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3. Mobilidade Sustentável:

3.3. Metodologia para avaliar o nível de sustentabilidade da mobilidade no acesso a

3.3.2. Conceptualização prática do modelo

Para que seja possível a aplicação da metodologia proposta, em primeiro lugar deve obter-se as distâncias e os tempos percorridos por cada utilizador do Campus (inquiridos). A obtenção destas variáveis pressupõe o levantamento junto dos utilizadores do percurso que habitualmente realizam de casa para o Campus, mas no âmbito de um inquérito este levantamento é de difícil execução e implica um gasto de tempo considerável, utilizando-se para o efeito a origem e o destino (Campus) para determinar o percurso, assumindo que viagens se realizam pelo caminho mais curto.

A obtenção de itinerários casa-campus deve, sempre que possível, recorrer à utilização de sistemas de navegação georreferenciados, i.e., com o recurso a um Sistema de Informação Geográfica, que permitam inserir atributos aos eixos como velocidade e outras características importantes para o roteamento.

Por outro lado, com menos flexibilidade mas com resultados aproximados mas à partida considerados fiáveis é possível realizar a mesma operação com o recurso da utilização da ferramenta de cálculo de itinerários do GoogleMaps. Esta ferramenta permite obter os percursos detalhados entre duas direções, tendo a possibilidade de escolher o modo de transporte que se quer adotar. Inserindo a origem e o destino pretendidos, esta fornece uma quantidade de percursos possíveis e, para cada um deles fornece as distâncias a percorrer e o tempo previsto para a realização da viagem. A título demonstrativo apresenta-se um exemplo para determinar um percurso entre duas localizações na cidade do Porto, considerando a origem da viagem em Campanhã (Porto) e o destino Paranhos (Porto) e o percurso de carro, a ferramenta fornece os percursos apresentados na figura 22.

Figura 22 – Exemplo de aplicação do GoogleMaps considerando a viagem de automóvel (GoogleMaps, 2014)

Tal como se pode confirmar, são dadas várias opções de percurso, estando assinalada qual a distância e o tempo de cada percurso. Note-se que o tempo é obtido respeitando das regras de limite de velocidade. Se, por alguma razão, umas das vias tivesse a sua circulação impedida, é possível forçar que o percurso passe noutra rua que não a mesma. Este facto também é válido, por exemplo para evitar vias sujeitas a portagem.

Considerando que se pretende realizar a viagem, entre a mesma origem e destino, em transportes públicos, o GoogleMaps apresenta um conjunto de soluções com informações úteis para os diferentes meios de transportes disponíveis, como é possível observar na Figura 23.

Figura 23 – Exemplo de aplicação da ferramenta GoogleMaps considerando a viagem de transportes

No caso dos modos suaves, para o caso especifico da cidade do Porto, é apenas apresentada a possibilidade de geração de itinerários para circular a pé, como se pode observar na Figura 24. Já em cidades como Londres é possível levantar e simular a geração de itinerários cicláveis,

Figura 24 - Exemplo de aplicação da ferramenta GoogleMaps (Modo: Pedonal) (GoogleMaps, 2014)

Alerta-se que o método de recolha das distâncias e tempos de percurso com o recurso a ferramentas webSIG online, como o GoogleMaps, nem sempre é possível de aplicar, uma vez que a ferramenta não tem uma base de dados com informação suficiente sobre determinados modos de transporte, como no caso do Porto não permite obter rotas cicláveis, no caso de cidades como Braga e Guimarães, nem ciclável, nem transporte publico rodoviário, limitando desta forma o campo de utilização desta ferramenta. Para contornar este efeito, sugere-se a utilização da ferramenta GoogleMaps apenas para obter a distância O/D mais curta, sendo o tempo fornecido pelos utilizadores na resposta ao inquérito.

Tendo as distâncias e o tempo percorrido para cada caso, resta aplicar o modelo de avaliação esquematizado na Figura 25, ou seja, determinar valores a partir dos quais cada um dos modos de transporte adotados deixa de ser competitivo, considerando apenas as duas variáveis em simultâneo.

Figura 25 – Esquema da Metodologia a adotar

Conforme é possível observar na Figura 25, importa realçar que a análise será realizada apenas considerando a eficiência dos modos ciclável e pedonal e destes com os modos motorizados, dadas as limitações existentes do conhecimento da rede de transportes públicos para as cidades onde o campi da UMinho está instalado.

Assim, o primeiro passo é determinar a distância a que os utilizadores se encontram do Campus, através do método anteriormente descrito, e analisar as respostas referentes ao tempo de percurso – tempo de percurso percecionado. No final é possível obter-se para todos os indivíduos o modo de transporte que utiliza regularmente na deslocação para o Campus e verificar se para essa distância, esse é o modo mais eficiente do ponto de visto de tempo, e em termos globais o mais sustentável dada a hierarquia definida na conceptualização teórica do modelo.

Por conseguinte, pretende-se avaliar quais os percursos que estão a ser realizados e a adequação dos modos de transportes, ou seja, se se encontram dentro do círculo de distâncias adequados a cada um dos modos e se estão de acordo com a competitividade de transportes definida, como se representa na Figura 26.

Qual a distância praticada?

d ≤ ∆x1 (km)

t ≤ t1 (min) Modo Pedonal

t ≥ t1(min)

Modo Pedonal ou Ciclável

d ≤ ∆x2 (km)

t ≤ t2 (min) Modo Pedonal ou Ciclável

t ≥ t2 (min) Modo Motorizados

Transpor te Público e Automóvel

Figura 26 – Esquematização do Método utilizado - Execução Própria

A principal limitação da aplicação deste método prende-se com a avaliação da competitividade entre o uso do transporte público e do automóvel, tal como mencionado anteriormente, a análise deve comtemplar o conhecimento da rede geral dos transportes públicos e as áreas abrangidas por cada um dos pontos de paragens dessa rede.

Considerando o conhecimento da rede de transportes públicos e dos pontos de recolha de passageiros autorizados, juntamente com a localização dos utilizadores fornecidas pelos mesmos, no inquérito, através de uma ferramenta de georreferenciação tipo SIG, é possível definir facilmente as áreas de influência de cada ponto de paragem e verificar se, de facto, a localização/utilizador em questão apresenta condições para a utilização do transporte público. Para que tal condição se verifique, os pontos de recolha de passageiros, devem estar num raio de, no máximo, 250 a 400 metros da origem do percurso, sendo esta uma distância aceitável para uma circulação a pé, que representa uma duração até à paragem de valores entre 5 a 10 minutos viagem.

Quando a rede de transportes públicos abrange a localização em questão, esta opção torna-se mais competitiva do que o veículo motorizado individual do ponto de vista da sustentabilidade. Através desta ferramenta, consegue-se definir quais os utilizadores que estão abrangidos e podem utilizar a rede de transportes públicos, sendo, no entanto, necessário avaliar simultaneamente a cobertura temporal do serviço existente e, consequentemente

verificar se a percentagem de utilizadores corresponde de fato à que é obtida nas opções modais desses utilizadores.

Na Figura 27 apresenta-se a título exemplificativo o procedimento para avaliar os indivíduos que podem optar por transportes públicos. Assim, após a georreferenciação de todos os indivíduos inquiridos (pontos vermelhos) e das paragens dos autocarros (pontos azuis) é possível traçar circunferências em torno das paragens com o raio de 250m. A interseção desses círculos com os pontos permite identificar os potenciais utilizadores de transportes público e desta forma perceber se existe uma efetiva utilização deste modo, ou se na realidade a escolha dos utilizadores é para modos de deslocações mais sustentáveis.

Figura 27 – Exemplo de cobertura de rede de um TUG

É importante perceber que para os utilizadores, apesar do automóvel ser um modo mais atrativo do que o transporte público, devido a todas as suas vantagens de rapidez e da não dependência de horário, estes não devem ser os únicos fatores a dominarem o processo de escolha modal, pois do ponto de vista da sustentabilidade o transporte público é sempre uma solução preferível ao automóvel, sobretudo em contexto urbano.

4. ESTUDO DE CASO – CAMPI DA