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2. Revisão do estado de arte

2.5. Mobilidade Sustentável

Segundo Agência Europeia do Ambiente (AEA, 2014) o setor dos transportes representa perto de um terço do consumo final de energia dos países membros, e são responsáveis pela maior percentagem de emissão de poluentes para a atmosfera. É necessário, desta forma uma mudança significativa do funcionamento dos sistemas de transportes nestes países. A etapa

proposta pela Comissão Europeia (CE) é que até 2050, as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) que provém dos transportes apresentem uma redução em 60% face as emissões que se registaram em 1990. Este objetivo será difícil de atingir, visto que até 2009 se verificou um aumento de cerca de 27% do valor global de emissões (AEA, 2014)

A forma de alterar o aumento de poluentes na atmosfera passa por mudar os hábitos das populações relativamente à sua forma e meios que utilizam para se deslocarem, uma vez que uma das principais causas dos problemas ambientais urbanos advém do uso excessivo de transportes motorizados e de todos os malefícios que estes acarretam, tornando-se, por isso, necessária uma mudança de atitude nas populações. Para tal é essencial que as entidades responsáveis criem alternativas viáveis para que a população possa realizar uma alteração modal para modos menos poluentes.

No Gráfico 7 apresenta-se a distribuição modal da população Portuguesa desde 1990 até 2010, e pode verificar-se que tem vindo a aumentar a utilização de transportes de veículos de passageiros (automóveis), constatando-se o inverso para os transportes públicos, conferindo um nível de insustentabilidade na escolha dos modos de transportes em Portugal.

Gráfico 7 – Distribuição modal do transporte de passageiros em Portugal (INE, 2011)

Para que a distribuição modal da população portuguesa seja alterada é importante que se verifique uma verdadeira mudança de paradigma no sector dos transportes e na mentalidade da população. 0% 25% 50% 75% 100% 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Comboios Veículos de passageiros Autocarros, Eléctricos e Tróleis

Na Figura 19 (CE, 2000) apresenta-se o nível de eficiência dos principais modos de transporte, tendo por base a relação entre a distância e a duração da viagem para o respetivo meio de transporte, i.e. o nível de competitividade atendendo à velocidade que os diferentes meios de transportes conseguem proporcionar aos utilizadores. Deste modo, é possível identificar qual o modo mais eficiente para realizar uma viagem, ou seja andar a pé é mais competitivo do que: o modo ciclável para viagens inferiores a 300m; o automóvel para viagens até 500m; o autocarro para viagens inferiores a 1,5km e do que o comboio/ metro para viagens inferiores a cerca de 2,0km. Podendo efetuar-se a mesma análise para os outros modos de transporte.

Figura 17 – Comparação da duração da viagem nos vários modos de transporte numa distância de 8km (CE, 2000)

Atendendo à análise da Figura 19 seria expectável que os modos suaves (pedonal e ciclável) fossem extremamente competitivos em relação aos automóveis, i.e. os modos mais utilizados para viagens curtas, que habitualmente dominam a maioria das deslocações em meio urbano. No entanto, de acordo com a Comissão Europeia (CE, 2000), cerca de 30% dos trajetos realizados em automóveis são destinadas a distâncias inferiores a 3km e 50% inferiores a 5km, o que mostra uma certa insustentabilidade dos padrões de mobilidade, sobretudo num contexto urbano.

Assim, conclui-se que, na maioria dos casos, a utilização dos veículos pode não ser a mais adequada, principalmente quando as deslocações são relativamente reduzidas. Deve-se por isso frisar a necessidade de avaliar o nível de sustentabilidade da mobilidade associada a uma determinada área ou equipamento tendo como suporte inicial as relações apresentadas na

Figura 20, especialmente ao nível dos movimentos pendulares da população, como são os tradicionais casa-escola e casa-trabalho.

O conceito de mobilidade sustentável não está apenas ligado a questões ambientais, mas a várias questões de índole social, económico, ou seja, para se desenvolver sustentadamente a mobilidade num determinado local devem ser explicitadas as relações entre o sistema de transportes, o sistema viário e os usos de solo, de forna a harmonizar o desenvolvimento desses contextos na ótica da sustentabilidade (Silva, 2009)

De acordo com a Figura 20, para determinar se mobilidade é sustentável torna-se necessário considerar os principais resultados da sobreposição das diferentes dimensões da sustentabilidade, podendo avaliar-se a viabilidade do projeto através da consideração simultânea das vertentes económicas e ambientais, a igualdade ou equidade social com a sobreposição da dimensão económica e social, o comportamento e os hábitos da população através do cruzamento das questões sociais com as ambientais, i.e. se o comportamento da população se irá tornar um obstáculo à implementação de determinadas ações (Tumlin, 2012).

Por último, ações sustentáveis terão de ser viáveis, representar de forma equilibrada e equitativa os custos e benefícios por todos os grupos da população e conduzir a comportamentos sociais e ambientais responsáveis e perenes

Figura 18 – Relação entre as três variáveis a considerar na mobilidade sustentável (Tumlin, 2012)

Na tabela 7 são apresentados alguns dos problemas identificados para cada uma das dimensões da sustentabilidade no processo de avaliação e análise da mobilidade (Banister, et

Tabela 7 – Dimensões e problemas associados à Mobilidade Sustentável (David, et al., 2000) Domínios Problemas

Social Acessibilidade; Saúde; Segurança; Ruído; Impacto visual.

Económico Congestionamento; Corrosão dos edifícios; Dano em estradas e pontes.

Ambiental Diminuição dos recursos; Alterações climáticas; Acidificação e poluição do ar; Desperdícios; Poluição dos mares; Impacto nas infraestruturas.

2.6. Síntese das principais medidas usadas para a obtenção de padrões de