuá 244

Figura 122 - Renato, pescador de arpão, Bom Juá 245

Figura 123 - Renato arte visual 246

Figura 124 - Porto Trapiche 246

Figura 125 - Sr. Nilton mostra chumbo e malha para pescaria 247

Figura 126 - Manguezal do São João do Cabrito 249

Figura 127 - Orla do São João do Cabrito 250

Figura 128 - Marcenaria naval 253

Figura 129 - Antigo Restaurante Boca de Galinha 254

Figura 130 - Atual Restaurante Boca de Galinha 255

Figura 131 - Mosaico no Boca de Galinha 256

Figura 132 - Enseada do Cabrito e dos Tainheiros 256

Figura 133 - Terraço Março 257

Figura 134 - Interior do Terraço Mar 258

Figura 135 - Posto Médico de Bom Juá 259

Figura 136 - Projeto Gente Nova 259

Figura 137 - Escola Xavier Marques 260

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Figura 140  Primeiro cinema de Plataforma 263

Figura 141  Centro Cultural Plataforma 264

Figura 142  Lembrança Stº Antonio de D. Judite 264

Figura 143  Lembrança Stº Antonio de Arleide 265

Figura 144  Ponte do São João do Cabrito 268

Figura 145  Página do livro do programa Alfa e Beto 277

Figura 146  Material Pedagógico Nossa Rede 279

Figura 147  Álbum de experiência grupo 4 280

Figura 148  Álbum de experiência grupo 5 281

Figura 149  Avenida Paralela 283

Figura 150  Mapa da Ilha de Maré – Material Nossa Rede 284

Figura 151  Mapa da Ilha de Maré – Google Map 285

Figura 152  Patinete 302

Figura 153  Jogo de gude 303

Figura 154  Jogo de 7 pedrinhas 304

Figura 155  Desenho do jogo de capoeira 305

Figura 156  Brincadeira de samba de roda 305

Figura 157  Desenho da dança afro (discussão de grupo focal) 306 Figura 158  Desenho do pega-pega (discussão de gruo focal) 306 Figura 159  Desenho de jogo com bola (discussão de grupo focal) 307 Figura 160  Desenho jogo de futebol (discussão de grupo focal) 307 Figura 161  Desenho do pega-pega na praia (discussão de grupo focal) 308

Figura 162  Maquete da nova Praça São Braz 310

Figura 163  Maquete de Plataforma 311

Figura 164  Maquete da antiga Praça São Braz 312

Figura 165  Cartaz com desenhos de Plataforma 313

Figura 166  Cartaz com desenhos parabenizando Plataforma 314

Figura 167  Banda Afro de Lata 315

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Figura 170 Caipira, Arraiá da São Braz 317

Figura 171 Painel da festa junina Escola São Braz 318

Figura 172 Painel da festa junina Escola Xavier Marques 319

Figura 173 Brincadeira, jogo do boliche, festa junina escola A 321 Figura 174 Brincadeira, jogo de boliche, festa junina escola B 323

Figura 175 Brincadeira na festa junina, escola B 323

Figura 176 Brincadeira na festa junina, escola B 324

Figura 177 Jogo da pescaria, festa junina escola B 325

Figura 178 Jogo de pescaria, festa junina A 326

Figura 179 Capa do Minidicionário, escola B 327

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ACSFB Associação Centro Social Fraternidade Bahiana AICE Associação Internacional das Cidades Educadoras AMPLA Associação de Moradores de Plataforma

BNH Banco Nacional de Habitação

CCR Companhia de Concessão Rodoviária CMLEM Colégio Modelo Luís Eduardo Magalhães CODEBA Companhia das Docas do Estado da Bahia CONAM Confederação de Associações de Moradores

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

COOPERSERF Cooperativa de Produtos e Serviços de Plataforma

CREA- BA Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da Bahia EMBASA Empresa Baiana de Água e Saneamento

FABS Federação de Associação de Moradores de Salvador FIFA Federação Internacional de Futebol Associação IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IHGB Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro

IPAC Instituto do Patrimônio Artísticos e Cultural da Bahia IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico Nacional

LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira

LEV Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio Veiga ONG Organização Não Governamental

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano PED Práticas Educativas Digitais

PFL Partido da Frente Liberal

PIBID Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PM-BA Polícia Militar da Bahia

PSN Partido da Solidariedade Nacional PT Partido dos Trabalhadores

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SEC-BA Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Bahia

SEMPS Secretaria de Promoção Social Esporte e Combate à Pobreza SMED Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Lazer e Esportes SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural

(22)

1 INTRODUÇÃO: CAMINHO DA PEDRAS LEVANDO AO

PATRIMÔNIO CULTURAL

24

2 PERCURSO METODOLÓGICO - PEGADAS PARA A

COMPREENSÃO DO PATRIMÔNIO AFRICANO BRASILEIRO EM

BOM JUÁ E PLATAFORMA

2.1 A construção do caminho das pedras 29

2.2 O Caminho das pedras - O território é um livro vivo onde e o patrimônio cultural impresso nas páginas (territorialidade locais) são os conteúdos da aprendizagem

54

2.3 Compreendendo o caminho das pedras para análise dos dados 81

3 BOM JUÁ E PLATAFORMA TERRITÓRIOS

3.1 Os territórios que definem Salvador 109

3.2 Os territórios de Plataforma e Bom Juá no contexto nacional 130 3.3 Bom juá e Plataforma no contexto soteropolitano atual 132

3.4 Bom Juá 136

3.4.1 Industrialização em Bom Juá 140

3.4.2 Atividade econômica em Bom Juá 141

3.4.2 Religiosidade em Bom Juá 143

3.5 Plataforma 148

3.5.1 Industrialização em Plataforma 153

3.5.1.2 As vilas operárias 158

3.5.2 O Lazer nas vilas operárias 168

3.5.3 Porto de São João 201

3.5.4 A cultura e turismo em Plataforma

4 PATRIMÔNIO CULTURAL AFRICANO-BRASILEIRO E SUAS

POSSIBILIDADES EDUCATIVAS PARA A SUA INFÂNCIA EM

(23)

4.2 Concepção de patrimônio cultural no Brasil 222 4.3 As Revistas do IPHAN para a consolidação do patrimônio cultural brasileiro 227 4.4 Patrimônio cultural africano-brasileiro que ensina à sua infância no território

de Bom Juá e Plataforma

232

5 POSSIBILIDADES DE EDUCAÇÃO POR MEIO DO PATRIMÔNIO

CULTURAL AFRICANO-BRASILEIRO À INFÂNCIA DE BOM

JUÁ E PLATAFORMA E AS DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

MUNICIPAIS: SALVADOR

5.1 Conferências mundiais contra o racismo e a promulgação da Lei 10.639/03: contextualização

270

5.2 As diretrizes curriculares da SMED - Salvador 275

5.3 Salvador, cidade educadora? 290

5.3.1 Juventude cultura e arte na década de 1970 e 1980 290

5.3.2 Juventude cultura e arte em 2016 292

5.4 Educação patrimonial em foco 295

5.5 A infância nas diretrizes pedagógicas da SMED 299

5.6 Concepção de Infância e criança em Bom Juá e Plataforma 300 5.7 Atividades realizadas nas escolas Bom Juá e Plataforma 309

5.7.1 Aniversário de Plataforma 310

5.7.2 Festa Junina nas Escolas de Bom Juá e Plataforma 317

5.7.3 Brincadeiras em Bom Juá e Plataforma 318

(24)

REFERÊNCIAS 335

APÊNDICE A 353

APÊNDICE B 357

APÊNDICE C 358

APÊNDICE D 362

(25)

1 INTRODUÇÃO: O CAMINHO DAS PEDRAS LEVANDO AO PATRIMÔNIO

CULTURAL AFRICANO-BRASILEIRO

Introduzo este texto explicando que esta tese resulta do processo de progressão automática do mestrado para o de doutorado no ano de 2012, no programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira, na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará. A dissertação se intitulou “Patrimônio cultural, infância e identidade no bairro do Bom Juá: Salvador – Bahia”. E a tese se amplia e aprofunda temáticas referentes ao território, tendo-o agora como educador, por que não tratarei os dois campos da pesquisa como bairros1. O

avanço que apresento aqui está na análise do Bom Juá e Plataforma como territórios educadores e seus patrimônio culturais imateriais como africano-brasileiro, ambos, estimuladores da aprendizagem no intuito de valorizá-los junto e a quem os preservam. Desta forma, a afeição pelo território poderá, quiça, estimular o sentimento de pertença dos(as) moradores e das crianças pelo seu ambiente abrangente. Ambos os territórios se localizam na periferia soteropolitana, em áreas suburbanas, sendo Plataforma no subúrbio ferroviário.

Explicado acima a principal motivação para os estudos doutorais, nos parágrafos posteriores, faremos o mesmo no que tange a este pesquisa. Explicitaremos as motivações para esta investigação mostrando o percurso metodológico e os capítulos brevemente sintetizados. Um dos pontos principais desta tese é a análise e interação entre patrimônio cultural africano-brasileiro e a educação também na perspectiva das Práticas Educativas Digitais (PED). Nesta esteira vimos como a Secretaria da Educação Municipal da Educação, Cultura e Lazer (SMED), por meio das suas diretrizes pedagógicas, no eixo norteador da

1

(26)

educação interétnica, reporta-se à nossa população tangível à educação étnico-racial, nos Cadernos Pedagógicos do Nossa Rede, extensão do Projeto Combinado. Onde também analisamos o enfoque dado para a educação patrimonial afro-brasileira2. É digno de nota que

tratamos o patrimônio cultural plataformense e bonjuaense como africano-brasileiro.

No que tange às diretrizes pedagógicas da SMED (Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Lazer e Esportes), elas ressaltam as desigualdades sociais reproduzidas pela escola e por esta razão visa a emancipação humana sugerindo a inserção no currículo escolar de temáticas voltadas para a aplicação ampla da lei 10. 639/03 modificada para a 11.645/08. Esta lei obriga o estudo da história dos afrodescendentes brasileiros, a africana e a dos povos autóctones3. Neste sentido, elucidamos o patrimônio cultural de Bom Juá e

Plataforma comparando-os propondo a partir dos resultados deste estudo uma ação concreta que visibilize o território como territórios educadores por meio do patrimônio cultural africano-brasilero. Assim, organizaremos em ambos os territórios uma mostra de vídeo e uma exposição fotográfica denominada com título igual ao deste relatório final.

As atividades anteriormente citadas, as quais denominamos de culturais, têm como objetivo agora mostrar a história dos povos africanos e de seus descendentes de forma positivada dentro destes territórios. Isto por que no período de formação da “nacionalidade brasileira”4 os negros e negras foram inferiorizados, enquanto os(as) autóctones elevados à

categoria de cidadãos, ideologizando naquela época, que num futuro próximo a miscigenação

2 SALVADOR. Secult. Secretaria Municipal de Educação (Ed.). Salvador, cidade educadora: novas

perspectivas para a educação municipal. CENAP - Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico. Disponível em: <http://www.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/diretrizes-pedagogicas-SSA. pdf>. Acesso em: 17 out. 2014.

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Refiro-me à população autóctones, àquela que habitava o território brasileiro desde o período pré-colonial, diga-se, antes da incursão portuguesa até os nossos dias. Não utilizo o termo indígenas por que os europeus utilizavam este termo para denominar todos os povos nativos encontrados nas localidades por eles invadidas. O texto de ambas as leis citadas, estão disponíveis em: BRASIL. Congresso. Senado. Constituição (2013). Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Lei Nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003. Brasília, DF, Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2 003/l10.639.htm>. Acesso em: 13 out. 2014.a primeira e a segunda em: <http://www.planalto.Gov.Br/ccivil_03/_ato2007-2010/ 2008/lei/l11645.htm>. Acesso em: 8 Out. 2014. Essa lei obriga o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira, inclusão do estudo da História da África e dos africanos e dos negros brasileiros. Este estudo deve abranger o resgate da contribuição do povo nego nas áreas sociais, econômicas e política pertinentes ao Brasil. E quanto aos conteúdos devem abordar à História e Cultura Afro-Brasileira a serem ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras. Além disto inclui no calendário o dia 20 de novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’." BRASIL. Congresso. Senado. Constituição (2013). Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Lei Nº 10.639, de 9 de Janeiro de 2003. Brasília, DF, Disponível em: <ht tp :/ /w ww .p la na lt o .Gov. br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>. Acesso em: 13 out. 2014.

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do povo brasileiro evidenciada com a “fábula das três raças” se tornasse uma realidade. Por isto, entendemos que as leis anteriormente citadas, vai além de complementação da Leis de Diretrizes e Base da Educação (LDB) 9394/96, ela preenche lacunas históricas presentes nas propostas educativas brasileiras, oportunizando o sistema nacional brasileiro promover o conhecimento de parte da sua história obscurecida como a dos autóctones, da África e dos africanos-brasileiros. Aqui também tratamos sobre a identidade negra, por ser uma categoria promotora do pertencimento da maioria dos soteropolitanos, por reivindicarem o respeito à nossa negritude e descendência africana quando adotamos as nossas características naturais, desde a cor da pele aos cabelos naturais, aos turbantes e às manifestações culturais, ou seja, ao legado aficano-brasileiro em eterna luta de resistência.

Segundo, abordamos o conceito de território por ser mais abrangente e extrapolando as delimitações oficiais, principalmente por que em Salvador inexistem bairros5.

É digno de nota, que também tratamos Bom Juá e Plataforma como territórios educadores marcados por subjetividades e objetividades, tempo em que mostramos os patrimônios cultural material e imaterial com possibilidades educativas para a aprendizagem na infância dentro de seus territórios. Terceiro, no que tange à violência e indisciplina das crianças na sala de aula, segundo os relatos dos professores(as) entrevistados no mestrado e doutorado. Quanto às bases teóricas, elas nos mostraram a possibilidade de inserção dos patrimônio culturais supracitados e os territórios com possibilidades de aprendizagem produzindo o interesse das crianças no ambiente escolar, a medida que valoriza o seu saber fazer e as suas formas de expressão como algo importante para a sua história, desde que haja a colaboração dos educadores.

Partindo do que foi citado acima aprofundamos os estudos focados nos patrimônios culturais supracitados, tendo-o como possibilidade educativa valorativa dos bens materiais e imateriais bonjuaense e paltaformense. Sobretudo, esta investigação comparou ambos os territórios pelas suas características políticas, econômicas, culturais e também tangível à educação com os movimentos populares. A partir de então indicaremos o abordaremos em cada capítulo desta tese. Neste capítulo, descrevemos a motivação da pesquisa, o que a originou e os seus objetivos, assim como apontamos o conteúdo que contém

5 A Lei 1.038 de 15 de junho de 1960 delimitou as zonas urbanas, suburbana e rurais soteropolitanas, desde

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cada capítulo. No segundo capítulo destacamos a relevância da pesquisa, a metodologia utilizada e as dificuldades para a realização da mesma. Dentre elas as características soteropolitanas ante carnaval para realização de um trabalho científico. A partir desde este capítulo utilizaremos as ilustrações, também as estaremos mesclado com algum resultado da investigação.

No terceiro capítulo, discorremos sobre o território, território educador e ambos como área de tensões e interesses religiosos e políticos, ou seja, a forma como acontecem as relações de poder e como isto atinge os moradores cotidianamente expropriando-os de suas formas de expressão. No quarto capítulo, abordamos a temáticas referentes ao patrimônio cultural, primeiro observando a forma de concebê-lo em Cuba, México, Rússia, Japão, Nigéria e Brasil apreendendo como estes países dentro desta categoria lidam com a diversidade cultural. Destacamos aqui, como o IPHAN compreendeu o patrimônio africano-brasileiro desde a sua fundação até os dias atuais.

No quinto capítulo, concluímos o nosso estudo analisando as Diretrizes Pedagógicas da SMED no eixo norteador da Educação Interétnica, sob a Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico (CENAP). Observamos o trato do eixo supracitado no âmbito do patrimônio cultural africano-brasileiro concomitante às proposições dos conteúdos e como são abordados na literatura própria dos projetos da SMED. Ainda aqui explicitamos que a abordagem neste relatório doutoral no sentido descrito acima referente às possibilidades educativas dos territórios é importante para a educação da infância. Observamos também que as interferências dos poderes públicos, as práticas dos políticos partidários e das igrejas neopentecostais, evangélicas e católica nestes locais nos habilita à compreensão do território como local de educação, tendo como foco principal o patrimônio cultural africano-brasileiro, ou seja, o elaborado em Bom Juá e Plataforma.

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vende aos assédios políticos partidários de toda natureza. Mesmo assim, existem poucos que ainda enfrentam as dificuldades para manter o que foi construído.

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2 PEGADAS PARA A COMPREENSÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

AFRCANO-BRASILEIRO EM BOM JUÁ E PLATAFORMA

2. 1 A construção do caminho das pedras

Embora não seja de praxe a apresentação de resultados das pesquisas a partir dos capítulos iniciais, independentes dos específicos, aqui os encontraremos ao longo de algumas partes deste relatório, inclusive com imagens. Introduzimos este texto destacando que nas pesquisas de Barreto (2012) e Pellegrini (1982), ambos apontam a origem e imigração da população bonjuaense de dos afrodescendentes africanos do Recôncavo baiano. Daí emerge o legado, os fazeres e saberes, viveres em especial, relacionados à cidade de Cachoeira. Já em Plataforma constatamos que a origem da população negra, de acordo com o saber local emerge dos engenhos de açúcar, fazendas e estes trabalhadores escravizados se originaram de nações africanas, contudo as bibliografias que citaremos nesta investigação não a aponte. O registro da origem dos plataformenses de nações africanas estão citadas pela primeira vez nesta pesquisa, encontramos estes registros no livro de batismo da Freguesia de São Bartolomeu de Pirajá, atual bairro de Pirajá.

E é digno de nota que esta tese é a primeira pesquisa que aponta a origem africana dos plataformenses. E nesta esteira reconhecemos que as especialidades profissionais exercidas neste local também foram desenvolvidas por estes(as) africanos(as) e seus descendentes na construção deste território depois do extermínio da população autóctone. Até então na literatura pesquisada indica a origem quilombola do subúrbio ferroviário de Salvador com destaque para o Quilombo do Urubu. Outras para a existência da escravidão, presença de: engenhos, desembarque do holandês Maurício de Nassau, inauguração da ferrovia e da fábrica de Tecidos São Braz. Plataforma é parte do subúrbio ferroviário de Salvador, que também e beneficia no século XIX com a construção da ferrovia, onde muitos moradores, e negros, eram funcionários da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA)6.

6 Em 2007 foi promulgada a Lei 11.483, na qual o IPHAN que tem entre as suas atribuições a preservação da

memória ferroviária brasileira. O subúrbio ferroviário no qual Plataforma se insere nos remete a pensar a ferrovia como elemento importante na modernização, articulação e desenvolvimento econômico da cidade de Salvador com as cidades do interior do Estado. Além disto é importante notar que homens negros participaram dessa história, e dela a das vilas operárias para os funcionários da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA) e da fábrica de Tecidos São Braz. No entanto o Estado da Bahia aparenta

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Além do que citamos acima, também identificamos os bens patrimoniais culturais materiais tangíveis e intangíveis, no entanto estudamos apenas o segundo. Ademais mapeamos os patrimônios culturais, independente dos critérios políticos, econômicos e dos elaborados pelas organizações internacionais, não ignorando a importância dos critérios legais das mesmas. Sobretudo, observamos como o patrimônio cultural se revela nas histórias e memórias individuais e coletivas bonjuaense e plataformense, e o quanto é significativa a sua preservação. Para tanto as narrativas dos(as) moradores(as) são importantes para a identificação do patrimônio cultural, e a sua colaboração na construção das identidades individuais e coletivas locais.

Para o nosso entendimento sobre patrimônio cultural evidenciamos, mesmo que de forma sucinta como Cuba, Nigéria, Índia, México, França, Japão, Rússia e Austrália concebem o seu patrimônio cultural, e como as culturas das suas populações autóctones são representadas e citadas, ou não nos projetos destes países e no Brasil. A política preservacionista do patrimônio cultural brasileiro vem desde o império, sob a égide da formação da identidade e memória nacional, devido ao clima de instabilidade e rebeliões presentes no território brasileiro. Segundo Fernandes (2010), neste período foram criados o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e o Arquivo Nacional no ano de 1838. Mas foi no ano de 1934 que foi criada a Inspetoria dos Monumentos Históricos Nacionais, ligada ao Museu Histórico Nacional, para construir a imagem do Brasil, na época estruturada e dirigida pelo fortalezense Gustavo Barroso.

As iniciativas acima foram importantes para reunir documentos que contribuíssem na consolidação da memória nacional. Sobretudo emergindo a preocupação efetiva de como seria construída a representação do Brasil civilizado, mesmo sendo uma nação mestiça nos trópicos. E assim continua a busca de documentos elucidativos da história do brasileira na Europa, elegendo o acervo da memória brasileira. Com eles foram forjadas a unidade, homogeneidade e os lugares de memória brasileira, desta forma o material coletado completou o desenvolvimento e manutenção do projeto ideológico de nação. Estava então finalizado o modelo com o qual o Brasil queria ser visto internacionalmente.

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“No Brasil ninguém se interessa com as coisas brasileiras, existe uma absoluta dificuldade para se obter informações. É irritante o estado de ignorância existente por parte dos brasileiros" (Tradução nossa). Concluiu-se então que faltava um local específico para arquivamento das informações acerca do patrimônio histórico artístico e cultural que refletisse a nação brasileira.

Com vistas a organizar o acervo patrimonial brasileiro, foi solicitado a Mário de Andrade a elaboração do projeto para o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN). Ele tem como objetivo a preservação das categorias artística arqueológica; ameríndia; popular; histórica erudita nacional e estrangeira; e aplicada nacional e estrangeira. No que se refere ao quesito cultura popular, mesmo não sendo o objeto de nosso estudo, elucidamos a cultura ou arte popular para o Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN). Ela tem um duplo discurso entre o erudito e popular coube a nós entendermos como o patrimônio cultural africano-brasileiro é compreendido e tratado por este órgão sendo invisibilizado sob o manto apenas da cultura popular.

Sendo assim, temáticas abordando o território educador e patrimônio cultural africano-brasileiro como elementos possíveis e estimuladores da educação da infância do município de Salvador embasam esta investigação. Respectivamente, a cultura emanente em Bom Juá e Plataforma, conflui para a educação valorativa da cultura africano-brasileira e africana, elas por muito tempo, foram visibilizadas de forma negativa na sociedade brasileira, por isto evidenciamos a importância da educação patrimonial no intuito de os bomjuaenses e plataformenses identifiquem o seu patrimônio cultural material e imaterial e a base africana existente em alguns deles.

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promulgação da Lei 10.639/037. Por outro lado os(as) profissionais envolvidos(as) com a

educação brasileira também não tratam com profundidade esta herança como conteúdo curricular8. É uma consequência que a autora atenta, e nós por constatarmos e reiterarmos

que, mesmo o IPHAN ainda invisibiliza o patrimônio cultural africano-brasileiro, reconhecendo-o apenas como cultura popular.

As desigualdades apontadas por Menezes (Op cit) e nesta tese, muitas das vezes se desdobram em desrespeito relacionado ao patrimônio cultural aqui tratado, mesmo quando tombado pelo IPHAN. Tomemos alguns exemplos: primeiro, quando na cidade de Cachoeira – Bahia, o IPHAN impediu o desmatamento de parte da área do terreiro Zô Ôgodom ô Bogum Malê Seja Hundê, e no ano de 2010, e mesmo assim, ele foi objeto de especulação imobiliária objetivando a construção de uma área residencial (PITA, 2010). Segundo, no capítulo cinco onde abordamos as diretrizes curriculares e analisamos os cadernos educativos dos projetos educacionais da SMED, quanto às possibilidades educativas na infância, seja ela para a sua noção de pertencimento ou não.

Terceiro, quando examinamos nas publicações do IPHAN a abordagem da cultura afro-brasileira e indígena constatando a sua insipiência. E quarto, ao ressaltarmos a proposta do IPHAN para o programa de educação patrimonial nas escolas, observamos então que para a execução da mesma depende do conhecimento e reconhecimento dos educadores a cerca da importância do patrimônio cultural local. E mais, em se tratando do africano-brasileiro, alguns professores o desconhecem ou não tem interesse de conhecê-lo, mesmo com literatura abordando o tema.

Nos parágrafos anteriores destacamos a descaso referente à herança africana na sociedade brasileira, e ao longo desta tese constatamos a ideia inicial para a criação do IPHAN e o trato com o patrimônio cultural negro. Em seguida apresentamos algumas pesquisas sobre patrimônio cultural afro-brasileiro e depois sobre outras desenvolvidas em Bom Juá e Plataforma. Assim, demonstramos que nenhuma delas tratam sobre o território educador e o patrimônio cultural africano-brasileiro, ambos como elementos importantes no estímulo e desenvolvimento da educação, tendo como resultado a valorização local e

7 Esta lei obriga o estudo e ensino da história da África de dos africanos no Brasil e sua contribuição na

sociedade brasileira. E será explicitada no capítulo 5 desta tese.

8 MENEZES, Suelen. A força da cultura negra: Iphan reconhece manifestações como patrimônio imaterial.

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fortalecimento de identidade cultural negra nos ambientes educacionais formais, não formais e informais.

Nesta investigação optamos pelo conceito de identidade e não de identificação como pano de fundo. Primeiro por que a identidade é atribuída em algumas situações por interesses políticos. Segundo, a população da diáspora africana é a única que tem como elo: a escravidão e o tráfico transatlântico, ambos resultando nos racismos que permanecem até os dias atuais. Terceiro, a pele negra, outros traços fenotípicos, sendo assim a descendência africana e a cultura africana formam a identidade africano-brasileira. Tratamos a identidade como a consciência que o sujeito tem de si, de sua descendência e ancestralidade. Em nossa investigação ressaltamos a tentativa de invisibilização do que chamamos neste estudo de patrimônio cultural africano-brasileiro. Desta forma, ele será preservado com o fortalecimento da identidade negra.

Abordamos neste parágrafo algumas pesquisas que tratam sobre o patrimônio cultural africano-brasileiro. Barbosa (2011) relata a resistência da população de Cajazeiras – Salvador, quando defende a Pedra do Buraco do Tatu9 como patrimônio negro, garantindo,

desta forma a integração entre a população negra local. Nogueira (2008) explica como reverter o patrimônio negro simbólico para o interesse turístico, trabalhos como este colabora na folclorização da cultura africano-brasileira. Pinheiro; Moura; Souza (2013) destaca o ensino, a educação patrimonial e a preservação do patrimônio cultural tendo em vistas as ações do Estado. Abadia (2010) trata sobre identidade negra no Brasil contemporâneo e o papel dos movimentos sociais nesta construção. Viana (2009) discute a complexidade do patrimônio cultural e as relações do processo ensino/aprendizagem com a educação. O autor observou que ela se insere no contexto escolar e explicitamente as temáticas são abordadas nas aulas extra classe, levando aos estudantes o conhecimento dos monumentos artísticos, históricos e pontos turísticos do Rio de Janeiro.

Nos remetendo agora a algumas investigações realizadas no subúrbio ferroviário, observamos que estas não preenchem a lacuna de estudos do patrimônio cultural africano-brasileiro em Plataforma e Bom Juá. E outras apontam a tessitura do território, mas não como território educador. Para melhor aproximação com o leitor, a partir de então destacaremos

9 A pedra do buraco do Tatu, do Ramalho, da Onça ou de Xangô é um monumento representativo da

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algumas pesquisas realizadas em Plataforma e Bom Juá. Inicio então apresentando os estudos de Sardenberg (1997) em Plataforma, ela se constata que muitos moradores homens, mulheres e até crianças foram funcionários da fábrica de tecidos São Braz. Observa principalmente a desigualdade de gênero e subalternidade no trabalho feminino em relação ao masculino, inclusive que os sindicatos não defendiam os direitos das mulheres.

No entanto, a autora acima assinala que a desigualdade supracitada era revertida no trato com a economia doméstica, por que com os salários da fábrica estas mulheres obtiveram papel igualitário aos dos homens na economia doméstica. Sobretudo, no carnaval, elas protagonizavam no Bloco do Bacalhau. Nesta agremiação, segundo Sandenberg (1997) havia uma “inversão hierárquica de gênero vigente” por que as “conotações sexuais que envolviam tal performance são certamente óbvias”. 'Bacalhau' se referindo a genitália feminina, e revertendo o papel sexual dos homens. Ainda colhemos relatos de que a proibição do banho depois da jornada de trabalho inspirou o este nome, então elas saíam com um bacalhau enfiado num pau entoando a música.

Olha o Bacalhau enfiado no pau,

Olha o Bacalhau enfiado no pau.

Lá vem o Bacalhau enfiado no pau10

Na (FIGURA 1 e 2) mostramos no ano de 2015 as três gerações de mulheres no Bloco do Bacalhau. Na (Figura 1) D. Albertina11 recepciona na frente de sua residência a

segunda e terceira geração da agremiação, segundo relato no Facebook do Bloco supracitado (2015),

Paradas para homenagear D. Albertina. A líder mais velha, ex-operária e uma das fundadoras do Bloco do Bacalhau. Mesmo com os seus 92 anos recebeu as homenagens do bloco, na porta da sua casa, com muita animação. Não pode acompanhar, este ano, mas sua energia esteve conosco durante o percurso.

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apud, SANDENBERG, 1997.

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Na (FIGURA 2) apontamos a terceira geração do mesmo bloco, adolescentes que portam a bandeira do bloco supracitado, nos remetendo a imaginar que esta tradição é uma permanência cultural plataformense que se perpetua por muitos anos.

Fonte: Facebook do Bloco do Bacalhau (2015).

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As fotografias anteriores registram que além das mulheres, os homens, demonstram a satisfação com a manutenção da tradição sendo transmitida de geração em geração.

Os estudos de Garcia (2006), é um dos poucos que destacam a presença negra no subúrbio e nele a formação dos quilombos. A autora indica a resistência negra nos territórios suburbanos de Salvador, assinala como Plataforma, além de outros territórios soteropolitanos de quilombos se transformaram em favelas, constatando especialmente as desigualdades sociorraciais. A investigação de Regis (2007) registra o subúrbio ferroviário como um local bucólico, considerado no passado como área de veraneio. Ao mesmo tempo revela como o desenvolvimento urbano e o processo de industrialização provocaram ocupação irregular por parte da população carente, desta forma se tornando uma região segregada. É digno de nota que em nenhum momento a autora destaca a população negra local, salvo quando trata da migração de estrangeiros e aponta os africanos como os escravizados chegados em Salvador.

Já Santos (2004) investiga a violência que sofre os adolescentes em Novos Alagados. O seu estudo marca a complexa vivência de quatro adolescentes que sofreram os esfeitos da falta de oportunidade em Salvador. O autor analisou os fatores de risco e proteção

Fonte: Facebook do Bloco do Bacalhau (2015).

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para estes jovens, e concluiu que os projetos sociais colaboram na busca pela mobilidade sociocultural, ainda assim estes jovens são vitimizados pelo descaso social. Desta forma, vimos diante dos estudos supracitados, que o relacionado com o patrimônio cultural africano-brasileiro, e território educador inseridos no processo educativo, são relevantes por que em seu desdobramento evidenciará herança africana em ambos territórios, fortalecendo a identidade africano-brasileira desta população.

Ainda Santos (2012; 2014), em suas pesquisas mostra a beleza, a arte e a memória do subúrbio Ferroviário de Salvador (FIGURA 3). As imagens, esculturas, carrancas, pinturas em tela, azulejos antigos, porcelana, quadros muitos deles foram recolhidos no lixo e agora integram o Acervo da Laje, onde serão protegidas as memórias artísticas dos suburbanos. As obras dos artistas suburbanos, invisíveis aos olhos da cidade de Salvador, são visíveis aos olhares internacionais, por que o Acervo recebe visitas de brasileiros e estrangeiros, inclusive participou a convite da Bienal da Bahia no ano de 2014. Estas peças representam a arte africano-brasileira do subúrbio ferroviário soteropolitano.12

Conforme o relato de José Eduardo, curador e pesquisador do Acervo da Laje, os visitantes são “desde moradores do Subúrbio, estudantes, pessoas de outras áreas da cidade, professores, pesquisadores, curadores de museus brasileiros e do mundo, crianças, adolescentes e artistas. O Acervo também ganhou um edital da Fundação Gregório de Matos para realização do projeto Ocupa Laje, fazendo oficinas artísticas e exposições em lajes de toda Salvador”13.

12Estas informações estão disponíveis nas pesquisas de Santos (2012; 2014). Mais informações sobre os artista

invisíveis estão disponíveis em SANTOS, José Eduardo Ferreira. Artistas invisíveis da periferia de Salvador. 2012. Disponível em: <http://www.pacc.ufrj.br/wp-content/uploads/Artistas_invisiveis_da_periferia _palestra_ufba1.pdf>. Acesso em: 01 maio 2014. E outras sobre o acervo onde o mesmo pesquisador coleciona as obras de muitos artistas inclusive obras encontradas no lixo podem ser lidas no SANTOS, José Eduardo Ferreira. Acervo da laje: memória estética e artística do Subúrbio Ferroviário de Salvador, Bahia. São Paulo: Scortecci, 2014. 354 p. Além da possibilidade de visitar o Acervo da Laje e ver as obra, no Novos Alagados.

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Nos parágrafos anteriores citamos algumas pesquisas realizadas no território de Plataforma e nos posteriores apontaremos outras realizadas em Bom Juá e projetos institucionais também desenvolvidos numa escola deste local. A primeira do geógrafo Pellegrini (1982) concluindo que os problemas sociais decorrem da imigração, ele aponta que os primeiros imigrantes foram os descendentes de escravizados(as) do recôncavo baiano, sobretudo que o fenômeno imigratório, consequência da industrialização brasileira, agravou os problemas sociais e econômicos gerando mais pobreza. O autor caracterizou o território como um bairro subnormal e nesta esteira descreveu as relações de convivência e sociais da população bonjuaense como solidárias e comunais ressaltando a presença dos movimentos sociais e a cultura local.

Depois de 30 anos, Degoli (2006) realizou uma nova pesquisa em Bom Juá e nela conclui que: a) permanece o desemprego; b) parte dos(as) moradores estão desestimulados(as) em participar efetivamente de ações, atividades e reuniões importantes para a melhoria do território; c) os membros da Associação Centro Social Fraternidade Bahiana14 (ACSFB) continuam estimulando os moradores a adquirem independência

financeira oferecendo curso profissionalizante e inserção dos jovens no ensino superior; d)

14 A palavra baiana não é grafada com a letra [h], mas os organizadores da entidade optaram por preservá-la.

Fonte: Aprovado Bienal da Bahia (2014).

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uma das maiores dificuldades enfrentadas pela ACSFB é o descaso dos órgãos públicos, que deliberadamente não atendem às demandas locais, desta forma a associação de moradores atua resolvendo problemas que é da responsabilidade dos governos Federal, Municipal e Estadual15;

e) as promessas dos órgãos públicos não foram cumpridas e as demandas do território foram atendidas pela ACSFB e Opera e Fraternità Bahiana (OFB). As instituições impuseram uma parceria estabelecendo o diálogo com os órgãos públicos, resultando na municipalização das escolas e do posto de saúde; a realização de obras de contensão e infraestrutura; e transporte coletivo. Não obstante, o então presidente da associação afirmou o seu empenho na busca de uma forma de inserção de jovens nessa luta, e f) as reivindicações populares no Brasil permanecem por alimentação, saúde e educação16. Degoli (2006) ainda

constatou, que os resultados para o desenvolvimento de Bom Juá, não foram animadores por que os projetos sociais do governo, voltados para tirar as famílias da pobreza falharam. Ele traz como exemplo o Bolsa Família, por que a pobreza ainda persiste e os salários, a profissionalização e a escolaridade continuam baixos.

Na investigação em tela apontamos também o início do trabalho comunitário em Bom Juá emergindo por volta do ano de 1940, e nos anos seguintes foi organizada a Sociedade do Bairro17. .Ela atuou entre os anos de 1950 e 1961 precedendo a

institucionalização da ACSFB. Observamos então a existência da disputa de poder, onde o governo não respondendo às demandas da comunidade, nem cumprindo as promessas com programas muitas vezes não executados, minou o trabalho da coletividade. Este modus operandi desestimulou os moradores atingindo os mais jovens, resultando na apatia dos moradores para os movimentos sociais.

Os estudos de Pereira (2008) e Elbachá (1992), revelam o descaso dos governantes com as populações pobres, resultando na baixa autoestima das mesmas por não serem atendidas em suas reivindicações. A pesquisa de (Id, 2008) destaca o índice crescente de ocupação irregular em Salvador a partir da década de 1940. Desde então a pobreza persiste figurando substancialmente o processo de especulação imobiliária provocando a segregação.

15

Esses investimentos ficavam na responsabilidade da Opera e Frateritá Bahiana na Itália, entidade sem fins lucrativos que mantinha os serviços de saúde com o posto médico, e educação (escola, creche e cursos profissionalizantes).

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É digno de nota que a mentalidade dos governantes brasileiros não concebem governar sem miséria.

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Esta se reforça por que algumas áreas pobres coexistem com outras atualmente valorizadas no mercado imobiliário, provocando o crescimento populacional nas periferias, associado à ausência de intervenção dos órgãos públicos. O autor aponta ainda o Subúrbio Ferroviário como uma zona precária, com habitação inadequada, e no caso de Bom Juá aponta grande quantidade de jovens desempregados e sem estudos. Ele ainda frisa que “O crescimento da população e a pobreza de seus habitantes trazem limitações à expansão da ocupação de seu território”, são suas assertivas para o século XXI.

Nós destacamos nesta tese que o fenômeno citado no parágrafo anterior quanto ao uso do território por parte dos moradores causa a verticalização das áreas de habitação popular. No caso de Plataforma esta acomete de forma ostensiva o outeiro, que aguarda cessarem as reivindicações, para posteriormente A Tenda Imobiliária prosseguir com o processo de construção do Plataforma Residencial Mar Azul. Nele alguns moradores desconsiderando o valor da reserva natural desejam adquirir um imóvel caso consigam um financiamento. E em Bom Juá, os(as) moradores(as) conseguiram diante de muitos os obstáculos que a prefeitura realizasse algumas obras de contenção, o que não evitou a morte de oito pessoas no seu microterritório Marotinho durante as chuvas de abril de 2015.

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É digno de nota que a prefeitura de Salvador se omite neste caso, visto que a imobiliária mantém um vigilante, morador local, monitorando o local justificando a impossibilidade da entrada de qualquer pessoa. Como vemos na (FIGURA 4), a paisagem vista a partir do outeiro é privilegiada para todo o subúrbio e as enseadas dos Tainheiros, Cabrito e Bahia de Todos os Santos. O por do sol é uma obra de arte da natureza e a flora variada e exuberante com o que a imagem abaixo corrobora, nela observamos também a Ponte do São João, por onde trafegam os trens urbanos.

Outras pesquisas foram realizadas em Bom Juá as quais discorreremos nos parágrafos posteriores, elas concluirão os argumentos que atestam o relevo de nosso estudo. A pesquisa de Barreto (2012) narra a trajetória histórica do território bonjuaense visibilizando a participação dos afrcanos-brasileiros na elaboração do território. Ela identifica o patrimônio cultural infantil e do território, ou seja, as brincadeiras infantis seguidas da concepção de infância dos adultos, crianças, idosos e professores das escolas locais. No caso do patrimônio cultural local e a sua identificação, realizou-se segundo o conceito da Organização das Nações

Fonte: Arquivo pessoal (2015).

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Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESO), associada à compreensão da pesquisadora e às permanências culturais.

As conclusões citadas no parágrafo acima foram obtidas por meio da Metodologia Afrodescendente de Pesquisa. Ela destaca que como pesquisadora e moradora de Bom Juá, Barreto (2012) estava habilitada a mapear o que era ou não patrimônio cultural junto com os bomjuaenses. Além disto, estava respaldada a ler a realidade por conhecer o racismo antinegro, a história da África e dos africanos no Brasil, o que esta tese aponta como um equívoco. Nesta investigação doutoral, compreendemos que a identificação do patrimônio cultural extrapola apenas o olhar do(a) pesquisador(a), além disto este inclui a legislação, e a Carta Magna Brasileira, as cartas patrimoniais, as concepções dos moradores, e o contexto em que o conceito de patrimônio cultural material, imaterial foi concebido, assim como foi forjado o órgão máximo responsável pelos projetos patrimoniais brasileiros. Para tanto incluímos panoramicamente a concepção de patrimônio cultural em outros países e nos parágrafos posteriores, destacamos algumas pesquisas realizadas em Bom Juá, além da de (BARRETO, 2012).

Elbachá (1992) apresenta o estudo dos deslizamentos das encostas soteropolitanas, num período de 10 anos, em 10 comunidades dentre elas, Bom Juá. O autor ressalta que o fenômeno dos deslizamentos na cidade ocorrem principalmente devido a fatores antrópicos, ambientais, tipo de construção, drenagem, ocupação do solo de forma irregular e espontânea correlacionados à influência da vegetação causando perda de vidas humanas. Por esta razão, em Abril de 2015 morreram 22 pessoas, inclusive o problema atualmente se amplia para zonas nobres da cidade, salvo as mortes.

Corroborando com os estudos de Pereira (2008) a população de baixa renda e, nós citamos, a população negra, continua ocupando esses espaços. Hoje, as construções se verticalizam agravando mais ainda o problema, devido à densidade demográfica e “fatores socioeconômicos” (ELBACHÁ, apud OCEPALN, 1980). A gentrificação, o desmatamento e as escavações no outeiro plataformense provocaram deslizamentos, e em muitas outras áreas de Plataforma e Bom Juá, em 2015 foram afetados pelos fatores citados por este pesquisador.

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veiculado pela mídia. Ainda descreveu o apoio e a participação da Igreja Católica por meio da Ordem dos Beneditinos, e da Paróquia teda Guadalupe pelos Padres Paulo Tounucci, Sérgio Melini, Renzo Rossi todos adeptos à Teologia da Libertação e da missionária leiga italiana Délia Boninsegna, que consolidaram parceria com o Grupo de Evangelização da Periferia. O movimento dos moradores deste microterritório também recebeu apoio da sociedade civil pela Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Bahia - OAB, do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Bahia - IAB, do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Bahia – DCE/UFBA e do Clube de Engenharia.

A pesquisa ainda evidenciou o processo de ocupação da área citada acima que motivou a organização do Movimento Marotinho, a formação da Associação dos Moradores da Baixa do Marotinho e da Escola Independente no mesmo local. Sobretudo demonstrou como a mídia, por meio dos jornais A Tarde e da Bahia noticiavam a ocupação das terras devolutas da cidade de Salvador, respaldando assim ação da Polícia Militar e atendendo aos interesses elitistas e governistas da época, rotularam os moradores de invasores.

Quanto a projetos desenvolvidos, citamos aqui o da Escola Municipal Xavier Marques, localizada no Bom Juá incluída no projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência)/UFBA, 'O dia a dia da educação musical na escola' desde o ano de 2012. No projeto pedagógico da prefeitura existe a carga horária obrigatória para educação musical, no que se encaixa o projeto citado acima e são desenvolvidas aulas de música, além disto o professor responsável pelo projeto Coral e o Grupo de Flautas, promoveu do Xavier Music Festival. (SALVADOR/PIBID/UFBA, 2012).

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O acréscimo de nosso estudo está na valorização positiva do legado africano em ambos os territórios. Concomitante afirmamos as possibilidades educativas dos territórios na qual o patrimônio cultural se destaca, e em certa medida pode ser o veículo educador para a infância. Onde as histórias locais colaborem na visualização das elaborações culturais construídas pelos moradores, e tornem relevantes as pessoas mais antigas como atores sociais, e sejam respeitadas pela sua sabedoria. Neste bojo os mais jovens e crianças estimulados podem desenvolver o potencial para aprender e apreender o conhecimento dos mais idosos, compreendendo a transmissão/socialização, onde os educadores promovam o interesse pela preservação dos bens patrimoniais culturais desde o da infância. Exemplificamos acima com o Bloco do Bacalhau, e no IV capítulo a atividade pesqueira e a das marisqueiras em Plataforma, em Bom Juá a capacidade organizativa, as edificações e a relação de amizade mais parecida com a relação de parentesco (Capítulo III).

Entendemos que a educação patrimonial inserida no currículo escolar concomitante à práxis pedagógica abrange o processo educativo e a seleção de conteúdos. Sobretudo que estes sejam interessantes, desafiem os(as) estudantes, a escola e a educação em termos gerais, entusiasmando incentivando a atitude dos educandos diante do que foi aprendido. Ou seja, que provoque e amplie o conhecimento e o autoconhecimento, o de seu território e do seu patrimônio cultural acrescida da história de todos os envolvidos no processo ensino/aprendizagem, seja ele formal ou informal. Isto, de certa forma edifica o sentimento de pertencimento ao patrimônio africano-brasileiro, colabora no fortalecimento da identidade e identificação dos moradores com os seus territórios, contribuindo para a formulação de ações preservacionistas do patrimônio cultural material e imaterial local no mundo capitalista globalizado e racista. Cremos que assim, as argumentações a cerca da importância objetiva e simbólica dos territórios suplantem os interesses mercantilistas dos gestores municipais e estaduais na atualidade.18

Trabalhamos com o conceito de território educador conjugados com os princípios das cidades educadoras. De acordo com a declaração de Barcelona (1990), a cidade educadora é aquela que tem personalidade própria, está integrada no país como um sistema complexo e

18A cidade de Salvador enfrenta ataques ao seu patrimônio cultural desde a gestão do ex-prefeito João Henrique

Imagem

Figura 1 -  Primeira geração do Bloco do Bacalhau
Figura 2 - Terceira geração do Bloco do Bacalhau
Figura 3 - Acervo da Laje
Figura 4 - Outeiro de Plataforma
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Referências

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