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O problema e a sua problemática

No documento Dissertação Final_Ana Sofia Vieira Coelho (páginas 104-106)

Parte II | Estudo de Caso

6. Metodologia

6.2. O problema e a sua problemática

O consumo do vinho está cada vez mais em voga e existe uma relação direta entre o consumidor e o seu status (Elias Pastor, 2006). Em Portugal, dada a relevância económica do setor do turismo e a crescente importância do enoturismo também se tem registado uma maior afluência a regiões com estas práticas. Cada vez mais os consumidores têm curiosidade de conhecer melhor o produto, quem o faz, como se faz e onde se faz. O enoturismo, surgiu nos anos 90, como uma atividade turística, alcançando uma proporção significativa de pessoas interessadas. Assim, as próprias propriedades vitivinícolas foram-se dedicando cada vez mais a esta prática turística. É a própria perceção dos proprietários das quintas/caves/adegas sob as necessidades e a satisfação dos enoturistas, que estes tentam adequar a sua oferta face à procura que vai surgindo, uma vez que não há muita abundância de fundamentação científica. De acordo com O’Neil & Charters (2000), a maior parte das quintas praticantes de enoturismo não recolhem informações sobre os visitantes que recebem. Esta ausência de informações preocupa também outros organismos, como é o caso das comissões vitivinícolas e das regiões de turismo, que não conseguem desenvolver estudos necessários com vista a uma melhoria ou uma simples análise sobre o setor.

Atualmente, o turista procura uma alternativa do turismo tradicional, procurando ofertas turísticas relacionadas com cultura e história local, fazendo com que haja uma multiplicidade de segmentos. De acordo com Kotler & Armstrong (1998), com a segmentação podemos dividir, identificar onde os consumidores se inserem no mercado de acordo com as suas caraterísticas, necessidades, motivações e comportamentos. Esta segmentação só é possível com estudos científicos, de modo a possibilitar a que se adequem as melhoras ferramentas e estratégias para a execução das mesmas.

Acredita-se que com o conhecimento de algumas particularidades dos turistas, os responsáveis das adegas poderão assim orientar objetivamente a sua oferta para o segmento de mercado pretendido, objetivo este que é cada vez mais difícil de alcançar uma vez que se tem verificado a um aumento constante do número de turistas, que procuram o nosso país e as regiões vinícolas, para conhecerem e desfrutarem de uma experiência inesquecível. Mas de acordo com Charters & Ali-Knight (2002), a literatura existente acerca do enoturismo, mais concretamente o conhecimento sobre os seus praticantes (nomeadamente as suas características psicológicas, os motivos que o levam a deslocar-se a uma região de vinhos e as suas preferências), se encontra pouco investigada e desenvolvida.

É de salientar que as próprias caraterísticas dos consumidores vão-se alterando ao longo do tempo, o que muitas vezes condiciona a oferta. De igual modo que turistas oriundos de diferentes países e de diferentes etnias e culturas, também têm caraterísticas diferentes o que muitas vezes complica o processo de adequação das estratégias por parte das unidades vitivinícolas (O´Neill & Charters, 2000).

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Apesar da importância deste produto turístico, os estudos existentes e conhecidos em Portugal são incipientes e pouco profundos. Investigações na ótica do turista, ou seja, do lado da procura, têm um número bastante reduzido. Por isso, é fundamental realizar estudos sob esta ótica, de modo a sensibilizar as quintas para a aplicação e adaptação dos resultados, no sentido de rentabilizar ao máximo a sua oferta turística. Portugal, um país com tradições enraizadas na produção do vinho, onde a paisagem das vinhas está presente territorialmente de norte a sul do país, o fator competitividade está na ordem do dia. Para que esta competitividade surta efeitos, há que ter em conta as necessidades e expetativas dos enoturistas. Assim, aquelas que melhor gerirem e promoverem o seu produto turístico, mais sucesso obterão.

O presente estudo procede a uma análise do perfil do visitante que se desloca a uma unidade vitivinícola, no caso concreto a Quinta da Gaivosa, podendo se retirar ilações com este estudo e ser importante para adequar a oferta à procura existente, com consequentes vantagens para a propriedade vitivinícola em questão.

Com este estudo pretende-se fazer um levantamento das características dos visitantes, como o género, a idade, a origem, os hábitos de consumo, a formação académica, os conhecimentos sobre o setor vitivinícola, a motivação e a experiência do visitante de quintas. Assim, uma investigação como esta que aqui se apresenta, é de relevância inegável. Pretende-se que este estudo, contribua positivamente para a obtenção de conhecimentos de modo aos profissionais da Quinta da Gaivosa, possam adequar e atuar melhor num mercado altamente competitivo.

Um dos primeiros passos para o investigador começar bem o seu trabalho é definir objetivos claros, precisos e praticáveis. Com os objetivos previamente definidos, o investigador sabe concretamente aquilo que procura saber, compreender e estudar. Desta forma, Quivy & Campenhoudt (1998), afirmaram que os objetivos servem de fio condutor no decorrer de uma investigação.

Como foi exposto no início deste projeto, este estudo, de natureza exploratória, pretende efetuar uma abordagem quantitativa e qualitativa, com a finalidade de explorar e traçar o perfil demográfico e psicográfico/comportamental do praticante de enoturismo na Quinta da Gaivosa, da região vitivinícola do Douro. Neste âmbito, torna-se então extremamente pertinente recordar a questão da investigação, colocada na introdução: “Qual o perfil do enoturista da Quinta da Gaivosa?” Para além desta questão principal, pretende-se apurar os hábitos e frequência de viagens dos inquiridos, para destinos enoturísticos, porque motivo fazem e porque escolheram a quinta em estudo.

É precisamente, nas respostas a estas questões, que o presente projeto se concentrará, se justifica e se valida, tendo como objetivo geral, o estudo de caso dos enoturistas da Quinta da Gaivosa.

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1. Apresentar as caraterísticas sociodemográficas (género, idade, habilitações literárias e nível

de rendimento);

2. Medir o grau de satisfação com a visita realizada;

3. Compreender os fatores que levam os visitantes a repetir a visita.

4. Compreender quais as motivações que levam os turistas a realizar esta prática turística;

Estes objetivos foram determinantes na decisão das informações a recolher para a elaboração desta investigação, recolhidos junto da oferta (proprietário) e da procura (turistas) da Quinta da Gaivosa. Segundo o artigo de Eusébio, Kastenholz & Carneiro (2003, n.p.) sobre a importância da investigação no turismo, defende que “a investigação poderá possibilitar, nomeadamente: um conhecimento mais aprofundado dos potenciais consumidores, da própria empresa (permitindo avaliar os produtos e serviços que esta poderá oferecer) e dos seus concorrentes”, quer isto dizer que, a investigação oferecerá informação para que seja possível adequar as estratégias ao contexto concreto. Por conseguinte, no próximo subcapítulo, apresentam-se as fases que constituem a presente investigação.

No documento Dissertação Final_Ana Sofia Vieira Coelho (páginas 104-106)