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Conceito de educação especial e de necessidades educativas especiais

Parte I – Enquadramento teórico

Capítulo 2 Educação Especial e Necessidades Educativas Especiais

2.2. Conceito de educação especial e de necessidades educativas especiais

De acordo com Lopes (1997, pp. 34-35),

“A Educação Especial é uma atividade relativamente recente, que teve as suas origens, de forma sistemática, na segunda metade do séc. XIX e que, até aos anos sessenta do presente século, desenvolveu uma atividade de conhecimentos eminentemente práticos, de atuação marginal, que teve como consequência um carácter segregador”. No que respeita às NEE, o Ministério da Educação (2005, pp. 50-51) refere que

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“O termo Necessidades Educativas Especiais inclui alunos com capacidades de diferentes níveis, que demonstrem dificuldades na aprendizagem e cognição, comunicação e interação, nos aspetos físicos e sensoriais, e/ou comportamentais, emocionais e de desenvolvimento social”.

De acordo com a OCDE (apud ME, 2005, p. 2), as Necessidades Educativas Especiais são um “conceito operativo tripartido” nas seguintes categorias:

 Categoria A – Deficiências – abrange crianças com necessidades educativas especiais de etiologia orgânica ou biológica;

 Categoria B – Dificuldades – abrange crianças com NEE que aparentemente não têm causa orgânica, nem têm nenhum fator social em desvantagem (como por exemplos os sobredotados, crianças com dislexia, ou crianças com comportamentos problemáticos);

 Categoria C – Desvantagens – abrange crianças com NEE resultantes de agentes sociais, económicos, culturais ou linguísticos (por exemplo os imigrantes).

Relativamente à sua classificação, as NEE podem ser permanentes ou temporárias. As NEE permanentes implicam adaptações generalizadas dos processos escolares, durante parte ou todo o percurso escolar do aluno, coerentes e adaptados com as suas características (Correia, 1997).

Segundo a Direção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular (DGIDC), o conceito de NEE de caráter prolongado (permanente) aplica-se aos alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem e em contexto escolar, familiar ou comunitário, “provenientes da interação entre fatores ambientais (físicos, sociais e atitudinais) e limitações ao nível do seu funcionamento num ou mais domínios: sensorial (visão e audição); motor; cognitivo; comunicação, linguagem e fala; emocional e personalidade”. Quanto às NEE temporárias, pode-se dizer que exigem modificação parcial do processo escolar, adaptando-se às características do aluno, num determinado momento do seu desenvolvimento (Correia, 1997 apud Sousa M. L., 2011, pp. 17-18); abrangem os problemas ligeiros ao nível do desenvolvimento motor, percetivo e sócio emocional, e, ainda, problemas ligeiros relacionados com a aprendizagem da leitura, da escrita e do cálculo (Correia, 1997 apud ( (Sousa M. L., 2011)).

Portanto, os alunos com necessidades educativas especiais são provindos de limitações significativas ao nível da atividade e da participação, podendo afetar um ou

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vários domínios de vida. Estas limitações podem derivar de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente, apresentando dificuldades ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social. Estas dificuldades implicam a mobilização de serviços especializados para promover o seu potencial de funcionamento biopsicossocial, exigindo a adaptação de estratégias, recursos, conteúdos, processos, procedimentos e instrumentos, bem como tecnologias de apoio.

Em 1978, foi publicado o Warnock Report que trouxe um contributo fundamental no sentido da integração dos alunos com NEE. Este documento foca-se na aprendizagem escolar baseando-se na avaliação das características individuais dos alunos e a escola desempenha um papel muito importante como responsável pela ativação de medidas e recursos educativos especializados e ajustados a cada situação (Sanches & Teodoro, 2006).

Para Nielsen (1999), as crianças com NEE são quaisquer crianças que apresentem diferenças significativas em relação às suas potenciais capacidades de desempenho e os resultados realmente obtidos, realidade que determina a necessidade de receber apoios educativos especiais.

Para Bairrão (1998), o conceito de NEE diz respeito aos alunos que exigem recursos ou adaptações especiais no processo de ensino aprendizagem, isto é, necessitam de medidas de EE por manifestarem dificuldades ou incapacidades que se refletem numa ou mais áreas de aprendizagem. Ou seja, estas dificuldades de aprendizagem manifestam-se quando a criança não consegue aprender de forma significativa ou sofre de uma incapacidade que a impede ou lhe dificulta o uso das instalações educativas geralmente utilizadas pelos outros alunos (Jiménez, 1993).

As crianças com NEE necessitam de uma educação especializada e de serviços de apoio personalizados, de forma a facilitar o seu desenvolvimento académico, pessoal e socioemocional. Torna-se essencial proporcionar às crianças um desenvolvimento pleno das suas capacidades, através de uma educação especializada que difere de acordo com as necessidades específicas de cada uma (Fonseca V. , 1999); (Correia, 1997).

Para que o acesso de todos os alunos à escola regular seja de qualidade são, de facto, necessários recursos, que, no caso de deficiências graves, podem ter de ser consideráveis.

Segundo Correia (2003), os alunos com Necessidades Educativas Especiais devem beneficiar de serviços de apoio especializado, os quais abrangem os serviços educacionais

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especializados através de um professor de EE e de todos os apoios que o aluno necessitar, por exemplo ao nível de transporte e alimentação, terapia da fala, fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, serviços escolares de saúde, meios tecnológicos, entre outros. Neste sentido, a atitude do professor influencia a forma como os alunos acolhem um colega com Necessidades Educativas Especiais (Nielsen J. , 2000); (Rief & Heimburge, 2000); (Correia, 2003). Segundo a opinião do autor, o professor deve ser um modelo para os alunos, gerando um genuíno entusiasmo para aprender de diversas maneiras, principalmente na maneira como se dirige e se refere aos alunos que têm NEE.

De seguida, salientam-se estratégias importantes a este nível da sensibilização à diversidade, nomeadamente:

 Apresentar informação sobre o aluno com NEE, destacando os aspetos essenciais para que ele seja bem sucedido (Iverson, 1999);

 Destacar as semelhanças, as competências e as potencialidades em vez dos deficits, ou seja, mostrar que “as capacidades e potencialidades do ser humano são muito mais poderosas e determinantes do que as suas incapacidades e limitações” (Vieira & Pereira, 1996);

 Dar a conhecer aos alunos que todos nós temos áreas mais fortes e áreas mais fracas e que o facto de sermos diferentes uns dos outros acaba por nos engrandecer a todos;

 Realçar as áreas mais fortes do aluno que tem NEE e de outros que já experimentaram o insucesso escolar;

 Dar a conhecer à turma biografias de indivíduos com NEE que ultrapassaram a sua condição e alcançaram sucesso, como é o caso de Thomas Edison, Albert Einstein, Stevie Wonder, George Bush, Tom Cruise, Cher e Whoopi Goldberg (Nielsen J. , 2000);

 Desenvolver um conjunto de interações positivas entre os alunos, através de estratégias de aprendizagem cooperativa, jogos, projetos, criando assim um ambiente onde todos se sintam seguros, confiantes e apreciados;

 Fazer simulações de problemas cognitivos (caso se situem a esse nível as limitações do aluno com NEE inserido na turma), proporcionando um diálogo sobre as dificuldades e as barreiras que cada um dos alunos terá encontrado, sobre a vontade de desistir, sobre a preocupação com aquilo que os outros podem pensar sobre nós e sobre o facto de necessitarmos de ajuda (Correia, 2003).

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