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O estudo sobre a pintura do altar central da catedral de Aracaju ultrapassou os limites do iconográfico e revelou o encontro entre contexto histórico e social. O olhar para as harmoniosas pinturas da catedral também ressaltou a passagem da Belle Époque em Aracaju e a maneira como a cidade buscou, nas três pri- meiras décadas do século XX, assemelhar-se à cidade luz e aos grandes centros do Brasil. As cenas retratadas na catedral colocaram em destaque a missão artística italiana, protagonista da remodelação da cidade.

Os pincéis de Oreste Gatti conferiram ao templo católico maior riqueza de detalhes e a sua personalidade artística. Apesar da falta de informações acerca do referido artista, sua obra exprime leveza ao templo, através de semblantes serenos, mesmo em meio aos acontecimentos grandiosos e também das tona- lidades pastéis das cores utilizadas pelo pintor. Dessa maneira, entremeia-se às pinturas uma sutil catequese mariana: a Imaculada Conceição, padroeira de Aracaju, foi assunta ao céu e, em glória, foi coroada pela Trindade Santa (cena culminante). Portanto, remontando a ideia da arte sacra como catequese, ainda que não fosse sabido sobre a padroeira da cidade, a catequese mariana estaria ali claramente figurada não apenas nas cenas principais, mas em diversos ele- mentos decorativos espalhados por todas as paredes da igreja.

Na Catedral de Aracaju, os anjos tocam à Maria. Tocam música italiana e, participando de uma “ópera sagrada”, fazem a Imaculada “subir ao céu”. Conduzidos pelos contornos melódicos da Belle Époque, sua música exprime, ainda que apenas simbolicamente, uma sonoridade viva e terna. Compenetrados em seu fazer musical, testemunham a passagem da missão artística italiana pelo estado de Sergipe e evidenciam a sensibilidade de um artista ainda pouco estudado, mas que soube expressar sua arte com grande sutileza e sagacidade em concordância com a delicadeza da cidade de Aracaju.

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