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2.4.1 Colônia Central

A comunidade Colônia Central localiza-se na RDS do Tupé, situada a 25 km da zona urbana da cidade de Manaus (Coordenadas geográficas: 3o.00¨18.22 S,

60o.26¨51.57 W). A reserva foi criada por meio da Lei Nº. 671/02, mas somente em 25 de agosto de 2005, através do Decreto 8.044, a criação da área foi oficializada, com uma área total de 11.973 hectares. A unidade gestora da RDS do Tupé é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS).

O acesso à comunidade, partindo-se de Manaus, dura aproximadamente uma hora e meia. O percurso se subdivide em duas partes: a primeira, feita por água, utiliza como transporte voadeira 90 Hp e dura cerca de trinta minutos; a segunda, feita por terra, consiste em uma caminhada de uma hora em média, do ramal até

chegar à primeira residência. As voadeiras operam regularmente, saindo de hora em hora da Marina do Davi. A tarifa é de aproximadamente R$12,00 (Doze reais) até o porto do Julião e R$15,00 (Quinze Reais) até o porto de São João.

A atividade turística na localidade iniciou em 2004, através de uma parceria com o Projeto BioTupé19, mas somente em 2012 passou a funcionar de maneira mais organizada, período em que começou a receber os primeiros grupos do Roteiro Tucorin.

2.4.2 Nova Esperança

A Comunidade localiza-se no PAREST Rio Negro Setor Sul, na zona rural do Município de Manaus, dentro do Rio Cuieiras (Coordenadas geográficas: 2o 74¨83.33 S, 60o43¨27.78 W). O Parque possui uma área total de 157.807 hectares e está localizado na margem esquerda da região denominada baixo Rio Negro. Esta UC de proteção integral foi criada por meio do Decreto Estadual nº. 16.497, de 02 de abril de 1995, com área inicial de 257.422 hectares, tendo posteriormente os seus limites alterados pela Lei Estadual nº. 2.646, de 22 de maio de 2001. Está localizado no Município de Manaus, a 34 km da zona urbana deste município. O acesso de lancha 90 Hp tem duração de aproximadamente uma hora e meia do Porto da Marina do Davi.

Não existe transporte público para a comunidade. Portanto, os moradores utilizam barcos de empresas particulares, que saem regularmente do porto de Manaus segunda, quarta e sexta-feira, e da comunidade domingo, quarta e quinta. O valor da passagem é de R$25,00 (Vinte e cinco reais). De barco o percurso demora um pouco mais, levando de quatro a cinco horas.

Pela categoria desta UC, o uso público deveria se restringir às atividades de turismo fomentadas apenas pelo órgão gestor e não por comunidades tradicionais residentes, uma vez que, como parque, não deveria ter pessoas residindo. Mas há sete anos, quando seu Plano de Gestão20 foi elaborado, sugeriu-se a

19

Projeto constituído por grupo um de pesquisa multidisciplinar e multi-isntucional que estuda o meio físico a diversidade biológica e sociocultural da RDS do Tupé.

20

Plano de Gestão: Documento técnico e gerencial, fundamentado nos objetivos da Unidade de Conservação, que estabelece o seu zoneamento, as normas que devem regular o uso da área e o

recategorização da área para adequá-lo à situação e ao atual modo de vida das populações locais (LIMA et al., 2013). Assim, a área povoada mudaria sua categoria para RDS, que permite a presença de moradores em seu interior. Enquanto que a parte não povoada permaneceria na mesma categoria, protegendo assim as cabeceiras dos Rios Cueiras e Branquinho. Assim, as novas UCs resultantes dessa bipartição, teriam suas áreas assim divididas: para o Parque aproximadamente 77.950,86 hectares e para a RDS 86.225,86 hectares.

Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA, 2001), a expressão comunidades ou populações tradicionais surgiu no seio da problemática ambiental, no contexto da criação das unidades de conservação, para dar conta da questão das comunidades tradicionalmente residentes nestas áreas: povos indígenas, comunidades remanescentes de quilombos, extrativistas, pescadores, dentre outras. Trata-se de um modelo sociocultural de ocupação do espaço e de utilização dos recursos naturais que devem a maioria de suas características à influência indígena.

Para Diegues (2000), os saberes tradicionais desempenham um papel fundamental para garantir a sustentabilidade social, econômica e ambiental na Amazônia, posto que estudar estes conhecimentos possibilita analisar os processos naturais da atividade humana no ambiente. Portanto o envolvimento comunitário precisa se tornar cada vez mais positivo para que as populações destas áreas contribuam para a conservação e sustentabilidade destas áreas, sendo que a atividade de turismo comunitário poderá ser uma alternativa viável e apoiada nas comunidades que têm perfil para desenvolvê-lo. Algo que já se aplica à comunidade Nova Esperança.

Nova Esperança tem como característica a diversidade e o múltiplo acesso aos recursos naturais, tendo destaque os produtos de origem em agricultura tradicional, agroflorestal, pesca, caça, coleta, extrativismo madeireiro e não madeireiro e cultivo de plantas medicinais. Também surgiram novas atividades econômicas para a região, como por exemplo, o turismo, o artesanato e a prestação de serviços assalariados (CARDOSO e SEMEGHINI, 2009).

O turismo acontece na comunidade desde 2005, quando receberam o primeiro barco de turistas, que passou a parar periodicamente pela comunidade para

manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação da estrutura física necessária à gestão da Unidade (AMAZONAS, 2007).

a compra de artesanato. Porém, somente em 2012, a comunidade começou a trabalhar com a modalidade de TBC por meio do Roteiro Tucorin, ampliando as possibilidades de produtos e serviços turísticos a serem oferecidos aos visitantes.

Segundo Araújo (2008), economicamente as comunidades se articulam para desenvolver a comercialização de sua produção agrícola. Socialmente as comunidades estão organizadas no Fórum em Defesa das Políticas Públicas e Ambientas de Manaus (FOPEC), que serve como um elo condutor das discussões e reivindicações para a satisfação das suas necessidades. Portanto, essas articulações comunitárias ampliam as relações econômicas e sociais dos moradores para além do espaço territorial determinado pela legislação.

3 METODOLOGIA

Segundo Gil (1991), “pode-se definir pesquisa como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos”. Portanto, para cumprir os objetivos da pesquisa, já referidos na Introdução, foi necessário um planejamento cuidadoso e minucioso.

O fato de ter como objeto de estudo duas comunidades, não torna a pesquisa uma tarefa fácil, até porque, segundo Yin (2005), o estudo de caso é uma investigação empírica como outra qualquer, pressupondo um método que contemple todas as suas fases, desde o planejamento, passando pelas técnicas de coleta de dados até a análise dos mesmos e apresentação dos resultados.

Segundo Severino (2007) no estudo de caso os dados devem ser coletados e registrados com o necessário rigor e seguindo todos os procedimentos da pesquisa de campo. Eles devem serem trabalhados mediante análise rigorosa e apresentados em relatórios qualificados.

A opção pela pesquisa participante, conforme propõe Brandão (2006), aproximou ainda mais a pesquisadora dos sujeitos do universo a ser investigado gerando um comprometimento, o qual, por conseguinte, também gera alternativas capazes de “[...] colocar o conhecimento social, obtido por meio de procedimentos científicos, a serviço de alguma forma de ação social transformadora”.

Outro aspecto importante da pesquisa foi quanto à variedade de estratégias adotadas, o que lhe imprimiu caráter quantitativo, qualitativo e exploratório. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: formulários, observação, entrevistas informais, análises de documentos da CTCA e relatórios técnicos e oficinas participativas.

As atividades de campo para esta pesquisa duraram, em média, vinte dias (não consecutivos) em cada uma das comunidades, divididas em duas etapas: a primeira voltada para levantamento de informações bibliográficas e preenchimento de formulários; e a segunda, para a realização das oficinas e análise dos resultados em ambas as comunidades.

A coleta de dados quantitativos referentes aos aspectos econômicos das despesas foi feita por meio de uma viagem de campo acompanhada por um especialista em economia ambiental. Para o registro das oficinas participativas foram

utilizados: diário de campo, gravação de dados por meio de áudio e de vídeo, fotografias, desenhos e mapas. Toda a logística de campo para a coleta de dados e realização das oficinas contou com o financiamento dos parceiros: IPE, Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas (FAPEAM) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS).