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2.4. Modelos e frameworks de Arquiteturas de Sistemas de Informação

2.4.5. Purdue Enterprise Reference Architecture (PERA)

A framework PERA surge do esforço de pesquisa levado a cabo pelo Purdue Laboratory for

Applied Industrial Control, tendo em vista conseguir um melhor método para descrever e modelar um

sistema de informação de uma organização, descrevendo em particular o método para definir o lugar dos recursos humanos dentro destes mesmos sistemas (Schekkerman, 2004).

Apesar da componente mais óbvia de uma organização serem os seus ativos físicos, os recursos humanos são assumidos por este modelo como os ativos mais importantes, capazes de conferir a uma organização vantagem competitiva a longo prazo (Peristeras, 2001), sendo dada por este modelo especial ênfase à posição e ação dos recursos humanos dentro do Sistema de Informação de uma Organização. Outros aspetos apontados como de fulcral importância são quer a estrutura de informação, quer a estrutura de comunicação, quer a estrutura dos sistemas de controlo. Segundo este modelo, o aumento da efetividade no tratamento da informação tornar-se-á uma vantagem competitiva assim como a existência de um sistema nervoso eficaz, assente em modernos sistemas de informação e comunicação. Sem estas capacidades, segundo o mesmo autor, determinada organização poder-se-á ver ultrapassada por competidores mais ágeis. Segundo a mesma fonte, a PERA procura definir claramente as relações entre a estrutura física, os recursos humanos e o sistema de informação organizacionais. Estes três componentes são aliás apontados pela PERA como sendo os três fundamentais de qualquer organização, que partindo de um modelo do ciclo de vida da organização procura demonstrar como integrar os Sistemas da Organização (Enterprise Systems), a Engenharia da Estrutura Física (Physical Plant

Engineering) e o Desenvolvimento Organizacional (OrganizationalDevelopment) (Schekkerman, 2004).

Partindo o ciclo organizacional em fases, é oferecida uma aproximação metódica para a execução de um planeamento dentro dessas mesmas fases, o que permite que também o processo de aprovação de investimento seja feito de forma faseada, reduzindo custos desnecessários. Tal vantagem acaba sempre por ser mais eficaz em projetos de grandes dimensões, que acarretem maiores custos, sendo aconselhável a sobreposição de fases para projetos de menores dimensões para reduzir custos gerais (Schekkerman, 2004). Ainda segundo o mesmo autor, a execução de cada fase deve resultar num conjunto de artefactos bem definido, sendo destes exemplo modelos de computadores, cálculos, estimativas de custos, análises económicas, etc. A lógica deste processo, aliás, assenta na utilização dos artefactos da fase anterior como requisitos para a execução da fase seguinte, pelo que todos os artefactos produzidos em determinada fase devem imediatamente ser verificados e validados, uma vez que qualquer hipotética alteração em fases posteriores terá consequências tanto mais graves quanto mais adiantado esteja o projeto.

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Após assimilar as características gerais deste modelo interessa perceber, um pouco mais aprofundadamente, qual a aplicação prática que esta apresenta. A Ilustração 8 representa graficamente este modelo, realçando as diversas fases do ciclo organizacional.

Primeiramente é apresentada a Camada Conceptual (Concept Layer), uma descrição da missão, visão e valores organizacionais bem como filosofias operacionais a utilizar futuramente, podendo ainda nesta fase ser incluídas escolhas de processos e desenvolvidas políticas operacionais para todas as entidades e áreas afetadas (Williams, 2001).

Citando o mesmo autor, a seguinte camada apresentada designa-se Camada de Definição

(Definition Layer), onde são estabelecidos os requisitos funcionais segundo as orientações de gestão

estabelecidos na camada anterior. Nela são abordados três aspetos fundamentais a enunciar, a definição de requisitos físicos e de produção, a construção de módulos de produção, onde são realizadas as tarefas de cada entidade, organizadas por módulos funcionais, e finalmente a definição de uma rede funcional, de modo a integrar as operações de produção e a troca de informação operacional. Em suma, nesta camada são definidos os requisitos para todas as tarefas a serem executadas ao nível operacional.

Seguidamente, ainda segundo o mesmo autor, na Camada de Design Funcional (Functional

Design), é estruturada a Arquitetura de Recursos Humanos, bem como a Arquitetura de Equipamentos e

Produção e a Arquitetura de Sistemas de Informação, devendo todas estas arquiteturas ser implementadas de forma integrada. Neste processo de integração, o desempenho dos recursos humanos assume um papel preponderante, uma vez que estes têm participação ativa quer na utilização e tratamento de informação, quer na atividade produtiva, sendo inclusive inúmeras vezes o elo de ligação entre ambas as arquiteturas.

Posteriormente, no que respeita à Camada de Design Detalhado (Detailed Design Phase) devem ser identificados, no caso da Arquitetura de Equipamentos e Produção, os equipamentos concretamente necessários para dar suporte a arquitetura idealizada bem como as instalações que o mesmo modelo exige. Deverão ainda, para a Arquitetura de Recursos Humanos, ser desenvolvidas as capacidades requeridas em função da tarefa a desempenhar, devendo ser estabelecido um plano organizacional e respetivos programas de treino, a que estes mesmos recursos deverão ser sujeitos. No caso da Arquitetura de Sistemas de Informação deve ser selecionado quer o equipamento necessário quer as configurações do sistema (Williams, 2001).

Na seguinte camada identificada, a Camada Construção e Instalação (Construction and

Installation Phase), segundo o mesmo autor, pressupõe-se a realização do processo de construção e teste

da Arquitetura de Equipamentos e Produção, a organização de equipas e a realização do treino dos recursos que compõe a Arquitetura de Recursos Humanos, devendo ainda ser levadas a cabo as tarefas de programação do sistema e as atividades de programação e instalação de equipamento, associadas à Arquitetura de Sistemas de Informação

Citando o mesmo autor, no que se refere à Camada Operacional (Operations Phase), esta compreende as atividades de continuidade de desenvolvimento e manutenção da Arquitetura de Equipamentos e Produção, a continuação do desenvolvimento da organização e do processo de desenvolvimento aprendizagem das capacidades técnicas e de relacionamento humano referente à Arquitetura de Recursos Humanos e o desenvolvimento e manutenção da Arquitetura de Sistemas de Informação.

Finalmente no que respeita à Camada de Reutilização ou Eliminação (Recycle or Disposal

Phase), é requerida a renovação ou dispensa de equipamento para a iniciação de um novo ciclo

organizacional para dar suporte à Arquitetura de Equipamentos e Produção, é aconselhada a renovação do treino e até de pessoal tendo em vista ir de encontro a novas exigências de capacidades que acarreta uma renovação de equipamentos e instalações, isto no que respeita à Arquitetura de Recursos Humanos e por outro lado, no que respeita a Arquitetura de Sistemas de Informação, é pontada a renovação dos Sistemas de informação para estarem de encontro com a nova missão organizacional e a reciclagem ou

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dispensa de determinado equipamento, em função da sua adequação bem ou mal sucedida às exigências do novo ciclo organizacional que se inicia (Williams, 2001).