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5 A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e seus arquivos nacionais

Conforme afirmado anteriormente, por serem os arquivos nacionais insti- tuições normatizadoras em seus âmbitos, a compreensão de como eles agem pode indicar como as demais instituições de seus países estão desenvolvendo suas atividades. Além disso, como os arquivos nacionais possuem o caráter de identidade e pertencimento, podemos entender de que forma tais instituições, representantes do Estado, valoram a importância de seus acervos e de sua dis- ponibilidade ao cidadão.

A CPLP, criada em 1996, é composta por nações que tiveram uma mesma matriz administrativa, burocrática e cartorial, porém possuem realidades demo- gráficas, culturais e econômicas distintas, servindo como um campo empírico que poderá oferecer compreensões diversas, sobretudo por seus contextos históricos e políticos, colaborando para uma análise da representatividade de um arquivo nacional e de como a fotografia vem sendo percebida por essas instituições.

Os nove países da CPLP estão situados em quatro continentes diferentes e correspondem a mais de 7% do espaço terrestre do planeta (COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LINGUA PORTUGUESA, [200-]),com uma população de cerca de 280 milhões de habitantes. O português é o quinto idioma mais falado no mundo, o terceiro mais falado no hemisfério ocidental e o mais falado no

Hemisfério Sul da Terra, sendo um dos idiomas oficiais da União Europeia e do Mercado Comum do Sul (Mercosul). (LÍNGUA..., [200-]) A seguir, os países que compõem a CPLP (Quadro 1).

Quadro 1 – Países da CPLP

País Continente Constituição vigente

Angola África 1975

Brasil América do Sul 1988

Cabo Verde África 1992

Guiné-Bissau África 1984

Guiné-Equatorial África Não informado

Moçambique África 1990

Portugal Europa 1976

São Tomé e Príncipe África 2003

Timor-Leste Ásia 2002

Fonte: elaborado pelo autor com base em dados da Comunidade dos Países de lingua Portuguesa ([200-]).

Podemos verificar que todos os países possuem constituições novas, que não ultrapassam 50 anos de vigência, demonstrando uma adequação político-admi- nistrativa recente, oriundas de rupturas institucionais ou de redemocratização.

6 Metodologia

A pesquisa iniciou-se pela revisão de literatura, fornecendo elementos para uma análise conceitual do tema em questão, bem como dos conceitos que permeiam esta pesquisa, estabelecendo uma base teórica na qual os resultados foram fundamentados. Em seguida, foram identificadas as nações da CPLP, foi verificada a existência de arquivos nacionais nesses países, se eles possuíam documentos fotográficos em seus acervos e como estes eram processados tec- nicamente e disponibilizados ao usuário, sobretudo na possibilidade de visua- lização e usos on-line. Foram observados seus sítios eletrônicos, bases de dados e realizada uma pesquisa na web para constatar a existência de redes sociais desses arquivos nacionais.

7 Resultados

Verificou-se a existência de arquivos nacionais em todos os integrantes da CPLP, com exceção de Guiné-Equatorial, último país a ingressar na CPLP e que tem o português como terceiro idioma. Em Guiné-Bissau, não há um arquivo nacional específico, e sim um conjunto de fundos e coleções documentais chamados de Arquivos Históricos Nacionais, ligados ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep). Em Portugal, o Arquivo Nacional da Torre do Tombo é subordinado à Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, sendo um dos arquivos de âmbito nacional da rede portuguesa de arquivos, mas, de acordo com os parâmetros desta pesquisa, por sua história e relevância e por ter semelhanças como as demais instituições arquivísticas nacionais, foi escolhido como elemento de comparação.

Foi constatado que, dos oito arquivos nacionais existentes, sete possuem sítio eletrônicos, pois o Arquivo Nacional de Angola não possui. Os Arquivos Históricos Nacionais do Inep de Guiné-Bissau possuem suas informações no portal Casa Comum, pertencente à Fundação Mário Soares, de Portugal, que almeja a constituição de uma comunidade de arquivos de língua portuguesa.

O Arquivo Nacional de Timor-Leste não possui um sítio eletrônico propria- mente dito, mas apenas uma página eletrônica do WordPress.

Quadro 2 – Arquivos Nacionais dos membros da CPLP

País Instituição Sítio eletrônico Sigla

Angola Arquivo Nacional de Angola - ANA

Brasil Arquivo Nacional www.arquivonacional.gov.br AN

Cabo Verde Arquivo Nacional de Cabo Verde www.arquivonacional.cv ANCV Guiné-Bissau Arquivos Históricos Nacionais – Inep www.casacomum.org AHN

Guiné-Equatorial – - GE

Moçambique Arquivo Histórico de Moçambique www.ahm.uem.mz AHM Portugal Arquivo Nacional da Torre do Tombo www.antt.dglab.gov.pt ANTT São Tomé e Príncipe Arquivo Histórico de São Tomé e Príncipe www.ahstp.org AHSTP

Timor-Leste Arquivo Nacional de Timor-Leste www.arntl.wordpress.com ANTL Fonte: elaborado pelo autor.

Em seguida, foi pesquisado se os referidos arquivos nacionais dispunham de bases de dados on-line. Os arquivos nacionais de Angola e Timor-Leste não possuem, enquanto os arquivos de Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe uti- lizam o portal Casa Comum para suas bases de dados. Os arquivos do Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal possuem bases de dados on-line próprias.

Verificou-se, através de pesquisa pela internet, se os referidos arquivos nacio- nais possuíam redes sociais, pois se entende que tais meios são importantes ferramentas de difusão do acervo e contato com o usuário, sobretudo no que diz respeito aos documentos fotográficos. Os arquivos nacionais de Angola, Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe não possuem redes sociais e o Arquivo Nacional de Timor-Leste possui uma fanpage no Facebook, que é seu principal canal de comunicação e informação. Os arquivos nacionais de Cabo Verde e Moçambique também possuem fanpages no Facebook. Os arquivos nacionais do Brasil e de Portugal possuem suas fanpages no Facebook e disponibilizam imagens no Pinterest, sendo que o Arquivo Nacional do Brasil também possui conta no Twitter.

Todos os arquivos nacionais dos membros da CPLP possuem documentos fotográficos em seus acervos. Entretanto, não foi possível averiguar se o Arquivo Nacional de Angola possui acervo fotográfico em virtude da não existência de sítio eletrônico e também porque não foi localizado seu endereço de correio eletrônico.

Os acervos fotográficos dos arquivos nacionais de Moçambique e do Timor- -Leste não estão disponíveis em seus sítios eletrônicos. Estão disponíveis, em parte, os documentos fotográficos dos arquivos nacionais do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe.

Destes países, apenas Brasil e Portugal descrevem suas fotografias de acordo com a Isad-G, do CIA.2 Os demais países apresentam catalogações de fotografias

selecionadas, sem a devida preocupação com o contexto orgânico. Também não há a utilização de indexação ou a possibilidade de interação entre usuário e instituição.

A maior parte do acervo fotográfico dos referidos arquivos nacionais é cons- tituída de fotografias de cunho histórico, retratando solenidades, autoridades e

2 No caso do Brasil, a norma utilizada é a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade), que é uma adaptação da Isad-G.

aspectos do país. São fotografias de viés jornalístico e, sobretudo, oficias, sendo a grande maioria de imagens de algumas décadas atrás. Existem fotografias de natureza privada e coleções. A disponibilização dessas imagens nos sítios eletrônicos, bases de dados ou em redes sociais desses arquivos nacionais se constitui como uma forma de divulgação do acervo, pois quase sempre a imagem fornecida é apenas uma amostra de um conjunto maior.

Um dado relevante percebido foi a inexistência de outras formas de recupe- ração da informação dos acervos fotográficos dos referidos arquivos nacionais.

Quadro 3 – Acervos fotográficos e formas de disponibilização

Sigla Possui acervos fotográficos Possui base de dados on-line Possui redes sociais Disponibilização on-line de acervo fotográfico*

ANA – Não Não –

AN Sim Sim Sim Sim

ANCV Sim Sim Sim Sim

AHN Sim Sim** Não Sim

GE – Não Não –

AHM Sim Sim Sim Não

ANTT Sim Sim Sim Sim

AHSTP Sim Sim** Não Sim

ANTL Sim Não Sim Não

Fonte: elaborado pelo autor.

* Nenhum arquivo nacional pesquisado disponibiliza na íntegra seu acervo fotográfico de forma

on-line, disponibilizando apenas fotografias representativas do acervo.

** Os Arquivos Históricos Nacionais de Guiné-Bissau e o Arquivo Histórico de São Tomé e

Príncipe utilizam a base de dados do portal Casa Comum para disponibilizar as informações de seus acervos.

8 Conclusão

No século XXI, a imagem fotográfica banalizou-se, sobretudo pelas novas tecnologias de registro e comunicação, que permitiram o acesso quase universal aos meios de fotografar, compartilhar e consumir imagens, fazendo com que a fotografia se tornasse “natural” em nossas relações sociais. Contudo, embora tão presente em nossas vidas, a fotografia ainda guarda sua aura de espelho, de fantasia, não daquilo que é real, mas daquilo que almejamos que fosse, através

da intenção clara do objeto retratado, do cenário escolhido, do momento dese- jado e do recorte produzido. As palavras “espelho” e “especulação” derivam de um mesmo ramo etimológico, fazendo-nos repensar a ideia de espelho não como aquilo que reflete o real, mas aquilo que especulamos que fosse, o que traça uma interessante analogia com a relação que temos com a fotografia, as maneiras como a interpretamos.

O usuário do documento fotográfico busca informações por vezes desperce- bidas pela instituição que a preserva e disponibiliza, pois tais documentos não possuem apenas a informação administrativa, jurídica, probatória ou histórica. A fotografia carrega em si elementos afetivos, de memória, culturais, ideológicos e que até mesmo podem representar diversão e lazer para seu público utilizador.

Quando de sua criação, a fotografia é contexto, pois ela fixa o acontecimento, paralisando de forma ilusória e intencional a ação registrada. É o momento do recorte e da parcialidade do produtor, sendo sua criação destinada para seu usuário específico. Em seguida, a fotografia torna-se representação, repleta de lembranças, afetividades e sentimentos. É o momento de construção e recons- trução da memória, criando outros contextos para seu produtor e para os usuá- rios. Há ainda uma terceira dimensão, que é a dos usos e reusos, quando novas abordagens, interpretações e intenções ganham contornos definidos e atribuem novos valores e significados à fotografia. Panofsky (1979) enumera em três os níveis a observação de uma fotografia, sendo o primeiro como uma descrição (pré-iconográfico), o segundo como análise (iconográfico) e o terceiro como uma interpretação (iconológico).

A fotografia possui diversas camadas de informação, que se sobrepõem, se interagem, se complementam e não se excluem, podendo atender a demandas variadas de um público diverso. Entretanto, o tratamento arquivístico dessas imagens precisa ser planejado para atender a esses múltiplos usos e usuários, que surgem e se transformam em virtude das possibilidades tecnológicas que vão modificando e moldando a maneira de se comunicar e de se consumir informação visual.

Se entende-se que as tecnologias da informação progrediram em uma velo- cidade sem precedentes, oferecendo oportunidades para que novos usuários se beneficiem do conteúdo informacional dos arquivos, imagina-se que novas formas de pensar os arquivos e de oferecer informações além do óbvio devem estar na agenda das instituições arquivísticas, sobretudo as nacionais.

Pode-se verificar, com esta pesquisa, que, embora a fotografia já faça parte do cotidiano de nossas instituições arquivísticas, o modelo de tratamento e dis- ponibilização desses acervos ainda está baseado na relação vertical instituição- -usuário, deixando este último como um consumidor passivo da informação visual oferecida.

As instituições arquivísticas pesquisadas são as de maior representatividade em seus países, servindo como orientador de práticas e modelos a serem ado- tados pelas outras instituições de suas esferas de competência. Notadamente, muitos dos arquivos nacionais pesquisados não dispõem de infraestrutura, pessoal e de apoio governamental para o desenvolvimento e aprimoramento de seus serviços. Contudo, algumas ações demandam muito mais iniciativas de cunho operacional e aquelas que dependem de aparato tecnológico não são de difícil implementação, nem requerem grandes investimentos.

Novas formas de disponibilização da informação e de interação com o usuário poderão otimizar o acesso, o uso e a difusão desses acervos. O uso de ontologias e da folksonomia nos arquivos poderá representar uma significativa melhora nos processos de recuperação da informação e disponibilização das mesmas. No caso das ontologias, especificação formal, explícita e partilhada de uma conceituação (SIMÕES, 2008), que se estrutura em domínios do conhecimento, é possível que elas colaborem na representação do contexto e na estrutura de um arquivo, além de auxiliar na disseminação da informação arquivística. (LUZ, 2016) A folksonomia é uma forma de indexar informações a partir de palavras comumente utilizadas pela comunidade, que irá se utilizar dessas informações e que poderá participar desse processo atribuindo marcadores ou tags. Nesse processo colaborativo, integrado e interativo, a relação instituição-usuário tende a ser horizontal e dinâmica, facilitando a recuperação e disponibilização da informação, para além daquela comumente oferecida.

A utilização de novas formas de organização, recuperação e disponibilização da informação visual em arquivos, na forma de instrumentos de pesquisa mul- tifacetados, sobretudo os de interface digital, não deve ser pensada como uma negação aos preceitos arquivísticos ou excludente à sua prática e teoria, e sim como uma forma de aprimorar seus serviços, que, em última análise, têm no usuário seu objetivo, sendo que, no caso dos arquivos nacionais, os usuários são o Estado e a sociedade.

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