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Análise socioeconômica do turismo de base comunitária no mosaico de áreas protegidas do Baixo Rio Negro - Am

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA - INPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE ÁREAS PROTEGIDAS NA AMAZÔNIA - MPGAP

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO BAIXO RIO NEGRO - AM

NAILZA PEREIRA PORTO

Manaus, Amazonas Maio, 2014

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NAILZA PEREIRA PORTO

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO BAIXO RIO NEGRO - AM

Orientadora: Profa. Dra. Vilma Terezinha de Araújo Lima

Dissertação apresentada ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Gestão de Áreas Protegidas.

Manaus, Amazonas Maio, 2014

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NAILZA PEREIRA PORTO

ANÁLISE SOCIOECONÔMICA DO TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA NO MOSAICO DE ÁREAS PROTEGIDAS DO BAIXO RIO NEGRO - AM

__________________________________________ Prof.ª. Drª. Vilma Terezinha de Araújo Lima Universidade do Estado do Amazonas - UEA

(Orientadora)

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________ Dr. Henrique do Santos Pereira

______________________________________________ Dra. Edilza Laray de Jesus

______________________________________________ MSc. Sherre Prince Nelson

Data: __/__/__

Manaus, Amazonas Maio, 2014

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Catalogação na Publicação

Serviço Documentação e Informação - SDIN Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA P853 Porto, Nailza Pereira

Análise socioeconômica do turismo de base comunitária no mosaico de áreas protegidas do baixo Rio Negro- AM / Nailza Pereira Porto. --- Manaus: [s.n], 2014.

xii, 148 f. : il. color.

Dissertação (Mestrado) --- INPA, Manaus, 2014. Orientadora : Vilma Terezinha de Araújo Lima.

Área de concentração : Conservação e Uso de Recursos naturais.

1. Unidades de Conservação. 2. Áreas protegidas. 3. Turismo Comunitário. I. Título.

CDD 333.15

Sinopse:

Estudou-se sobre os aspectos socioeconômicos das comunidades Colônia Central e Nova Esperança, localizadas no mosaico de áreas protegidas do baixo Rio Negro, no Estado do Amazonas, a fim de sugerir melhorias para a operacionalização do Turismo de Base Comunitária. Aspectos como receitas e

despesas dos serviços turísticos e as vantagens comparativas das principais atividades econômicas foram analisados.

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Dedicatória Aos meus pais, ao meu esposo e a toda minha família.

As comunidades do Rio Negro. Ao Instituto de Pesquisas Ecológicas. Aos meus professores. Aos meus meus amigos.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pela vida, pela saúde e pelas oportunidades estando sempre à frente de minhas ações e abençoando minha vida.

Aos meus pais, Maria Nezilda e Alzemiro Bernardo, pelo amor, lições de vida e conselhos.

Em especial, ao meu esposo Rômulo Felipe, que sempre esteve ao meu lado compreensivo e carinhoso nas horas de aflição, de estresse e de dúvidas.

Aos meus familiares, que mesmo distantes me apoiaram e torceram pelas minhas conquistas. A minha sogra Berenice, meu sogro Péricles e meus cunhados pelo carinho e apoio dado ao meu esposo quando estive longe por três meses nas aulas presenciais na Reserva do INPA.

Em especial a minha amiga Sônia Barroso, que mesmo distante posso contar com sua dedicação e amizade para qualquer situação, que me ajudou na correção do trabalho com muita paciência e otimismo nas horas de dificuldades.

Aos meus amigos da turma de mestrado, em especial Rafaela, Joanísio e Marcelo, pela sincera amizade compartilhando momentos de alegrias e de tristezas.

À minha orientadora, Prof.ª Drª. Vilma Terezinha Araújo Lima, que me ensinou em momentos de dúvidas, sempre estimulando minhas pesquisas e estudos.

Aos professores avaliadores pela disponibilidade em participar da banca examinadora desta dissertação, assim como pelas contribuições críticas para o aprimoramento do trabalho.

Ao Instituto de Pesquisas Ecológicas que sempre apoiou minha qualificação profissional, acadêmica e científica. Aos colegas e amigos de trabalho que me incentivaram a cursar o mestrado, em especial Eduardo Badialli, Marco Antônio, Cristina Tófoli e Sherre Nelson.

Ao amigo Luiz Fonseca que me ajudou na metodologia da análise econômica da pesquisa e que me acompanhou em campo com muita paciência e carinho.

Aos professores e funcionários do Programa de Pós Graduação em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia, pelo apoio e orientações ofertados.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por me garantir um ano de bolsa para a realização da pesquisa.

À Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS) e Centro Estadual de Unidade de Conservação (CEUC) por concederem suas anuências, qualificando a pesquisa como de grande relevância para as áreas protegidas e dando apoio logístico na realização das expedições de campo.

Em especial, aos comunitários de Nova Esperança e Colônia Central que deram suas anuências e credibilidade para a realização da pesquisa e apoio no trabalho de campo, que me fizeram crescer enquanto pesquisadora, proporcionando muitos momentos de felicidade e otimismo.

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Sê Turista no Rio Negro Para que a viagem à Amazônia seja transformadora, é preciso que tu te ofereças ao contato de terceiro grau – que tu te percas no mato, te piques, te coces, te caçoes, te enchuvere-te de tempestades líquidas e amorosas, te rias e te desatreles das traquitanas que digitamos[...] e deixes de acreditar que a verdade é vegetal e não digital. Experiências que não relatarás em diários ou bulas, mas virão impressas no chip da tu’alma[...] É preciso que tu te deixes amanhecer e anoitecer, para um efetivo e silencioso contato consigo próprio. É o primeiro sintoma deste estado divinatório[...] é lograr-se compartilhar[...] do que significa o religare. João Meirelles Filho

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RESUMO

O turismo é uma das alternativas de uso público das áreas protegidas (AP). Por isso é imprescindível que ele seja ordenado de forma a contribuir com a proteção e proporcione emprego e renda aos moradores locais e do entorno destas áreas. Nesse contexto, surge o Turismo de Base Comunitária (TBC), uma modalidade de turismo aplicada à conservação, ao envolvimento e ao protagonismo comunitário. A pesquisa buscou subsidiar uma análise socioeconômica do TBC nas comunidades Colônia Central e Nova Esperança, localizadas no mosaico de áreas protegidas do baixo Rio Negro, por meio de uma caracterização destas comunidades e do roteiro do Turismo Comunitário no Rio Negro (TUCORIN), com informações atualizadas dos produtos e serviços turísticos oferecidos pelas iniciativas comunitárias. Foram coletadas informações financeiras sobre as despesas e as receitas dos serviços e produtos turísticos, ajudando assim, na análise das vantagens comparativas das principais atividades econômicas, levando-se em consideração os custos privados e sociais defendidos por Kahn (2004). Os dados foram coletados por meio de aplicação de formulários, observações, entrevistas, análise de documentos e duas oficinas participativas. O estudo, com base na análise das receitas geradas pelo TBC nas comunidades supracitadas nos anos de 2012 a 2013, apontou um percentual de 17% do total da receita arrecadada via Central de Turismo Comunitário da Amazônia no Roteiro Tucorin e permitiu ainda mensurar o índice de incremento de receita do turismo em cada comunidade. Também foi calculada a margem de contribuição média mensal potencial das principais atividades econômicas nas duas comunidades como: roça, artesanato, pesca e TBC, pois se sabe que a complementariedade das mesmas é saudável para harmonizar, não só os aspectos financeiros, como também culturais e ambientais destas comunidades. Este cálculo demonstrou a disparidade existente entre a receita real e a receita potencial do TBC, reafirmando a grande importância da pluralidade de atividades econômicas no faturamento das famílias residentes de AP. As informações obtidas permitiram planejar soluções para a atividade, buscando-se minimizar os impactos negativos e otimizar os recursos para a operacionalização destas, gerando assim um melhor nível de aproveitamento para todos os envolvidos nesta cadeia produtiva.

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ABSTRACT

Tourism is one type of public use in protected areas (AP) and as a conservation strategy it is important for it to be organized in such a way that it also protects communities and serves as an alternative source of employment and income. Community Based Tourism (TBC) has emerged as a segment of tourism that addresses conservation, community involvement and leadership. This study subsidizes a socioeconomic analysis of TBC in two communities: Colônia Central and Nova Esperança, which are located in the mosaic of protected areas in the lower Rio Negro, State of Amazonas, Brazil. It aims to do this by a description of the communities and of Community Tourism in the Rio Negro (the TUCORIN Script) with updated information about tourism products and services offered by community initiatives. Financial information on costs and revenues of these products and services were obtained, thus helping in the analysis of comparative advantages of key economic activities, which take into account the private and social costs as defended by Kahn (2004). Data were collected by questionnaires, observation, interviews, document analysis and two participatory workshops. The study which is based on analysis of the revenue generated in the two communities from 2012 to 2013, resulted in a 17 % of the total income collected by the Tucorin Script, part of the Central Amazon Community Tourism Center and showed an increase in revenue from tourism in each community. Potential income from the main economic activities (gardening, handcrafts, fishing and tourism) in the two communities was also calculated. This was done as it is important to maintain equilibrium between not only the financial aspects but also the cultural and environmental ones as well. This calculation showed the disparity between actual and potential TBC income, reaffirming the importance of the diversity of economic activities of the families living in protected areas. The information obtained aided in community based tourism planning, seeking to minimize the negative impacts and optimize resources, and thus generating more benefits for everyone involved in the production chain.

KEYWORDS: Public use, communities, increased revenue.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ... X LISTA DE SIGLAS ... XII

INTRODUÇÃO ... 13

1 REFERENCIAL TEÓRICO ... 17

1.1 Turismo de Base Comunitária ... 17

1.2 Conceitos de Economia aplicados ao Turismo ... 23

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ... 27

2.1 O Amazonas e as experiências de TBC ... 27

2.2 O Turismo Comunitário no Baixo Rio Negro ... 29

2.3 O Roteiro Tucorin ... 32

2.4 As comunidades Objetos de Estudo ... 35

2.4.1 Colônia Central ... 35

2.4.2 Nova Esperança ... 36

3 METODOLOGIA... 39

3.1 Objeto de Estudo ... 40

3.2 Instrumentos e Estratégias Metodológicas ... 40

3.3 Especificação dos Procedimentos Metodológicos ... 44

4 CARACTERIZAÇÃO DAS COMUNIDADES COLÔNIA CENTRAL E NOVA ESPERANÇA... 50

4. 1 Aspectos Socioeconômicos da Colônia Central ... 50

4. 1.1 Atrativos Turísticos da Colônia Central ... 53

4. 2 Aspectos Socioeconômicos de Nova Esperança ... 55

4. 2.1 Atrativos Turísticos de Nova Esperança ... 58

4. 3 Comparando as duas comunidades... 61

4. 4 Fluxo de visitantes ... 63

5 RECEITAS E DESPESAS DO TBC NAS COMUNIDADES... 65

5.1 Receita gerada pelo TBC ... 65

5.2 Fluxo de Relações do Mercado de TBC no Baixo Rio Negro ... 69

5.3 Levantamento das Despesas dos Produtos e Serviços ... 71

5.3.1 Resultados na Colônia Central ... 73

5.3.2 Resultados em Nova Esperança ... 77

5.3.3 Análise da Renda Média Real e Renda Potencial das duas Comunidades 82 6 ANÁLISE DAS VANTAGENS COMPARATIVAS ENTRE O TBC E AS DEMAIS ATIVIDADES ECONÔMICAS ... 84

6.1 Resultados da Árvore de Problemas e Soluções ... 90

6.2 Colônia Central e Nova Esperança: as vantagens da adesão TBC ... 92

6.3 Propostas de Melhorias para a Operacionalização da Atividade Turística ... 97

Considerações finais... 103

REFERÊNCIAS ... 104

ANEXOS ... 109

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tipo Título p.

Figura 1 Cadeia de raciocínio do trabalho de pesquisa ... 15

Figura 2 Cadeia produtiva do turismo comunitário ... 31

Figura 3 Imagem de localização das comunidades pertencentes ao Roteiro Tucorin ... 32

Figura 4 Imagem de localização das comunidades Nova Esperança e Colônia Central no MBRN ... 34

Figura 5 Imagem croqui da Trilha da Colônia Central ... 54

Figura 6 Fluxo de Relações do Mercado de TBC no Baixo Rio Negro .... 69

Figura 7 Disparidades na cadeia produtiva do turismo nas comunidades estudadas ... 98

Gráfico 1 Número de visitantes, por ano, no Estado do Amazonas ... 28

Gráfico 2 Número de famílias por atividade econômica - Colônia Central 52 Gráfico 3 Número de famílias por atividade econômica - Nova Esperança ... 57

Gráfico 4 Número de capacitações na cadeia produtiva do turismo ... 61

Gráfico 5 Faturamento médio mensal das duas comunidades ... 62

Gráfico 6 Visitantes das comunidades pela CTCA e por contato direto .... 63

Gráfico 7 Procedência dos visitantes ... 64

Gráfico 8 Receita anual do TBC pela CTCA e avulsos ... 66

Gráfico 9 Faturamento médio mensal sem e com TBC ... 67

Gráfico 10 Margem de Contribuição do TBC - Colônia Central ... 74

Gráfico 11 Renda do TBC - Colônia Central ... 74

Gráfico 12 Renda Real X Renda Potencial do TBC - Colônia Central ... 77

Gráfico 13 Margem de Contribuição do TBC - Nova Esperança ... 79

Gráfico 14 Renda do TBC - Nova Esperança ... 79

Gráfico 15 Renda Real X Renda Potencial do TBC - Nova Esperança ... 82

Gráfico 16 Faturamento Potencial X Renda Real do TBC nas duas Comunidades ... 83

Gráfico 17 Margem de Contribuição Média Potencial das atividades econômicas - Colônia Central ... 86

Gráfico 18 Margem de Contribuição Média Potencial das atividades econômicas - Nova Esperança... 87

Tabela 1 Principais autores e seus conceitos sobre TBC ... 20

Tabela 2 TBC segundo as REDES de turismo comunitário ... 22

Tabela 3 Perfil do turista potencial de TBC ... 23

Tabela 4 Como os visitantes tomam decisões ... 25

Tabela 5 Cálculos financeiros da análise econômica ... 48

Tabela 6 CáIculo do incremento de receita gerado pelo TBC ... 68

Tabela 7 Tarifário e duração da estadia de passeios de turismo pelo Rio Negro ... 70

Tabela 8 Despesas por serviço - Colônia Central ... 73

Tabela 9 Cálculo da Margem Bruta - Colônia Central ... 76

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Tabela 11 Despesas por serviço - Nova Esperança ... 77

Tabela 12 Cálculo da Margem Bruta - Nova Esperança ... 81

Tabela 13 Cálculo da Renda Real - Nova Esperança ... 81

Tabela 14 Calendário Sazonal - Colônia Central ... 84

Tabela 15 Calendário Sazonal - Nova Esperança ... 85

Tabela 16 Cálculo da Margem de Contribuição Média Potencial das atividades econômicas - Colônia Central ... 85

Tabela 17 Cálculo da Margem de Contribuição Média Potencial das atividades econômicas - Nova Esperança ... 87

Tabela 18 Receita bruta da hora trabalhada das atividades comuns nas duas comunidades ... 89

Tabela 19 Sugestões de Estratégias de Marketing ... 101

Foto 1 Materiais de divulgação do Roteiro Tucorin ... 35

Foto 2 Aplicação do formulário na comunidade Colônia Central ... 50

Foto 3 Grupos de turistas na comunidade Colônia Central ... 55

Foto 4 Visitantes e almoço servido em Nova Esperança ... 59

Foto 5 Turistas com o souvenir da farinhada ... 60

Foto 6 Barcos de Turismo no Baixo Rio Negro ... 71

Foto 7 Registros financeiros de artesanato e turismo– Nova Esperança... 72

Foto 8 Registros financeiros de receita do turismo – Colônia Central. 72 Foto 9 Registros da oficina participativa - Colônia Central ... 91

Foto 10 Pesquisadora aplicando a ferramenta participatiava - Nova Esperança ... 92

Foto 11 Benfeitorias na casa de hospedagem - Nova Esperança ... 95

Foto 12 Trabalhos em grupo no Encontro de Avaliação do Roteiro Tucorin ... 96

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LISTA DE SIGLAS

APA: Área de Proteção Ambiental

ACAMDAF: Associação dos Canoeiros da Marina do Davi Fluvial

ACIBANE: Associação Comunitária Indígena Baré dos Artesãos de Nova Esperança CADS: Centro de Apoio de Desenvolvimento Sustentável Prof. Roberto Vieira

CEUC: Centro Estadual de Unidades de Conservação CTCA: Central de Turismo Comunitário da Amazônia

FOPEC: Fórum Permanente em Defesa das Comunidades Ribeirinhas do município de Manaus - Rio Negro, Rio Amazonas, BR-174 e AM-010

IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICEI: Instituto de Cooperação Econômico Internacional IDH: Índice de Desenvolvimento Humano

IPE: Instituto de Pesquisas Ecológicas FUNASA: Fundação Nacional de Saúde

FSC: Forestry Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INPA: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

MBRN: Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro MDA: Ministério do Desenvolvimento Agrário

MMA: Ministério do Meio Ambiente MTUR: Ministério do Turismo

OMT: Organização Mundial do Turismo PAREST: Parque Estadual

PARNA: Parque Nacional PIB: Produto Interno Bruto

RDS: Reserva de Desenvolvimento Sustentável

SEBRAE: Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SEMMAS: Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade-Manaus SEMED: Secretaria Municipal de Educação - Manaus

SEMSA: Secretaria Municipal de Saúde TBC: Turismo de Base Comunitária

TUCORIN: Turismo Comunitário no Rio Negro UEA: Universidade do Estado do Amazonas

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INTRODUÇÃO

As Áreas Protegidas (AP)1 são um importante meio de combater a degradação das florestas e de promoção do desenvolvimento regional com sustentabilidade. Diversas estratégias estão sendo propostas a fim de ampliar e fortalecer estas áreas no Brasil, uma de destaque é o Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), que promove a conservação e o uso sustentável da biodiversidade, valorizando a cultura dos povos tradicionais (PNAP, 2006).

A existência de comunidades no interior e no entorno destas APs gera conflitos de interesses entre conservação e manutenção da vida social. Uma das estratégias de conservação se depara com o fato de que estas áreas na Amazônia atualmente estão conectadas estruturalmente e funcionalmente, formando “blocos” com identidades territoriais e socioambientais específicos.

Num contexto socioambiental, surge a proposta do Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Decreto nº 4.340/2002, de se constituírem os Mosaicos de Áreas Protegidas2. Eles surgem com a finalidade de buscar soluções para o desafio de conciliar os interesses da conservação ambiental com os direitos das populações pré-estabelecidas nestas áreas. Neste sentido, criou-se uma forma de trabalhar a gestão integrada e participativa das diferentes AP que os compõem, “de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional” (BRASIL/SNUC, 2000).

Em 2010, foi criado no Amazonas o Mosaico de Áreas Protegidas do Baixo Rio Negro3 (MBRN), como proposta de solucionar a situação de isolamento e dificuldade de gestão das APs locais. O Mosaico está inserido na Reserva da

1 “Áreas naturais definidas geograficamente, regulamentadas, administradas e/ou manejadas com objetivos de conservação e uso sustentável da biodiversidade (PNAP, 2006).

2 SNUC, artigo 26: “Quando existir um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação [...]” (BRASIL/SNUC, 2000).

3

O MBRN é oficialmente reconhecido pela Portaria Federal Nº 483, de 14 de dezembro de 2010 (Ver Anexo A). Possui uma área de 7.437.551 hectares de extensão e é composto por 11 unidades de conservação.

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Biosfera4 da Amazônia Central e no Corredor Ecológico5 Central da Amazônia – maior área de proteção ambiental contínua do mundo. Segundo o Relatório da Biodiversidade Brasileira, a importância ecológica e social dos ecossistemas do baixo Rio Negro é evidenciada pela alta diversidade biológica, o que lhe confere a classe de área de extrema importância para a conservação. (MMA/BRASIL, 2002).

Como estratégia de conservação, os usos públicos destas APs precisam ser ordenados de forma a contribuir para a proteção e alternativa de emprego e renda para as comunidades locais. Entre as principais atividades praticadas nestas áreas, citam-se: recreativas, turismo, visitação, pesquisa, educação ambiental e de divulgação. O turismo comunitário (TC/TBC) pode ser destacado como um desses usos, se configurando ainda como uma alternativa de renda, de socialização e de inclusão das comunidades, passando a ser visto como uma modalidade importante neste contexto.

A inexistência de estudos socioeconômicos prévios à criação do Roteiro Tucorin – que é o principal Roteiro de TBC da região, e também a necessidade de se responder a algumas inquietações relacionadas à sustentabilidade do turismo em unidade de conservação (UCs) na região do baixo Rio Negro, foram os principais motivadores da pesquisa. Entretanto, como o universo das UCs do BRN é bastante amplo, optou-se por selecionar duas comunidades para servirem como objeto de estudo da pesquisa, caracterizando-se, portanto, como um estudo de caso.

Partindo-se do exposto, a pergunta que norteou toda a tomada de decisões pertinentes à pesquisa foi: qual a contribuição do turismo de base comunitária, em termos de geração de renda para as populações tradicionais e quais os impactos socioeconômicos gerados por ele, particularmente nas comunidades Colônia Central e Nova Esperança, localizadas do mosaico de APs no baixo Rio Negro?

Como objetivo geral, a pesquisa se propôs analisar o impacto socioeconômico do turismo de base comunitária nas comunidades, fornecendo

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SNUC (Lei 9985 de 18/07/2000), em seu capítulo XI, reconhece a Reserva da Biosfera como "um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais"(Id.).

5

O SNUC (Lei 9985 de 18 de julho de 2.000), em seu capítulo XIX postula o seguinte: corredores ecológicos são porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais (BRASIL/SNUC, 2000).

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subsídios para a melhor operacionalização da atividade turística. Para isto, foram definidos os seguintes objetivos específicos:

 Caracterizar as comunidades objetos de estudo, bem como os produtos e serviços turísticos oferecidos por elas no Roteiro Tucorin;

 Realizar um levantamento das receitas e despesas dos serviços e produtos turísticos nas comunidades;

Analisar as vantagens comparativas da renda potencial do TBC e das principais atividades econômicas nas duas comunidades.

Como a área em estudo constitui seu campo de atuação profissional desde o ano de 2005, também em projetos na área de turismo/meio ambiente, a pesquisadora se colocou à disposição para contribuir com o levantamento de dados socioeconômicos sobre as comunidades envolvidas. Considerando-se ainda que não há atualmente um mecanismo para a administração de visitantes nestas UCs, conclui-se que se trata de um trabalho relevante, por meio do qual foram colhidas informações fundamentais para a gestão destas áreas, como o fluxo de turistas de TBC e a renda gerada por esta atividade de uso público. Para responder à causa e efeito da metodologia adotada pela pesquisa e os resultados esperados, desenvolveu-se uma cadeia de raciocínio, conforme ilustra a Figura 1, a seguir: Figura 1: Cadeia de raciocínio do trabalho de pesquisa

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A dissertação foi estruturada em seis capítulos, sendo que o primeiro aborda as ideias de alguns estudiosos a respeito dos principais assuntos relacionados ao tema, bem como outros conceitos correlatos.

O segundo capítulo, um pouco mais específico, faz uma contextualização do local que sediou os estudos, partindo-se do geral para o específico, apresentando informações relevantes para o entendimento do estudo.

O terceiro diz respeito a todas as decisões metodológicas que nortearam os estudos, tratando desde as características da investigação, passando pelos instrumentos e estratégias selecionados para o alcance de cada objetivo, até a especificação mais detalhada dos procedimentos metodológicos adotados na realização das análises.

O quarto capítulo consiste na caracterização socioeconômica das duas comunidades objetos de estudo, bem como apresenta seus principais atrativos turísticos levantados durante a pesquisa. Foi possível também comparar as informações socioeconômicas das comunidades assim como descrever sobre o fluxo de visitantes no período de 2012 e 2013.

O quinto capítulo foi destinado à demonstração das receitas e despesas dos serviços e produtos turísticos, bem como o incremento de receita oriundo do TBC e uma análise da renda média real e potencial para esta atividade. Além de demostrar por meio de uma figura o fluxo de relações do mercado de TBC existente atualmente na região estudada.

No sexto, faz-se uma analise das vantagens comparativas entre o turismo de base comunitária e as principais atividades econômicas levantadas nas duas comunidades. Apresentam-se as propostas de melhorias recomendadas para a operacionalização do TBC, entre outros pontos relevantes. Neste capítulo conclui-se o fechamento do ciclo trazendo as considerações da autora sobre o tema tratado como contribuição para refelexões que ajudem na sustentabilidade da atividade de TBC na região do baixo Rio Negro.

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1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 Turismo de Base Comunitária

Segundo a definição oficial da Organização Mundial do Turismo (OMT), “o turismo compreende as atividades de viagens de pessoas e alojamento em locais fora do seu ambiente usual durante não mais do que um ano consecutivo, por lazer, negócios e outros motivos” (www.dadosefatos.turismo.gov.br). Muitos o tratam como negócio, conjunto de produtos e serviços, e, ainda, como fenômeno social, econômico, político e cultural (AULICINO, 2001; RUSCHMANN, 2002).

Por ser uma atividade socioeconômica, o turismo aponta para a necessidade de se analisar se há realização de forma satisfatória para o visitante e para quem vai recebê-lo. Por meio desta atividade, há possibilidade da interação de pessoas de diferentes origens sociais e costumes. Além disso, a atividade turística gera uma redistribuição espacial da capacidade de auferir renda, interferindo significativamente na economia do destino (THEOBALD, 2001).

No entanto, alguns autores como Lage e Milone (2001) discutem que não é aconselhável, principalmente em países em desenvolvimento, que estes adotem políticas de crescimento baseadas unicamente no turismo, pois isso tornaria suas economias vulneráveis à sazonalidade, podendo inclusive provocar certo nível de retração da economia local.

O êxito do turismo depende de fatores estáveis na área visitada, no que diz respeito aos aspectos econômico, social e ambiental. Os turistas são exigentes e dinâmicos e podem abandonar lugares perigosos e poluídos. Consequentemente, os protagonistas da atividade turistica devem manter-se alerta aos possíveis riscos e, principalmente, zelar pela qualidade dos recursos naturais e dos serviços oferecidos. O marco referencial teórico de TBC (2011) já defendia que o acompanhamento e a avaliação das experiências tradicionais de turismo ao longo dos anos demonstram que nem sempre ele está associado ao desenvolvimento das localidades onde se estabelece apesar de seu significativo crescimento ano a ano e do notável aumento das receitas provocado por ele. Observa-se também que órgãos oficiais e instituições de pesquisa do setor vêm mostrando crescente preocupação com as questões econômicas, sociais e ambientais em virtude dos significativos impactos, geralmente aliados ao turismo de massa.

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Essa teoria aponta elementos que configuram princípios de um TBC por salientar a perspectiva de um desenvolvimento socioeconômico que não se restringe a uma divisão institucionalizada dos ganhos oriundos do mercado concorrencial de bens e serviços. Dessa forma, o TBC configura-se num potencial arranjo de atividades econômicas que podem ser exploradas a partir do envolvimento e da participação dos agentes comunitários para a definição dos modos de operação de tais atividades.

Bursztyn (2012) discorre que a busca por um mercado consciente, engajado e responsável é um grande desafio para a atividade turística. A economia solidária surge como uma nova “forma social de produção”, uma alternativa da sociedade excluída em reorganizar os sentidos do trabalho clássico em uma nova configuração produtiva, que possibilita a geração de renda e a qualidade de vida. Relação essa que se difere do capitalismo tradicional, que visa somente o lucro, numa relação de desigualdade.

A construção da economia solidária é uma estratégia que aproveita a mudança nas relações de produção provocada pelo grande capital para lançar os alicerces de novas formas de organização da produção, com base em uma lógica oposta àquela que rege o mercado capitalista. Tudo leva a acreditar que a economia solidária permitirá, ao cabo de alguns anos, dar a muitos, que esperam em vão um novo emprego, a oportunidade de se reintegrar à produção por conta própria, individual ou coletivamente (SINGER, 2002).

Esta nova modalidade de turismo surgiu na década de 1980, mas ainda de forma muito tímida. Mas, a sua formalização só foi reconhecida de fato, inclusive sendo referida como turismo comunitário ou de base comunitária, após a Eco-92. A discussão sobre a sustentabilidade do turismo apenas veio reafirmar o conceito de desenvolvimento sustentável, que foi consagrado em 1987 pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, também conhecida como Comissão Brundtland. Essa comissão produziu um relatório de grande repercussão internacional, que serviu como base para a criação da Agenda 21 – documento aprovado por mais de 180 países na Eco-92, no Rio de Janeiro. Esse relatório diz que desenvolvimento sustentável “é aquele que atende às necessidades do

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presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (Relatório de Brundtland6,1987).

A sustentabilidade do turismo com premissas no envolvimento comunitário surge no Brasil, em um primeiro momento, como tema de diálogo científico a partir do I Encontro Nacional de Turismo de Base Local (ENTBL), realizado em São Paulo, em 1997. Posteriormente, adiciona-se ao debate científico a participação de movimentos sociais na ocasião do I Seminário Internacional de Turismo Sustentável, realizado em Fortaleza, 2003. Com isso, no ano de 2010, o Ministério do Turismo (MTur) elaborou uma lista princípios comuns ao turismo de base comunitária, a saber (BRASIL/MTur, 2010):

• autogestão;

• associativismo e cooperativismo;

• democratização de oportunidades e benefícios; • centralidade da colaboração, parceria e participação; • valorização da cultura local e, principalmente;

• protagonismo das comunidades locais na gestão da atividade e/ou na oferta de bens e serviços turísticos, visando à apropriação por parte destas e dos benefícios advindos do desenvolvimento da atividade turística.

Ao contrário do turismo convencional, o Turismo de Base Comunitária (TBC) ou Turismo Comunitário (TC), segundo Bartholo et al. (2009), “é aquele em que as comunidades de forma associativa organizam arranjos produtivos locais, possuindo o controle efetivo das terras e das atividades econômicas associadas à exploração do turismo”. Este tipo de turismo deve contribuir para uma melhor conservação e desenvolvimento, trazendo benefícios econômicos, sociais e culturais para a comunidade.

Na verdade, trata-se de uma modalidade nova, sendo que o seu conceito ainda está em processo de construção. Pensando nisso, Costa Novo (2011) elaborou um quadro-síntese, onde destaca os principais autores que se dedicaram ao assunto, bem como suas concepções sobre esta temática (Tabela 1).

6

Disponível em: http://www.marcouniversal.com.br/upload/RELATORIOBRUNDTLAND.pdf. Acesso em: 12/02/2014.

(21)

Tabela 1: Principais autores e seus conceitos sobre TBC

Fonte: Organização Costa Novo (2011).

Autores Características apontadas sobre o Turismo de Base Comunitária – TBC

IRVING, M. A.

Coesão e laço social; Sentido coletivo de vida em sociedade; Inclusão; Sentimento de pertencimento.

WWF

Controle efetivo sobre o desenvolvimento e a gestão do turismo;

Envolvimento participativo; Benefícios para a comunidade.

MENDONÇA, C. et al

A comunidade no controle da atividade e recebendo a maior parte dos

benefícios; O envolvimento de diferentes atores no planejamento da atividade;

O turista não deve ser considerado o centro das atenções.

Ministério do Turismo do Brasil (MTur)

Modelo de desenvolvimento turístico; Economia solidária; Associativismo; Valorização da cultura local; Protagonismo das comunidades locais.

BURSZTYN, I. et al

Menor densidade de infraestrutura e serviços;

Vinculação situada ao lugar; Outro modo de visita e hospitalidade.

Autores Características apontadas sobre o Turismo Comunitário- TC

GUZMÁN, T. J. L-G.; CAÑIZARES, S. M. S.

Participação ativa da comunidade; Formação de redes comunitárias; Envolvimento de vários atores; Cooperação.

CARRIÓN, D. S.

Forma de gestão do turismo que agrega três perspectivas:

.Sensibilidade especial com o entorno natural e cultural; . Busca de sustentabilidade integral (social e natural); e . Controle efetivo do negócio turístico por parte das comunidades.

Modo de implementar o turismo.

CORIOLANO, L. N. M.

Associativismo; Arranjos produtivos locais; Controle efetivo das terras e das atividades econômicas;

Interação turista – residente.

SAMPAIO, C. A. C.

Envolvimento com projetos comunitários; Experimentação alternativa ao modo de vida consumista;

Planejamento para o desenvolvimento de base comunitária; Protagonismo das populações autóctones;

Convivencialidade.

PINHEIRO, L. L.

Modelo de gerenciamento turístico inclusivo; Protagonismo e organização comunitária;

Rentabilidade para a comunidade; Turismo como atividade econômica complementar; Posse da terra pela comunidade; Conservação ambiental e cultural.

ARAÚJO,G. P.; GELBCKE, D. L.

Ética; Cooperação nas relações sociais; Valorização dos recursos de um território;

Relação dialética entre turistas e comunidade receptora.

MALDONADO, C.

Organização empresarial;

Cooperação; Equidade no trabalho e na distribuição dos benefícios; Dimensão humana e cultural; Conhecer e aprender com outros modos de vida.

(22)

Com base nas análises citadas, a autora Costa Novo (2011) sugere um conceito, que abrange e complementa o entendimento mais atual do turismo comunitário.

uma modalidade do turismo em que prevalece o protagonismo das comunidades no oferecimento de atividades turísticas realizadas nos territórios que ocupam, obedecendo a princípios ambientais e culturais autoestabelecidos, promovendo, sobretudo, a valorização da participação e da organização comunitária, do associativismo e da ética, com vistas ao desenvolvimento local e à preservação de sua cultura.(COSTA NOVO, 2011)

O fator preponderante e que é comungado por todos os estudiosos que se dedicam ao tema é que “a visitação deve contribuir para a promoção do desenvolvimento econômico e social das comunidades locais” (BRASIL/MMA, 2008). Este assunto é tratado no Manual de Diretrizes para Visitação em Unidades de Conservação Brasileiras e reforça que o planejamento ordenado das ações a serem implementadas em uma unidade de conservação7 (UC) é fundamental para garantir a conservação dos recursos naturais nela existentes, bem como a consecução dos benefícios indiretos de ordem ecológica, econômica, científica e social.

Vale ressaltar que, mesmo nos dias atuais, os estudos teóricos sobre turismo comunitário ainda são incipientes, apesar de sua notável ampliação nos últimos anos e do demonstrado interesse do setor público, representados pelos apoios a algumas iniciativas e fomentos advindos dos ministérios do Meio Ambiente (MMA), do Desenvolvimento Agrário (MDA) e, mais recentemente, do MTur.

Na prática, essas iniciativas abrem novas possibilidades turísticas no Brasil e, além de dinamizar o turismo doméstico local e regional, contribui para que os turistas estrangeiros passem mais tempo no país, na busca de novas experiências mais inclusivas e que valorizam moradores locais e o meio ambiente. As atividades apoiadas por estes ministérios incentivaram o planejamento da atividade dentro de uma ótica do turismo sustentável e solidário, através de treinamentos e capacitações para a melhoria dos serviços e produtos turísticos.

Outro mecanismo importante de difusão do conceito de turismo comunitário são as “REDES”, espaços para troca de experiências e fortalecimento da

7

Unidades de Conservação são espaços territoriais com seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração. A Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000 regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (BRASIL/SNUC, 2000).

(23)

modalidade de um turismo alternativo e diferenciado como: a rede Turisol, Tucun, REDTURS8 e Central de turismo comunitário da Amazônia (CTCA). Todas

compartilham a mesma filosofia de promover e divulgar o turismo mais inclusivo e solidário em comunidades, como descrito na Tabela 2.

Tabela 2: TBC segundo as REDES de Turismo Comunitário

REDES DE TBC Conceitos sobre o Turismo de Base Comunitária – TBC

TURISOL (2008)

“Toda forma de organização empresarial sustentada na propriedade do território e na autogestão dos recursos comunitários e particulares com práticas democráticas e solidárias no trabalho e na distribuição dos benefícios gerados através da prestação de serviços, visando o encontro cultural com os visitantes” .

TUCUN (2008)

“O turismo de base comunitária é aquele no qual, as populações locais possuem o controle efetivo sobre o seu desenvolvimento e gestão. Está baseado na gestão comunitária ou familiar das infraestruturas e serviços turísticos, no respeito ao meio ambiente, na valorização da cultura local e na economia solidária”

REDTURS (2010)

“El turismo puede contribuir a concretar algunas de las aspiraciones comunitarias en la medida en que hagamos de él una actividad económicamente viable,

socialmente solidaria, culturalmente enriquecedora y ambientalmente responsable.”

CTCA (2012)

“O turismo de base comunitária é um segmento do turismo que agrega viajantes interessados em conhecer novos lugares e pessoas de um modo mais ativo e participativo e, para tal, precisam de localidades dispostas a abrir suas portas para experiências de convivência”.

Fonte: Organização PORTO, N.P., 2013.

A atual demanda pelo turismo está atrelada a uma exigência variável e variada de experiências, principalmente pela qualidade cultural e ambiental, dando lugar às relações autênticas, às possibilidades de intercâmbio cultural, de troca de referências e de experiências.

O surgimento desta nova modalidade, como se vê, também deu origem a um perfil diferenciado de turista – se mudaram as motivações, o perfil já não pode ser o mesmo. Com base no resultado de uma pesquisa da SNV9, Bursztyn (2012) descreve as principais características que definem o perfil do turista de TBC (Tabela 3).

8

Disponível em: http://www.redturs.org/nuevaes/index.php. Acesso em: 08/2013. 9

(24)

Tabela 3: Perfil do turista potencial de TBC

Aspectos chave Perfil do turista •

forte desejo por “autenticidade”; • trocas culturais diretas;

• sentimento nostálgico com relação à simplicidade e o modo de vida rural;

• ajudar comunidades pobres. • vem de todos os grupos sociais;

• entre 30 e 50 anos de idade com alto poder aquisitivo; • elevado nível de escolaridade;

• mochileiros e jovens viajantes com orçamento reduzido também consomem o TBC, uma vez que os custos tendem a ser mais baratos.

• visitam lugares de grande interesse histórico e arqueológico, como, por exemplo, os patrimônios da UNESCO;

• participam das manifestações culturais locais; • participam de atividades criativas, como, por exemplo, aprender cerâmica, pintura, tecelagem, culinária; • ficam hospedados nas comunidades;

• aprendem a língua e a cultura local. Motivação

Grupo social

Atividades de interesse

Fonte: SNV (2009 apud Bursztyn, 2012).

É interessante observar que as mudanças acontecem em cadeia, e vão alterando o mercado como um todo. Considerando que se trata de um turista com motivações bem diferentes do visitante convencional, o que configura uma nova segmentação do setor turístico, no Brasil já foram criadas agências de turismo especializadas que trabalham especificamente para o público com este perfil. É o caso da Cia da Mochila, a Ambiental e a Estação Gabiraba, que são especializadas em roteiros não convencionais e exclusivos, geralmente fechando grupos de jovens adultos que buscam experiências ímpares de vida, por meio do contato mais direto.

1.2 Conceitos de Economia aplicados ao Turismo.

Segundo Kahn (2004), um elemento fundamental para que haja equidade das forças econômicas é o amplo acesso à informação, pois a falha de informação produz falhas de mercado e, consequentemente, revoga a premissa de sustentabilidade. Deste modo, tanto consumidores quanto ofertantes precisam ser melhor informados, pois só assim a negociação será mais justa, maximizando a

(25)

satisfação de ambas as partes, seja o processo referente à compra ou à venda de um bem ou serviço.

Para analisar atividade turística sob a ótica econômica, deve-se levar em consideração o conceito de economia, que é a ciência “estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade” (TROSTER e MÓCHON, 2002).

Quanto às observações qualitativas da cadeia produtiva do turismo comunitário, optou-se por levar em consideração a linha de pensamento de Barreto (2010), que defende que as políticas públicas voltadas para o comando e controle que regulamentam o uso de recursos naturais pelos órgãos de fiscalização ainda são insuficientes para mitigar o desflorestamento da Amazônia Brasileira. Além daquele, Pereira (2011), que defende que a alocação de mão-de-obra na Amazônia, tem uma dinâmica própria, muito diferenciada nas áreas de terra firme das áreas de várzea. Essa dinâmica é intensiva nas atividades de maior rentabilidade.

Segundo os dois autores, é necessário oferecer incentivos econômicos que não se resumam a programas de transferência de renda, mas que promovam atividades econômicas com remuneração justa. Infere-se com isso que haverá menos pressão antrópica pelo desmatamento, se as comunidades tiverem uma boa renda advinda do turismo. Não se pode esquecer, porém, que o turismo é uma atividade sazonal, carecendo de outras atividades complementares, pois a vida na Amazônia requer de um entendimento de sua dinâmica própria. Para tanto, as atividades que são complementares e sazonais precisam ser remuneradas de forma justa para que haja um equilíbrio harmônico entre as atividades.

Mankiw (2009) esclarece que tanto Adam Smith, quanto David Ricardo sustentam suas teorias no livre comércio, garantidas por meio do mercado e do princípio da vantagem comparativa. O conceito de vantagem comparativa está diretamente ligado à habilidade de se produzir um bem/serviço com menor custo de oportunidade e empregando a menor quantidade de insumos que o outro produtor.

Outro conceito de economia e que está ligado direta e indiretamente com esta atividade é o efeito substituição, que se refere à facilidade que o turismo tem de ser substituído, seja por outras atividades econômicas, outros destinos ou mesmo outros bens de consumo mais indispensáveis. Um exemplo comum desse efeito: uma família está se programando para passar férias no exterior. De repente, uma pessoa

(26)

da família precisa de cuidados médicos de custos altos. Então, eles deixam de viajar para garantir um direito básico do seu familiar, que é a saúde. O efeito substituição remete ao conceito de trade-off defendido por Mankiw (2009), segundo o qual, devido a recursos escassos, o processo de decisão por um bem ou serviço é sempre definido como algo conflitante, onde uma escolha exclui automaticamente a outra.

Os conceitos de economia que deram embasamento para a análise da cadeia produtiva do turismo foram os quatro princípios fundamentais para o consumo defendidos por Mankiw (Idem), que são pertinentes aos fatores psicossociais que comandam a relação de compra e venda entre consumidores e vendedores, conforme ilustra a Tabela 4.

Tabela 4: Como os visitantes tomam decisões

Fonte: Adaptação Mankiw (2009). Organização PORTO, N.P., 2013.

Aplicando-se estes princípios à cadeia produtiva do turismo, tem-se que:

1. Dentre as “Escolhas”. Os consumidores (visitantes) do turismo comunitário estarão sujeitos a inúmeras opções de “trade-offs10” para se decidirem sobre um

destino turístico. Seria impossível delinear cada opção, mas é possível inferir que as escolhas serão mais frequentes por aquelas em que ele verifique a maior

10

O conceito, traduzido para o português, se assemelharia a algo como “escolhas mutuamente excludentes”.

(27)

participação da comunidade, práticas sustentáveis, bem como a justa remuneração dos serviços e produtos turísticos.

2. Relação “Custos-Benefícios”. O fator economia solidária e justa, que valoriza a identidade cultural local é bastante relevante na modalidade do turismo comunitário. Os visitantes estão em busca de experiências inovadoras de valorização cultural que contribua tanto para o bem estar social, quanto ambiental. Ou seja, quanto melhor e mais autêntica for a experiência do visitante, melhor será a percepção dos “benefícios” e a satisfação conferida por ela. Autenticidade é a palavra-chave e pode ser um grande diferencial, se comparada a outras modalidades de turismo.

3. “Margem”. Este princípio remete ao conceito de “marginalidade11”, que consiste na solicitação de descontos por parte dos consumidores/visitantes, quando da compra de mais serviços e produtos; bem como na disposição dos vendedores/receptores em oferecer tais descontos. Ocorre que, sem o entendimento da rentabilidade da operação, os prestadores de serviço podem deixar de oferecer descontos. Algumas estratégias para atrair visitantes podem ser realizadas, oferecendo: a) descontos em pacotes que agregam maior número de atividades e serviços; b) alguma vantagem para grupos que prolonguem sua estadia nas comunidades; ou c) descontos na época de baixa estação. Para isso, é importante que haja uma tabela de preços diferenciada para pacotes e atividades avulsas.

4. “Incentivos”. Segundo o autor, este seria o princípio mais importante. Porém, é preciso ter cautela, pois os vendedores tendem a acreditar que o melhor incentivo é o preço baixo. Na verdade, esta ação deprecia o valor do trabalho e diminui as chances de viabilidade econômica do negócio. O próprio Mankiw aponta que os consumidores reagem melhor quando, ao invés de descontos, se oferece um brinde ou bonificação. No caso do turismo, considerando a situação mencionada no caso anterior, pode-se pensar em bonificar os grupos que passam mais tempo na comunidade, oferecendo uma atividade extra ou dando uma peça de artesanato como brinde.

11 O conceito de marginalidade, para Economia, é diferente do estabelecido no senso comum, onde há cunho social. Para economia, a expressão de marginalidade está ligada à margem de valor, ou à unidade que está à margem, ou à unidade adicional.

(28)

2 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

2.1 O Amazonas e as experiências de TBC

Antes de tratar propriamente do contexto turístico do Estado do Amazonas, serão apresentados alguns dados econômicos referentes a sua capital, Manaus, que servirão de subsídio para a melhor compreensão dos impactos socioeconômicos do TBC na economia da região do Baixo Rio Negro.

Segundo divulgado no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (BRASIL/IBGE, 2010), Manaus tem uma população de 1.802.014 habitantes, concentrados em sua maioria na zona urbana. O município está situado na faixa do IDH- Indice de Desenvolvimento Humano considerado alto de 0,737 e renda per capita12 também satisfatória de R$790,27 (Setecentos e noventa reais e vinte e sete centavos). Possui o sexto melhor PIB13 brasileiro de aproximadamente R$ 48,5 milhões (Quarenta e oito milhões e quinhentos mil reais), acumulando 81,3% do total do PIB do estado do Amazonas, motivo pelos quais Manaus é conhecida como “cidade estado”, pelo fato de uma maior concentração do PIB na capital .

No ano de 2011, o Estado do Amazonas recebeu em média 755.058 turistas, segundo dados oficiais da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur, 2011), superando os 675.713 do ano anterior, com um aumento significativo de 12%. O gráfico 1 traça um panorama do crescimento deste número no período de 2003 a 2011.

12

A Renda Per Capita é um indicador que resulta da divisão da Renda Nacional pelo número de habitantes do país. Uma medida síntese de padrão de vida e desenvolvimento econômico de um país 13

PIB- Produto Interno Bruto representa a soma de bens e serviços produzidos em uma determinada região

(29)

Gráfico 1: Número de visitantes, por ano, no Estado do Amazonas

Fonte: Amazonastur, 2011. Organização: PORTO, N.P., 2013.

Um desafio que há no setor do turismo convencional no Estado do Amazonas é a integração desta atividade ao âmbito das UCs, proporcionando o envolvimento dos comunitários. Na região do baixo Rio Negro, apesar do turismo ser considerado fonte de geração de renda, acontece de forma bastante excludente considerando-se as comunidades receptoras, beneficiando apenas grandes empresários que abrem empreendimentos e/ou negócios voltados para passeios fluviais pelo Rio Negro (IPE, 2006).

No Amazonas foi elaborado um Plano de Desenvolvimento Sustentável e Integrado da Região Metropolitana de Manaus levando em consideração um planejamento para dez anos de 2010 a 2020. Este plano prevê como meta:

[...] fortalecer e/ou organizar as atividades existentes (turismo, construção naval, pesca e piscicultura, agropecuária, extrativismo) com vistas a torná-las economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e portadoras de inclusão das pessoas que nelas atuam (AMAZONAS, 2010).

Mesmo constando entre as metas do Plano de Desenvolvimento Sustentável de Manaus, na prática o que se verifica é que ainda há pouco interesse em relação ao tema, tanto que são raros os estudos sobre os impactos sociais e econômicos da atividade, que normalmente se restringem a indicadores de fluxos de visitantes, o que reforça a incerteza sobre a sustentabilidade deste setor.

Estudos e análises realizados por Costa Novo (2011) indicam que o Brasil é o segundo país a possuir mais experiências de TBC, ficando atrás apenas do Equador, com cinquenta e nove experiências. Das trinta e sete experiências brasileiras cadastradas na REDTURS, oito estão na região Norte do país. Assim

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como o Brasil, o Estado do Amazonas fica em segundo lugar, com quatro experiências. Dividindo o posto de primeiro lugar na região Norte estão os Estados da Bahia e Ceará, com sete experiências cadastradas. Três experiências podem ser encontradas no Estado do Pará e uma no Estado de Tocantins.

As experiências do Estado do Amazonas cadastradas na REDTURS, são: Pousada Aldeia dos Lagos, localizada no município de Silves; Pousada Uacari, localizada no município de Tefé; Turismo comunitário no Rio Unini, Município de Barcelos; e Turismo comunitário no Baixo Rio Negro, Município de Manaus. No Estado do Pará são encontradas as seguintes experiências: Ecoturismo comunitário, no Polo Tapajós, localizado no Município de Santarém; Cooperativa de turismo comunitário no Município de Curuçá; e Projeto VEM – Viagem Encontrando Marajó, no Município de Soure. No Tocantins, há experiência de turismo comunitário em Taquaruçu, em Palmas. Além das iniciativas apoiadas pelo edital do MTur, existem outras na região norte do Brasil como: Xixuau, no Estado de Roraima, em comunidades indígenas no Alto Rio Negro; e no Estado de Rondônia, na Terra Indígena Sete de Setembro.

No ano de 2013, a Confederação Nacional do Turismo elaborou a Carta do turismo sustentável da Amazônia Legal, que tem como objetivo “discutir e dar uma identidade própria a essa área continental, especialmente no que tange ao desenvolvimento do turismo como fator econômico, social e sustentável, e consolidar a integração das instituições públicas e privadas da região amazônica em favor do turismo regional.”

2.2 O Turismo Comunitário no Baixo Rio Negro.

Segundo o Instituto de Cooperação Econômica Internacional (ICEI, 2012), a prática do turismo convencional já fazia parte do cotidiano de algumas destas comunidades da região do Baixo Rio Negro (BRN), zona rural de Manaus. A atividade, porém, acontecia de maneira desordenada, onde o turismo embarcado era o mais frequente. Nesta modalidade, as agências vendiam pacotes fechados e os benefícios das comunidades locais restringiam-se à comercialização de artesanato e apresentação de rituais indígenas.

(31)

Nesta região, somente começou a se discutir sobre o fomento do TBC a partir do aumento dos fluxos de visitação, normalmente vinculados ao turismo de massa. Devido à proximidade em relação à capital, esta região é bastante procurada, tanto pelos residentes quanto por turistas. Esta visitação, entretanto, não estava sendo trabalhada de forma inclusiva, ou seja, com a participação ativa dos comunitários, o que causava certo descontentamento por parte deles.

Por se tratar de um conceito em construção, o TBC gera grandes expectativas de valorização das comunidades envolvidas com esta atividade, o que acabou oportunizando a criação de alguns espaços de discussão sobre a temática na região objeto de estudo, e que contribuíram significativamente para o desenvolvimento desta pesquisa.

É o caso do Fórum de TBC do baixo Rio Negro, criado em 2011 como resultado de um estudo fomentado pelo MTur com vistas à elaboração do Plano de Desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária no entorno sul do Parque Nacional de Anavilhanas. O Fórum realiza encontros mensais para discutir assuntos importantes na temática de TBC local. As diretrizes deste fórum são compactuadas em uma “Carta de princípios” (Anexo B), que celebra o comprometimento de parceria apartidária entre todos os envolvidos apoiando as iniciativas de turismo de base comunitária em unidades de conservação do baixo Rio Negro. Entre os participantes estão: as instituições governamentais de turismo e meio ambiente, organizações não governamentais (ONGs), universidades, trade turístico e quinze comunidades do Rio Negro (Ver Membros do Fórum no Anexo C). No meio acadêmico, a Diretoria de Turismo da Universidade Estadual do Amazonas (UEA) promove, há três anos, um encontro anual de TBC, que serve de espaço de troca de experiências e divulgação de iniciativas brasileiras e de países da América Latina.

Analisando o TBC nas comunidades da região do BRN, bem como no Amazonas como um todo, foi possível perceber claramente a cadeia produtiva do turismo já configurada por Guzmán e Cañizares (2009).

(32)

Figura 2: Cadeia produtiva do turismo comunitário.

Fonte: Adaptada de Guzmán e Cañizares(2009). Organização: PORTO, N.P., 2013.

A Figura 2 demonstra a influência da academia e das instituições do terceiro setor no processo de planejamento das atividades de turismo nas comunidades, bem como na mobilização para a formação de redes que compartilham a mesma filosofia.

As iniciativas de TBC dentro de UCs, portanto, podem se constituir em uma alternativa econômica viável para os comunitários, ou seja, sem que isso signifique a perda dos valores que sustentam e dão identidade às suas práticas.

Segundo as doutrinas da REDTURS (apud Maldonado, 2009), o turismo comunitário proporciona para as APs:

• uma consciência social reforçada sobre a responsabilidade comum e sobre a preservação dos recursos naturais;

• a procura comprometida por novas práticas baseadas nos códigos de conduta (responsabilidade social, econômica e ambiental);

• Novas formas de gestão de terras familiares e territórios comuns;

• Melhoria de renda, em que as comunidades abandonam práticas predatórias, como desmatamento, corte de madeira ilegal, tráfico de animais e caça;

• Práticas de negócios responsáveis e aproveitamento sustentável dos recursos naturais, culturais e humanos;

• Cogestão de áreas protegidas e compromissos contratuais com órgãos governamentais, ONGs e cooperações internacionais.

(33)

2.3 O Roteiro Tucorin

A falta de uma participação mais ativa na atividade de turismo foi o que motivou os comunitários a desenvolverem iniciativas familiares e comunitárias direcionadas à recepção, hospedagem e alimentação. Asssim, os comunitários se organizaram através de suas associações e foram pedir apoio para as organizações não
governamentais Nymuendaju14
e Instituto de Pesquisas
Ecológicas15

(IPE). O objetivo dos comunitários era buscar promover o turismo visando à
geração de trabalho e renda, e propiciando o seu protagonismo na gestão da atividade. Assim nasceu o Roteiro Tucorin, cujo objetivo é valorizar o cotidiano dos ribeirinhos, por meio de uma interação justa e solidária entre turistas e comunitários.

Na Figura 3, é possível observar a localização de cada uma das comunidades pertencentes ao roteiro.

Figura 3: Imagem de localização das comunidades pertencentes ao Roteiro Tucorin.

Fonte: Cristina Tófoli, 2013. 14

Organização não governamental que atua na Amazônia. 15

OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público que atua em cinco regiões brasileiras.

(34)

As seis comunidades pertencentes ao Roteiro Tucorin, e que o idealizaram, estão inseridas no município dentro do mosaico de unidades de conservação do Baixo Rio Negro, a saber: São João do Tupé, Julião e Colônia Central, no interior da Reserva de Desenvolvimento Sustentável(RDS)16 do Tupé17; Nova Esperança e Bela Vista do Jaraqui, no Parque Estadual18 (PAREST) do Rio Negro setor sul; e São Sebastião do Rio Cuieiras, na Área de Proteção Ambiental da Margem Esquerda Aturiá-Apuazinho.

A fim de proporcionar uma visão panorâmica da oferta turística do roteiro, fez-se uma breve descrição sobre os produtos e fez-serviços que as outras quatro comunidades disponibilizam aos visitantes.

Julião: Possui uma trilha terrestre temática. O condutor local aplica ferramentas de interpretação ambiental, enfatizando a ecologia do Sauim-de-coleira, espécie endêmica do município de Manaus. É possível visitar o projeto Mulheres de Julião, uma ação social voltada para a confecção de doces típicos artesanais: balas, geleias e doces de frutas nativas. Os visitantes são convidados a plantar uma árvore nativa e, assim, deixar sua contribuição ao meio ambiente e à Amazônia, ação que é parte do projeto “Plantando o Futuro”.

São João do Tupé: tem como atrativo natural a praia do Tupé, de beleza cênica singular. Uma das atividades oferecidas na comunidade é apresentação de ritual indígena das etnias Dessana, Tukano e Tuyuka. Além do ritual, o visitante pode conversar com o Tuxaua e ouvir as histórias de seus antepassados, e ainda conhecer seus instrumentos de música, caça, etc. Outras atividades que podem ser realizadas na comunidade, são: a degustação de pratos típicos, o artesanato de cestarias, as trilhas aquáticas e a visitação ao tanque rede de criação de peixes.

Bela Vista do Jaraqui: A comunidade oferece trilhas interpretativas, canoagem no igapó, hospedagem, banho de piscina natural e um almoço servido no

16

A RDS tem como objetivo básico preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e da qualidade de vida e manejo dos recursos naturais pelas comunidades tradicionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o saber das técnicas de manejo do ambiente, desenvolvimento por essas populações (BRASIL/SNUC, 2000).

17

O nome Tupé é um termo indígena da língua Tupi, que significa entrelaçado. Tecido trançado com talos de arumã, utilizado na fabricação produtos artesanais, tais como: tapetes, esteiras, toldos de canoas, dentre muitas outras utilidades.

18

O Parque Estadual tem como objetivo a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas ciêntíficas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a naturezae de turismo ecológico. SEUC, Sistema Estadual de Unidade de Conservação. (AMAZONAS/SEUC, 2007).

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viveiro de peixes. A comunidade possui um acampamento na floresta com capacidade para trinta redes. Da frente da comunidade é possível o avistamento das primeiras ilhas do Parque Nacional de Anavilhanas.

São Sebastião do Cuieiras: Possui como atrativo principal o Clube de Mães Maria de Nazaré, formado por mulheres ribeirinhas e agricultoras familiares que produzem doces, geleias, biscoitos e balas a partir do beneficiamento artesanal de frutas cultivadas organicamente e colhidas pelos comunitários em seus quintais, capoeiras e roçados.

Como Colônia Central e Nova Esperança constituem objetos de estudo desta pesquisa, as informações sobre elas serão tratadas nos tópicos específicos. A Figura 4, ilustra o Mosaico de áreas protegidas do Baixo Rio Negro, mostra a localização das duas comunidades.

Figura 4: Imagem de localização das comunidades Nova Esperança e Colônia Central no MBRN.

Fonte: Organização Cristina Tófoli, 2014.

A divulgação dos serviços e produtos turísticos nas comunidadades e do Roteiro Tucorin como um todo, é feita através de guias turísticos, publicações, folders, página na internet e propaganda “boca-a-boca”. Por isso, as atividades,

(36)

serviços e produtos turísticos que as comunidades oferecem são descritos numa visão mais ampla e de complementariedade dentro do roteiro. Na foto 01 ilustra os alguns materiais consultados de divulgação do roteiro.

Foto 1: Materias de divulgação do Roteiro Tucorin

Fonte: Materiais de divulgação CTCA. 2013

As propostas de visitação ofertadas pelo Roteiro variam desde visitas de curta duração até visitas de 3 dias. Para mais detalhes sobre algumas propostas de visitação do Roteiro Tucorin, ver Anexo D.

2.4 As comunidades Objetos de Estudo

2.4.1 Colônia Central

A comunidade Colônia Central localiza-se na RDS do Tupé, situada a 25 km da zona urbana da cidade de Manaus (Coordenadas geográficas: 3o.00¨18.22 S,

60o.26¨51.57 W). A reserva foi criada por meio da Lei Nº. 671/02, mas somente em 25 de agosto de 2005, através do Decreto 8.044, a criação da área foi oficializada, com uma área total de 11.973 hectares. A unidade gestora da RDS do Tupé é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMMAS).

O acesso à comunidade, partindo-se de Manaus, dura aproximadamente uma hora e meia. O percurso se subdivide em duas partes: a primeira, feita por água, utiliza como transporte voadeira 90 Hp e dura cerca de trinta minutos; a segunda, feita por terra, consiste em uma caminhada de uma hora em média, do ramal até

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  O Parque Estadual Intervales foi escolhido por estar numa região próxima a cidade de São Paulo, a qual poderíamos ir em um final de semana para o levantamento de