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4. TERRITÓRIO INOVATIVO PARA DESENVOLVIMENTO DO APL! 58!

4.1 Etapa de Pesquisa! 58!

4.1.1 Compreensão do Ambiente! 58!

DESENVOLVIMENTO DO APL

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A relação dos dados levantados no capítulo anterior auxiliou na construção de um pré-modelo de desenvolvimento de Território Inovativo que foi aplicado no APL de Confecções do Agreste. Esta aplicação tem dois objetivos maiores: verificar as possibilidades de desenvolvimento deste importante pólo do estado sob a ótica da inovação de significado e; consequentemente, desenvolver um modelo de construção de Territórios Inovativos.

Para iniciarmos tal tarefa, devemos ressaltar os pontos levantados no capítulo anterior: as macro-etapas do modelo de desenvolvimento de Território Inovativo são pesquisa, análise, síntese e implementação enquanto o processo é maleável e iterativo. Esta maleabilidade e a complexidade do objeto projetual ( território), o modelo ainda permite a combinação com ferramentas projetuais (de pesquisa, criativas, controle, etc), de gestão e como também outros Métodos Projetuais.

4.1 Etapa de Pesquisa

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Objetivo: Compreender o Ambiente e Diagnosticar através dos atores e interpretes a existência ou não de um Território Inovativo. E se existir, compreender a “maturirade” deste Território.

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Método: Para esta etapa, utilizou-se as seguintes ferramentas comuns do “fazer” projetual do design: levantamento em documentos oficiais, imprensa, visitas (observação) e entrevistas com atores-chaves do cenário atual.

4.1.1 Compreensão do Ambiente

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O Ministério de Desenvolvimento de Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Brasil, define Arranjos Produtivos Locais como sendo “aglomerações de empresas,

localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e

com outros atores locais, tais como: governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa.”

Outra definição que o MDIC destaca é a de autoria da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (Redesist), uma rede de pesquisa interdisciplinar, formalizada desde 1997, sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Seu principal foco de pesquisa são os arranjos e sistemas produtivos locais.

“Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento”. (REDESIST)

Portanto, os arranjos produtivos locais são aglomerações que atuam em torno de uma atividade produtiva predominante e onde se percebe alguma forma de cooperação e algum mecanismo de governança.

Com esta definição de APL, ou cluster, evidencia-se um ambiente passível de aplicação do modelo de Desenvolvimento de Território Inovativo. Afinal, mesmo voltado para uma atividade produtiva predominante, o conjunto se mostra um ambiente complexo e com possibilidades de se tornar heterogêneo, além de que a ideia de clusterização não significa isolamento, mas integração com o resto da sociedade, permitindo inclusive sobreposição de clusters.

No caso do APL de confecções do Agreste, esta aplicação poderia resultar numa reversão de um quadro negativo atual (como exposto na Introdução), buscando-se a transformação de um ambiente econômico em decadência para um ambiente de produção competitiva, como justificado na introdução.

Após constatar através do levantamento as perdas do APL, bem como o foco competitivo concentrado nas disputa de preço, tal qual apresentado acima, evidenciou-se que este não é e nem deve ser o ponto forte da produção local. Seguiu-se para o desenho do cenário atual, dos atores, das relações e de dados complementares.

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A partir da análise dos documentos de planejamento da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, incluindo o Marco Pernambucano da Moda (em Recife), visualiza-se um aparente projeto (em fase atual de implementação) visando à mudança das características competitivas, desenvolvendo os valores intagíveis.

Dados e Observações

Em 2005 caíram todas as barreiras e cotas de exportação comerciais impostas pela OMC sobre as transações têxteis e de confecções que vigoravam desde 1986. Ou seja, o comércio mundial têxtil e de confecções passou a ser livre, todavia, ao invés do Brasil apresentar ganhos em outros mercados, apresentou perdas e é possível conferir uma “invasão de importados” com o aumento do mercado consumidor e do poder de compra interno. Denunciando sua falta de competitividade.

Evidencia-se a necessidade de mudança de caráter competitivo (de preço para significado) quando comparado com outro mercado que se utiliza de alto valor agregado, como a Itália. Vários estudos apontam para as principais características do setor no país: alto custo, alto valor criativo, qualidade e serviço. Desde 2008 a Europa vem passando por uma grave crise econômica, sendo a Itália um dos países mais afetados, assim seu mercado consumidor diminuiu seus gastos médios mensais em aproximadamente 13% de 2009 para 2012, o que repercutiu diretamente na queda de importação e produção para o mercado interno e para o resto da Europa em crise. Todavia, este movimento geral atinge menos as marcas (que é a grande característica da produção italiana) de fortes características próprioas, como os FastFashions mesmo nos mercados em crise e dos Alto Luxo principalmente nos mercados emergentes, em 2014 o setor italiano prevê recuperação.

A invasão de importados não está acontecendo só com os produtos de faixa mais baixa mas em todos os outros níveis. Na faixas médias de consumo as grandes cadeias internacionais entram forte nestes mercados consumidores crescente que também atrai marcas de alto luxo internacional, tirando o mercado das marcas nacionais na mesma faixa, afinal a percepção de “valor” das marcas internacionais é maior. (Vide entrada da Prada, Dolce & Gabbana em Recife e da Burberry, esta sendo uma das lojas da marca que mais vende no Brasil).

Desde 2000 o interesse do Governo Federal e Estadual para desenvolvimento deste APL é crescente. Atualmente o Gov. Federal tem o Grupo de Trabalho permanete para APLs (foco no desenvolvimento) e Pernambuco um programa próprio chamado ProAPL (Programa de Produção e Difusão de Inovações para a Competitividade de Arranjos Produtivos Locais) da Secretaria de Ciências e Tecnologia. Além destes e outros programas, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco tem um programa próprio para o APL de confecções, o Marco Pernambucano da Moda, com a sede em Recife.

Todavia, a execução deste projeto e dos subsequentes, está ocorrendo neste exato período, o que dificulta a percepção do real cenário.

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4.1.2 Existência e Maturidade do Território

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A primeira ação da análise dos dados das pesquisas da disciplina de Estratégias de Inovação em Design, como apresentado a seguir:

Com um território semelhante a Portugal, é o décimo nono estado brasileiro em tamanho, ocupando aproximadamente apenas 1% do território nacional. Entretanto, seu PIB está entre os 10 maiores do país, apresentando ainda crescimentos anuais nos últimos 5 anos, maiores que a média brasileira (IPEA, 2013).

Pernambuco, obviamente, ambiciona galgar um posicionamento importante na economia nacional e mundial, como um ambiente de forte desenvolvimento econômico e que entende a inovação como importante caminho para tal. Essa ambição é claramente observada nos planos estratégicos de longo prazo surgidos nos últimos anos, tanto do governo quanto da academia e da iniciativa privada.

Após levantarmos os dados sobre o perfil local (artefatos, cenário economico, atores, etc) analisamos, sob a óptica das teorias apresentadas neste trabalho, o cenário “Pernambuco”, para de algum modo podermos efetivar um plano de ação.

Iniciamos a construção pela análise da produção no estado, do levantamento de dados oficiais e de publicações. A partir dos dados, percebemos uma forte organização produtiva em clusters especializados, ou os distritos industriais (diversificado), ambos espalhados por toda a extensão do estado, porém com uma maior concentração na região da zona da mata e do Litoral.

Foram apontados a existência dos seguintes pólos do estado: Pólos de Vitivinicultura e o Pólo Gesseiro (Sertão do estado); o Pólo de Confecções e o Pólo Moveleiro de Gravatá (Agreste); Pólo Petroquímico, Pólo Farmacoquímico, Pólo Naval, Metal-Mecânica, o Pólo Turistico do Litoral Sul, e Pólo de Cachaça, (Zona da Mata/Litoral); o Parqtel (Parque tecnológico eletro-eletrônico), o Pólo Médico e o

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