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Após analisar as condições históricas de possibilidade da RSB e a fundação da principal entidade ligada a ela, entendemos que é relevante examinar a concepção que

96 Vele destacar que essa tática também faz parte das ações do PC do B e de outras organizações de esquerda

que deslocaram a direção da luta armada para a luta institucional e democrática. Sobre a reorganização da esquerda brasileira nesse período ver (SILVA, 1989A; 1989B).

nossos entrevistados têm da RSB97, a fim de examinar se existe convergência de pontos de vista, ou diferentes concepções da RSB entre os militantes. Considerando que o entendimento do que foi e é a RSB é um ponto de partida para analisar a fala de seus militantes, tratamos de buscar indícios da influência partidária, quando os entrevistados expressam seus pontos de vista sobre o significado da RSB na época inicial e na atualidade. Esses elementos nos preparam para analisar a relação do movimento sanitário com partidos políticos que realizamos em mais detalhes nos capítulos seguintes.

Em uma conversa sobre o CEBES, questionado se havia discussão no partido antes das reuniões do CEBES, Luiz Umberto destaca não apenas sua concepção da RSB, mas também do papel do PCB nesse processo. Perguntamos se não apenas do ponto de vista nacional, mas até mesmo no local, no PCB local, não havia discussão sobre, por exemplo, o que aconteceria no CEBES local, ao que ele respondeu:

Não. Nunca passou. Ele era inteiramente independente, por exemplo eu atuava no CEBES como uma maneira de colaboração, não era uma linha minha na época, mas participava, discutia porque eu tinha um papel de liderança. Mas não existia isso, quem era eleito, quem não era, não éramos nós dentro do partido que definíamos. Isso é inteiramente diferente, a grande contribuição foi esse entendimento que o partido passou, e que nós incorporamos, quer dizer, a luta

democrática foi uma decisão do partido, por isso que ele assumia essa liderança, qual era a luta democrática que você deveria articular com várias forças, progressistas, força isso etc. etc. esse tipo de articulação que permitiu o partido a enfrentar a ditadura desse modo, que o movimento sanitário incorporou essa luta democrática, reformadora para dentro da saúde. Está

entendendo bem? Quer dizer, não é um mando, estava muito mais para uma concepção, e essa concepção trazia muito, tanto que nos discutíamos, interpretávamos, que dizer a luta democrática da saúde, hoje é a reforma

sanitária, junto com a reforma... A luta democrática era um termo que se teve

para toda a luta contra a ditadura. Mas eu diria o seguinte, que não é a democrática no sentido que hoje se entende, até porque hoje sistema democrático e representativo está falido no meu ponto de vista, está se esgotando e está inteiramente decadente (Luiz Umberto Pinheiro em entrevista, 2014).

Na sequência, Luiz Umberto expressa um ponto de vista com relação ao movimento sanitário considerando que este acabou, visão que não é unânime entre nossos entrevistados. A fim de esclarecer esse ponto de vista questionamos se, em sua visão, foram os adversários da RSB que conseguiram esvaziar o movimento, ao que Luiz Umberto explicitou:

97 Utilizamos apenas as concepções da RSB dos nossos 9 entrevistados. Não utilizamos as concepções da

RSB dos entrevistados de Ligia Vieira, pois essas entrevistas já estão sendo utilizadas por Jairnilson Silva Paim, em outro estudo, ainda não publicado.

LUP98 – Não, o movimento acabou, o movimento acabou. ATJ99 – Se fragilizou...

LUP – Eu não sei se existe o movimento, eu não conheço, eu sou um cidadão interessado a distância...

ATJ – O CEBES ainda existe, mas muito fragilizado, eu diria que o movimento sanitário ainda existe, mas está em um momento fragilizado.

LUP – Não existe. Várias coisas existem, podem ter várias coisas, não tem mais papel relevante na ação (Luiz Umberto Pinheiro em entrevista, 2014).

Vejamos que o próprio agente caracteriza sua atuação atual como sendo de “um cidadão interessado à distância”. Aparentemente o critério utilizado pelo entrevistado para definir a existência do movimento foi o movimento assumir um papel relevante na luta política em saúde. Considerando que em determinadas conjunturas o movimento sofreu derrotas, e reduziu seu poder de influência, o entrevistado conclui pela sua inexistência. Caso essa interpretação esteja correta, esse critério não parece dos melhores para definir a permanência do movimento, mas talvez seja útil para indicar, como dissemos no momento da entrevista, o quanto o movimento sanitário se encontra fragilizado. Entendemos que o movimento existe, pois existem pessoas e entidades, que defendem as ideias projetos originais. A posição do entrevistado, nesse momento, pode ser compreendida até pelo seu afastamento do movimento.

Vejamos a fala de Gastão Wagner, que contrasta com a fala de Luiz Umberto em alguns pontos. GW respondia à seguinte questão “o movimento sanitário, os profissionais de saúde, ao longo dos anos 70 e 80, conseguiram levar alguma coisa para dentro dos partidos, para dentro do PT, o que é que eles levaram, se é que levaram alguma coisa? ” Apesar da pergunta se referir aos anos 70 e 80 o entrevistado extrapolou esse período, porém sua fala é relevante para perceber seu ponto de vista, o de que o movimento sanitário ainda existe, contrastando com a visão de Luiz Umberto.

O movimento sanitário foi influenciado e ganhou autonomia, passou a ser maior que os partidos, o PC acabou, PCB, não é? PCdoB continua e tal. Eu acho que o movimento sanitário tem um projeto de política pública para saúde, mas mais geral, de meio ambiente, mais completo, mais integral e mais radical do que a maioria dos partidos, do que o PCdoB, do que o PT. O SUS não é consenso no PT, no

98 LUP-Luiz Umberto Pinheiro 99 ATJ- André Teixeira Jacobina

discurso é, mas quando é a gestão, os dirigentes do PT, a maior parte não acredita no SUS, tanto que fazem projetos, chamava programas de saúde, faziam programas verticais, depois passou a se chamar linha de cuidado, agora se chama linha de rede temática, nome chique. É a velha tradição da saúde pública brasileira, de priorizar algumas doenças, alguns problemas de saúde ou algum grupo de risco e dirigir uma...não é inútil, isso nem é, sou contra, mas é insuficiente para fazer uma reforma de consolidação, de construção, do direito a saúde, com integralidade, com equidade. Eu acho que os partidos não assumiram, os vários dirigentes que nós tivemos, não assumiram essa radicalidade, que foi mantida no Cebes, na ABRASCO, nos porta-vozes do movimento sanitário, no Instituto de Saúde Coletiva da Bahia, pelo Jairnilson, pelo Naomar, por mim, enfim, por um conjunto de pessoas (Gastão Wagner em entrevista, 2014).

Houve, segundo Gastão Wagner, uma incapacidade de fazer os partidos absorverem a radicalidade da proposta da RSB, que seria uma proposta mais integral, diríamos que se trata de uma proposta de transformação do Estado Brasileiro, do Estado em uma visão ampliada, ou seja, sociedade política e sociedade civil. A direção da transformação seria da democratização, e da socialização, que começa com os direitos de cidadania, os direitos sociais, mas com objetivo ainda mais ambicioso, por isso radical, que vai a raiz dos problemas, ou seja, o próprio sistema econômico. Na visão de GW, apesar das derrotas, a RSB continua viva, nas entidades, CEBES, ABRASCO, e nas pessoas que a defendem, e compartilhamos dessa visão.

Vejamos o que Sarah Escorel disse quando perguntamos. “O que você entende por Reforma Sanitária Brasileira? ”

Bom, aí também eu falo já baseada no próprio livro, na própria tese do Jairnilson, não é? Eu acho que é um projeto de transformação social, a minha visão, é um projeto de transformação social que tem como eixo a saúde das pessoas e a justiça social. Então isso está muito amplo, muito vago. Assim, o Sérgio fala da um projeto civilizatório, o Jairnilson fala sobre a passagem do projeto, na ideia, o projeto. Ele tem aquelas, acho que quatro ou cinco momentos, que eu acho muito interessante e incorporei no capítulo sobre a história das políticas de saúde no Brasil. Eu gostei muito do livro dele. Da tese dele. Mas eu acho isso. O que é que é a Reforma Sanitária? É um projeto de transformação social que tem por eixo justiça social e a saúde das pessoas (Sarah Escorel em entrevista, 2014).

Vemos que ela cita o trabalho de Paim (2008) como influencia importante para sua concepção de RSB, incorporando a compreensão acerca dos cinco momentos: ideia- proposta-projeto-movimento-processo. Proposta por este autor.

Outros entrevistados agregam termos e definições da RSB, a exemplo de Jose Gomes Temporão que concebe a RSB como “Um processo político de longo prazo de

construção de uma consciência política sobre saúde na sociedade brasileira. ”. (José Gomes Temporão em entrevista 2015). Marcio Almeida, por sua vez, a definiu como “Um movimento cultural. ” (Márcio Almeida, em entrevista, 2015 e Flavio Goulart diz que a “Reforma Sanitária Brasileira foi um movimento de intelectuais sediados em universidades e instituições públicas, geralmente nos grandes centros do país, o qual mais tarde se tentou legitimar com um movimento social, de massas – o que ele nunca foi...” (Flavio Goulart em entrevista, 2015).

O que fica evidente é a diversidade de concepções acerca da RSB, sendo que muitas não são necessariamente contraditórias. Pode-se dizer que a RSB foi simultaneamente muito do que esses entrevistados dizem, já que, resolveram destacar aspectos distintos, mas existem também diferenças e mesmo divergências na compreensão acerca do processo, principalmente com relação à sua abrangência e também com relação a se ele já se esgotou ou não.

Considerando sua abrangência, cabe destacar a resposta dada por Nelson Rodrigues dos Santos, que retoma diversos aspectos da RSB, como segue:

A Reforma Sanitária brasileira eu diria que é o recado da saúde, da militância a favor de uma saúde de direitos e cidadania, então esse valor dessa sociedade como bandeiras de luta da sociedade que tem o nome próprio de Reforma Sanitária Brasileira, isso é o recado que a saúde tá dando, estou aqui na reforma de toda a sociedade (...) isso implica cultura, educação. (...) Direitos de cidadania (Nelson Rodrigues dos Santos em entrevista, 2015).

Na sequência perguntamos sobre como isso se articulou à sua filiação ao CEBES, e sua resposta agrega mais elementos acerca de sua compreensão da RSB, partindo da experiência concreta de militância política no âmbito municipal e apontando como se deu a articulação do movimento, em diversos espaços, envolvendo diferentes agentes:

A minha filiação ao CEBES foi por tabela, porque nós, dos Encontros Municipais, era um movimento político também só que político de um pluralismo muito grande, Encontros Municipais de Saúde, não podíamos rotular como encontros de esquerda, não era encontro de esquerda, Secretarias Municipais de Saúde tinham todos os matizes do espectro ideológico, tinha só uma coisa em comum, a vontade consciente que só o município tinha condição de atender as necessidade imediatas da população das periferias urbanas pobres. Então esse Encontro Municipal de Saúde foi uma tendência política de criar sistemas municipais de saúde que trocando experiências e se fortalecendo eles teriam uma grande chance de vir a se construir na base de um novo sistema público de saúde, piramidal, como comprometimento dos estados e da união, então nós sabíamos que paralelamente aos Encontros Municipais de Saúde esse movimento municipal de saúde,

paralelamente estava acontecendo o início da Reforma Sanitária, que era um movimento mais baseado em origem universitária acadêmica, um movimento

baseado nos estudos dos sistemas públicos no mundo inteiro, a Linha

Bismarquiana Alemã, Beveridgeana inglesa, o sistema público, [atenção] primária a saúde como base do sistema, então esses novo conceitos, essas novas visões doutrinarias, que [desembocariam] em propostas concretas de novo sistema público de saúde, vinha para um debate da reforma sanitária que é um debate iniciado no meio acadêmico, era a Fiocruz liderada pelo Arouca, em Brasília a UNB em Brasília, liderada pelo Eleutério Rodrigues Neto, a Cecília Donnangelo em São Paulo, em São Paulo tinha o Guilherme Rodrigues da Silva, era titular da (Medicina Preventiva da USP) em São Paulo, tabelando junto com a Cecília Donnangelo. Essa triangulação ou quadrangulação de São Paulo e Brasília, é um

movimento intelectual, de intelectuais orgânicos, não é intelectual academicista puro não, intelectuais orgânicos, aí sim tipicamente de esquerda e quando muito, centro esquerda, quase todos numa linha gramsciana inclusive, já trazendo para o Brasil, uma criatividade na realidade brasileira do que já estava acontecendo na Europa, e em sistemas públicos de saúde, a Itália estava com [um movimento de] Reforma Sanitária, uma expressão também importada da Itália (...),em São Paulo tinha o David Capistrano, o

Guilherme Rodrigues da Silva, a Cecília Donnangelo e vários outros, o Zé Rubens, então São Paulo, Rio e Brasília basicamente triangularam o início do movimento da Reforma Sanitária ao qual o movimento municipal de saúde se engajou, mas se engajou sem perder a autenticidade (Nelson Rodrigues dos Santos em entrevista, 2015).

Muitos dos elementos antes destacados, origem universitária, defesa dos direitos de cidadania, reforma da sociedade, são elencados por Nelson Rodrigues dos Santos nessas passagens, e muitos outros são importantes como luta pela democracia, democratização do Estado e da Sociedade, combate à mercantilização da saúde, como uma parte do combate ao capitalismo. Longe de contraditórios, entendemos que são esses e outros elementos destacados ao longo desse capitulo que caracterizam a RSB.

No capítulo anterior, indicamos várias obras que estudaram o movimento sanitário, como Reviravolta em Saúde (Escorel, 1998), a concepção da RSB e uma análise de sua contribuição à mudança nas políticas de saúde, como Paim (2008), entre outros. Nossos entrevistados acrescentam elementos à compreensão do movimento e ao debate acerca da permanência ou não do processo de RSB. Nesse sentido, o ponto de vista que a RSB acabou é contraditória com a noção que está em processo. O fato de Paim ser um “cebiano” histórico, ainda ligado ao CEBES, tendo mais capital militante e Luiz Umberto ter maior capital político-partidário, pode explicar essa diferença de perspectiva. Enquanto Paim defende a permanência da luta, até pelo seu engajamento, Luiz Umberto, afastado da militância, e da política, percebe a diminuição de poder e impacto.

Já outra contradição se refere à percepção que a RSB se resume ao SUS, que foi uma reforma parcial que foi defendida pelo movimento, é distinta da perspectiva que entende que o SUS foi o resultado possível levando-se em conta a correlação de forças da época, em uma defesa permanente de reforma geral do Estado Brasileiro, algo que não examinamos, até por ser uma pesquisa em andamento de Paim.

O exame do CEBES, à luz do resgate das concepções e propostas do eurocomunismo, já permite começar a perceber formas de influência dos partidos, nas formulação da ideia da RSB e perceber que essa influência, não deve ser vista de forma mecânica, nem exclusiva, porém, como um fator que contribui para melhor compreender a natureza dessas relações, podendo ser indireta, ou seja, na formação dos agentes e não necessariamente, uma ingerência do comitê central dos partidos (mesmo que essa forma não possa ser descartada). Outro ponto de aproximação é analisar as trajetórias dos nossos entrevistados, examinando os capitais acumulados e as estratégias de articulação, o que fazemos no capítulo seguinte.

5. A TRAJETÓRIA DE AGENTES FUNDADORES DA RSB E OS

PARTIDOS NAS REDES DE ARTICULAÇÃO.

5.1. Trajetória dos agentes e capitais

100

A análise da trajetória dos agentes101 permitiu a construção de dois quadros (Apêndices 4A e 4B) que contemplam a distribuição dos capitais burocrático, cientifico, militante e político-partidário, de cada um dos entrevistados em dois momentos distintos, quais sejam: os capitais que possuíam no período em que participaram da emergência da RSB até 1986, ano da 8ª Conferência Nacional de Saúde, e os capitais que detinham no momento da entrevista. Com base nesses quadros construímos o Gráfico 1. Vale destacar que esse gráfico não é uma análise do espaço social da RSB, para isso teria que ser uma arquitetura de posições x tomadas de posições, articulando os capitais acumulados com tomadas de posição dos agentes102. Apesar disso, o gráfico serve para perceber entre os nossos entrevistados, quais capitais tinham até 1986, e quais os tipos de capitais foram acumulados até a data da entrevista, o que tem utilidade analítica.

A análise da quantificação dos capitais dos 30 entrevistados, revela que ocorreu, no período 1986 a 2015, uma acumulação de CB (capital burocrático) e CC (capital cientifico), o que tem a ver, provavelmente, como o fato dos entrevistados desenvolverem sua carreira acadêmica e também ocuparem postos na burocracia do Estado. Com relação ao CM (capital militante), visualiza-se uma tendência à acumulação, porém isso provavelmente está relacionado com o viés de seleção dos entrevistados, que privilegiou militantes da RSB, que, ao longo dos 30 anos entre 1986 a 2015, passaram a ocupar cargos de direção nas entidades que conduzem o debate político sobre a RSB (CEBES e ABRASCO). Chama a atenção, entretanto, o fato de que praticamente não houve alteração no que diz respeito ao Capital político-partidário. O que evidencia que os entrevistados não

100 CB-Capital Burocrático; CC-Capital Cientifico; CM-Capital Militante; CPP-Capital Político Partidário. 101 Lista dos entrevistados em ordem alfabética: Ana Maria Costa, Anamaria Testa Tambellini, Carlyle

Guerra de Macedo, Cecilia Minayo ,Carlos Everaldo Alvares Coimbra Junior, Euclides Aires Castilho, Everardo Duarte Nunes, Fabíola de Aguiar Nunes, Flavio A de Andrade Goulart, Francisco de Assis Machado, Gastão Wagner de Sousa Campos, Hésio Cordeiro, Jairnilson Paim,José Gomes Temporão, José Paranaguá de Santana, José Ruben Ferreira de Alcântara Bonfim, Luiz Umberto Ferraz Pinheiro, Madel Luz, Marcio Almeida, Maria Andrea Loyola, Maria Dutilh Novaes Moisés Goldbaum, Nelson Rodrigues dos Santos, Paulo Elias, Reinaldo Felippe Nery Guimaraes, Rita de Cássia Barradas Barata, Roberto Passos Nogueira, Sarah Escorel, Sebastiao Antônio Loureiro de Souza e Silva, Sonia Fleury.

priorizaram a inserção e militância em partidos políticos, permanecendo praticamente a mesma situação de 30 anos atrás.

GRAFICO 1: 17 7 4 2 9 6 12 3 10 18 2 5 8 17 12 6 7 5 3 4 11 12 11 3 2 11 3 2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Pq Med Alt MA Pq Med Alt MA

1986 2015