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Notifi cação Compulsória de Doenças e Agravos no Brasil: Um Breve Histórico sobre a Criação do Sistema de Informação de

CONSIDERAÇÕES E PERSPECTIVAS

Desde sua implantação até os dias atuais, o Sinan tem passado por importantes modifi cações visando ao seu aprimoramento para atender às necessidades da vigilância em saúde nas três esferas de governo.

Neste sentido, a SVS/MS está desenvolvendo, em conjunto com o DATASUS, um novo aplicativo, o Sinan NET, objetivando modifi car a lógica de produção de informação para a de análise em níveis cada vez mais descentralizados do sistema de saúde, subsidiando a construção de sistemas de vi- gilância epidemiológica de base territorial, nos quais cada localidade atenta para o que ocorre no seu entorno, em sua área de atuação. Sendo assim, e contando com toda a experiência também acumulada pelo DATASUS, responsável pelo desenvolvimento do sistema, espera-se que estejamos iniciando um novo período de aprimoramentos do Sinan, compatíveis com a realidade e com os recursos atuais.

Este novo aplicativo possibilitará que o município que estiver interligado à internet possa trans- mitir os dados da fi cha de notifi cação diariamente às demais esferas de governo, fazendo com que essas informações estejam disponíveis, nas três esferas de governo, em tempo oportuno.

Já os dados das fi chas de investigação só serão transmitidos quando for encerrado o processo de investigação, conseguindo, dessa forma, separar estas duas etapas, conforme havia sido previsto desde as primeiras versões ainda do Sinan DOS, e que nunca foi implementado.

Outras rotinas, como o fl uxo de retorno, serão implementadas, permitindo que o município de residência tenha na sua base de dados todos os casos, independentemente do local onde foram notifi cados. A base de dados, por sua vez, estará sendo preparada para georreferenciar os casos no- tifi cados para aqueles municípios que desejem trabalhar com geoprocessamento.

Com essas novas rotinas espera-se, fi nalmente, que a utilização efetiva do Sinan permita a realiza- ção do diagnóstico dinâmico da ocorrência de um evento na população, tornando possível fornecer

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subsídios para explicações causais dos agravos de notifi cação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo, assim, para a identifi cação da realidade epi- demiológica de determinada área geográfi ca.

Os sistemas de informação em saúde no Brasil, no seu conjunto, viviam e ainda vivem uma rea- lidade desordenada, sendo compostos de vários subsistemas organizados em grandes bancos de dados de nível central (estadual e/ou federal), que pouco se comunicam e, conseqüentemente, são pouco compatíveis com a proposta descentralizadora do SUS (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM SAÚDE, 1994).

Para avaliar um sistema de informação, é necessário analisar algumas de suas características, tais como: um fl uxo de dados fácil; o uso de novas tecnologias, tais como computadores e redes de informação; a forma como as informações são apresentadas, de maneira que facilite o seu uso para subsidiar as intervenções em saúde pública; a rapidez com que os resultados são interpretados e disseminados para chegar até aqueles que coletam os dados e tomam decisões, no sentido de redi- recionar as ações quando necessário (DECLICH; CARTER, 1994).

Os sistemas de informações disponíveis para os programas de controle de doenças e agravos no Brasil são o Sinan, o Sinasc, o SIM e o Sistema de Informações sobre Internações Hospitalares (SIH). Dentre esses, o Sinan confi gura-se como o que vem sendo mais utilizado para a vigilância epidemio- lógica. Contudo, a tentativa de englobar as funções de um sistema de notifi cação e as funções de um sistema de investigação de casos resulta em um produto moroso com muitas lacunas de informação, principalmente no que se refere à localização e à autoctonia dos casos, num nível de desagregação compatível com as necessidades dos serviços locais de saúde.

O desafi o, não só para o Sinan, mas para todos os demais sistemas de informação de saúde no Brasil, é criar uma interface de comunicação entre si, de modo a descaracterizá-los como um sistema cartorial de registro, e transformá-los em sistemas ágeis que permitam desencadear ações imediatas e realizar análises em tempo oportuno.

Nesse contexto, é de fundamental importância o desenvolvimento de um sistema de informação em saúde que produza informações integradas nos diferentes níveis do sistema, que deverão ser utilizadas para planejamento, controle e execução, desde a concepção das políticas de saúde até o direcionamento de ações específi cas. Torna-se imprescindível defi nir fl uxos que combinem diferen- tes fontes ou diferentes sistemas e que possibilite, ao mesmo tempo, o fortalecimento do nível local, no contexto do SUS (SOUZA et al., 2005).

Um exemplo dessa proposta pode ser observado em análise feita sobre a ocorrência da tuberculo- se no município de Olinda, Pernambuco, no período de 1996 a 2000, quando o simples mapeamento de setores censitários, onde existiam casos de retratamento para a tuberculose e/ou famílias com mais de um caso da doença no período, permitiu identifi car, em 28% da população (áreas), 45% do total de casos notifi cados no município no período. Esse resultado e a possibilidade de visualização desses espaços, com auxílio de sistemas de informações geográfi cas simplifi cados, servem como importante instrumento para o planejamento de intervenções com emprego racional de recursos (SOUZA, 2003).

REFERÊNCIAS

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