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Política pública é um conceito que tem sua origem na economia e na política. Esse instrumento orienta a tomada de decisões em assuntos públicos, políticos e/ou coletivos. Suas origens estão datadas no pós-guerra, entre os anos 40 e 50 nos EUA, pois nessa época surgiu a preocupação com o decrescimento econômico devido à finalização da economia gerada durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, o aumento da intervenção estatal, desde a experiência do ―New Deal‖, também foi um forte fator para a criação das políticas públicas (TAPIA, 1998, apud PEREIRA, 1999).

Na década de 60 houve o seu fortalecimento em consequência do aparecimento da necessidade de se avaliar e de se discutir o que o governo é capaz de realizar por meio de programas, projetos e políticas; e como pode aprimorar o seu desempenho na busca de aumentar o bem estar social (TAPIA, 1998, apud PEREIRA, 1999).

Segundo Elenaldo Teixeira (2002, p. 2), ―Políticas Públicas‖ dizem respeito a ―diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado‖. Elas norteiam ações que geralmente envolvem aplicações de recursos públicos. São, usualmente, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos – por exemplo: leis, programas e linhas de financiamentos. Cabe observar que nem sempre, porém, existe compatibilidade entre as intervenções e as declarações de vontade com as ações desenvolvidas.

O mesmo autor destaca que as ―não-ações‖, dizem respeito às omissões do governo, e também devem ser consideradas como formas de manifestação de políticas, uma vez que representam opções e orientações dos que ocupam cargos.

Pereira (1999, p.8) ressalta que, no campo acadêmico, a origem das políticas públicas está pautada na tentativa de ―gerar conhecimento aplicável às ações práticas dos governos, com ênfase na preocupação com a qualidade e eficácia da intervenção pública‖.

As políticas públicas revelam, durante o seu processo de elaboração, implantação e, especialmente, em seus resultados, as formas de exercício do poder político, ao abarcar a distribuição e a redistribuição de poder, a função do conflito social nos processos de decisão e a repartição de custos e benefícios sociais. Visto que o poder constitui uma relação social em que diversos atores – com projetos e interesses

diferenciados ou, até mesmo, contraditórios – são envolvidos, surge a obrigação de mediações sociais e institucionais, para que, assim, seja possível se alcançar um mínimo de consenso e, portanto, a legitimação e eficácia das políticas públicas (TEIXEIRA, 2002).

Nesse contexto, Teixeira (2002) esclarece o significado e as relações de uma política pública:

Elaborar uma política pública significa definir quem decide o quê, quando, com que consequências e para quem. São definições relacionadas com a natureza do regime político em que se vive, com o grau de organização da sociedade civil e com a cultura política vigente. Nesse sentido, cabe distinguir ―Políticas Públicas‖ de ―Políticas Governamentais‖. Nem sempre ―políticas governamentais‖ são públicas, embora sejam estatais. Para serem ―públicas‖, é preciso considerar a quem se destinam os resultados ou benefícios, e se o seu processo de elaboração é submetido ao debate público. (TEIXEIRA, 2002, p.2)

De forma objetiva, uma noção de política pública também foi dada por Hofling (2001, p.31 apud BARRETTO et al, 2003, p. 33) que explicou como sendo o ―Estado em ação‖, ―o Estado implantando um projeto de governo, através de programas, de ações voltadas para setores específicos da sociedade‖.

No caso do setor de turismo, Beni (2003) explica que política pública de turismo pode ser percebida como:

(...) o conjunto de fatores condicionantes e de diretrizes básicas que expressam os caminhos para atingir os objetivos globais para o Turismo do país; determinam as prioridades da ação executiva, supletiva ou assistencial do Estado; facilitam o planejamento das empresas do setor quanto aos empreendimentos e às atividades mais suscetíveis de receber apoio estatal. (BENI, 2003, p. 101)

Nesse sentido, a função das políticas públicas para a área do turismo deve ser a de proporcionar o desenvolvimento equilibrado da atividade. É papel do Estado a construção de infraestrutura de acesso e de infraestrutura básica urbana – que também atenda à população local – e o fornecimento de uma superestrutura jurídico- administrativa, tais como secretarias e similares, cujo desempenho é planejar e controlar os investimentos que o estado realiza para, assim, fomentar o desenvolvimento da iniciativa privada, a qual é encarregada de construir equipamentos e prestar serviços

ligados à área, para que toda sociedade receba esse retorno em forma de benefícios (BARRETTO et al, 2003, p.33).

Beni (2006, p.91) ressalta que, em uma ―visão bem simplista‖ as políticas de turismo fazem parte do desenvolvimento planejado de uma região ou país, em que é ―necessário criar, desenvolver, conservar e proteger recursos turísticos‖, e buscam maximizar os benefícios e minimizar os prováveis efeitos desfavoráveis do turismo.

Já Cruz (2002, p.40) diz que o objetivo geral da política pública de turismo – conjunto de intenções, diretrizes e estratégias específicas para o setor – seria o de ―alcançar e/ou dar continuidade ao pleno desenvolvimento da atividade turística num dado território‖.

Nesse contexto, Cruz (2002) faz uma importante observação:

Toda política é imbuída de intencionalidade e de ideologia. Uma política setorial revela uma forma de o poder público ver, pensar e se posicionar no mundo. Não se trata, portanto, de uma atividade, embora toda a atividade tenha algum conteúdo político. E, se toda atividade tem um conteúdo político, não é a política que decorre de uma ou de outra iniciativa, mas sim o contrário. Todas as iniciativas públicas e privadas que concorrem para o desenvolvimento de certa atividade já nascem com um conteúdo político. (CRUZ, 2002, p. 49)

Embora o conceito de política pública seja um assunto controverso, longe de um consenso entre os estudiosos desse tema, nesse trabalho será adotado aquele que se baseia nas ações governamentais, em nível federal, que trazem institucionalidade, ou seja, amparadas legalmente por programas, projetos, planos, metas e orçamento público, especificamente, criadas e lançadas pelo Ministério do Turismo.