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CONCEPÇÃO, FINALIDADE E IMPLANTAÇÃO

Sistema de Informações Hospitalares do SUS – SIH-SUS

CONCEPÇÃO, FINALIDADE E IMPLANTAÇÃO

Em 1979, uma comissão técnica especial foi designada para o desenvolvimento de um novo siste- ma, menos complexo e mais preciso. Apresentado em outubro de 1980, o então denominado Sistema de Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social (SAMHPS) se caracterizava, segundo Levco- vitz e Pereira (1993), como “um sistema de remuneração fi xa por procedimento, baseado no conceito de valores médios globais atribuídos [...] aos procedimentos aceitos normativamente como realizáveis pela rede de assistência hospitalar”. Como principais instrumentos, tal sistema dispunha de uma tabela de procedimentos, cujos valores – discriminados para pagamento dos serviços profi ssionais, serviços hospitalares, materiais e medicamentos, e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico3 – eram fi xa- dos pelo MPAS, e um formulário padrão, a Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Segundo esses autores, o sistema se caracterizava ainda como “um modelo de fi nanciamento do tipo prospectivo4, fundamentado na estimativa de custos médios aplicados a uma unidade determinada (caso ou procedi- mento) e tendo uma base de cálculo pré-defi nida” (LEVCOVITZ; PEREIRA, 1993). O valor fi nanceiro es- tabelecido para cada procedimento era calculado a partir de análise das contas apresentadas pelos hospitais durante seis meses, enquanto a tabela de procedimentos tinha como base a Classifi cação Internacional de Procedimentos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Antes de defi nida a versão fi nal do sistema, foram realizados amplos debates com entidades re- presentativas dos prestadores de serviços e das associações de especialistas. Em 1981, uma expe- riência piloto foi iniciada, com a implantação do SAMHPS no município de Curitiba, e estendida, eventualmente, a todo o Estado do Paraná. Durante os dois anos de duração dessa experiência, fo- ram feitos os necessários aperfeiçoamentos e adaptações ao seu funcionamento real. Em 1982, em resposta à necessidade de contenção de despesas com assistência médica, decorrente de séria crise de fi nanciamento da Previdência Social, o Plano de Reorientação da Assistência à Saúde no âmbito da Previdência Social – Plano Conasp – determinou a implantação do novo sistema em todo o terri- tório nacional, o que foi feito a partir de 1983 para os hospitais privados, contratados ou conveniados com o Inamps.

3 Essas variáveis foram reduzidas no fi nal da década de 90, passando a estar restritas a serviços profi ssionais, serviços hospitalares e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico.

4 “O modelo prospectivo apóia-se no conceito de que os pacientes apresentam características homogêneas, seja quanto a variáveis demográfi cas e sociais, seja quanto às relativas ao diagnóstico e tratamento. Dessa forma, eles podem ser reunidos em grupos conforme a semelhança das características” (LEVCOVITZ; PEREIRA, 1993).

Em 1991, em vista da implantação do Sistema Único de Saúde e da transferência do Inamps para o Ministério da Saúde, o sistema foi renomeado como Sistema de Internações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), sem sofrer modifi cações signifi cativas em seus formulários de entrada de dados, fl uxo de documentos e processamento, que continuou a ser realizado pela mesma equipe originária da Dataprev, embora também transferida para o MS e renomeada como DATASUS. A mudança mais expressiva, então ocorrida, foi a sua extensão aos hospitais públicos municipais, estaduais e federais; neste último caso somente aos da administração indireta, e de outros ministérios.

Até então, os hospitais públicos eram fi nanciados por meio de repasses não-periódicos de re- cursos realizados por suas instituições “mantenedoras” – os Ministérios da Saúde, da Educação e da Previdência, e as secretarias estaduais e municipais de saúde –, previamente defi nidos e vinculados a orçamentos globais. Na década de 80, movimentos no sentido de racionalizar a prestação de ser- viços no sistema público de saúde5 já determinavam a descentralização da gestão desses hospitais, merecendo destaque a previsão da transferência das unidades assistenciais do Inamps para as se- cretarias estaduais de saúde (SES), constante do texto do convênio-padrão SUDS 01/88 (NORONHA; LEVCOVITZ, 1994), mantendo-se, no entanto, a mesma sistemática de fi nanciamento. Os administra- dores dos hospitais públicos queixavam-se da falta de liberdade para alocar os recursos segundo as necessidades e da irregularidade dos repasses, solicitando a extensão, a eles, das prerrogativas dos hospitais privados, que recebiam mensalmente o equivalente aos serviços produzidos e utilizavam essa remuneração como melhor lhes parecia.

A possibilidade de induzir o aumento da produtividade e a perspectiva de passar a ter informa- ções detalhadas da produção dos hospitais públicos também pesaram na decisão fi nal de estender a metodologia de fi nanciamento dos hospitais privados aos públicos. A formalização disso, assim como de sua inclusão no recém-batizado Sistema de Informações Hospitalares do SUS, aconteceu na Norma Operacional Básica n.º 01/1991.

Quadro 1. Resumo dos principais fatos que marcaram e infl uenciaram a evolução do sistema de informações hospitalares

Até 1976 Revisão e pagamento manual de contas médicas e hospitalares pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

1976 Criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Simpas) e do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps).

1977 Implantação do SNCPCH/GIH – Sistema Nacional de Controle e Pagamentos de Contas Hospitalares/Guia de Internação Hospitalar.

1979 Início dos estudos para elaboração do projeto SAMHPS/AIH – Sistema de Assistência Médico-Hospitalar da Previdência Social/Autorização de Internação Hospitalar.

1981 Implantação experimental do SAMHPS/AIH em Curitiba/Paraná.

1983 Divulgação dos documentos e manuais do SAMHPS/AIH, implantada a primeira “Tabela de Procedimentos e Valores” e iniciada a sua expansão para todo o país.

1985 Novo modelo de AIH, com série numérica pré-impressa.

1986

O SAMHPS/AIH é integralmente estendido às entidades fi lantrópicas e benefi centes, por meio de convênio padrão específi co. É feita uma diferenciação do Índice de Valorização de Resultados (IVH) para hospitais fi lantrópicos e a classifi cação diferenciada para reali- zação de procedimentos de alta complexidade e custo.

continua

5 Estes movimentos eram orientados pelas diretrizes das Ações Integradas de Saúde (AIS), a partir do plano Conasp, em 1983 até 1986; e dos Sistemas Unifi cados e Descentralizados de Saúde (Suds), a partir de sua instituição pelo Decreto nº 94.657, de 20 julho de 1987, até a efetiva implantação do SUS em 1991.

Ministério da Saúde

Organização Pan-Americana da Saúde Fundação Oswaldo Cruz

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1987

O SAMHPS/AIH é integralmente estendido aos hospitais universitários e de en- sino. Inicia-se também a transferência da administração operacional do sistema para as secretarias estaduais de saúde (SES), sendo que o processamento e o pagamento de prestadores continuam centralizados no Inamps.

1988 (maio)

Incorporação do pagamento das órteses e próteses médico-cirúrgicas (OPM) ao SAMHPS/AIH, com pagamento direto ao fabricante/importador.

1988 (outubro)

Aprovada a nova Constituição Federal e, nela, instituído o Sistema Único de Saúde (SUS).

1990

O Inamps é transferido do Ministério da Previdência e Assistência Social para o da Saúde, sobrepondo-se na estrutura administrativa à da Secretaria de Assis- tência à Saúde (SAS), e são aprovadas as Leis nº 8.080 e nº 8.142, que dispõem sobre a organização, mecanismos de fi nanciamento e o controle social do SUS.

1991

No decorrer do ano foram expedidas portarias (Portarias MS/SAS nºs 15,16, 17, 18, 19 e 20) que tiveram, entre outros efeitos: aprovar a Norma Operacional Básica – NOB 01/91, que dispõe sobre a sistemática de fi nanciamento do SUS; renomear o SAMHPS/AIH como SIH-SUS, estendendo-o a todos os hospitais públicos; criar o Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e Pesquisa em Saúde (Fideps), extinguindo o IVH para hospitais universitários; e alterar a sistemática de pagamento das OPM (órteses e próteses).

Fonte: Levcovitz e Pereira (1993).