• Nenhum resultado encontrado

3. O SISTEMA SINDOC

3.1. Concepção teórica do modelo integrado

Dificuldades enfrentadas para que os documentos relativos a uma obra de edificação se apresentassem de forma adequada para a execução no canteiro de obras fizeram com que se iniciasse uma série de pesquisas sobre a sistematização das informações para a elaboração dos documentos complementares às plantas de um projeto.

SISTEMA INTEGRADO PARA DOCUMENTAÇÃO DE OBRAS DE EDIFICAÇÃO SURVEY PORTO ALEGRE ESTUDO DE CASO MÚLTIPLO TESTE DE KEIRSEY como são as empresas, as tarefas e os projetos MODELO INTEGRADO TEÓRICO como são os potenciais usuários

Figura 17 - O desenvolvimento do sistema integrado SINDOC

O primeiro estudo, realizado na dissertação de mestrado (Schmitt, 1987), dedicou-se à sistematização da quantificação de serviços para o orçamento discriminado. A seqüência natural dos trabalhos levou ao questionamento das formas tradicionais de elaboração desses documentos, pois era possível observar que, para se ter um projeto executivo18 de boa qualidade, alguns atributos deveriam ser encontrados nestes procedimentos:

a) manutenção da perfeita coerência entre os serviços descritos nas discriminações técnicas e aqueles orçados no orçamento discriminado;

b) completa definição dos serviços necessários para executar um projeto, sendo possível orçá-los e discriminá-los;

c) claras regras para quantificação dos serviços19 do projeto, com a direta utilização dos dados numéricos medidos nas plantas e definição de relações aritméticas entre eles, possibilitando que uma vez coletados, sejam aproveitados para o cálculo de todos os quantitativos deles derivados;

18

O projeto executivo de uma obra de edificação é aquele que reúne os elementos necessários e suficientes à execução da obra, isto é, todos os “desenhos técnicos em escala conveniente contendo as soluções, detalhes definitivos e informações de todos os projetos técnicos a serem executados na obra” (CTE, 1994).

d) adequado vínculo entre os serviços, definidos de forma conveniente para a realização do orçamento discriminado, e as atividades, necessárias para a programação da obra.

O modelo gerado para suprir essas necessidades foi concebido de forma teórica, tendo por referência inicial os métodos tradicionais de documentação de projetos e o objetivo de integrar as tarefas. No momento inicial, não foram buscados subsídios na prática das empresas. Esta opção buscou adaptar o projeto de pesquisa ao tempo disponível para a sua realização, uma vez que havia a dependência entre o início do desenvolvimento do SINDOC e a conclusão do modelo integrado. Dessa forma, o confronto com a realidade foi deixado para uma etapa posterior. Deve ser salientado que o modelo foi desenvolvido sem a consideração de interface com programas gráficos como CAD, conseqüência do conhecimento de indicativos, como os do estudo realizado por Fruet & Formoso (1993) sobre a baixa utilização desses recursos nas empresas de edificação e, principalmente, nas de pequeno porte20.

Do fato de considerar, então, como pressuposto, que a parte gráfica do projeto está concluída no momento do uso do SINDOC e reconhecer a dependência entre a qualidade dos resultados gerados com o uso desse sistema e a qualidade do conjunto de desenhos, surgiu a necessidade de se buscar uma metodologia para análise da qualidade da parte gráfica do projeto para que seja sugerido o uso dessa metodologia pelos usuários antes da entrada de dados no sistema. A busca dessa metodologia em referências bibliográficas e nas empresas que participaram do estudo exploratório não gerou resultados.

Foi possível esclarecer alguns pontos importantes sobre esse assunto em entrevista com profissional21 que, durante muitos anos, foi o

20 Baixos índices relativos ao uso de CAD nas empresas de edificação puderam ser confirmados,

posteriormente, no estudo exploratório e estudo de caso múltiplo desta pesquisa.

21 O profissional entrevistado foi o Prof. Eng. Raul Rego Faillace que, durante 30 anos, desenvolveu,

responsável por essas atividades em grande empresa do setor. O referido profissional não dispunha de método formalizado, mas apresentou uma série de elementos que devem ser alvo desta análise e sugeriu formas de realizar este tipo de trabalho. Assim, reunindo todas as informações sobre problemas de incompatibilidade de projetos ou má representação gráfica dos elementos, são feitas sugestões de pontos que devem ser analisados antes do início do desenvolvimento dos demais documentos. As sugestões estão no anexo 10 deste trabalho.

O modelo de análise de dados e informações para documentação de projetos de obras foi concebido considerando que houvesse:

a) garantia da coerência entre os serviços descritos nas discriminações técnicas e as composições unitárias de custos, usadas no orçamento discriminado, por meio de referência numérica única para cada serviço;

b) definição dos serviços a serem especificados em cada situação de projeto oferecendo apoio à decisão, mediante seqüências para especificação completa de serviços, isto é, a apresentação do encadeamento de serviços para a completa especificação de cada elemento construtivo ou fase de desenvolvimento dos componentes;

c) possibilidade de armazenamento de cada um dos dados numéricos coletados nas plantas do projeto com o uso de planilhas para quantificação geradas pelo sistema e a

Engenharia e Construções e a de responsável pela disciplina referente à documentação de projetos,

utilização de critérios de medição para os serviços, com a introdução no sistema de fórmulas aritméticas de relacionamento dos dados para cálculo dos quantitativos; d) uniformidade na coleta de dados dos projetos pela utilização

de instruções de preenchimento que acompanham as planilhas de quantificação, possibilitando a utilização dos dados para o cálculo de todos os quantitativos que dependam de cada um dos valores sem a necessidade de voltar ao desenho e realizar novas leituras;

e) definição de atividades para a programação de obras em função de serviços específicos definidos para fins de orçamento discriminado;

f) criação de tipologias de projeto que agrupam as atividades para programação de obras na forma de uma rede básica de precedências que, uma vez exposta aos serviços selecionados para determinado projeto, possibilite o apoio à decisão de maneira iterativa com o usuário para a definição da programação da obra em função da duração desejada e da disponibilidade de recursos;

g) possibilidade de recalcular o orçamento em função das definições ocorridas durante o processo de programação da obra, fazendo os ajustes necessários;

h) possibilidade de controle da obra e, quando necessário, realimentação do sistema em função dos resultados obtidos na observação do andamento das atividades.

Esses são, portanto, os principais pontos a serem destacados no modelo de integração que serviram de base para o desenvolvimento do SINDOC. De forma esquemática, o modelo é apresentado na figura 18. Uma vez configurado e definido o modelo, pôde ser desenvolvido o sistema que utiliza tais princípios, a ser disponibilizado para estudos de avaliação e validação.

BANCO DE DADOS CENTRAL

insumos, fornecedores de insumos, unidades de medida válidas, discriminações técnicas, composições unitárias de custo, seqüências para especificação completa, critérios de medição,

planilhas para quantificação, atividades por tipologia, recursos disponíveis, índices econômicos

MODELO DE APOIO À DECISÃO PARA ANÁLISE DA COMPLETA ESPECIFICAÇÃO DE SERVIÇOS

BANCO DE DADOS DO PROJETO discriminação orçamentária (lista de serviços específicos para o projeto)

EDITOR DE TEXTOS MODELO GERAÇÃO ATIVIDADES Discriminações técnicas específicas Insumos específicos Composições unitárias específicas MODELO DE REDES PRE- CEDÊNCIAS MODELO DE ORÇAMENTO Programação da obra Orçamento discriminado (s/programação) Orçamento discriminado (c/programação) Discriminações técnicas genéricas Composições unitárias genéricas MODELO QUANTIFICA- ÇÃO MODELO ANÁLISE RECURSOS MODELO DE CONTROLE Relatório de andamento das atividades

Figura 18 – Esquema geral do modelo teórico do SINDOC

Nesse modelo desenvolvido na forma de manual, eram apresentados menus, comentários de tela e de processamento necessários ao desenvolvimento do SINDOC. Para exemplificar, um trecho desse material está no anexo 11. A conclusão do manual possibilitou o desenvolvimento do sistema.