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O conceito Arquitetura de Sistemas de Informação, quando analisado em relação à sua construção morfológica remete-nos para a aplicação do conceito de arquiteturas no contexto dos sistemas e informação das organizações, considerando-se por isso importante começar por analisar qual o significado do termo arquitetura.

O termo arquitetura é bastante diversificado no que se refere às suas áreas de aplicação. Habitualmente associado ao âmbito da construção, onde o seu significado é exposto como uma série de elementos que compõe um todo, ou uma estrutura (Infopédia, 2011).

Na sua essência uma arquitetura, preocupa-se com a orquestração de diversos componentes com o objetivo de alcançar um componente único capaz de lograr objetivos únicos.

Assim com naturalidade o termo passou a ser utilizado na área da informática quer para definir a estrutura geral e organização lógica de funcionamento de um computador (Infopédia, 2011), tendo esta utilização implicado a formulação de um novo conceito, a arquitetura informática, para ser aplicado à própria estrutura organizacional, no que diz respeito aos sistemas de informação. Arquitetura de sistemas de informação pode ser considerada o estabelecimento de um conjunto de elementos cuja finalidade é proporcionar um mapeamento da organização no tocante aos elementos envolvidos com o processo de

10 Capítulo 2: Arquiteturas de Sistemas de Informação

desenvolvimento/implantação de Sistemas de Informação (Tait, 1999). Ou seja, aplicar as práticas associadas a uma arquitetura à gestão de sistemas de informação organizacionais. Segundo o mesmo autor, a meta da arquitetura é interrelacionar dados, deixar disponível hardware, software e recursos de comunicação e ter o staff para efetivamente processar transações, produzindo informação e suportar uma variedade de domínios de atividade humana.

No entanto, as áreas de aplicação do conceito de arquitetura não se cingem às referidas anteriormente, surgindo neste sentido também o termo Arquitetura de Sistemas de Informação (ASI), em inglês Enterprise Architecture, onde é considerado que o conceito de arquitetura não se aplica apenas aos sistemas de informação da organização, mas a toda a organização. Procura-se aplicar conceitos como coordenação e cooperação das partes em função do todo, ao conceito de organização como instituição, corporação, organismo. (Infopédia, 2011)

É precisamente nesta área de aplicação que o conceito se torna mais relevante para o contexto concreto deste projeto de investigação.

A necessidade de uma arquitetura nas organizações está implicitamente associada a complexidade inerente ao contexto de organização, que requer precisamente que todos os seus componentes sejam orquestrados tendo em vista atingir um objetivo comum. Como afirma Lankhorst, para gerir a complexidade de uma grande organização ou sistema precisamos de uma arquitetura (Lankhorst, 2009).

Segundo Zachman, uma arquitetura no contexto organizacional pode ser definida como o conjunto de representações descritivas que são relevantes para descrever uma organização, de modo que esta possa ser gerida segundo os requisitos pré-estabelecidos, e mantida atualizada enquanto a sua utilização seja útil (Zachman, 2006). É, de facto, no sentido de gestão da organização segundo os seus objetivos que as arquiteturas devem ser utilizadas. No entanto, esta definição é insuficiente para que o contexto de Arquitetura de Sistemas de Informação possa ser assimilado. De acordo com Sessions, Arquitetura de Sistemas de Informação é a arquitetura onde o sistema em questão é toda a organização, o seu processo de negócio, tecnologias e sistemas de informação da empresa (Sessions, 2007). De facto, a Arquitetura de Sistemas de Informação deve proporcionar uma visão abrangente da organização que não descure os seus componentes nevrálgicos nomeadamente o seu processo de negócio e o seu sistema de informação. Esta visão holística é também defendida por Schekkeman que afirma que a Arquitetura de Sistemas de Informação é uma expressão completa da empresa, onde são considerados aspetos como os objetivos de negócio, a visão, os princípios estratégicos e de gestão (aspetos de negócio) e aspetos como os termos de negócio, estruturas organizacionais, processos e informação, relacionados com o cariz operacional da organização (Schekkerman, 2004). Uma arquitetura deve, de facto, procurar

representar uma descrição detalhada da organização, desde o seu nível de gestão até ao seu nível operacional, com grande ênfase nos seus processos organizacionais e na informação que flui entre eles, bem como que entidades estão envolvidas em cada um. Como refere Lankhorst a Arquitetura de Sistemas de Informação é um conjunto completo de princípios, métodos e modelos que são usados no desenho e implementação da estrutura organizacional de uma empresa, do seu processo de negócio, sistemas de informação e infraestrutura (Lankhorst, 2009).

Já no que respeita à aplicação do conceito ao Âmbito da Administração Pública e segundo afirma Soares, a Arquitetura de Sistemas de Informação ao nível da Administração Pública promove a criação de um conjunto de representações, quer ao nível da Administração Pública quer ao nível dos seus organismos e departamentos, que focando componentes distintos, tais como processos, informação, aplicações, estrutura orgânica e hierárquica, pessoas, legislação e meios financeiros e tecnológicos, no seu todo permita proporcionar uma visão geral da Administração Pública (Soares, 2009).

Assim, á luz dos conceitos apresentados, Arquitetura de Sistemas de Informação ou ASI será considerada no âmbito deste projeto como o processo de definição de um conjunto completo de princípios, métodos, modelos e artefactos relevantes para descrever um organismo, focando componentes distintos, tais como negócio, processos, informação, aplicações, estrutura orgânica e hierárquica, pessoas, legislação e meios financeiros e tecnológicos, de modo que este possa ser gerido segundo os requisitos pré-estabelecidos. Este processo deverá ainda assegurar a manutenção e atualização da ASI enquanto esta seja considerada útil.

2.2. Vantagens e motivações das Arquiteturas de Sistemas de