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Conceção do questionário

No documento Dissertação Final_Ana Sofia Vieira Coelho (páginas 119-123)

Parte II | Estudo de Caso

6. Metodologia

6.8. Técnicas de Recolha e Análise de dados

6.8.1. Conceção do questionário

Para Hill & Hill (2008) a elaboração do questionário parece simples, no entanto, é bastante complexa, uma vez que o instrumento tem de nos fornecer os dados suficientes para que seja possível testar as hipóteses ou atingir os objetivos da investigação.

A conceção de um questionário exige por parte do investigador uma definição clara do objetivo da investigação e uma ideia concreta dos dados a recolher (Fortin, 2006). Carmo & Ferreira (1998) salientam que um questionário exige atenção especial uma vez que não há possibilidade de esclarecimento de dúvidas no momento de responder.

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Como já foi afirmado, a construção de um questionário consiste na tradução dos objetivos da investigação em perguntas concretas. São as respostas a estas perguntas que irão fornecer os dados pretendidos para testar as hipóteses ou clarificar o problema em estudo (Gil, 1999).

Para Fortin (2006, p. 381), a elaboração de um questionário segue as seguintes etapas:

1. determinar qual a informação a recolher; 2. reunir um grupo de questões;

3. formular as perguntas; 4. ordenar as questões;

5. submeter o esboço do questionário à revisão; 6. pré-testar o questionário;

7. redigir a introdução e as diretrizes;

O questionário é o instrumento mais utilizado na investigação na área do turismo, principalmente no que se refere à procura turística, ou seja, ao turista (Eusébio et al., 2003).

Segundo Neuman (2014), afirma que os questionários são apropriados quando queremos aprender sobre comportamentos, crenças, opiniões, e caraterísticas dos respondentes.

Como já foi afirmado, o questionário é muito usado no turismo, nomeadamente em hotéis e outras empresas, que realizam estudos aos seus clientes para obterem informações acerca do perfil, opinião e satisfação (Cooper et al., 2007).

Assim, com o objetivo de caraterizar o perfil do enoturista e também a sua visita, foi elaborado um questionário aos turistas da Quinta da Gaivosa. O propósito deste questionário é identificar a motivação do visitante, avaliar a satisfação e identificar o seu perfil. O questionário apresentado divide-se em quatro partes: dados sociodemográficos, conhecimento sobre o setor vitivinícola, aspetos psicográficos, comportamentais e motivacionais e por último os aspetos relativos à satisfação e comportamento futuro.

Carlsen (2004, p. 7) argumenta que variáveis “such as age, income, occupation, wine knowledge, consumption and preferences of wine tourists” devem ser inquiridas nos questionários por forma a aumentar o conhecimento dos enoturistas. A juntar a estas variáveis, Getz (2000) acrescenta os interesses, motivações, satisfação, padrões de consumo e fontes de informação. Assim, tendo em conta a informação difundida por Carlsen (2004) e Getz (2000) aponta também relevância em introduzir num questionário as variáveis demográficas (género, local de origem, idade, habilitações literárias e profissão) e variáveis psicográficas/comportamentais (motivações, satisfação da visita, intenções, conhecimento e hábito de consumo, fontes de conhecimento, organização da visita).

O questionário é composto por 23 questões, com uma sequência lógica, coerente, claro para que não houvesse dúvidas, apresentando maioritariamente questões fechadas. Com as perguntas

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fechadas, procurou-se elaborar um questionário de fácil e rápido preenchimento. Nas perguntas fechadas, “apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa a sua situação ou ponto de vista” (Gil, 1998, pp. 129-130). Importa salientar que as respostas alternativas foram colocadas conforme revisão da literatura. Foram utilizadas escalas nominais, uma escala que “consiste num conjunto de categorias de resposta qualitativamente diferentes e mutuamente exclusivas” (Hill & Hill, 2008, p. 106) e a escala de Likert com cinco categorias. A escala aditiva, mais conhecida por escala de Likert, compreende uma “série de enunciados que exprimem um ponto de vista sobre um tema. Pede-se aos participantes para indicarem o seu maior ou menor acordo ou desacordo escolhendo entre 5 (por vezes 7) categorias de respostas possíveis para cada enunciado” (Fortin, 2006, p. 389). A escala de Likert foi utilizada na avaliação de alguns aspetos motivacionais e psicográficos. As questões assinaladas com um asterisco indicavam que as respostas eram de caráter obrigatório, para continuação e validação do questionário.

O questionário foi disponibilizado em dois idiomas diferentes – o português e o inglês, devendo o inquirido optar pelo idioma pretendido, aquando da receção do questionário. O questionário foi desenvolvido em formato físico (em papel), entregue no final da visita vinícola e foi desenvolvido ainda em formato digital através da plataforma gratuita do Google Drive, para aqueles que não tiveram disponibilidade de responder no final da visita, poderem-no fazer através de um QR Code, fazendo um scan ao código impresso no questionário em papel, possibilitando assim o acesso ao inquérito online.

Hill & Hill (2008) afirmam que é habitual colocar-se uma pequena introdução no início da primeira página do questionário e deve conter as seguintes informações: pedido de cooperação no preenchimento do questionário, a razão pela qual o questionário está a ser aplicado, uma apresentação curta da natureza do questionário, o nome da instituição, uma declaração formal da confidencialidade e anonimato das respostas. Assim, neste sentido o questionário proposto para esta investigação principia com um preâmbulo inicial, tentando enquadrar o inquirido no contexto e objetivo do estudo, realçando a importância da sua participação no trabalho de investigação. O participante é ainda informado acerca do sigilo e da confidencialidade das respostas, uma vez que o questionário não contém perguntas identificativas a respeito do respondente. Nesta introdução disponibilizou-se o QR Code para as pessoas que não puderam responder ao questionário no momento da entrega, poderem-no fazer mais tarde, via internet.

As cinco primeiras perguntas do questionário, referiram-se ao conhecimento e hábitos vinícolas. As três primeiras questões, o inquirido foi convidado a indicar se consome vinho e no caso afirmativo, com que regularidade é que consome. Foi também pedido aos participantes que classificassem o seu grau de conhecimento relativamente ao vinho. A quarta questão debruça-se

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essencialmente nos locais onde habitualmente os visitantes compram o vinho que consomem. De seguida questionou-se os respondentes a indicarem se eram membros de um clube de vinhos, confraria, associação ou assinantes de alguma revista especializada sobre vinhos. No caso da resposta ser afirmativa, foi solicitado que indicassem qual pertenciam ou eram assinantes.

As perguntas 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12 referem-se a perguntas relacionadas com questões comportamentais, motivacionais e psicográficas. A sexta pergunta do questionário perguntou o número de vezes média que o indivíduo visita uma adega ou cave vitivinícola. A questão 7 pretendia saber quais as motivações que levam uma pessoa a praticar enoturismo. As motivações propostas para resposta desta perguntam resultam da revisão da literatura acerca das motivações do enoturista. Hall (1996) refere como principal motivação a prova de vinhos, Macionis (1997) salienta a degustação vinícola, a aquisição de vinhos, desfrutar da paisagem envolvente, conhecer os produtores e aprender mais sobre vinhos como as principais motivações. Charters & Ali-Knight referem como principais motivos para a prática do enoturismo a prova e a compra de vinhos, desfrutar da gastronomia local. Johnson (1998) refere o lazer e o convívio com familiares e amigos como os principais motivos para a prática do enoturismo.

A oitava pergunta teve como objetivo obter dados sobre a organização da visita, se foi por iniciativa própria ou se foi uma visita organizada por uma empresa ou instituição. A nona questão procurou saber o motivo que levou o turista a deslocar-se até à quinta da Gaivosa. A questão 10 foi realizada para saber quais as pessoas que acompanhavam ou não o inquirido durante a visita à quinta da Gaivosa. A décima primeira pergunta permitiu conhecer quais os atributos que os turistas consideram mais importantes quando escolhem uma adega vinícola a visitar. Nesta questão utilizou-se uma escala de Likert de 5 pontos (1-Nada importante a 5-Muito importante), em que os inquiridos classificaram a importância atribuída aos diversos serviços de uma adega no momento de decisão sobre qual visitar. Na questão 12 os inquiridos foram questionados a indicarem as fontes de informação que os levaram a conhecer a quinta da Gaivosa, fazendo um levantamento das fontes de informação que os turistas utilizam sobre a escolha do destino, nomeadamente a internet, folhetos de viagem ou o “passa palavra” (Longo, 1999, citado em Hall et al. 2000).

As questões 13, 14, 15 e 16 referem-se ao grau de satisfação e comportamento futuro. A pergunta 13 convidou os participantes a avaliarem o seu grau de satisfação. Nesta questão foi novamente utilizada a escala de Likert de 5 pontos (1- Nada Satisfeito a 5- Muito Satisfeito). As questões 14 e 15 correspondem a duas questões abertas, dando assim oportunidade ao inquirido para indicar aquilo que mais gostou e aquilo que menos gostou da visita que realizou à quinta. Na pergunta 16, questionou-se a possibilidade de voltar a visitar e recomendar a quinta da Gaivosa. Para isso, mais uma vez, recorreu-se à escala de Likert de 5 pontos (1- Muito Improvável a 5- Muito provável).

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O questionário é finalizado com 7 questões (pergunta 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23) que englobam perguntas dos aspetos sociodemográficos relativos à identificação do respondente, tais como o género, a idade, o país de origem, habilitações académicas, atividade profissional e rendimento mensal, visando a caraterização de casa turista, permitindo assim aprofundar as informações relativas ao perfil do visitante da quinta em estudo.

No documento Dissertação Final_Ana Sofia Vieira Coelho (páginas 119-123)