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Diante do exposto, percebe-se a importância de um correto processo de licenciamento ambiental a fim de se avaliar com eficácia os prováveis impactos de um empreendimento e sua viabilidade ambiental. Uma atividade que possui alto potencial turístico para a região afetada, apesar de possuir seus benefícios, deve ser avaliada com o mesmo rigor que qualquer outro empreendimento com potencial de degradação do meio ambiente.

O empreendimento Acquário Ceará se mostra sem dúvida como uma inusitada atração para a cidade de Fortaleza, trazendo um tipo de lazer antes inexistente na cidade. Entretanto, deve-se analisar a viabilidade ambiental do projeto, tendo em vista o impacto que será gerado no ecossistema local, especialmente o marinho, como também os possíveis impactos gerados na sociedade residente no entorno, como a comunidade do Poço da Draga.

A opinião popular acerca da realização do projeto poderia ter sido levada em consideração de forma mais efetiva, assim como os estudos ambientais realizados poderiam ter sido mais criteriosos acerca dos prováveis impactos gerados pelo projeto, mostrando a importância de um correto procedimento de licenciamento ambiental para se evitar futuros transtornos. O objetivo primordial do projeto foi de alavancar o turísmo na região, porém, se a própria população local, de forma substancial, se mostrou contra a realização do mesmo, através de protestos, denúncias e petições públicas, qual o real benefício que o empreendimento irá trazer além de se mostrar uma atração "para turista ver"?

Foram expostos diversos aspectos que mostram uma possível irregularidade no processo, do ponto de vista legal, ambiental, social e econômico, incluindo como um dos principais aspectos a análise superficial dos prováveis impactos que serão gerados na região no caso da implantação do empreendimento. O princípio da prevenção e precaução não foram abordados de forma concisa nos estudos ambientais do empreendimento, deixando o questionamento sobre o preço que o meio ambiente terá que pagar para que uma atração turística de grande porte seja construída, incluindo principalmente a fauna marinha local, que será diretamente afetada com a emissão dos

efluentes advindos do aquário, efluentes esses que não se sabe sequer a qualidade com que será lançado, tendo em vista que a explicação do procedimento nos estudos ambientais não foi clara em relação a isso.

Espera-se que as autoridades públicas, em especial a Secretaria de Turismo do Estado do Ceará, realize um novo levantamento em relação a viabilidade do projeto e seus reais benefícios para a cidade de Fortaleza e que, caso o empreendimento seja contiuado, haja um novo estudo ambiental da área ou ajuste dos já realizados, como também se realizem audiências públicas a fim de que se entenda as preocupações populares e que haja uma maximização dos impactos positivos e mitigações dos possíveis problemas decorrentes do projeto. Se confirmada a impossibilidade da realização do empreendimento decorrente de seus impactos negativos para o meio ambiente, é necessário que a súmula nº 613 seja colocada em prática e que haja a demolição do que restou da infraestrutura já construída do Acquário e que se faça a revitalização da área atingida.

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ANEXOS

ANEXO A – LICENÇA PRÉVIA ACQUÁRIO CEARÁ

ANEXO B – LICENÇA PRÉVIA ACQUÁRIO CEARÁ

ANEXO C – LICENÇA PRÉVIA ACQUÁRIO CEARÁ

ANEXO D – LICENÇA DE INSTALAÇÃO ACQUÁRIO CEARÁ

ANEXO E – LICENÇA DE INSTALAÇÃO ACQUÁRIO CEARÁ

ANEXO F – LICENÇA DE INSTAÇÃO ACQUÁRIO CEARÁ

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