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CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DO BRINCAR RELACIONADA À EDUCAÇÃO INFANTIL

A ATIVIDADE LÚDICA NA PRODUÇÃO DA ÁREA EDUCACIONAL: TECENDO ANÁLISES

CATEGORIA 3- CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DO BRINCAR RELACIONADA À EDUCAÇÃO INFANTIL

SUBCATEGORIAS DISSERTAÇÕES Nº12 Brincar como atitude espontânea da

criança Nº1 O brincar é apontado como atitude natural. Mantém uma concordância de que brincar é algo espontâneo, que permite à criança a exploração do mundo a sua volta.

Nº2 A criança é espontânea no brincar, e este é atividade característica da infância.

Nº13 Defesa do brincar como direito da infância

Nº1 A massificação, uniformização da educação na pré- escola acaba retirando o direito às brincadeiras livres das crianças.

Nº16 A memorização, a cópia, a leitura precoce, como fatores que roubam da criança o direito de brincar na escola.

Nº15 Desconhecimento da criança e a escolarização precoce, a privam de expressar-se, de brincar. Nº14 A criança como ser social/ superação

do conceito naturalizado de criança.

Nº16 Busca a superação do conceito naturalizado de criança e infância, dos aspectos faseológicos. Nº15 Pautando-se em Wallon a autora assume que a

criança é um todo que envolve: sentimentos, emoção, afeto, cognição, motricidade, um ser social.

Nº2 A concepção de Criança está focada na concepção histórico-cultural.

Nº6 Concepção de Criança: Como um sujeito histórico- cultural, concepção dialética de criança.

Nº9 Concepção de Criança: Não trabalha o conceito, mas sugere que seja compreendido como sujeito ativo na construção do conhecimento e que se respeite o seu desenvolvimento dentro do contexto sócio-cultural.

Na subcategoria nº12, as duas dissertações consideram que o brincar é uma atitude espontânea da criança e própria da infância, embora se fundamentem em concepções teóricas

diferentes. Na dissertação nº1, Magnani (1998) apresenta uma compreensão que considera jogo como sendo uma atividade natural que se aprende no convívio social. A concepção piagetiana que informa este trabalho indica que a criança brinca utilizando-se dos recursos que tem a priori e que vai lançando mão e construindo novas estruturas tendo-os como base. Nesse sentido, o brincar ocorre espontaneamente e a influência do meio social e da cultura não implica em mudanças na estrutura do desenvolvimento, já que esse é espontâneo, pois depende da maturidade e das aquisições adquiridas nas sucessivas etapas. A autora defende que o brincar deva ser espontâneo para que a criança tenha oportunidade de explorar, por meio dos materiais que lhe são na creche, desenvolvendo desse modo sua inteligência. Seu modo de entender a criança no espaço da instituição de educação infantil é o de que para favorecer a sua inteligência é necessário fornecer materiais para as manipulações sensório- motoras, espontâneas que a criança realiza. Ao explorar objetos, constrói seus esquemas mentais, portanto o brincar de maneira espontânea proporciona o aprendizado. O educador pode lançar desafios de acordo com a fase evolutiva da criança.

Na dissertação nº2, Pinho (2001) entende o brincar como atividade livre. A abordagem de seu trabalho é histórico-social, e o sentido de espontâneo não está sendo utilizado como sinônimo de natural. Todo o trabalho aponta para as interações entre adultos e crianças, fala da socialização das crianças, das aprendizagens pelas mediações socioculturais. Resgata o lúdico como fator essencial e atividade da criança. O brincar na creche é entendido como característica da infância, considerando a importância da brincadeira para o desenvolvimento das múltiplas dimensões da criança. Pinho (2001) enfatiza o caráter lúdico e espontâneo da brincadeira quando se refere à intervenção do educador em que seja garantida essa característica do brincar, de modo a não sistematizá-la.

Fica evidente que é a base teórica utilizada pelos autores que vai qualificar o modo como este termo é utilizado, mesmo que seja comum a autores diferentes considerá-lo como atividade espontânea e própria da criança.

Na subcategoria 13, todas as dissertações defendem o brincar como direito da infância e fazem uma crítica aos processos de escolarização vigentes. Algumas dissertações apontaram que a escolarização precoce, especialmente a uniformização acaba retirando o direito da criança brincar na instituição de educação infantil. Embora se embasem em autores antagônicos, são concordantes neste aspecto. A dissertação nº1 e a 16 são construtivistas na análise dessa dimensão, entendem o direito a brincar livremente, oportunizando materiais para que espontaneamente as crianças possam desenvolver-se, sem ultrapassar etapas no seu desenvolvimento evolutivo.

A dissertação nº1 (MAGNANI, 1998) considera que as crianças estão sendo tolhidas do seu direito de brincar devido ao desconhecimento da importância dessa atividade por parte dos professores. Na organização das aulas na pré-escola, as atividades acabam sendo massificadas, uniformizadas, tornando o tempo de permanência na creche um tempo de preparação para a escolarização, com muito pouca brincadeira.

Na dissertação nº16, Moreno (2001) também discute a alfabetização e a escolarização precoces, caracterizando a educação infantil como, basicamente, preparação para as séries iniciais do ensino fundamental. O jogo é utilizado e unicamente valorizado pela construção dos conhecimentos; os aspectos cognitivos do desenvolvimento são supervalorizados numa proposta educativa que rouba da criança o direito de brincar na escola.

Já a dissertação nº 15 (RIZZO, 1996) destaca primordialmente a preocupação com o afeto, a emoção, a construção da personalidade da criança, que no brincar se constitui na relação com o outro, nunca é um processo que ocorre isoladamente ou dependente de processos naturais. Discute a falta de conhecimento sobre as crianças, isto é, seus processos, sua emoção, movimento, imaginação, desenvolvimento, enfim, o que leva as educadoras a tomarem atitudes inadequadas, desrespeitando as necessidades e os direitos da criança de brincar e serem também entendidas em seus processos. Ao trabalharem, por exemplo, com projetos que são inadequados para a faixa etária da criança, as educadoras tornam os momentos que deveriam ser de brincadeiras prazerosas em episódios agonizantes.

As dissertações incluídas na Subcategoria nº14 têm em comum a preocupação em superar o conceito naturalizado de criança, compreendendo-a como um ser social. Moreno (2001), na dissertação nº16, evidencia isto ao procura superar uma visão de criança restrita ao conceito biológico ou a imagem de uma criança inocente, frágil que precisa da proteção contra a perversidade moral. Afirma a criança como ser social, que se constitui socialmente e é produtora de cultura. Apesar de utilizar o referencial piagetiano na sua análise e considerar essa perspectiva em todo seu trabalho, aponta também para os valores sociais da constituição da criança e da infância.

A dissertação nº15 (RIZZO, 1996) tem o diferencial de assumir a concepção genético- social Walloniana e coerentemente mostra como é superado no seu trabalho um conceito naturalizado de criança e faz a crítica às práticas que o assumem. Utilizando-se deste referencial que tem como pressuposto epistemológico o marxismo, compreende a criança como uma totalidade, um ser completo. Neste sentido, considera as múltiplas dimensões desse ser: emoção, cognição, afeto, motricidade. Como ser social, a criança necessita do outro. Embora haja características comuns de acordo com a idade, uma criança é sempre diferente da

outra, porque se compreende que construa sua identidade inscrevendo uma história que é própria, por isso cada uma é única, sendo necessário conhecê-las para atuar junto com elas no fazer pedagógico.

A dissertação nº2 (PINHO, 2001) também entende que a criança constitui-se nas relações socioculturais, é um ser competente que pode construir conhecimentos e ser capaz de interferir no meio que vive. Peixe (1999), na dissertação nº6, também defende uma concepção concreta de criança e de infância, em que estará incluindo a cultura e a situação concreta de vida da criança. A criança é apontada como capaz de produzir cultura e ser produto da mesma, sendo que este processo poderá ser fortalecido pela educação.

Na dissertação nº9, Otero (1996) utiliza referências teóricas que compõe um entendimento do desenvolvimento da criança, contemplando as dimensões: física, emocionais, sociais e culturais, além da histórica. Desse modo, ao entender a educação e o jogo ficam também implicados a concepção histórico-cultural no que se refere à constituição de criança.

O quadro nº12 apresenta as dissertações que tratam do tema criança e brincarreferente às séries iniciais do ensino fundamental.

Quadro 12 - Criança e Brincar nas dissertações analisadas sobre as Séries Iniciais do Ensino Fundamental

CATEGORIA 3- CONCEPÇÃO DE CRIANÇA E DO BRINCAR